Eleição e Predestinação

A eleição e a predestinação segundo o eterno propósito de Deus

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Neste artigo procuramos demonstrar de modo sucinto a todos os cristãos o propósito eterno de Deus, a eleição e a predestinação. Recomendo a leitura deste artigo após a leitura do artigo ‘Geração Eleita’, visto que a exposição deste artigo é mais complexa e demanda uma leitura muito mais detalhada.


A eleição e a predestinação segundo o eterno propósito de Deus

“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” ( Rm 8:28 -29)

O Propósito Eterno

Muito se fala de eleição e predestinação, porém, quase nada se fala acerca do propósito eterno de Deus. Como compreender a eleição e a predestinação sem entender qual é o propósito de Deus ao eleger e predestinar?

O apóstolo Pedro destaca que os cristãos são geração eleita, ou seja, Deus elegeu uma geração específica para estabelecer o seu propósito eterno. A salvação dos homens possui conexão com o propósito de Deus, porém, a salvação não é o propósito eterno de Deus, visto que há um tempo predeterminado para se encerrar a oferta de salvação.

Qual é o propósito eterno de Deus? Por que a geração de Adão não estava à altura do propósito eterno de Deus? O que perdurará na eternidade que se fez necessário criar uma nova geração?

O apóstolo Paulo demonstra que o evangelho é um chamado aos homens para um propósito que vai muito além da salvação. No verso 28 do capítulo 8 de Romanos é possível verificar que há um chamado da parte de Deus segundo um propósito específico e eterno “E sabemos que todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” ( Rm 8:28 ).

E qual é o propósito de Deus? O propósito eterno de Deus é o de conceder a Cristo a preeminência em todas as coisas ( Cl 1:18 ), e para isso se fez necessário convergir todas as coisas em Cristo, concedendo-lhe a primogenitura ( Ef 1:10 ). Ao conceder primogenitura ao seu Filho Unigênito, Cristo alcança a preeminência em tudo ( Cl 1:18 ).

Para Cristo alcançar a posição preeminente (propósito) fez-se necessário Deus gerar irmãos semelhantes a Ele. Segundo a Bíblia, Jesus, ao ressuscitar, conduziu à glória de Deus, muitos filhos ( Hb 2:10 ), e neste evento Cristo galgou a posição de primogênito dentre os mortos, tornando-se primogênito entre muitos irmãos ( Rm 8:29 ).

Todos os homens que Deus chamou através do evangelho e, que creram, estão predestinados a serem conforme a imagem do seu Filho, deste modo, Cristo possuía preeminência entre muitos irmãos semelhantes a Ele, o primogênito de Deus.

Para que Cristo tivesse a preeminência em tudo, na plenitude dos tempos Deus O fez cabeça do corpo, ou seja, da sua igreja. Ser a cabeça da igreja é a posição mais preeminente, pois Cristo preside a assembléia onde todos são semelhantes a Ele ( Cl 1:18 ; Hb 12:23 ). Entre os filhos de Deus, Cristo assumiu uma posição elevada e mui sublime ( Sl 89:27 ; Is 52:13 ).

Cristo é o primeiro de uma geração que é limpa de mãos e pura de coração. Todos que são gerados de novo segundo a semente incorruptível são tal qual Cristo é: são semelhantes a Ele ( Sl 24:6 ; 1Jo 4:17 ; 1Co 15:48 e 49).

E como Deus operou isto? Através do seu divino poder, ressuscitando o seu Filho unigênito dentre os mortos ( Ef 1: 19-20), tornando-O o primogênito dentre os mortos. Deste modo, todos quantos creem na mensagem do evangelho tornam-se participantes de Cristo, pois são plantados juntamente com Cristo na semelhança da sua morte, para ressurgirem novas criaturas à semelhança do primogênito dentre os mortos “Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição” ( Rm 6:5 ).

Quando Cristo veio ao mundo, veio como o unigênito de Deus. Somente Ele era Filho de Deus, ou seja, o único gerado de Deus, porém, entre os homens assumiu a condição de servo. Sendo Deus, não usurpou ser igual a Deus, antes assumiu a condição de servo ( Fl 2:6 -7 ), deste modo era impossível Cristo ter a preeminência entre os homens ( Hb 2:17 ).

Para se tornar preeminente (propósito) como primogênito entre muitos irmãos, o unigênito Filho (único gerado) de Deus entregou-se à morte, porém, ressurgiu pelo poder de Deus, tornando-se o primogênito (primeiro ressurreto) dentre os mortos. Através da entrega do seu corpo, Cristo abriu um novo e vivo caminho, e através dele, na condição de último Adão, surgiu uma nova geração de semelhantes e participantes da natureza de Deus ( 2Pe 1:4 ).

Todos quantos creem em Cristo morrem com ele e ressurgem novas criaturas segundo a imagem (semelhante) d’Aquele que os criou.

Quando Cristo ressurgiu dentre os mortos, deixou a posição que é descrita como sendo um pouco menor que a dos anjos (homem), e assumiu uma nova condição: a de semelhante ao Altíssimo ( Sl 17:15 ).

Através d’Ele, o novo e vivo caminho, muitos homens são conduzidos à glória de Deus na condição de filhos, pois recebem de Deus poder, o mesmo poder que ressuscitou a Cristo dentre os mortos ( Jo 1:12 ; Ef 1:19 -20), tornando-se descendentes de uma nova geração de seres semelhantes ao Sublime ( Is 57:15 compare com Is 52:13 ).

Deste modo, da mesma forma que muitos pasmaram ao ver o servo do Senhor quando desfigurado, muitos ficarão pasmos ao ver Cristo na posição que alcançou através da sua Igreja, tornando-se elevado e mui sublime, ou seja, primogênito entre muitos irmão semelhantes a Ele ( Is 52:13 -15). Só é possível ser preeminente quando se está entre semelhantes, da mesma forma que só é possível ser primogênito quando se tem outros irmãos.

Nota: Quando a Bíblia diz que os salvos na plenitude dos tempos serão ‘semelhantes’ a Deus, isto não quer dizer que seremos ‘iguais’ a Deus, ou seja, que seremos eternos, prescientes, onipresentes e onipotentes. Ser ‘semelhante’ ao Altíssimo diz de uma nova categoria de seres que assumirão a mais alta posição na hierarquia celestial. É uma posição superior a todas as categorias de anjos, posição esta que foi cobiçada por satanás “Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo” ( Is 14:14 ), mas que foi do agrado de Deus concedê-la aos descendentes do seu Filho ( Gn 1:26 ). A posição de semelhantes ao Altíssimo confere aos cristãos a possibilidade de julgarem todas as categorias de anjos, pois seremos como que as ‘primícias’ (melhor) de suas criaturas “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas” ( Tg 1:18 ); “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” ( 1Jo 3:2 ; 1Co 6:3 ). Quando Cristo ressurgiu dentre os mortos se satisfez ao adquirir a semelhança “Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; eu me satisfarei da tua semelhança quando acordar” ( Sl 17:15 ), posição esta que compartilhará com todos que ressurgem com Ele “Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime” ( Is 52:13 ). Por fim, Cristo entregará todas as coisas que o Pai lhe sujeitou “… para que Deus seja tudo em todos” ( 1Co 15:24 -28 ). Ser semelhante a Deus não é o mesmo que possuir a essência ou os atributos de Deus. Não seremos ‘deificados’, pois os atributos de Deus são incomunicáveis às suas criaturas.

