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Ao perceber que a prostituta na visão do Apocalipse, a mãe das prostituições e abominações da terra era a cidade de Israel, o evangelista João ficou admirado sobre maneira…


O vinho da prostituta do Apocalipse

Continuação do Artigo “A meretriz assentada sobre muitas águas”

O cuidado de Deus para com Israel

A nação de Israel foi cuidada e adornada por causa da promessa que Deus fez aos pais, como se lê:

“Então te lavei com água, e te enxuguei do teu sangue, e te ungi com óleo. E te vesti com roupas bordadas, e te calcei com pele de texugo, e te cingi com linho fino, e te cobri de seda. E te enfeitei com adornos, e te pus braceletes nas mãos e um colar ao redor do teu pescoço. E te pus um pendente na testa, e brincos nas orelhas, e uma coroa de glória na cabeça. E assim foste ornada de ouro e prata, e o teu vestido foi de linho fino, e de seda e de bordados; nutriste-te de flor de farinha, e mel e azeite; e foste formosa em extremo, e foste próspera, até chegares a realeza” ( Ez 16:9 -13).

O cuidado de Deus fez com que a nação de Israel adquirisse muitas riquezas e que os filhos de Jacó se multiplicassem em grande número, o que tornou as suas cidades grandiosas e desejáveis. Por causa da pujança da nação de Israel, as nações vizinhas se aproximaram oferecendo alianças. Os filhos de Jacó deixaram de confiar em Deus (apostasia) e passaram a confiar nas suas alianças políticas, no seu poder militar, na sua capacidade econômica e na sua religiosidade.

A aliança com Deus foi quebrada por causa da apostasia do povo, como consequência Deus trouxe sobre os filhos de Jacó tudo o que fora previsto por Moisés. As cidades de Israel foram esvaziadas dos seus habitantes e o povo que sobrou da espada, da fome e da peste desterrado ( Dt 28:61 ; 2Rs 24:20 ), mas a promessa de redenção para o remanescente permanece por causa dos pais (Abraão, Isaque e Jacó), pois o remanescente será salvo quando Deus tirar do meio do povo a apostasia.

A meretriz que se assenta sobre a besta é vista vestida de púrpura e de escarlata, adornada com ouro, pedras preciosas e pérolas, uma descrição semelhante às palavras do profeta Ezequiel acerca de Israel. É de se estranhar que a meretriz tenha domínio sobre uma besta, e por causa da sua beleza, sente-se segura a ponto de cavalgar em uma fera que pode destruí-la.

Vale destacar novamente que foi Deus quem tornou a nação de Israel formosa em extremo até chegar à realeza, porém, ao confiar em sua beleza, a nação tornou-se pérfida, quebrou a aliança com seu Deus.

O vinho das prostituições da grande cidade

“… e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua prostituição ( Ap 17:2 )

Com certeza o vinho que a meretriz deu aos reis da terra não é o mesmo vinho que Noé fez usou após plantar uma vinha “E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda” ( Gn 9:21 ); “Tardai, e maravilhai-vos, folgai, e clamai; bêbados estão, mas não de vinho, andam titubeando, mas não de bebida forte” ( Is 29:9 ).

O vinho da meretriz diz do vinho que fez o povo de Israel errar “Mas também estes erram por causa do vinho, e com a bebida forte se desencaminham; até o sacerdote e o profeta erram por causa da bebida forte; são absorvidos pelo vinho; desencaminham-se por causa da bebida forte; andam errados na visão e tropeçam no juízo. Porque todas as suas mesas estão cheias de vômitos e imundícia, e não há lugar limpo” ( Is 28:7 -8).

Ao longo da história de Israel profetas e sacerdotes desencaminhavam o povo ( Is 28:14 ), e Deus continuamente estendia a mão a um povo rebelde e contradizente. As vicissitudes que o povo de Israel enfrentava foi estabelecida por Deus por sinal e por maravilha para que ouvissem a voz de Deus ( Dt 28:46 ). Por não confiarem em Deus o povo de Israel foi desterrado para a Babilônia.

