Eleição e Predestinação

A doutrina da predestinação e a parábola dos dois caminhos

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Sobre as duas portas e os dois caminhos escreveu o apóstolo Paulo: “Pois assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Pois assim como todos morreram em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” ( 1Co 15:21 -22). Adão é a porta larga pela qual todos os homens entram ao nascer. Todos eles ao nascer morrem em Adão. Porém, do mesmo modo que todos os homens morrem em Adão, assim também todos são vivificados em Cristo!


A doutrina da predestinação e a parábola dos dois caminhos

“Mas estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz para a vida…” ( Mt 7:14 ).

Duas Portas e Dois Caminhos

Jesus demonstrou haver ‘duas portas’ e ‘dois caminhos’ e que todos os homens que desejam salvação precisam entrar pela porta estreita, uma vez que trilham um caminho de perdição ( Mt 7:13 ).

Jesus é a ‘porta estreita’ pelo qual todos os homens necessitam entrar para que possam deixar de trilhar o caminho de perdição. Cristo é o ‘caminho apertado’ pelo qual somente os homens que creem têm acesso a Deus.

Cristo e Adão são dois personagens antagônicos (Adão conduz à morte e Cristo à vida). Cristo é o último Adão (espírito vivificante), diferente de Adão, que foi criado alma vivente ( 1Co 15:45 ). Enquanto este foi criado por Deus, aquele foi gerado de Deus. Por causa da transgressão de Adão todos os homens (que dele são gerados) tornaram-se escravos do pecado. Todos os homens são concebidos e gerados em pecado ( Sl 51:5 ).

Portanto, Adão é a ‘porta larga’ pelo qual todos os homens ao serem concebidos (segundo a vontade do varão, segundo a vontade da carne e do sangue) entram ao nascer. O nascimento natural segundo Adão é a porta larga que dá acesso ao caminho largo de perdição. Por causa desta realidade Jesus disse a Nicodemos: “Necessário vos é nascer de novo” ( Jo 3:7 ), ou ainda: ‘entrai pela porta estreita’. Sem Cristo o homem seguirá rumo a um destino de perdição, porém, tal destino não pode ser tido como um fado, um destino (fatum), fatalismo ou predestinação.

Em Adão ocorreu o juízo por causa da ofensa (pecado) para condenação. O juízo e a condenação foram estabelecidos em Adão e alcançaram todos os homens, por isso todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus ( Rm 5:18 ).

 

Destino e Predestinação

Ao nascer, por ser descendente de Adão, o homem entra por uma porta larga e segue por um caminho que fatalmente o levará à perdição ( 1Co 15:47 ). Isto significa que o homem está ‘destinado’ à perdição?

Antes de uma resposta afirmativa ou negativa, precisamos definir qual o significado das palavras ‘destino’ e ‘predestinação’.

Destino sm. 1. Sucessão de fatos que podem ou não ocorrer, e que constituem a vida do homem, considerados como resultantes de causas independentes de sua vontade; sorte; fado. 2. O futuro. 3. Aplicação, emprego. 4. Lugar aonde se dirige alguém ou algo; direção.

Dos quatro sentidos pertinentes a palavra destino, qual é o utilizado na parábola dos dois caminhos? A sucessão de fatos e eventos cotidianos determinará a sorte (fado) do homem sem Deus? Não! A parábola dos ‘dois caminhos’ definem o ‘lugar’ para onde se dirige alguém após trilhar o caminho largo ou estreito? Sim!

Por causa de algumas crendices geralmente as pessoas aplicam a palavra destino a ideia proveniente do conceito grego, a ‘moira’, ou do pensamento romano, o ‘fatum’. O fado, sina, sorte ou destino surge como uma ameaça implacável que determina a inexorável punição diante da falta cometida.

Segundo a mitologia, o ‘Destino’ nasceu da noite e do Caos. Ele estava acima das divindades, submetendo-as ao seu poder. Era descrito como cego e inexorável, exercia domínio sobre o universo.

Da filosofia estoica temos o ‘fatum’ ou ‘destino implacável’ que aparece também acima de todos os deuses e homens. O ‘fatum’ estabelecia as leis do universo, e ninguém podia furtar-se a seu alcance.

No evangelho não existe a ideia de um destino (sina, fado) implacável e inevitável como é o caso da mitologia grega ou da filosofia estoica.