Sombra dos bens futuros

Sabemos que o Antigo Testamento constitui-se sombra das coisas futuras e que a realidade encontra-se em Cristo, portanto, analisaremos a sombra para entender a realidade. Analisaremos algumas personagens que viveram sob a velha aliança e, que prefiguram no livro do Gênesis a pessoa e obra de Cristo, para entendermos qual a relação entre primogenitura e propósito eterno.

  • Isaque, o unigênito de Abraão.

Deus exigiu de Abraão o sacrifício do seu único filho, mas ao providenciar o cordeiro para o holocausto que o patriarca ia oferecer, Deus demonstrou a todos os homens que já havia providenciado o cordeiro em resgate de todos os homens que existiam na região da sombra da morte: Cristo, o unigênito de Deus, o cordeiro que foi morto antes mesmo da fundação do mundo.

Em Isaque não há o que se discutir quanto à preeminência e primogenitura, visto que ele era unigênito. Como sombra, Isaque aponta para Cristo como a providência divina (salvação) que livra o homem da morte certa (condenação). Através de Isaque os cristãos aprendem que Cristo é o único sacrifício pelo pecado da humanidade e, não há na história de Isaque qualquer referência a eleição.

Isaque é figura que ilustra a providência de Deus para salvação do mundo perdido. Somente através do seu único Filho, Deus proveu salvação a todos que estavam condenados à morte em decorrência da desobediência de Adão, pois assim exigia a justiça de Deus.

  • A primogenitura de Esaú e Jacó.

A passagem bíblica de Esaú e Jacó ilustra o que vem a ser ‘eleição’, ou seja, os gêmeos constituem uma alegoria que possibilita compreender como Deus elege os homens para um propósito. Deste modo, Esaú e Jacó torna compreensível a eleição segundo o propósito eterno de Deus, que é fazer o seu Filho unigênito preeminente, constituindo para isto muitos irmãos.

Diferente do que alguns pensam, a eleição de Deus em Esaú e Jacó não era para salvação, antes foi uma escolha entre os dois filhos gêmeos de Isaque para conceder a um deles a bênção da primogenitura. Através da eleição estabeleceu-se quem receberia a benção de ter o Descendente fazendo parte da sua linhagem, Aquele que se tornou o protagonista do propósito eterno.

Em Esaú e Jacó temos uma disputa pela benção que decorre do direito de primogenitura. Como há somente uma bênção e dois concorrentes, há que se ter a eleição. Porém é importante lembrar aqui que os eventos do antigo testamento são figuras, e esta disputa, a disputa entre Esaú e Jacó serve apenas para ilustrar qual é o parâmetro de Deus para a eleição.

Observe que não estamos abordando questões relativas à salvação, antes a do propósito de Deus segundo a eleição. Embora a eleição em Esaú e Jacó possa ilustrar a eleição em Cristo, é necessário divisar bem que, os eventos são distintos e os propósitos são distintos. O propósito da eleição entre Esaú e Jacó visava à linhagem do Messias, e a eleição no Novo Testamento visa o propósito eterno.

Sem propósito não há eleição, ou seja, a eleição ocorre segundo um propósito específico. Como já vimos, o propósito maior, ou seja, o propósito eterno é a preeminência de Cristo em tudo, porém, desde que Deus colocou em curso o propósito eterno, vários outros propósitos menores se fizeram necessários.

Por exemplo: para fazer com que todas as coisas convergissem para Cristo, fez-se necessário introduzi-lo no mundo. Para introduzir o Messias no mundo se fez necessário constituir uma linhagem humana e preservá-la e, para preservá-la, várias escolhas se fizeram necessárias em função do propósito de preservar a linhagem que, em última instância, remete ao propósito eterno.

No capítulo 9 da carta aos Romanos o apóstolo Paulo evidência que, embora Abraão e seus descendentes segundo a carne tenham sido chamados para trazer o Cristo ao mundo, eles foram chamados segundo um propósito terreno ( Rm 9:4 -5).

A tristeza do apóstolo Paulo evidencia que os descendentes de Abraão segundo a carne não são contados como filhos de Deus, mesmo que a eles pertence a lei, os profetas, o culto, as promessas, etc., antes os filhos de Deus são aqueles gerados segundo a promessa do evangelho que primeiramente foi anunciado a Abraão, porém o chamado deles serviu somente para trazer Cristo ao mundo ( Rm 9:1- 8 ; Gl 3:8 ).

Deste modo, temos que Deus chamou a nação de Israel para trazer o seu Filho unigênito ao mundo, visto que foram eleitos para este propósito. Porém, com relação ao corpo de Cristo, Deus elegeu a igreja para participar de um ministério mais excelente, confirmada em melhores promessas ( Hb 8:6 ).

Enquanto a vocação de Israel era terrena, pois o Messias viria em carne, a vocação da igreja é celestial, firmado em promessa superior, que estabelece o Cristo como preeminente em todas as coisas.

Nem todos os descendentes de Abraão eram israelitas ( Rm 9:6 e 7), ou seja, muitos não eram salvos da condenação estabelecida em Adão, porém, como a vocação para trazer Cristo ao mundo era terrena, todos os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó, salvos ou não, foram participantes deste propósito. E como a vocação para ser semelhante a Cristo é celestial, somente participam desta vocação os salvos da condenação de Adão por intermédio do evangelho de Cristo ( Hb 3:1 ).

Ambos, Israel e Esaú são figuras utilizadas pelo apóstolo Paulo para ilustrar o parâmetro que Deus utilizou para rejeitar Israel e eleger a igreja para o seu propósito eterno.

Por que Deus escolheu Jacó, e rejeitou Esaú?

O apóstolo Paulo no capítulo 9 da carta aos Romanos esclarece que os filhos da carne de Abraão foram rejeitados por Deus e, aponta que somente os filhos da promessa são contados como filhos de Deus ( Rm 9:8 ), visto que a promessa do Descendente cumpre-se através da descendência de Isaque ( Rm 9:7 ).

Quem lê as escrituras deve compreender que a promessa: “Em Isaque será chamada a tua descendência” ( Rm 9:6 ), deve ser interpretada conforme o apóstolo Paulo expôs aos Gálatas: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo” ( Gl 3:16 ).