A profecia de Isaías no capítulo 28 estabelece um ‘ai’ contra os filhos de Jacó (bêbados de Efraim) que ocorrerá na última semana de Daniel, tempo em que restarão do povo de Israel uns ‘rabiscos’ (remanescentes), e o Senhor dos Exércitos (Cristo) será estabelecido como coroa de glória do Seu povo “Naquele dia o SENHOR dos Exércitos será por coroa gloriosa, e por diadema formosa, para os restantes de seu povo” ( Is 28:5 ).

Desde quando foi resgatado do Egito o povo de Israel esteve bêbado, mas não do vinho que Noé bebeu. O povo estava embriagado porque recebeu um espírito de profundo sono, ou seja, as Escrituras era como as palavras de um livro selado “Tardai, e maravilhai-vos, folgai, e clamai; bêbados estão, mas não de vinho, andam titubeando, mas não de bebida forte. Porque o SENHOR derramou sobre vós um espírito de profundo sono, e fechou os vossos olhos, vendou os profetas, e os vossos principais videntes. Por isso toda a visão vos é como as palavras de um livro selado que se dá ao que sabe ler, dizendo: Lê isto, peço-te; e ele dirá: Não posso, porque está selado” ( Is 29:9 -11; Rm 11 :8 ).

Deus estendeu a mão ao povo Israelita todos os dias dando-lhes mandamento “Também vos enviou o SENHOR todos os seus servos, os profetas, madrugando e enviando-os, mas vós não escutastes, nem inclinastes os vossos ouvidos para ouvir” ( Jr 25:4 ), mas o povo seguia o devaneio dos seus corações, pelo que Deus os entregou às concupiscências de seus corações ( Rm 1:24 ; Is 30:1 e 9; Rm 10:21 ; Is 65:2 ; Is 63:10 ).

Quando o homem não se ‘cobre’ do espírito, a palavra de Deus não passa de regras sobre regras ( Is 30:1 ). Para o povo de Israel, a palavra do Senhor era preceito sobre preceito, regra sobre regra e mandamento sobre mandamento ( Is 28:13 ), e tudo que aprendiam não passava de mandamento de homens ( Is 29:13 ). Não compreendiam as profecias contidas nos salmos, lei e profetas, de modo que rejeitaram o Messias.

Juravam pelos céus que eram obedientes a Deus, mas não conseguiram compreender que o filho de Maria, nascido em Belém, era o Messias prometido, e crucificaram o autor da vida do qual Davi profetizando disse: “Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre. Torne-se-lhes a sua mesa diante deles em laço, e a prosperidade em armadilha. Escureçam-se-lhes os seus olhos, para que não vejam, e faze com que os seus lombos tremam constantemente. Derrama sobre eles a tua indignação, e prenda-os o ardor da tua ira. Fique desolado o seu palácio; e não haja quem habite nas suas tendas” ( Sl 69:21 -25; Rm 11: 9 -10).

Na plenitude dos tempos o povo de Israel tratou o Messias com pão da amargura (perseguição e sofrimento) e lhe deram por bebida vinagre ( Gl 4:4 ), de modo que o veredicto previsto por Davi recaiu sobre a nação: as duas casas de Israel foram enlaçadas e presas ( Is 8:14 ).

A lei foi dada ao povo de Israel para conduzi-lo a Cristo, porém, a pretexto de guardarem a lei, mataram o Autor da vida. Foram enlaçados na concupiscência dos seus corações malignos herdados de Adão. A lei tornou-se um laço para o povo de Israel, como foi previsto, tropeçaram na pedra de tropeço “Porventura o trono de iniquidade te acompanha, o qual forja o mal por uma lei?” ( Sl 94:20 ).