Jesus apontou a existência de dois caminhos e a possibilidade de mudar para o caminho estreito;

A ideia de ‘destino’ que o evangelho contém aponta para um lugar especifico para onde o homem se dirige.

A parábola dos dois caminhos demonstra que os caminhos (largo e estreito) possuem destino, e não o viajante, por isso é factível ao homem que segue o caminho de perdição entrar pela porta estreita que dá acesso ao caminho que conduz à vida.

Quem está em um caminho que ‘conduz’ a uma determinada cidade tem a opção de mudar de caminho a qualquer momento, porém, tal pessoa não está predestinada a seguir para tal cidade, pois pode mudar de caminho. Todo caminho possui um destino, porém, quem segue pelo caminho não é predestinado.

Se houvesse predestinação para a salvação, ao nascer, alguns homens nasceriam trilhando o caminho apertado, porém, a Bíblia demonstra que todos os homens nascem no caminho de perdição e são convidados a entrar por Cristo.

De igual modo, não há predestinação para perdição, visto que, todos os homens nascem no caminho de perdição. É o caminho que conduz à perdição, o que difere do argumento que diz que o homem (viajante) está predestinado à perdição “Pois larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição…” ( Mt 7:13 ).

É possível ao homem mudar o seu ‘destino’, visto que ninguém nasce predestinado à perdição. Todos ao nascerem entram pela porta larga e trilham um caminho de perdição, mas ao decidir-se por Cristo, a porta estreita, obterá poder para alcançar a salvação. Esta verdade é evidente no alerta que Jesus apresenta a Nicodemos “Necessário vos é nascer de novo” ( Jo 3:3 ).

Existem dois caminhos bem definidos que conduzem a dois lugares distintos: perdição e salvação. O homem sem Cristo segue o caminho que conduz à perdição. Não é o homem que tem um destino, antes é o caminho que conduz, ou seja, há um lugar específico para onde o caminho conduz.

Do mesmo modo, todos que entrarem por Cristo terá um novo rumo, uma nova direção, que lhes conduz à vida. Cristo é o caminho que conduz à salvação. O homem não é predestinado à salvação, antes é Cristo, o caminho estreito que conduz à salvação “Mas estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz para a vida…” ( Mt 7:14 ).

Haveria predestinação para salvação se em qualquer das portas que o homem entrasse (Adão ou Cristo) alcançasse salvação. Porém, todos os homens nascem em um caminho que conduz à perdição, e precisam nascer de novo para que possam ver a Deus.

Entrar por Adão e seguir pelo caminho que conduz à perdição não é resultado de escolhas por parte da humanidade. Os homens gerados segundo Adão trilham o caminho de perdição por causa da escolha de Adão. É por isso que Jesus disse que muitos entram pelo caminho de perdição sem fazer qualquer alusão a uma escolha ou decisão por parte dos homens.

Entrar por Adão não depende da consciência, conhecimento, moral, comportamento (bem ou mal). Basta nascer! Em contra partida, para entrar pela porta estreita demanda conhecimento da verdade contida no evangelho tais como: a vontade de Deus, a oferta de salvação e decisão consciente tal qual a decisão de Adão no Éden “Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” ( Jo 6:68 ).

Só escapará quem atentar para porta estreita “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram” ( Hb 2:3 ).

 

Salvação e Predestinação

Temos duas portas (Adão e Cristo), dois nascimentos (natural e espiritual), dois caminhos (largo e apertado) que conduzem a dois destinos (morte e vida). Onde a doutrina da predestinação se encaixa neste quadro?

Adão e Cristo são as duas portas apresentadas na da parábola dos dois caminhos, sendo que todos os homens obrigatoriamente entram por Adão quando nascem (exceto Cristo, porque ele foi gerado de Deus), porém, para todos que entram por Adão e estão caminhando para a perdição é anunciado o caminho de salvação.

O nascimento é o modo pelo qual o homem entra pelas portas (larga e estreita). Enquanto o nascimento natural faz com que o homem seja conduzido à perdição (caminho largo), através do novo nascimento o homem percorre o caminho (Jesus) que conduz a Deus.

Enquanto o homem percorre o caminho que conduz à perdição, não significa que ele está predestinado à perdição. Do mesmo modo, enquanto o homem percorre o caminho que conduz à salvação, não significa que ele foi predestinado à salvação. Perdição e salvação são destinos pertinentes aos caminhos, e não aos homens, pois cabe aos homens decidirem-se a trilhar o caminho do demonstrado no evangelho de Cristo.