Cristo é a descendência prometida a Abraão, e através de Isaque Deus traria o Cristo à existência. Ou seja, Deus estava dizendo a Abraão que a sua semente segundo a carne foi vocacionada para trazer o Descendente prometido. Nesta vocação não há salvação, antes para serem salvos, todos os descendentes da carne de Abraão precisariam ter a mesma fé que o crente Abraão.

Quais são os filhos da promessa que são filhos de Abraão, ou seja, filhos de Deus? A descendência segundo a carne de Abraão? Não! O apóstolo Paulo diz da descendência do Descendente, ou seja, a nova geração, estes são contados como filhos de Deus ( Rm 9:8 ). Somente a geração do Descendente é contada como filhos da promessa!

Neste ponto o apóstolo passa aos exemplos. Sara foi agraciada com uma promessa: “Por este tempo virei, e Sara terá um filho” ( Rm 9:9 ). Por que esta promessa? Porque ela aponta o cuidado de Deus em trazer o Descendente através da linhagem de Abraão e Isaque.

Mas, não só foi Sara que recebeu uma promessa. Rebeca também recebeu uma promessa, porém, de modo diferente. Enquanto Sara foi informada que teria um filho no seu devido tempo, Rebeca, que também era estéril, após conceber milagrosamente, foi informada que havia duas nações em seu ventre e, que o maior serviria o menor ( Gn 25:23 ).

Deus disse a Rebeca que o maior serviria o menor e a profecia se confirmou, visto o que Deus disse por intermédio do profeta Malaquias: “Amei Jacó e odiei a Esaú” ( Ml 1:2 -3).

Mas por que Deus antecipou a Rebeca que o maior serviria o menor? Qual o propósito d’Ele? Sabemos que Deus propôs trazer o Cristo segundo a descendência da carne de Abraão e Isaque, ou seja, a descendência da carne de Abraão foi chamada e, mesmo diante do impossível (Sara e Rebeca eram estéreis), Deus demonstrou que tudo concorre para o bem daqueles que são chamados segundo o seu propósito.

O apóstolo Paulo buscou evidenciar que, mesmo os descendentes da carne de Abraão tendo sido chamados para o propósito de trazer o Messias ao mundo, Deus optou pela linhagem de Jacó. E como Deus fez isso? Chamou-o antes mesmo de nascer. Antes mesmo de ter praticado qualquer ação (bem ou mal), para ficar nítido que é Ele que chama para o seu propósito.

Observe: “Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), Foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor” ( Rm 9:11-12).

Foi predito que o maior serviria o menor para que o propósito de Deus permanecesse firme, ou seja, o mais importante é o propósito estabelecido: a vinda do Messias. Mas, como o propósito é firme por causa daquele que chama, Deus chamou Jacó antes que ele viesse à existência, e fez com que tudo concorresse para o bem daquele que estava sendo utilizado para o propósito.

O verso 11 de Romanos 9 ilustra na forma de uma aposto explicativo, que tudo concorre para o bem daqueles que são chamados segundo o propósito de Deus, não importando se o chamado repousa sobre um dos descendentes de Abraão (Jacó) ou um gentio (Ciro), pois o propósito divino era fazer Cristo preeminente, pois para isto Ele foi eleito antes dos tempos que se mede em séculos.

O chamado de Jacó antes mesmo de nascer demonstra a onisciência de Deus, para dar a entender através da Escrituras o propósito eterno estabelecido em Cristo, eleito antes da fundação do mundo, pois somente Ele era capaz de trazer a existência uma nova geração a altura do propósito eterno.

Como o propósito é firme, Cristo veio em carne através da linhagem de Abraão, conforme havia sido prometido a Abraão e Isaque, e Jacó foi agraciado com este direito antes mesmo de nascer.

Jacó foi chamado em função do propósito estabelecido em Cristo. A eleição de Cristo deu-se em função do propósito de Deus, e como o propósito é imutável, Deus chamou Jacó quando antecipou os eventos futuros à Rebeca.

Enquanto os cristãos pertencem a uma nova geração que foi eleita para o propósito da preeminência de Cristo (vocação celestial), Jacó foi eleito para participar indiretamente do propósito eterno como integrante da linhagem humana de Cristo (vocação terrena).

O verso 11 demonstra que o propósito é daquele que chama segundo o que propusera em Cristo. Tudo correu bem para Jacó, pois foi chamado segundo um propósito. Tudo concorre para o bem dos cristãos, pois fazem parte do propósito eterno. O propósito de Deus é imutável (por aquele que chama) segundo Cristo, ou seja, chamou a Jacó para trazer o Cristo da descendência de Abraão, pois como o propósito é firme a promessa ao patriarca cumpriu-se.

Como Jacó foi chamado? Deus disse a Rebeca que o maior serviria o menor, e ela, após crer na palavra, passou a incentivar o menor, mesmo sob o risco de ser amaldiçoada ( Gn 27:13 ).

Como a igreja foi chamada? À semelhança de Jacó, a Igreja foi chamada quando Deus anunciou o evangelho a Abraão, dizendo: “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti” ( Gl 3:8 ).

Da mesma forma que houve uma escolha entre Esaú e Jacó, houve uma escolha entre a descendência de Adão e a descendência de Cristo, para que o propósito de Deus permanecesse firme, pois é Deus que chama, Deus escolheu a nova geração em Cristo e rejeitou a geração de Adão, isto quando o Cordeiro de Deus foi morto, ou seja, antes da fundação do mundo.

Se o cordeiro foi morto, certo é que a geração de Adão foi rejeitada, não podia fazer parte do propósito eterno de Deus, sendo necessária uma nova geração, pois o propósito é firme por Aquele que chama “Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos” ( 2Tm 1:9 ).

Analise o que o apóstolo Paulo escreveu a Timóteo: que não deveria se envergonhar do evangelho que é poder de Deus para salvação ( 2Tm 1:8 ; Rm 1:16 ), pois é através do poder contido no evangelho que Deus nos salvou (Que nos salvou).

Continuando a análise, temos no verso uma conjunção aditiva (e), que liga a primeira oração (que nos salvou) a segunda (chamou com…), demonstrando que o evento da primeira oração antecede a da segunda oração, por isso coordenada através da conjunção aditiva ‘e’.

A salvação deu-se por intermédio do evangelho, que é poder de Deus ( Jo 1:12 ), mas os que são salvos através do evangelho são transportados para um novo reino e estão assentados nas regiões celestiais em Cristo, deste modo são participantes de uma vocação celestial, pois Deus chamou todos os gerados de novo através da semente incorruptível (evangelho) a serem participantes do propósito eterno: a preeminência de Cristo em todas as coisas.

Em momento algum o apóstolo diz que Deus escolheu os que seriam salvos, antes que salvou através do poder contido no evangelho e, que os que ele salvou são os chamados segundo o propósito eterno, pois a vocação da igreja é celestial, algo próprio a geração eleita.