A comida de Cristo era fazer a vontade do Pai ( Jo 4:34 ; Sl 40:8 ; Hb 10:7 -10), de modo que, quando foi ordenado pelo Pai que Cristo seria crucificado, Deus estava preparando para o Messias uma mesa na presença dos seus algozes, que por sua vez, foram enlaçados e presos “Como alimento me deram fel, e na minha sede me deram vinagre. Que sua mesa seja armadilha para eles, e sua abundância uma cilada” ( Sl 69:22 -23 Bíblia da CNBB; Sl 23:5 ).

Enquanto Jesus obedecia realizando a vontade do Pai na cruz ( Gl 1:4 ), os inimigos de Cristo eram enlaçados e presos, pois não creram nas palavras de Cristo e durante a crucificação serviram vinagre ao Autor da vida, o que indica que as Escrituras se cumpriu “Fui opróbrio entre todos os meus inimigos, até entre os meus vizinhos, e horror para os meus conhecidos; os que me viam na rua fugiam de mim” ( Sl 31:11 ; Sl 22:1 ).

O Salmo 69 cumpriu-se cabalmente: os moradores de Jerusalém estavam como que cegos, de modo que sorveram o vinho da ira por não crerem no enviado de Deus, crucificando-O. Ainda não vimos a queda da cidade por um detalhe: as 69 semanas previstas por Daniel encerrou-se antes da morte do Messias ( Dn 9:26 ).

Após a ordem para restaurar e edificar a Jerusalém, certo é que a cidade de Jerusalém continuou sob o domínio de nações estrangeiras, como os persas, gregos e romanos. Quando a última semana tiver início, a nação de Israel não mais estará subjugada politicamente, pois durante a plenitude dos gentios os judeus conseguiram se estabelecer como nação, mas por não crerem no enviado de Deus, a cidade cambaleará, e a sua queda se dará na última metade da última semana de Daniel. O vinho é figura da ira de Deus, que tem por consequência a falta de equilíbrio, a confusão, e por fim, dá-se a queda, e não há quem livre.

A doutrina que os sacerdotes, escribas e líderes de Israel produziam era proveniente dos seus corações malignos que herdaram de Adão, portanto, desde que nasceram falavam mentiras ( Sl 58:3 ). Não deram ouvidos à voz de Deus como se fossem ‘víboras surdas’, e o que saia da boca deles era semelhante ao veneno de serpentes “O seu veneno é semelhante ao veneno da serpente; são como a víbora surda, que tapa os ouvidos” ( Sl 58:4 ).

Este foi o veredicto de Deus sobre Israel por prevaricarem: “Assim o SENHOR cortará de Israel a cabeça e a cauda, o ramo e o junco, num mesmo dia (O ancião e o homem de respeito é a cabeça; e o profeta que ensina a falsidade é a cauda). Porque os guias deste povo são enganadores, e os que por eles são guiados são destruídos” ( Is 9:14 – 16).

A mentira, o engano atrai a ira de Deus, de modo que aquele que se embriaga no vinho da confusão, consequentemente bebe o vinho da ira de Deus. O salmo 80 é uma suplica a Deus por causa da ira que se abate sobre Israel, a vinha do Senhor ( Sl 80:1 -19).

O VINHO DA MERETRIZ – “E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição” ( Ap 17:4 ) – As abominações e as imundícies do cálice da meretriz provoca a ira de Deus, de modo que ser participante das abominações e imundícies da meretriz é o mesmo que beber do vinho da ira de Deus;

O VINHO DA IRA E DO JUÍZO – “Também este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro” ( Ap 14:10 ) – o vinho da ira fala da justa punição que Deus dará aos pecadores, vinho proveniente do lagar que o Cristo sozinho pisou e teve as suas vestes salpicadas de sangue ( Jr 26:15 -16; Jr 26:27 ; Is 63:3 ). Aqueles que sorverem o vinho da ira seguirão para a segunda morte, onde há tormento eterno.

Israel produziu e bebeu do vinho de engano e das mentiras, que é como veneno de serpente, e na plenitude dos tempos não creram em Cristo como o Filho de Deus, de modo que a retribuição virá, mas somente na última das setenta semanas de Daniel.