Oferecer salvação a quem está predestinado a perdição é plausível? Caso não houvesse uma oportunidade para os perdidos através do evangelho de Cristo, o evangelho não seria de boas novas, antes seria um engodo. Enquanto há uma oportunidade para o homem deixar o caminho que está trilhando, não há o que se falar em predestinação.

  • Como Deus sendo justo e verdadeiro poderia oferecer salvação a quem nunca se perdeu?
  • Como Deus sendo justo e verdadeiro poderia oferecer salvação a quem não foi predestinado para ser salvo?
  • Como é possível Deus providenciar salvação poderosa a todos os homens, se ele mesmo predestinou àqueles que haveriam de ser salvos e perdidos?

Nenhum homem nasce predestinado à perdição porque não seria plausível ter que lhes anunciar o evangelho sem haver a possibilidade real de salvação ( 1Tm 2:4 ). Pelo fato de Jesus ter ordenado: “Entrai pela porta estreita” ( Mt 7:13 ), demonstra que não é possível rotular a condição da humanidade sem Cristo de predestinada à morte.

Não há predestinação para perdição porque há dois caminhos, porque todos os homens obrigatoriamente entram por Adão e segue pelo caminho que conduz a perdição. Todos os cristãos, necessariamente, foram de novo gerados pela semente incorruptível, o que demonstra que estavam efetivamente perdidos, contrastando com a ideia da predestinação para salvação.

Os homens sem Cristo entraram por uma ‘porta larga’ ao serem gerado segundo Adão e seguem um caminho que conduz à perdição, porém, Deus estabeleceu antes dos tempos eternos salvação poderosa o bastante para todos os homens, uma vez que o Cordeiro de Deus foi morto antes mesmo da fundação do mundo, o que demonstra que pecador algum foi destinado à morte.

 

Salvos e Predestinados

No que consiste a doutrina da predestinação?

Desde os reformadores alguns estudiosos apontam que a predestinação é para salvação. Porém, sabemos que a perdição se deu em Adão e a salvação está em Cristo “Entrai pela porta estreita” ( Mt 7:13 ). É provável que este pensamento tenha surgido por causa de distorções quanto ao entendimento acerca da porta larga e de como ter acesso a ela.

O propósito deste texto não é negar a doutrina da predestinação, e sim, corrigir erros quanto ao seu entendimento.

Sobre as duas portas e os dois caminhos escreveu o apóstolo Paulo: “Pois assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Pois assim como todos morreram em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” ( 1Co 15:21 -22).

Adão é a porta larga pela qual todos os homens entram ao nascer. Todos eles ao nascer morrem em Adão. Porém, do mesmo modo que todos os homens morrem em Adão, assim também todos são vivificados em Cristo!

Não há predestinação para salvação, visto que, assim como todos morrem ao entrar pela porta larga, todos quantos entrarem pela porta estreita serão vivificados. Ora, basta atender a ordem solene: “Entrai pela porta estreita” que serão vivificados.

Até este ponto falamos de salvação da perdição proveniente da queda de Adão. Agora, analisemos a predestinação.

Adão era terreno, e todos os seus descendentes terrenos. Todos os seus descendentes trouxeram a imagem exata de Adão ( 1Co 15:47 -49). Porém, o último Adão (Cristo) é do céu, e todos quantos foram gerados de Deus são semelhantes a Ele “… e qual o celestial, tais também os celestiais” ( 1Co 15:48 b).

Do mesmo modo que os homens gerados de Adão trouxeram a imagem do terreno, os gerados de Deus trarão a imagem do celestial (do último Adão). Ou seja, assim como Jesus foi feito as primícias dos que dormem ( 1Co 15:20 ), os que entram pela porta estreita são feitos primícias “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas” ( Tg 1:18 ).

Para entrar pela porta estreita e livrar-se do caminho que conduz à perdição é necessário nascer de novo. No novo nascimento, quando o homem é regenerado, ocorrem dois eventos simultaneamente: o homem livra-se da condenação de Adão (salvação) e adquire também a filiação divina (primícias das criaturas).

Em Adão o homem encontrou a morte, em Cristo (último Adão) a vida ( 1Co 15:45 ), porém, para obter a eterna redenção em Cristo (salvação), o homem tem que ser gerado pelo Espírito Eterno, o que concede aos homens (regenerados) a condição de ‘filhos de Deus’ semelhantes ao Altíssimo ( Hb 2:10 ).