No que consistia a primogenitura? A primogenitura diz de um direito próprio ao primogênito, que é proeminente entre os seus irmãos pelo simples fato de ter sido gerado primeiro. Ser gerado primeiro é o que dá preeminência entre os demais irmãos, e dois irmãos não podem ocupar a mesma posição.

Entre Esaú e Jacó vê-se a disputa pelo direito da primogenitura, o que não era, de modo algum, uma disputa por salvação. Entre Esaú e Jacó se evidencia uma disputa pela primogenitura, pois o direito de primogenitura só podia pertencer a uma pessoa, mas com relação à salvação não há disputa, pois é dada a todos os homens ( Jl 2:32 ; Is 59:1 ).

A questão do direito à benção da primogenitura já estava estabelecida antes dos dois irmãos gêmeos virem à existência. Antes de nascerem, ou de terem feito bem ou mal, já estava certo que, quem nascesse primeiro tinha direito à benção da primogenitura, e isto era irrevogável. Nascer primeiro era o critério preestabelecido para conceder a benção da primogenitura, ou seja, o critério da eleição.

Na disputa não estava em voga somente o espólio de Isaque, antes estava se decidindo questões vinculadas aos bens futuros ( Hb 11:20 ). Ambos, Esaú e Jacó, foram abençoados e deram origem, segundo a carne, a duas numerosas nações ( Gn 25:23 ), porém, Jacó alcançou uma bênção sem igual e maior, visto que Esaú desprezou a primogenitura ( Gn 27:36 ).

No que consistem os bens futuros, visto que o escritor aos hebreus faz alusão a tais bens no capítulo 11, verso 20 da sua epístola? Os bens futuros referem-se à promessa feita a Abraão, de que nele seriam benditas todas as famílias da terra.

Após analisar as pessoas de Esaú, Jacó e Rebeca, temos:

  • Diante de expectativa de morte, Esaú desprezou a primogenitura, que lhe conferia a bênção de Isaque e a maior parte na herança, por um prato de comida. Se ele cresse que pertencia, como primogênito, da linhagem de Cristo, não temeria a morte quando esteve com fome, pois teria plena certeza, igual a Abraão, que Deus poderia ressuscitá-lo dentre os mortos para cumprir a promessa ao seu pai. Esaú tinha em vista o que podia ver, alcançar com os olhos, e desprezou a primogenitura que tinha a ver com os bens futuro, de pertencer à linhagem do Descendente (Cristo).
  • Jacó, mesmo diante dos riscos de ser morto pelo irmão e de ser amaldiçoado por seu pai, teve em vista os bens futuros e, ao alcançar a primogenitura herdou a benção de pertencer a linhagem que veio o Cristo ( Hb 11:20 ; Gn 28:4 e 14);
  • Rebeca, diante da promessa ‘o maior servirá o menor’ ( Gn 25:23 ), convocou Jacó a se passar por seu irmão e não se escusou de executar o seu plano mesmo diante de uma possível maldição ( Gn 27:13 ).

Observe que Jacó não estava em busca de bens materiais, visto que, diante da ameaça do seu irmão, fugiu, deixando para o seu irmão o que lhe era de direito ( Gn 28:20 ). Ele tinha a mesma visão que o pai Abraão que, mesmo peregrinando sobre a terra prometida, tinha em mente uma cidade cujo artífice e arquiteto é Deus.

Por Jacó estar ligado ao pé de Esaú no momento do nascimento, a questão da primogenitura não ficou resolvida entre eles, o que ocasionou a disputa. Se Esaú tivesse nascido primeiro, sem estar ligado a Jacó, não existiria a possibilidade de Esaú vender o direito de primogenitura.

Mas, como o direito de primogenitura não estava resolvido, pois não houve interrupção durante o parto, Jacó deu ouvido à palavra da sua mãe e, buscou comprar o direito que ele e seu irmão concorriam. O simples fato de a parteira ter colocado um sinal em Esaú que lhe conferia a primogenitura, não eliminou o fato de ambos terem nascido sem interrupção no parto e a possibilidade de transmissão do direito.

Ao orientar Jacó, Rebeca agiu segundo a palavra: ‘O maior servirá o menor’, e quando Jacó foi chamado por ela, reascendeu-lhe o desejo de alcançar a promessa, a qual Esaú desprezou ao vendê-la por um prato de lentilha ( Gn 25:34 ).

Neste quesito, mesmo buscando com lagrimas reaver o direito perdido, já não se achava lugar, visto que tal benção concedida ao menor era irrevogável ( Gn 27:38 ; Hb 12:17 ). De modo semelhante, quando o casal no Éden pecou, a geração dos filhos dos homens já não achou lugar para fazer parte do propósito eterno de Deus, porém, como o propósito é firme por causa daquele que chama, Deus apresenta uma nova semente em inimizade com a semente da mulher, que daria origem a uma nova geração: a geração eleita ( Gn 3:15 ).

Como a semente de Adão não estava à altura de gerar filhos segundo o propósito de Deus, que disse “Façamos o homem conforme a nossa imagem, conforme a nossa semelhança” ( Gn 1:26 ), Deus elegeu (segundo o que propusera em Cristo), a semente do Verbo eterno, que foi morto antes da fundação do mundo.

O velho homem gerado segundo a semente de Adão de modo alguns herdará a bênção de ser semelhante a Deus, portanto, para que o propósito permaneça firme, eis que tudo Deus faz novo. Através da ressurreição com Cristo, Deus cria o novo homem em verdadeira justiça e santidade, a nova criatura que faz parte da geração eleita.

Considerando que Jacó foi abençoado segundo o que dispõe a primogenitura, isto não significava que ele tinha herdado também o direito à salvação. Ele poderia ter o direito de primogenitura e não ter alcançado a salvação. De modo semelhante, Moisés ganhou o direito à salvação, porém, foi impedido de entrar na terra prometida.

Quando Jesus cita: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos” ( Mt 22:32 ), claro está que Jacó foi salvo. Porém, estamos demonstrando que ele foi eleito para alcançar uma benção, e não a salvação.

Esaú, por sua vez, perdeu a bênção decorrente da primogenitura, mas poderia alcançar a salvação, bastando para isto crer naquele que está com as mãos estendidas “E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura” ( Hb 12:16 ), ou seja, ele não vendeu o seu direito a salvação, antes o direito de primogenitura.

Cristo, a realidade

A salvação é ofertada por Deus aos homens durante o período de tempo que se chama hoje, mas este tempo está por terminar “Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” ( Hb 3:13 ).

O período de tempo que se chama hoje se refere ao tempo dos homens, diferente do que se chama eternidade. Durante este período de tempo chamado hoje é ofertado salvação a todos os homens. Por isso é chamado de tempo sobre modo oportuno e aceitável, ou o ano aceitável ( 2Co 6:2 ; Hb 4:16 ; Is 49:8 e Is 61:2 ).