Com a vinda do Cristo suspendeu-se o tempo da contagem das setenta semanas de Daniel em virtude da entrada do tempo dos gentios ( Dn 9:25 ), portanto, a invasão de Jerusalém por Roma no ano de 70 depois de Cristo não é o princípio de dores previsto por Cristo ( Mt 24:8 ).  A indignação e o ardor da ira de Deus que fará com que os palácios de Jerusalém e as tendas dos seus habitantes fiquem desertos, se dará na última semana de Daniel, após o arrebatamento da igreja, quando se encerrará a plenitude dos gentios ( Dn 9:27 ).

As abominações e imundícies são o vinho que a meretriz deu aos reinos e reis da terra que os tornam sujeitos à ira de Deus. O vinho do furor que as nações beberão decorre da promiscuidade da cidade que se fez meretriz e provocou o ciúme do seu Senhor “Porque assim me disse o SENHOR Deus de Israel: Toma da minha mão este copo do vinho do furor, e darás a beber dele a todas as nações, às quais eu te enviarei. Para que bebam e tremam, e enlouqueçam, por causa da espada, que eu enviarei entre eles” ( Jr 25:15 -16).

As nações que participam das abominações e imundícies da meretriz sorverão o vinho do furor de Deus. Cairão e não se levantarão, porque a queda se dará pela espada “Pois lhes dirás: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Bebei, e embebedai-vos, e vomitai, e caí, e não torneis a levantar-vos, por causa da espada que eu vos enviarei” ( Jr 25:27 ).

O vinho da taça da mulher vestida de vermelho é o mesmo vinho produzido na vinha de Sodoma e nos campos de Gomorra: a ira de Deus “Porque a sua vinha é a vinha de Sodoma e dos campos de Gomorra; as suas uvas são uvas venenosas, cachos amargos têm. O seu vinho é ardente veneno de serpentes, e peçonha cruel de víboras” ( Dt 32:32 -33).

Sodoma e Gomorra foram duas cidades destruídas por Deus por causa da impiedade dos seus habitantes e são símbolo do juízo e do castigo de Deus. Ora, se a vinha é de Sodoma e os campos são de Gomorra e ambas as cidades foram subvertidas por Deus, significa que a ira d’Ele paira sobre os que semeiam nos campos da impiedade, pois o que o homem plantar, isto mesmo ceifará ( Gl 6:7 -8).

Quando Moisés falou da vinha de Sodoma e dos campos de Gomorra que resulta no juízo e no castigo de Deus, estava anunciado que o povo de Israel haveria de se corromper e abandonar a aliança com Deus ( Dt 32:5 ). Moisés profetizou que o juízo e a ira de Deus viria sobre Israel porque haviam de provocar a Deus quando entrassem na terra prometida, visto que seguiriam a deuses estranhos e suas abominações ( Dt 32:16 ).

Após prever as abominações do povo de Israel, Deus dá, por intermédio de Moisés, o seguinte veredicto: “E disse: Esconderei o meu rosto deles, verei qual será o seu fim; porque são geração perversa, filhos em quem não há lealdade. A zelos me provocaram com aquilo que não é Deus; com as suas vaidades me provocaram à ira: portanto eu os provocarei a zelos com o que não é povo; com nação louca os despertarei à ira. Porque um fogo se acendeu na minha ira, e arderá até ao mais profundo do inferno, e consumirá a terra com a sua colheita, e abrasará os fundamentos dos montes. Males amontoarei sobre eles; as minhas setas esgotarei contra eles” ( Dt 32:20 -23).

Foi profetizado que Israel acenderia o fogo da ira de Deus que consumiria toda a terra, consumindo tanto os montes (nações) quanto a colheita da terra (habitantes). Por deixarem de confiar em Deus e confiarem naquilo que não é Deus (vaidade), os filhos de Jacó provocaram a ira de Deus. Pasmem os leitores, mas na lei também há doutrina das últimas coisas!

As abominações de Israel são tidas como o ‘estopim’ que acende o fogo da ira de Deus, e este fogo, por sua vez consumirá as nações que ‘entraram’ à meretriz.