No Antigo Testamento houve salvação, porém, os salvos do Antigo Testamento não foram gerados de novo pela fé em Cristo, portanto, não são herdeiros da esperança celestial: filhos de Deus e semelhantes a Cristo para que Ele seja primogênito entre muitos irmão. Quando da ressurreição os salvos do Antigo Testamento continuarão sendo homens, mas os salvos na plenitude dos gentios, a Igreja, serão glorificados e terão um corpo semelhante ao de Cristo glorificado.

Observe que os profetas do Antigo Testamento anunciavam grandezas inimagináveis, porém, essas grandezas não eram para eles, era para a igreja de Cristo ( 1Pe 1:12 ). Até mesmo os anjos queriam compreender (atentar) as grandezas que os profetas anunciavam, mas só puderam compreende-las com o advento da Igreja ( Ef 3:10 ).

Os homens de novo gerados, além de adquirirem salvação que os livra da condenação em Adão, são filhos de Deus. Cristo é o primogênito entre muitos irmãos (O Sublime entre sublimes), para que em tudo tenha a preeminência.

Predestinação significa ‘determinar de antemão’, ou seja, ‘preordenar’, estabelecer uma condição futura, o que é diferente de determinar eventos futuros. Ora, por causa da condenação em Adão, Deus providenciou em Cristo um novo e vivo caminho pelo qual os homens têm acesso a Deus ( Hb 10: 20 ). Porém, além da salvação dos homens em Cristo, o propósito eterno de Deus é a preeminência de Cristo sobre todas as coisas (primogênito dentre os mortos, e primogênito entre muitos irmãos).

Para levar a efeito o propósito eterno, Deus estabeleceu antes dos tempos eternos que, todos quantos entrassem pela porta estreita, que é Cristo, estariam predestinados a serem filhos do Altíssimo, conforme a imagem expressa do Cristo glorificado dentre os mortos ( 1Jo 3:2 ). Deus determinou de antemão que os de novo gerados (que entraram por Cristo), herdariam com Cristo todas as coisas.

Todos os versículos do Novo Testamento que fazem referência à ideia da predestinação apontam para a filiação divina:

“Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” ( Rm 8:29 );

“E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade” ( Ef 1:5 );

“Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade” ( Ef 1:11 ).

Qual elemento é comum aos versículos citados acima? Ora, o apóstolo Paulo demonstra que os cristãos foram predestinados para serem filhos, semelhantes a Cristo, ou seja, para que Cristo alcançasse a condição de primogênito precisaria de irmãos. Ao nascer de novo, o homem é gerado do Espírito. Cristo é o primogênito entre muitos irmãos porque na eternidade Deus estabeleceu (predestinou) que todos quantos fossem gerados de novo em Cristo serão filhos de Deus. Do mesmo modo que os homens gerados segundo Adão trouxeram a mesma imagem do homem terreno, os homens gerados de novo em Cristo trarão a imagem do celestial ( 1Co 15:49 ).

Quem pode receber herança se não os filhos? Por que os cristãos são co-herdeiros com Cristo? Quem são os herdeiros de Deus?

Ora, o beneplácito da vontade divina estabeleceu antes dos tempos eternos que Cristo haveria de ser mui sublime “Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime” ( Is 52:13 ), e para levar a efeito ao seu propósito eterno, Deus constituiu dentre os homens filhos para si (não nascidos da vontade do varão, da vontade da carne e do sangue).

Verifica-se que, todos os que entram por Cristo alcançam salvação. Porém, além da salvação, não lhes resta outro ‘destino’, serão filhos por adoção. Resta que a predestinação é para alcançar a filiação divina, a expressa imagem de Cristo, e não para salvação.

Quem aceita a Cristo como salvador, além da salvação da condenação em Adão, receberá a filiação divina e será a imagem e a semelhança do Altíssimo conforme o que foi pré-estabelecido antes dos tempos eternos ( Gn 1:26 ).

O nascimento natural é a porta de entrada que dá acesso ao caminho que conduz à perdição. O novo nascimento (nascimento espiritual) é a porta de entrada que dá acesso ao Caminho que conduz à vida. Porém, além da salvação adquirida após entrar pela porta estreita, o homem de novo gerado alcança a filiação divina, pois para isso os de novo gerados foram predestinados.

