Compartilhar:

Ao apresentar o espírito inatingível da lei, Jesus demonstrou ao povo que eles não faziam nada de mais quando seguiam as regras da lei, pois os gentios e os cobradores de impostos faziam as mesmas coisas ( Mt 5:46 -47). Ou seja, Jesus demonstrou através do Sermão do Monte que aquilo que buscavam na lei, que tanto veneravam, nada lhes acrescentou, visto que, tudo que faziam, os demais homens também faziam o mesmo “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei” ( Rm 2:14 ).


 

“Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir”
( Mt 5:17 )

O Sermão do Monte

Há uma grande diferença entre obediência e legalismo, porém, se faz necessário compreender o significado de ambos. Para isto, analisaremos alguns aspectos da doutrina de Cristo, e qual o objetivo da lei.

Diante de uma multidão curiosa, querendo saber se a doutrina de Jesus era contra a lei e os profetas, Jesus reitera que não veio destruir ou ab-rogar a Lei e os Profetas “Não cuideis…” ( Mt 5:17 ).

As Escrituras demonstram que Deus se apresenta ao povo como descanso e refrigério. Em todos os tempos, desde Abel até os nossos dias, a palavra de Deus traz descanso e refrigério a alma dos homens que nele confiam ( Is 28:12 ).

Mas, os lideres religiosos de Israel, consideravam e instruíam o povo de que a lei e os profetas era um sistema rígido de ‘regras sobre regras’. Porque não quiseram dar ouvidos à palavra de Deus que é descanso e refrigério ( Is 28:12 ), diziam que a lei era regra sobre regra, mandamento sobre mandamento ( Is 28:10 ).

Bastava ouvir (fé) que receberiam refrigério, porém, ao rejeitarem a Deus, abraçaram somente um volume acentuado de regras e mandamentos que os enlaçaria, deixando-os presos “Assim, pois, a palavra do SENHOR lhes será mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, e se quebrantem e se enlacem, e sejam presos” ( Is 28:13 ).

Após perceber que a palavra de Deus é descanso (fé) e não regras (obras), é necessário compreender a dimensão desta verdade.

A lei também estipulou que, ‘no estarem quietos’ estaria a vitória do povo, sem apontar um sistema de normas “Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos, e vede o livramento do SENHOR, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais os tornareis a ver” ( Ex 14:13 ); “Porque o Egito os ajudará em vão, e para nenhum fim; por isso clamei acerca disto: No estarem quietos será a sua força” ( Is 30:7 ).

Observe que a mensagem da lei e dos profetas é única: estai quietos (fé)!

Jesus demonstrou que a sua missão está intimamente ligada à lei e as mensagens dos profetas, porém o cumprir a lei não se vincula a um sistema legalista ou formalista, e sim, ao refrigério e descanso prometido pelas Escrituras (lei e profetas).

Em nossos dias, ainda há muitos que pensam que Cristo veio cumprir os ritos e cerimoniais presentes na lei mosaica. É certo que Cristo, como judeu, cumpriu com os cerimoniais da lei, porém, vale salientar que a sua missão foi além de ‘regras sobre regras’.

Ele não revogou (anulou) a lei e nem o que foi dito pelos profetas, antes os cumpriu (estabeleceu), destruindo a parede de separação, a barreira de inimizade, ao reconciliar ambos (judeus e gentios) em um só corpo ( Ef 2:13 -18).

Cristo veio cumprir, ou seja, efetivamente Ele veio dar cumprimento à Lei e os Profetas. Porém, quando se lê que Ele veio cumprir a lei, entenda que Ele veio cumprir perfeitamente tanto a lei quanto os profetas que dizem: “…em ti serão benditas todas as famílias da terra” ( Gn 12:3 ).

Este foi o tema da mensagem dos profetas: “Assim diz o Senhor DEUS: Eis que levantarei a minha mão para os gentios, e ante os povos arvorarei a minha bandeira…” ( Is 49:22 ). De igual modo a lei expressa: “Regozijai-vos, ó gentios, com o seu povo…” ( Dt 22:43 ).

Cristo, ‘Luz para os gentios’ é o cumprimento da lei e dos profetas, cumprimento que vai além de ‘regras sobre regras’, compreensão dos religiosos à época. Cristo cumpriu a lei e os profetas por ser o evangelho da paz “a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto”, e por Cristo ambos (judeus e gentios) obtiveram acesso ao Pai em um mesmo Espírito, por meio da fé “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” ( At 2:39 ).