Por que Israel é o ‘estopim’ da ira, e por que as nações serão punidas?

Ora, o desvio de Israel tem por consequência o castigo de Deus. E, para castigar a nação obstinada ( Is 9:8 – 9), Deus constituiu nações vizinhas como vara de correção contra Israel. Num primeiro momento tais nações são varas nas mãos de Deus, mas como elas não dosaram a medida da punição e atribuíram aos seus deuses os seus feitos, são punidas logo após castigar Israel.

A Assíria foi uma destas varas ( Is 10:5 ), que após desempenharem a missão que Deus lhes outorgou, passaram a imaginar coisas vãs: que dominariam todas as nações ( Is 10:7 ). Consideraram que Israel era igual às demais nações que despojaram, provocando a zelos a ira de Deus ( Is 10:12 ).

Observe o previsto por Jeremias: “Todos os teus amantes se esqueceram de ti, e não perguntam por ti; porque te feri com ferida de inimigo, e com castigo de quem é cruel, pela grandeza da tua maldade e multidão de teus pecados. Por que gritas por causa da tua ferida? Tua dor é incurável. Pela grandeza de tua maldade, e multidão de teus pecados, eu fiz estas coisas. Por isso todos os que te devoram serão devorados; e todos os teus adversários irão, todos eles, para o cativeiro; e os que te roubam serão roubados, e a todos os que te despojam entregarei ao saque” ( Jr 30:14 -16).

De longa data as prostituições dos filhos de Israel desperta a ira de Deus, que por sua vez, convoca as nações em redor para puni-los, mas aqueles que são utilizados como ‘machado’ nas mãos de Deus se exaltam, e tornam-se alvos da ira de Deus ( Is 10:15 ; Is 33:1 ).

A meretriz do Apocalipse deu a beber à todas as nações da terra o vinho da ira quando saiu a prostituir-se com os reis e reinos da terra. O vinho que a meretriz distribuiu às nações em seu suntuoso cálice de ouro é a ira de Deus “Porque todas as nações beberam do vinho da ira da sua prostituição, e os reis da terra se prostituíram com ela; e os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias” ( Ap 18:3 ); “E a grande cidade fendeu-se em três partes, e as cidades das nações caíram; e da grande Babilônia se lembrou Deus, para lhe dar o cálice do vinho da indignação da sua ira” ( Ap 16:19 ).

Primeiro a meretriz (Israel) provoca a zelos o Senhor quando se esquece d’Ele e sai após os seus amantes (nações vizinhas). Em seguida vem o castigo pelo pecado dos filhos de Jacó. As mesmas nações que, pretensamente se beneficiaram com as riquezas dos filhos de Jacó, se levantam para destruí-los, mas, todos os que são utilizados para castiga-los serão devorados à espada.

Após a besta e seus chifres colocarem a meretriz (a grande cidade) desolada e nua (sem edifícios e sem habitantes), o Messias aparecerá em glória e exterminará a besta e os seus dez chifres. O extermínio das nações é o lagar que o filho do homem pisará ( Is 63:6 ).

O cálice de ouro que a grande prostituta segura é repleta de abominações, segundo a imundície das suas prostituições, pois abandonaram o Senhor e foram cavar para si fontes rotas “Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas” ( Jr 2:13 ; Jr 14:3 ; Ap 17:4 ).

A taça da mulher é cheia de abominações e prostituições, e qualquer que se torna participante das suas prostituições, consequentemente sorverá o vinho da indignação e da ira de Deus. Quem se embriaga nas abominações da meretriz consequentemente cairá, pois encontrará a ira de Deus.

Apesar de Deus proteger o povo de Israel como a ‘menina dos seus olhos’, o povo lançou-se à prostituição, provocaram o zelo de Deus e trouxeram sobre si a ira “Com deuses estranhos o provocaram a zelos; com abominações o irritaram” ( Dt 32:16 e 21 ; Tg 4:5 ).