Este é o mesmo período de tempo na qual o Senhor Jesus foi introduzido como unigênito de Deus ( Sl 2:7 ), na condição de salvador do mundo que se havia perdido.

Neste período de tempo que se chama hoje a salvação de Deus é ampla e irrestrita e se estende a todos os homens que nele confiarem “Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir” ( Is 59:1 ).

Ele mesmo oferece salvação a quem quiser, ou seja, a salvação não é uma escolha unilateral da parte de Deus, antes é concedido a quem aceitá-la “E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida” ( Ap 21:6 ).

Deus também há de continuar salvando no período da grande tribulação e no milênio, porém, nenhum dos salvos destes períodos: a) grande tribulação; b) milênio, ou; c) os salvos no advento da lei, são participantes do corpo de Cristo.

Em todos os tempos Deus salvou os homens, conforme o testemunho das escrituras, isto desde Abel até João Batista, porém, somente através da igreja a multiforme sabedoria de Deus foi revelada, pois através dos que ressurgem com Ele é que Cristo passou a ser o primogênito entre muitos irmãos.

Somente os salvos segundo o evangelho da graça alcançaram também a bênção de serem semelhantes a Deus, pois deste modo Cristo tornou-se o primogênito entre muitos irmãos. Somente através da igreja, que é o corpo de Cristo, congregaram-se muitos irmãos semelhantes a Ele. É através da igreja, especificamente do corpo de Cristo, que o propósito eterno de Deus concretizou-se.

A primogenitura de Cristo é o modo como Deus estabeleceu a preeminência de Cristo sobre todos os seus irmãos (corpo, igreja), sendo este o cerne do propósito eterno de Deus: convergir em Cristo todas às coisas.

Enquanto a salvação é por graça, a eleição decorre do propósito eterno de Deus. Podemos verificar esta diferença entre graça e eleição quando observamos algumas etapas.

Escolhidos para uma missão

Quando Deus propôs fazer conhecido o seu poder e com que o seu nome fosse anunciado sobre toda a terra, escolheu um dos reis do Egito: um Faraó ( Rm 9:17 ). Fazer o seu poder conhecido e que o seu nome fosse divulgado em toda a terra não era o propósito eterno, mas era uma proposta de Deus, que levaria, em última instância, ao propósito estabelecido em Cristo.

A escolha de Faraó não foi oferta de salvação, antes diz do propósito de fazer conhecido o seu poder e que o seu nome fosse anunciado. Ora, se o Faraó cresse em Moisés e deixasse o povo ir, o propósito de Deus seria alcançado, do mesmo modo que o foi quando Faraó negou-se a liberar o povo de Israel. O propósito é firme por aquele que chama, e não em decorrência de quem é chamado.

Do mesmo modo Deus escolheu o rei Ciro antes mesmo de nascer para abater as nações, libertar o seu povo, reconstruir Jerusalém e fundar o templo ( Is 44:28 ). Escolher Ciro não era o propósito de Deus, antes Ciro foi escolhido para uma missão, o que remete a um propósito maior: preservar segura a linhagem do Messias, ou seja, abatendo as nações, reconstruindo Jerusalém e o templo, etc..

Ciro e Faraó foram eleitos, porém, não foram salvos. A salvação não decorre da eleição, pois a eleição tem a ver com propósito, e a salvação com misericórdia.

Gideão foi escolhido para livrar o povo de Israel das mãos dos midianitas, porém, não foi salvo, demonstra que a eleição é para uma missão segundo o propósito de Deus e não significa garantia de salvação ( Jz 8:27 ).

Do mesmo modo, por causa dos pais, Israel foi eleito para trazer o Cristo ( Rm 9:5 ), porém, isto não significa que eram salvos. Para serem salvos precisavam olhar para Deus ( Is 45:22 ), e não confiar que seriam salvos por causa da missão que desempenhavam.

Saul foi escolhido para reinar sobre Israel, livrando-os das mãos dos filisteus, porém, não foi salvo ( 1Sm 9:16 ). Salomão foi ungido rei sobre Israel, porém, não podemos afirmar que morreu salvo. Ou seja, a escolha de Deus tem em vista o propósito maior, diferente da oferta de salvação, que é resgate da condição decorrente da transgressão de Adão.

Do mesmo modo que Ciro foi chamado antes de vir à existência para abater as nações, Deus também chamou Jeremias e o separou para ser o profeta das nações ( Jr 1:5 ). A missão que desempenharam estava vinculada ao propósito de Deus, porém, a salvação de Jeremias e a condenação de Ciro não foram determinadas antes de nascerem. Jeremias não foi escolhido para ser salvo, antes para ser profeta das nações.

Esaú e Jacó

Quanto à eleição, Esaú já não podia pleitear pelo direito transmitido ao irmão, pois somente um podia ser o primogênito. Esaú não alcançou lugar de rever o direito decorrente da primogenitura, porém, a salvação lhe era plenamente factível, desde que invocasse ao Senhor para ser salvo.

A disputa entre Esaú e Jacó forma uma figura para se compreender o evento da primogenitura de Cristo e de como os cristãos tem o direito de herdar com Ele. Deus elegeu o Seu unigênito para ser preeminente e, como Cristo é o primeiro ressurreto dentre os mortos, todos quantos já ressuscitaram com Cristo são contados como seus irmãos ( Cl 3:1 ).

Cristo é o herdeiro, e a sua igreja coerdeira ( Rm 8:17 ). Cristo é o Filho primogênito e, os que ressuscitaram com Ele, são os muitos irmãos entre os quais Ele é preeminente como primogênito.

Como Deus chama as coisas que não são como se fossem, certo é que o propósito de Deus de fazer do unigênito o primogênito é firme porque assim Ele determinou. Do mesmo modo que à Rebeca foi feito uma promessa de que ‘o maior serviria o menor’ e, Jacó foi abençoado por Isaque, assim também, Deus chama por intermédio do evangelho todos os homens, não por causa de obras, mas porque propôs fazer do seu unigênito o primogênito entre muitos irmãos.

Segundo a promessa ‘o maior servirá o menor’, Rebeca convocou Jacó para tomar posse da promessa, o que tornou firme e irrevogável o propósito estabelecido na primogenitura, isto por causa daquele que fez a promessa, ou seja, a mesma promessa que Deus fez a Abraão.

Do mesmo modo que Esaú foi posto em ciúmes ao ver o seu irmão herdar a bênção segundo a primogenitura, Israel foi posto em ciúmes, pois não pode herdar com a igreja. Diferente da promessa feita a Israel, a promessa feita à igreja é superior, pois enquanto à Igreja foi concedida a semelhança do Altíssimo, pois são participantes de uma vocação celestial, a Israel reserva-se somente a terra prometida segundo a vocação terrena ( 1Pe 1:11 ; Hb 3:1 ).