Cristo é o cumprimento da palavra que disse: a virgem conceberá. Ele é o cumprimento da palavra que diz: ‘E, tu Belém, Efrata…’. O livro de Mateus aplica-se em demonstrar que Jesus é o cumprimento da lei e dos profetas, além dele observar as ordenanças da lei como: circuncisão, páscoa, festas, etc.

Guardar o sábado não é o cumprimento da lei. Observar dias, festas e luas não é o cumprimento da lei. Não tocar, não provar e não manusear não é o cumprimento da lei. Abster-se de alimentos não é o cumprimento da lei, pois o cumprimento da lei é Cristo, que estabeleceu a fé como único elemento de acesso à justiça de Deus.

Em Cristo cumpre-se a lei que não faz acepção de pessoas, onde o natural e o estrangeiro é justificado por Deus. Deus é um só que justifica a todos (judeus e gentios) que creem em Cristo.

Por meio da fé cumpre-se o que foi dito por intermédio da lei e dos profetas. É Deus quem justifica gregos e judeus somente pela fé em Cristo!

Há aqueles que afirmam não serem legalistas, mas que apontam a necessidade de normas e leis morais. Apontam o Antigo Testamento como sendo um conjunto de regras válidas à vida e práticas cristãs. Por que pensam assim? Porque além de não compreender o que Jesus disse acerca de cumprir a lei e os profetas, não compreendem o objetivo do Sermão do Monte.

No Sermão do Monte Jesus expôs a lei? Por certo que não!

Observe que após demonstrar a bem-aventurança dos seus discípulos ( Mt 5:11 -12), Jesus apresenta aos seguidores de Moisés o inatingível espírito da lei. O povo estava acostumado a ouvir a lei no seguinte tom: “Não matarás”, Jesus, porém lhes disse: “…qualquer que sem motivo, se encolerizar contra o seu irmão, estará sujeito a julgamento…” ( Mt 5:21 -22).

Jesus estava estabelecendo um novo sistema de normas e regras? Não! Ele estava demonstrando que jamais o povo seria bem-aventurado através da lei mosaica, pois os seus maiores seguidores, os escribas e fariseus, estavam aquém do exigido por Deus.

Se os fariseus e escribas, homens que o povo consideravam cumpridores da lei, não haviam alcançado a justiça de Deus, como o povo alcançaria justiça superior a dos religiosos mais severos? ( Mt 5:20 ).

Ao apresentar o espírito inatingível da lei, Jesus demonstrou ao povo que eles não faziam nada de mais quando seguiam as regras da lei, pois os gentios e os cobradores de impostos faziam as mesmas coisas ( Mt 5:46 -47).

Ou seja, Jesus demonstrou através do Sermão do Monte que aquilo que buscavam na lei, que tanto veneravam, nada lhes acrescentou, visto que, tudo que faziam, os demais homens também faziam o mesmo “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei” ( Rm 2:14 ).

Enquanto os judeus precisavam da lei para fazer o bem e amar o próximo, os gentios e pecadores faziam o mesmo sem as regras formais de um código. Naturalmente os publicanos e pecadores faziam as coisas prescritas na lei: amavam e faziam o bem aos seus semelhantes ( Lc 6:33 ).

Qual a jactância dos judeus em apoiarem-se na lei como sendo melhores que os outros povos? Por certo, para serem melhores deveriam fazer algo de diferente, como o dar a outra face a quem ferir uma das faces. Por certo seriam melhores, caso deixassem levar a túnica aquele que pedisse a capa “E se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Também os pecadores amam aos que os amam. E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que recompensa tereis? Também os pecadores fazem o mesmo” ( Lc 33:34 ).

Se nem mesmo eles (religiosos judeus) cumpriram a lei, pois temos o testemunho que diz “E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé” ( Gl 3:11 ), que dirá perseguirem o espírito da lei? “Pois qualquer que guardar toda a lei, mas tropeças em um só ponto, torna-se culpado de todos” ( Tg 2:10 ).

No final do Sermão do Monte Jesus aponta o caminho sobre modo excelente: “Entrai pela porta estreita” ( Mt 7:13 ); “Está é a porta do Senhor pela qual os justos entrarão” ( Sl 118:20 ).