Cristo, ao falar aos fariseus e escribas, nomeia-os de ‘raça de víboras’, ‘loucos’, ‘néscios’, ‘adúlteros’ ( Mt 16:4 ). Estas figuras são utilizadas continuamente pelos profetas, salmos e provérbios para fazer referência ao povo de Israel ( Is 1:10 ; Jr 23:14 ; Ez 23:1 -4; Os 2:2 ).

Os apóstolos fazem referencia a Israel como povo constituídos de adúlteros e adúlteras ( Tg 4:4 ; Rm 2:22 ), daí a figura da prostituta que provoca o ciúmes do marido ( Pv 6:34 ), e o marido, por sua vez, além de castigar a mulher pérfida, vinga-se dos seus amantes.

Uma das prostituições de Israel consistia em procurar as nações vizinhas para fazer aliança em tempo de guerra e desprezavam a palavra do Senhor ordenada por Moisés. O Egito foi uma das nações com as quais Israel prostituiu-se e o veredicto do Senhor veio sobre eles ( Is 31:1 e 3; Is 30:1 -5).

Outro tipo de abominação foi adotarem os deuses das nações vizinhas, sendo que Israel adotou Baal por Deus e foram arremessados para Babilônia “Porque edificaram os altos de Baal, para queimarem seus filhos no fogo em holocaustos a Baal; o que nunca lhes ordenei, nem falei, nem me veio ao pensamento” ( Jr 19:5 ).

Somam-se às iniquidades da nação de Israel as falsas doutrinas (preceitos de homens) criadas pelos lideres, sacerdotes, falsos profetas e anciões e a oposição ferrenha que faziam contra os profetas de Deus “Como o prevaricar, e mentir contra o SENHOR, e o desviarmo-nos do nosso Deus, o falar de opressão e rebelião, o conceber e proferir do coração palavras de falsidade” ( Is 59:13 ); “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste?” ( Lc 13:34 ; Mt 21:33 -46). Mas a pior das abominações de Israel foi desprezar a palavra da vida, o Cristo de Deus e como consequência desta afronta a cidade de Israel ficará desamparada enquanto não disserem: – Bendito aquele que vem em nome do Senhor!

A grande cidade será punida por ser culpada de ter derramado o sangue dos profetas e dos santos ( Ap 18:24 ). A cidade de Israel será punida durante a grande tribulação por ter se embriagado no sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Cristo ( Ap 17;6 ; Ap 19:2 ).

A cidade dos Caldeus (Babilônia) não é vista derramando o sangue dos profetas ou dos santos, pelo contrário, preservou a vida de muitos deles. Jeremias foi preservado por um dos emissários do rei Nabucodonosor ( Jr 40:4 ). Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego foram preservados na Babilônia, etc. “E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias” ( Dn 1:6 ).

A grande cidade aliou-se à besta ao fazer aliança com sete reinos e sete reis, porém, a própria besta e os dez chifres hão de se insurgir contra a grande cidade e a derribará, deixando a grande cidade (mãe das prostituições) desolada e nua.

Ao perceber que a prostituta, mãe das prostituições e abominações da terra era a cidade de Israel, o evangelista João ficou admirado sobre maneira ( Ap 17:6 ).

A mulher não é a cidade dos caldeus. A mulher não é o papado. A mulher não é a Igreja Católica. Definitivamente: a mulher prostituta é a nação de Israel!

Israel, a nação prostituta

6  E vi que a mulher estava embriagada do sangue dos santos, e do sangue das testemunhas de Jesus. E, vendo-a eu, maravilhei-me com grande admiração. 7  E o anjo me disse: Por que te admiras? Eu te direi o mistério da mulher, e da besta que a traz, a qual tem sete cabeças e dez chifres.

O evangelista declara duas vezes seguidas que viu a mulher:

1) ‘E vi a mulher…’, e;

2) ‘E, vendo-a eu…’.

A segunda declaração do evangelista soa como um reconhecimento, um modo de expressar que ele identificara quem seria aquela mulher.