Bênçãos espirituais

É por causa da vocação celestial que o apóstolo Paulo bendiz a Deus, ao escrever aos cristãos em Éfeso, agradecendo pelas bênçãos que os cristãos receberam. Observe que, além da salvação da condenação, que era uma condição comum no passado a todos os cristãos, todos que creem no enviado de Deus, além da salvação, são agraciados também com bênçãos. E que bênçãos são estas?

Uma delas é a eleição. Por isso o apóstolo Paulo diz: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” ( Ef 1:3 -4).

Ora, a salvação concedeu aos cristãos a condição de estarem assentados nas regiões celestiais ( Ef 2:6 ), ou seja, já é muita graça que os cristãos tenham entrado no descanso (salvação) proposto por Deus “Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim jurei na minha ira Que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo” ( Hb 4:3 ), mas o apóstolo demonstra que não é somente isto que os cristãos receberam ao serem salvos.

Crer na promessa do evangelho é para salvação “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa” ( Ef 1:13 ), ou seja, alcança-se lugar de descanso quando se crê, porém, Deus agraciou os salvos na plenitude dos tempos com a bênção proveniente da eleição.

Que bênção é esta? Deus elegeu a Cristo antes dos tempos eternos para ser preeminente em todas as coisas. Mas, para Cristo ter a preeminência, necessário se fez que Cristo torna-se primogênito entre muitos irmãos. Resta que, no momento que os homens na plenitude dos tempos creem em Cristo, morrem com Ele e ressurgem uma nova criatura.

Por serem gerados de novo em Cristo, fazem parte da nova geração eleita, escolhida para ser semelhante a Cristo, pois Ele é primogênito entre muitos irmãos semelhantes a Ele.

Por terem sido gerados de novo, segundo a geração dos filhos de Deus, que é pela palavra da verdade, segue-se que os cristãos também foram agraciados com a bênção de serem santos e irrepreensíveis diante d’Ele (nos elegeu nele=geração eleita), ou seja, eleitos de Deus, filhos do Altíssimo.

Além de ser santos e irrepreensíveis (eleitos) Deus também concedeu aos descendentes de Cristo um destino específico: a filiação divina (predestinação). Deus predestinou, antes dos tempos imemoriais, que todos aqueles que seriam gerados de novo pela fé em Cristo seriam filhos por adoção.

Deus poderia ter dado apenas a salvação aos que creem, tornando-os semelhantes aos anjos, como muitos entendem, mas foi do seu agrado que os que cressem não fossem apenas anjos, antes adquirissem uma condição superior: a semelhança do Altíssimo. Ou seja, quem crê em Cristo alcança o que satanás intentou alcançar ( Is 14:14 ), Gênesis ( Gn 1:26 ).

A predestinação não é para a salvação, antes para condição de filho, ou seja, para alcançar a semelhança de Cristo. Todos que creem na mensagem do evangelho e são gerados de novo, fazem parte da geração escolhida e com um destino específico (predestinado): ser um dos filhos de Deus, semelhante a Ele.

É neste ponto que fica evidente o quanto João Calvino fez uma leitura equivocada das escrituras, pois ele afirmava categoricamente que: “Na salvação dos santos não temos que buscar uma causa maior fora da munificência divina, e nenhuma causa maior na destruição dos réprobos além de sua justa severidade” João Calvino.

A causa maior da escolha divina ter apontado para os pertencentes à nova geração, é a preeminência de Cristo em todas as coisas. Foi por causa do beneplácito que propôs, de tornar congregar todas as coisas na plenitude dos tempos em Cristo, tanto as coisas que estão nos céus quanto as que estão na terra, que Deus escolheu os descendentes de Cristo, para serem santos e irrepreensíveis.

Predestinar é determina de antemão. É estabelecer antes que se venha à existência. Quando o apóstolo diz que Deus predestinou os cristãos, não diz da salvação, mas do propósito “Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade” ( Ef 1:11 ). Ou seja, para firmar o Seu propósito, Deus deixou estabelecido de antemão que todos os gerados de novo pela fé no evangelho não possuiriam outro destino: seriam filhos por adoção ( Ef 1:5 ; Rm 8:15 ).

Ou seja, Deus, ao trabalhar a eleição e a predestinação, não teve em vista indivíduos, mas sim a geração dos filhos de Deus. Todos os gerados de novo (em Cristo) fazem parte da geração eleita e predestinada, portanto, todos os cristãos são eleitos de Deus para serem santos e irrepreensíveis e destinados a serem filhos por adoção, pois tornou-se parte do propósito eterno: preeminência de Cristo em todas as coisas.

Após trilhar o novo e vivo caminho, o crente é agraciado com a salvação, e concomitantemente não terá outro destino: será semelhante a Cristo, pois assim o propósito eterno se efetiva: a preeminência de Cristo.

Mais uma vez errou João Calvino ao dizer que:

“O Senhor, em sua eleição totalmente imerecida, é livre e isento da necessidade de conceder igualmente a todos a mesma graça. Ao contrário, ele ignora a quem quer, e escolhe a quem lhe apraz” João Calvino.

Ele incorreu no erro de confundir graça com eleição. Enquanto a graça é favor imerecido demonstrado individualmente em todos os tempos a todos os homens salvando-os da condenação em Adão, a eleição é bênção especifica para uma geração especifica.

Bênção é para filhos, ou seja, a geração de Cristo é a geração eleita aquinhoada com a bênção de serem santos e irrepreensíveis diante de Deus. Enquanto a geração deste mundo é corrompida e perversa, a geração eleita resplandece como astros no mundo ( Fl 2:15 ).

É falsa a premissa de que “O Senhor, em sua eleição totalmente imerecida, é livre e isento da necessidade de conceder igualmente a todos a mesma graça” João Calvino, pois a Bíblia demonstra que a graça de Deus se revelou salvadora a todos os homens “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” ( Tt 2:11 ), pois Deus não tem prazer na morte do ímpio.

Deus não rejeitou Esaú porque ele era filho da ira. Seria um contra senso, pois a rejeição dos filhos da ira se deu em Adão. Deus rejeitou Esaú porque ele desprezou um direito concernente ao seu propósito e, como o amor de Deus demonstra-se em conceder ao homem o que lhe é de direito, ele deu o que era de direito a Jacó (amou), e rejeitou a Esaú, não lhe concedendo o que não lhe pertencia.

Com relação à perdição, assim como todos os homens, Esaú já veio ao mundo sob a condenação de Adão (rejeitado, excluído, alienado), portanto, na condição de filho da ira. Para mudar este quadro bastaria Esaú crer no Senhor, que isto lhe seria imputado por justiça, como Deus fez ao pai Abraão. Mas, com relação à primogenitura, Deus o rejeitou, pois havia que dar ao menor o direito que este conquistara.