Através do Sermão do Monte Jesus contesta o sistema religioso dos escribas e fariseus, a falibilidade de suas pretensões na lei e apresentou-se como a porta pela qual os homens devem entrar.

Todos que ouvissem as palavras de Jesus e as praticassem, seriam semelhantes ao homem que construiu a sua casa sobre a rocha ( Mt 7:24 ).

Agora, é preciso comparar a exigência da lei e a exigência de Cristo:

“Portanto os meus estatutos e os meus juízos guardareis, pois o homem que os cumprir, por eles viverá” ( Lv 18:5 );

“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha” ( Mt 7:24 ).

 

Obediência sem Legalismo

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele”
( Jo 14:21 )

 

Quais são as regras ou quesitos dos mandamentos de Cristo? Como servir e obedecer a Cristo?

Quando se fala em obediência, a primeira relação que se faz é com regras, mandamentos, ordenanças, etc.

Jesus declarou: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama” ( Jo 14:21 ). Mas, quais são os seus mandamentos?

Ao falar dos mandamentos de Cristo, João disse: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são penosos” ( 1Jo 5:3 ).

Percebe-se através deste versículo que o amor de Deus é expresso em seus mandamentos. Que os seus mandamentos não são penosos, ou seja, que não envolve trabalho.

Ora, se o amor de Deus é expresso em seus mandamentos, e Cristo é o amor de Deus revelado aos homens, segue-se que cumprir os mandamentos de Deus é crer no nome do seu Filho “Ora, o seu mandamento é este, que creiamos no nome do seu Filho Jesus Cristo…” ( 1Jo 3:23 ).

Quem ouve a mensagem de Cristo e crê, cumpre cabalmente o mandamento de Deus. De igual modo, crer em Cristo, ou cumprir o mandamento de Deus é designado também de obediência: “Purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade…” ( 1Pe 1:22 ).

O que é obediência à verdade se não a fé na ‘fé que uma vez foi dada aos santos’? Por intermédio da semente incorruptível, que é a palavra de Deus, o homem é de novo criado, e passa a ser uma nova criatura, em verdadeira justiça e santidade. A nova criatura gerada em Cristo é eleita na santificação do Espírito para a obediência ( 1Pe 1:2 ).

A falta de fé caracteriza a desobediência “Visto, pois, que resta que alguns entrem nele, e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas novas não entraram por causa da desobediência” ( Hb 4:6 ).

Qualquer ideia contra o evangelho de Cristo deve ser combatido, levando o homem a obediência, que é crer “Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo; E estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida a vossa obediência” ( 2Co 10:5 -6).

A obediência da fé é o mesmo que crer no evangelho. Somente pela fé (obediência) é possível cumprir o mandamento do Deus Eterno “Mas que se manifestou agora, e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé” ( Rm 16:26 ); “Pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome” ( Rm 1:5 ).

A obediência a Cristo remove todo e qualquer fardo, pois não demanda esforços ou realizações pessoais. Comparado as ordenanças dos homens os mandamentos de Deus são suaves e leves ( Mt 11:30 ).

Por que o homem não entrará no reino dos céus? “Por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu mando?” ( Lc 6:46 ). É preciso guardar algum dia da semana (sábado ou domingo) para fazer o que Jesus manda? Há algum tipo de comida que torna o homem aceitável diante de Deus? É preciso ir a escola dominical? Etc.

Sabemos que nem o sábado e nem o domingo é o dia do Senhor, visto que o dia do Senhor refere-se ao dia do juízo ( Jl 2:31 ). Que tipo de comida é agradável? “Ora a comida não nos faz agradáveis a Deus; se comemos, nada temos de mais, e se não comemos, nada nos falta” ( 1Co 8:8 ).

Se o que Jesus manda não refere-se a dias, comidas, festas, etc, qual é o seu mandamento? Por que muitos que dizem Senhor, Senhor não entrarão no reino dos céus? Porque não fizeram o que Jesus ordenou, que é: “NÃO se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim” ( Jo 14:1 ).

Uma multidão que seguia a Cristo perguntou: “Disseram-lhe, pois: Que faremos para executarmos as obras de Deus?” (João 6: 28). Todos os pretensiosos que procuram algo para fazer, como fizeram os ouvintes da lei e a multidão que seguiam a Cristo, não encontrarão descanso “Tudo o que o Senhor falou, faremos” ( Ex 19:8 ).