A admiração do evangelista resultou em uma resposta do anjo: – ‘Por que te admiras? Eu te direi o mistério da mulher, e da besta que a traz, a qual tem sete cabeças e dez chifres’ ( Ap 17:7 ).

Barcley declara que a mulher é Roma:

“A mulher é Babilônia, quer dizer, é Roma. Há uma dificuldade que se expõe no princípio do capítulo, mas pode ser esclarecida de maneira imediata. Afirma-se que a mulher está assentada sobre “muitas águas” (v. 1). Esta é uma imagem de Roma representada mediante o simbolismo que corresponde a Babilônia, segundo os ditos dos antigos profetas de Israel” Barclay, William, The Revelation of John, Tradução: Carlos Biagini, pág. 370.

Moody entendia que a mulher é um poder espiritual:

“Ela é definidamente algum vasto sistema espiritual que persegue os santos de Deus, traindo aquilo para o que foi chamada. Ela entra em relações com os governos desta terra, e por algum tempo os governa. Eu acho que o mais perto que possamos chegar a uma identificação é compreender que esta prostituta é um símbolo de um grande poder espiritual que se levantará no fim dos tempos, o qual estabelecerá uma aliança com o mundo e assumirá compromissos com as forças do mundo. Em vez de ser espiritualmente verdadeira – ela é espiritualmente falsa, e assim exerce uma influência maligna em nome da religião” Moody, pág. 59.

Mas a única cidade acusada de derramar o sangue dos santos e das testemunhas de Cristo foi Jerusalém. Como nação Israel foi apontado como sendo um leão que devorava os profetas que Deus enviava, como se lê: “Por que contendeis comigo? Todos vós transgredistes contra mim, diz o SENHOR. Em vão castiguei os vossos filhos; eles não aceitaram a correção; a vossa espada devorou os vossos profetas como um leão destruidor. Oh geração! Considerai vós a palavra do SENHOR: Porventura tenho eu sido para Israel um deserto? Ou uma terra da mais espessa escuridão? Por que, pois, diz o meu povo: Temos determinado; não viremos mais a ti? Porventura esquece-se a virgem dos seus enfeites, ou a noiva dos seus adornos? Todavia o meu povo se esqueceu de mim por inumeráveis dias. Por que ornamentas o teu caminho, para buscares o amor? Pois até às malignas ensinaste os teus caminhos. Até nas orlas dos teus vestidos se achou o sangue das almas dos inocentes e necessitados; não cavei para achar, pois se vê em todas estas coisas. E ainda dizes: Eu estou inocente; certamente a sua ira se desviou de mim. Eis que entrarei em juízo contigo, porquanto dizes: Não pequei” ( Jr 2:29 -35).

O profeta Jonas foi enviado a Nínive, cidade dos Assírios, e não foi morto. Daniel, Jeremias, Ezequiel, Elias, Eliseu, Jesus, etc., foram enviados as outras nações para profetizarem e não foram mortos. Mas, de Jerusalém se diz: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste?” ( Lc 13:34 ; Mt 23:29 ).

O evangelista João conseguiu visualizar algo importante quando identificou que a meretriz estava embriagada com o sangue dos santos e das testemunhas de Cristo, e foi isto que o deixou admirado. Ora, a única cidade com histórico de matar os santos profetas de Deus e as testemunhas de Cristo é a cidade de Jerusalém ( Lc 13:34 ; At 3:15 ).

As duas testemunhas do Apocalipse serão mortas em Israel, a mesma cidade onde o Cristo foi morto ( Ap 11:8 ), de modo que a grande meretriz, a mulher cheia de pompa e realeza (vestida de escarlata) é Israel, a mãe de prostituições que se embriagou com o ‘sangue dos santos, e do sangue das testemunhas de Jesus’.

O evangelista João observou que a mulher estava embriagada (bêbada) por causa do sangue dos santos e do sangue das testemunhas de Jesus ( Ap 18:24 ), ou seja, a embriagues representa a queda da grande cidade por meio da espada dos seus algozes.

Continua…

O mistério da ‘Babilônia’ do Apocalipse

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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