Quando citam equivocadamente a passagem que o apóstolo Paulo cita: “Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia” ( Rm 9:15 ), para tentar justificar a teoria descabida da eleição e reprovação incondicional, esquecem que nesta passagem Deus está repreendendo Moisés por causa de sua loucura.

Se o leitor não observar o contexto onde o apóstolo Paulo faz a citação de Êxodo 33, verso 19, será levado pelo erro. O apóstolo Paulo diz no verso 14 que não há injustiça da parte de Deus ( Rm 9:14 ). Em seguida cita a base da justiça divina: “Compadecer-me-ei de quem compadecer, e terei misericórdia de quem tiver misericórdia” ( Rm 8:15 ). Num primeiro momento, o texto sugere que Deus age unilateralmente e, sem um critério que a mente humana possa compreender.

Porém, se o leitor observar que Deus falou deste modo porque Moisés se interpôs em favor do povo, pedindo algo que contraria a justiça de Deus “Agora, pois, perdoa o seu pecado, se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito. Então disse o SENHOR a Moisés: Aquele que pecar contra mim, a este riscarei do meu livro” ( Ex 32:32 -33), e que Deus respondeu demonstrando como se dá a sua justiça, claro está que Deus não age unilateralmente em se falando de salvação: somente os que pecarem contra Deus serão riscados do livro.

Quando Moisés estava no monte, foi avisado através dos dez mandamentos como se dá a justiça de Deus: “… Eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos” ( Ex 20:5 -6). Deus demonstra que não age unilateralmente.

Moisés sabia que o povo havia pecado ( Ex 32:31 ), e propôs uma troca descabida, sem se importar com o que já havia sido anunciado ( Ex 20:5 -6 compare com Ex 32:32 ). Deus demonstra que punirá somente os que pecarem e que o anjo do Senhor irá diante de Moisés, para que ele conduzisse o povo ao lugar determinado ( Ex 32:34 ).

É neste contexto que Moisés pede para ver a face do Senhor, sendo concedido que visse a bondade do Senhor ao permitir que visse a suas costas ( Ex 33:19 e 23). Vê-se nos versos que se seguem Moisés fazendo vários pedidos e Deus os concede. Por último, Moisés pede para ver a glória de Deus, momento em que Deus responde que deixará Moisés ver a sua bondade passar, porém, alerta que, mesmo concedendo que visse a sua bondade, com relação a sua misericórdia, teria misericórdia de quem Ele tivesse misericórdia, e que se compadeceria de quem compadecesse, ou seja, Deus o corrige, alertando que, apesar de conceder que visse a sua glória, só quem pecasse é que seria riscado do livro ( Os 6:1 -6).

Não há nada neste texto que dê apoio a ideia da eleição ou reprovação incondicional, pois Deus não diz que riscará o nome daquele a quem ele quiser rejeitar, antes somente os que pecarem contra Ele são rejeitados. Ou seja, Moisés fez um pedido descabido: perdoa o povo, ou risca o meu nome ( Ex 32:32 ). Ele pede mal, pois intercede estabelecendo uma condição que jamais Deus atenderia, pois teria que contrariar um dos seus atributos, cometendo uma injustiça: condenando o justo e absolvendo o ímpio ( Ex 23:7 ). Para atender Moisés, Deus teria que cometer injustiça, deixando de ser justo e imutável.

Há um enigma nesta passagem. Do mesmo modo que o profeta Jeremias disse: “Maldito o homem que confia no homem”, significando que qualquer homem que confia em si mesmo é maldito ( Jr 17:5 ), quando Deus disse: “Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia”, o leitor deve lembrar-se da ordem: “Misericórdia quero, e não sacrifício…” ( Os 6:6 ).

O que é misericórdia? Jesus mandou os fariseus irem e aprenderem o significado de misericórdia quero ( Mt 9:13 ). A misericórdia que Deus exige do homem é o amor ( Os 6:4 e 6), ou seja, Deus terá misericórdia de quem O ama de todo coração, de toda alma e de todo o entendimento ( Dt 6:5 ). A misericórdia de Deus não é unilateral como apregoou João Calvino.

O versículo: “Compadecer-me-ei de quem compadecer, e terei misericórdia de quem tiver misericórdia” ( Rm 8:15 ), não diz que Deus ignora quem quer e que escolhe quem quer para ser salvo por mero capricho e de um modo que não podemos compreender. Tal posicionamento é absurdo, pois Davi profetiza dizendo que um coração contrito Deus não desprezará. Deus tem misericórdia do pobre e abatido de espírito, daqueles que o amam de todo o coração, ou seja, que o amam segundo a sua palavra, tornando-se um circuncidado d’Ele ( Dt 30:6 ).

Ou seja, de Moisés Deus tinha misericórdia e se compadecia dele porque ele ouvia a palavra do Senhor de todo o seu coração, e como resultado, tinha a misericórdia do Senhor “Ouvi e a vossa alma viverá” ( Is 55:3 ). Mas, com relação ao povo rebelde, Deus não teria misericórdia, pois ele tem misericórdia daqueles que o amam.

Deste modo é demonstrado que não é o sacrifício que torna o homem aceito por Deus ( Sl 51:16 ), antes ser escolhido segundo a sua vontade.

Quando o apóstolo Paulo diz que a misericórdia de Deus não é de quem corre ou de quem quer, antes de Deus que a exerce, temos uma aplicação prática do verso anterior: terei misericórdia de quem tiver misericórdia ( Rm 9:15 ). Devemos observar que o texto não aborda as questões relativo à salvação, antes da escolha da Igreja e rejeição de Israel. A vontade de Deus em nada fica a cargo do homem, pois é Ele quem operar o seu querer (vontade) e faz todas as coisas segundo a sua vontade ( Fl 2:13 ).

Deus quer que os homens amem a sua palavra (misericórdia quero – 1Sm 13:13 ), o que nos faz lembrar da lição que se depreende de Saul, que correu e queria a benevolência de Deus através de sacrifícios ( 1Sm 13:12 ), e deixou de confiar naquele que é misericordioso e aceita os corações contritos. Israel tornou-se exemplo de um povo que sacrificava em lugar de ter misericórdia, pois o amor deles cedo passava, assim como o orvalho da manhã ( Os 6:1 -6). Quem corria e queria alcançar a benção de Deus? Não era Israel? Porém, foram rejeitados porque tropeçaram na pedra de tropeço e, deste modo não foram eleitos no Descendente para o propósito eterno ( Rm 9:3 ; Rm 9:33 ).

Como o povo de Israel não aprendeu o que é ter misericórdia, rejeitou a misericórdia de Deus que foi manifesta aos homens ( Rm 16:26 ). Isto porque é a escolha de Deus que não depende da vontade ou do esforço do homem (quem quer ou quem corre), mas da sua misericórdia. E como a misericórdia de Deus opera? A misericórdia de Deus não é fatalista ou determinista, antes ele mesmo diz: “E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos” ( Ex 20:6 ).