O jovem rico também queria fazer algo para ter direito a salvação, porém, não conseguiu realizar.

A resposta de Jesus para quem quer executar a obra de Deus é: “A obra de Deus é esta: Crede naquele que Ele enviou” ( Jo 6: 29 ).

Aquele que crê cumpre os mandamentos de Deus, conforme alertou o apóstolo João: “E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento” ( 1Jo 3:23 ).

Em primeiro lugar é preciso ao homem crer em Cristo, e, então, o amor ao próximo será eficaz, pois o amor deve ser segundo o mandamento que diz: creia no nome de seu Filho Jesus.

Quando o homem crê em Cristo, Deus realiza a Sua obra, criando o novo homem em verdadeira justiça e santidade. A obra de Deus somente Ele pode realizar, pois refere-se a nova criação em Cristo.

A obra de Deus é a circuncisão não feita por mãos, a circuncisão de Cristo, que é o despojar da carne, ou seja, no despojar do velho homem ( Cl 2:11 ). É possível ao homem despojar-se do corpo da carne, se tal circuncisão é feita sem o auxilio de mãos?

De igual modo, o que Deus pediu ao povo através da lei foi que circuncidassem o coração. De que modo é possível circuncidar o coração, senão pela fé? As exigências da lei são idênticas as exigências do evangelho, como se lê: “Agora, pois, ó Israel, que é que o SENHOR teu Deus pede de ti, senão que temas o SENHOR teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, Que guardes os mandamentos do SENHOR, e os seus estatutos, que hoje te ordeno, para o teu bem? (…) Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz” ( Dt 10:12 -16).

Aqueles que ouviam a lei e buscaram justificar-se por meio das obras da lei pereceram, porém, aqueles que ouviram a lei, e creram que somente através da circuncisão do prepúcio do coração, obra realizável somente por Deus pela fé, estes alcançaram um novo coração e um novo espírito (nova vida) ( Sl 51:10 ).

Aqueles que obedeceram o mandamento do Senhor, que é: “Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração”, fizeram o que o Senhor pediu! Estes são os que temem ao Senhor! Estes passaram a andar os caminhos de Deus! Através do novo coração alcançado após a circuncisão passaram a amar e servir o Senhor de todo o coração, e com toda a sua alma, visto que, com o coração herdado de Adão é impossível amar a Deus, pois amar a Deus é cumprir os seus mandamentos.

Todos os mandamentos da lei seriam cumpridos quando os homens circuncidassem os seus corações pela fé.

Os mandamento de Deus é para o bem do homem e revelam o seu amor! Os mandamentos não são penosos, pois a obra pertence ao Senhor! “… os seus estatutos, que hoje te ordeno, para o teu bem? (…) Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração…” ( Dt 10:12 -16). Compare: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são penosos” ( 1Jo 5:3 ).

O amor de Deus é expresso em seus mandamentos, para o bem do homem. Sem realizações, obras, serviços, trabalhos penosos, pois é Deus quem fará para o homem todas as suas obras através da circuncisão “SENHOR, tu nos darás a paz, porque tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras” ( Is 26:12 ).

Se a obediência é fé na palavra de Deus, qual a utilidade da legalidade? Quem busca salvar-se por intermédio das obras da lei, que é o caso dos legalistas (alguém que usa a lei de forma a ter direito à salvação), fadado está à perdição.

Os puritanos discursam condenando os pensadores legalistas, porém, por não compreenderem que a obediência equivale a fé, alegam que é preciso aos cristãos seguirem quesitos morais da lei a título de praticar os mandamentos de Deus.

Os puritanos compreendem que ‘praticar seus mandamentos’ esta relacionado as escolhas morais norteadas pela lei. Isto porque há mais de um mandamento a se cumprir. Mas, que diz o verso seguinte: “Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas” ( Mt 22:14 ). Quem terá direito a vida, se não os que crerem?

Os escritores falam de ‘mandamentos’ no plural porque é preciso crer em Cristo e amar, segundo o seu mandamento, ou seja, é preciso guardar os seus mandamentos “E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento.E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos que ele está em nós, pelo Espírito que nos tem dado” ( 1Jo 3:23 -24).