A predestinação não é para salvação, antes é concernente a filiação divina. No Antigo Testamento, na grande tribulação e no milênio haverá homens salvos pela graça e misericórdia de Deus, porém, somente os salvos em Cristo, que hoje constituem o seu corpo, que é a igreja, alcançam a filiação divina.

É possível ser salvo sem ter sido predestinado à filiação divina, como foi o caso dos justos do Antigo Testamento.

Em última instância, quem não quiser ser um dos filhos de Deus tal qual Cristo é, que não entre pela porta estreita, que é Cristo; não deve nascer de novo; não deve beber da água que faz jorrar uma fonte que salta para a eternidade, visto que, todos quantos aceitarem a verdade do evangelho serão constituídos filhos de Deus, para que Cristo seja primogênito dentre muitos irmãos.

Para filhos por Adoção é que Deus predestinou todos quantos entrarem por Cristo.

A salvação é fato para todos quantos se refugiam em Deus. Desde o Antigo Testamento é possível aos homens alcançar salvação ofertada por Deus. Abel, Enoque, Noé, Abraão, Sara e muitos outros homens que alcançaram o testemunho de que agradaram a Deus, antes eram pecadores (desagradáveis), pois eram descendentes de Adão. Todos eles alcançaram o testemunho de que eram justos e agradáveis, porém, não são filhos por adoção; eles não são um corpo com Cristo; não são pedras espirituais; não fazem parte da igreja.

Há um grande diferencial entre os justos do Antigo Testamento e os justos do Novo Testamento. Enquanto estes são recebidos e nomeados filhos de Deus, feitos herança pela fé em Cristo, aqueles são somente salvos da condenação.

É por isso que o apóstolo João argumenta que os cristãos receberam ‘graça’ sobre ‘graça’, visto que foram salvos da condenação de Adão (graça), e ao mesmo tempo, por terem sido gerados de novo, receberam também a filiação divina (graça).

A salvação ofertada por Deus livra o homem da condenação proveniente da queda de Adão, ou seja, o homem deixa de ser conduzido à perdição e passa a ser conduzido a Deus. A Bíblia demonstra que os que são conhecidos por Deus, salvos em Cristo, são os predestinados a serem filhos e herdeiros de Deus.

 

Perseverança e Salvação

É por isso que os apóstolos enfatizaram que, após crer na mensagem do evangelho (entrar pela porta que é Cristo e passar a percorrer o novo e vivo caminho), é preciso a perseverança: a obra perfeita da fé “Porque necessitais de perseverança, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa” ( Hb 10:36 ).

Qual a vontade de Deus que os cristãos fizeram? A resposta é clara: eles creram no enviado por Deus ( Jo 6:29 ). Somente aqueles que creem em Cristo, O enviado de Deus, permanecerão para sempre “E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” ( 1Jo 2:17 ).

Os cristãos haviam crido em Cristo, porém, necessitavam de perseverança para alcançar a promessa. Mas, de que tipo de perseverança os cristãos precisavam? Eles precisavam perseverar na esperança proposta “Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta” ( Hb 6:18 ).

Haveria necessidade de perseverança caso a salvação fosse pré-determinada? Não! Mas, como a salvação é segundo a promessa, após a confissão é necessário estar seguro em quem prometeu “Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu” ( Hb 10:23 ); “E por ele credes em Deus, que o ressuscitou dentre os mortos, e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus” ( 1Pe 1:21 ).

Tiago falou acerca da perseverança, pois somente a perseverança termina a obra que teve inicio através da fé “… sabendo que a prova da vossa fé desenvolve a perseverança. Ora, a perseverança deve terminar a sua obra, para que sejais maduros e completos…” ( Tg 1:2 -3).

Qual a obra pela qual a fé é aperfeiçoada? ( Tg 2:22 ) Não é a perseverança?

As obras que Tiago faz referência não são boas ações. Interpretar o comparativo estabelecido nos versos 15 a 17 como sendo as obras exigíveis por Deus é um engodo. O comparativo “Assim também a fé…” ( Tg 2:17 ), demonstra que a fé sem a perseverança é semelhante a alguém que, mesmo após saber que o irmão tem fome, despede-o irmão sem dar-lhe mantimento.

Do mesmo modo, de que adianta professar a verdade do evangelho e não perseverar na verdade? Ora, a perseverança é a perfeita obra da fé! Sem perseverança a fé é morta. Sem a perseverança o cristão é incompleto e menino, podendo ser levado por vários ventos de doutrinas.

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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