A misericórdia de Deus não é fatalista e determinista, visto que restou de Israel um remanescente segundo a eleição da graça, e o apóstolo Paulo demonstrou que fazia parte deste remanescente ( Rm 11:1 e 5), participantes juntamente com os gentios do propósito estabelecido em Cristo. Responder ao chamado de Deus é o que torna os homens eleitos como instrumento do seu projeto. Faraó e Ciro são exemplos de homens que foram chamados e tornaram-se instrumentos do propósito estabelecido,

Os parentes do apóstolo Paulo não podiam questionar a vontade de Deus, que escolheu a igreja e rejeitou Israel para o seu propósito ( Rm 9:19 ; Rm 9:7 ). O que eles deveriam recordar: o que diz as escrituras a Faraó: “Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra” ( Rm 9:17 ). Através de Israel Deus mostrou o seu poder, anunciou o seu nome até os confins da terra e trouxe o Cristo, pois para isto foram escolhidos.

Quando o apóstolo Paulo demonstra que o homem nada é diante do poder de Deus “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?” ( Rm 9:20 -21), tais argumento tem em vista o propósito de Deus, e não a salvação.

Do mesmo modo que Deus escolheu Faraó para dar a conhecer o seu poder e suportou a loucura do rei com muita paciência (dez pragas) até mostrar a sua ira, todos os homens gerados segundo Adão (vasos da ira) também são suportados com paciência. Todos os homens entram no mundo por Adão e são vasos da desobediência, vasos da ira, pois entraram por uma porta larga que os conduzirá à perdição ( Rm 9:22 ).

Quando lemos: “E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição” ( Rm 9:22 ), a ideia da frase ‘preparados para a perdição’ (κατηρτισμένα εἰς ἀπώλειαν), não deve ser entendido como se Deus tivesse estabelecido alguns para perdição e outros não.

Romanos 9, verso 22 deve ser analisado à luz deste verso: “Enchei vós, pois, a medida de vossos pais” ( Mt 23:32 ). Sobre este aspecto escreveu o apóstolo Paulo aos Tessalonicenses: “E nos impedem de pregar aos gentios as palavras da salvação, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados; mas a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim” ( 1Ts 2:16 ). O termo “κατηρτισμένα” dentre as várias possibilidades, pelo contexto, remete à ideia de justa retribuição à medida que ‘encheram’ 1) restituir, i.e. preparar, examinar, completar 1a) emendar (o que estava quebrado ou rachado), reparar 1a1) completar 1b) preparar, equipar, colocar em ordem, arranjar, ajustar 1b1) preparar ou ajustar para si mesmo 1c) eticamente: fortalecer, aperfeiçoar, completar, tonar-se no que se deve ser” Strong.

O tempo verbal é importantíssimo para a compreensão deste verso, pois Deus ‘suportou’ (passado) os vasos da ira (descendentes de Adão). Ora, Deus suportou até encherem a medida de seus pecados. Se Deus houvesse destinado alguns à perdição o verbo ‘suportar’ (φέρω) estaria no presente (suporta), visto que ainda há muitos que se perdem.

Deus suportou os vasos da ira para dar a conhecer, não somente a sua ira e poder, mas também para dar a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos para a misericórdia. Que riquezas são estas? Muitos filhos semelhantes a Ele, e o seu primogênito preeminente em todas as coisas. E quem faz parte destas riquezas? Judeus e gentios, ou seja, a todos quantos o Senhor nosso Deus chamar por meio do evangelho ( Rm 9:23 ).

Após demonstrar toda a grandeza da salvação em Cristo, o apóstolo Paulo demonstra que tudo é o cumprimento cabal das profecias: “Como também diz em Oséias: Chamarei meu povo ao que não era meu povo; E amada à que não era amada. E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo; Aí serão chamados filhos do Deus vivo” ( Rm 9:25 -26).

Isaías também profetizou acerca de Israel: “Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo. Porque ele completará a obra e abreviá-la-á em justiça; porque o Senhor fará breve a obra sobre a terra” ( Rm 9:27 -28). Ou seja, o remanescente salvo diz dos judeus salvos por meio do evangelho e que pertencem à descendência de Cristo “Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça” ( Rm 11:5 ).

O que Israel buscava e queria não alcançou ( Rm 11:7 compare com Rm 9:16 ), mas os remanescentes ( Rm 11:5 ) alcançaram e os outros foram endurecidos. Porque ele diz que os ‘eleitos’ alcançaram? Porque as escrituras previram que os remanescentes alcançariam ( Rm 9:28 ), assim como foi previsto à Rebeca que o maior serviria o menor ( Rm 9:12 ).

Os remanescentes judeus são chamados de eleitos porque fazem parte da geração eleita, segundo o propósito de Deus. Embora o apóstolo Paulo apresente alguns remanescentes que foram salvos, contudo, a ideia do texto não aponta para indivíduos, e sim para a nação. A nação tropeçou somente para incitar a emulação, visto que pela queda deles veio a salvação para os gentios.

O apóstolo Paulo prediz que haverá um tempo em que a glória de Israel será estabelecida (plenitude dos judeus), pois a queda deles é a riqueza do mundo e dos gentios ( Rm 11:12 ), pois Deus estabeleceu um propósito terreno para eles: Cristo além de ser o sublime entre muitos irmãos, reinará assentado no trono de Davi, pois Deus prometeu a ele as nações por herança ( Sl 2:7 -10).

Quem Deus elegeu? Deus elegeu a Cristo e a nova geração que dele procede. Todos os cristãos são vasos de misericórdia (salvação) para demonstrar as riquezas de sua glória (propósito eterno) ( Rm 9:23 ). Deus preparou os vasos de misericórdia quando trouxe à existência a geração eleita: por intermédio da morte e ressurreição do seu Filho primogênito. O Oleiro utilizou a mesma massa que compunha os vasos da ira, e após quebra-los, fez da massa dos vasos da ira, vasos de honra.

Deus demonstrou misericórdia (vasos de misericórdia=salvou) para levar a efeito o seu propósito (riquezas da glória=vasos de honra).

Obs.: A ‘presciência’ de Deus refere-se ao ‘conhecimento’, a ‘mensagem’ de Deus anunciada previamente pelos seus santos profetas de que Cristo seria morto na plenitude dos tempos em função do beneplácito da vontade de Deus, pois Cristo é o Cordeiro de Deus morto deste a fundação do mundo, ou seja, a ‘presciência’ ou o ‘pré-conhecimento’ diz dos eventos que se sucederam com relação à vida e morte de Cristo em conformidade com as Escrituras “E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” ( Ap 13:8 ).

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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