Os mandamentos equivalem a crer em Cristo e amar, segundo a fé do evangelho.

Os puritanos dizem que não utilizam a lei para serem salvos, porém, alegam que necessitam da lei porque ela os faz consciente das suas necessidades. O que ainda falta a quem recebeu a Cristo?

Dizem guardar a lei de modo que, mostram a si mesmos que já são salvos. Guardam a Lei para serem obedientes a Cristo, demonstrando o quanto o amam. Esquecem que amar é obedecer! Esquecem que obedecer é crer! Não compreendem o que é obedecer.

Para os puritanos obediência é expressar o amor de Cristo a Cristo guardando a Lei, pois entendem que através do estudar e observar a lei o cristão é levado a boas obras. Não compreendem que o novo homem é criado para as boas obras, porém, é Deus quem as preparou e faz ( Ef 2:10 ; Is 26:12 ).

Eles entendem que o Sermão do Monte é uma nova roupagem dos Dez Mandamentos de Deus. Pecam em dizer que é preciso ao homem ‘… esforçar para guardar a Lei de uma maneira santa por meio de Cristo’.

“Nós devemos nos esforçar para guardar a Lei de uma maneira santa por meio de Cristo” Qual a diferença entre legalismo e obediência, C. Matthew McMahon, tradução de Josias Cardoso, coletado no Site Monergismo.

Enquanto a Bíblia demonstra que o pecado decorre da natureza de Adão, visto que, bem antes da lei estava o pecado no mundo, e por ele a morte, consideram que só é possível saber o que é pecado através da lei.

“Nós precisamos da Lei para mostrar o nosso pecado. Nós precisamos da Lei para nos dirigir à justiça. Nós precisamos dos mandamentos de Cristo que estão distribuídos por toda a Escritura para alcançar nossa santificação e santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12:14). Salvação não depende de guardar a Lei, pelo contrário, nossa salvação é vista em nós quando guardamos a Lei” Qual a diferença entre legalismo e obediência, C. Matthew McMahon, tradução de Josias Cardoso, coletado no Site Monergismo.

O que percebe-se através das declarações de McMahon é que ele desconhece o que é pecado. Se ele soubesse que o pecado decorre da natureza decaída de Adão, por certo veria que a lei somente realça a impossibilidade do homem de salvar-se a si mesmo através de boas ações.

Se ele soubesse que é Cristo que livra o homem da natureza (pecado) de Adão, e que quem está em Cristo é livre do pecado, não estaria a procura do que é pecado. É Cristo que nos justifica, e não a lei! Como é possível a lei dirigir alguém à justiça?

Cristo é a paz e a santificação daqueles que creem, e por isso, quem segue a paz, que é Cristo, e quem segue a santificação, que também é Cristo, verá a Deus. O mandamento para a santificação, ou o seguir a Cristo é crer naquele que Deus enviou ( Hb 12:14) “Foge também dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor” ( 2Tm 2:22 ).

Quem quer mostrar a salvação através da lei esquece que os nascidos do Espírito são como os caminhos do vento e como os ossos que formam no ventre da grávida, pois a salvação é obra de Deus, que faz todas as coisas ( Ec 11:2 ; Jo 3:8 ; Is 26:12 ).

Os puritanos esquecem o protesto de Paulo: “Mas aquele que tem dúvidas, se come está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado” ( Rm 14:23 ).

Quem creu em Cristo e ama o próximo cumpriu a lei, pois o cumprimento da lei é o amor ( Rm 13:8 -10 ; 1Jo 3:23 -24). Para os que querem guia-se pela lei, Paulo fala para rejeitar as obras das trevas, pois os que são filhos da luz, deve vestir-se das armas da luz, que é o amor ( Rm 13:12 ).

Revesti-vos de Cristo, sem o cuidado das obras da lei que é segundo a carne e as suas concupiscências. Tudo o que o velho homem criado em Adão faz é pecado, pois é segundo a carne. Mas, tudo o que o novo homem, criado em Cristo (último Adão) faz é segundo a justiça, pois o novo homem existe por fé ( Rm 14:23 ).

O justo viverá da fé, e tudo aquilo que o justo faz é de fé! Ou seja, se viveis em Espírito, andai também em Espírito ( Gl 5:25 ), pois contra você não há lei ( Gl 5:23 ).

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *