Parábolas

As parábolas das bodas do filho do rei e da ceia

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A parábola das Bodas do filho do Rei foi contada para evidenciar a rebeldia de Israel, não a união dos convidados com Cristo, que é a proposta do evangelho.


As parábolas das bodas do filho do rei e da ceia

“1  ENTÃO Jesus, tomando a palavra, tornou a falar-lhes em parábolas, dizendo: 2  O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho; 3  E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas, e estes não quiseram vir. 4  Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. 5  Eles, porém, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu tráfico; 6  E os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. 7  E o rei, tendo notícia disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. 8  Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. 9  Ide, pois, às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. 10  E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados. 11  E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias. 12  E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. 13  Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. 14  Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” (Mateus 22.1-14).

 

Introdução

Os evangelistas Mateus e Lucas registraram a parábola das bodas, com uma pequena variante (Lucas 14.16-24). Mateus registra a parábola que fala do rei que celebrou as bodas do seu filho e Lucas, por sua vez, fala de um homem que deu uma grande ceia.

O pensamento defeso nos dois registros é o mesmo, o que muda é o local e o tempo, no qual Jesus contou as parábolas. No evangelho de Mateus, Jesus estava no templo (Mateus 21.23) e no evangelho de Lucas, Jesus estava à mesa, na casa de um dos principais dos fariseus (Lucas 14.1), porém, o público alvo da mensagem é o mesmo: os religiosos judeus.

A variante nos temas ‘bodas’ e ‘ceia’, nas parábolas, visava alcançar um público de judeus religiosos: sacerdotes, anciãos do povo, fariseus, etc., o que nos leva a concluir que as parábolas das Bodas e da Ceia não se aplicam à igreja.

Nas duas parábolas, Jesus censurou os religiosos judeus, por não darem ouvidos à palavra de Deus, repreensão que já havia sido feita pelos profetas:

“E eles vêm a ti, como o povo costumava vir, e se assentam diante de ti, como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois lisonjeiam com a sua boca, mas o seu coração segue a sua avareza. E eis que tu és para eles como uma canção de amores, de quem tem voz suave, e que bem tange; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.” (Ezequiel 33.31-32);

“Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído;” (Isaías 29.13);

“E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus. Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.” (Mateus 15.6-9).

Ao final da análise, o leitor verificará que as parábolas das bodas e da ceia não fazem referência à igreja, o corpo de Cristo, antes é uma reprimenda que recai sobre os religiosos judeus.

 

Explicação da Parábola das Bodas do Filho do Rei

A parábola das Bodas é a terceira a ser contada por Jesus, após os líderes religiosos judaicos questionarem a sua autoridade.

“E, chegando ao templo, acercaram-se dele, estando já ensinando, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo, dizendo: Com que autoridade fazes isto? e quem te deu tal autoridade?” (Mateus 21.23).

Em defesa de sua autoridade, Jesus contou as parábolas dos Dois Filhos (Mateus 21.28-32), dos Lavradores Maus (Mateus 21.33-40) e a das Bodas do Filho do Rei (Mateus 21.41-46), o que nos remete à introdução do evangelho do apóstolo João.

O evangelista João deixou registrado que Jesus “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (João 1.11), de modo que, rejeitar a Cristo, o Filho do Rei, é rejeitar a Deus, pois, as Escrituras são o testemunho que Deus deu do Seu Filho (1 João 5.10).

“E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” (Mateus 15.24).

A parábola estabeleceu uma comparação: o reino dos céus assemelha-se a um certo rei, que celebra as bodas do seu filho (Lucas 13.18). A narrativa ilustra com precisão a rebeldia do povo de Israel, em relação a Deus, evidenciando a essência do ministério do Cristo: propor parábolas “Abrirei a minha boca numa parábola; falarei enigmas da antiguidade.” (Salmos 78.2; Mateus 13.35).

Os servos do rei enviados a chamar os convidados às bodas, se referem aos inúmeros profetas que Deus enviou aos filhos de Israel, conforme relatado pelo escritor aos Hebreus:

“HAVENDO Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas…” (Hebreus 1.1).

Os servos que rejeitaram o convite do rei na parábola das Bodas referem-se aos lavradores da parábola dos Lavradores Maus. Nas duas parábolas Jesus aponta que o Pai enviou os seus servos (Mateus 21.34 compare com Mateus 22.3).

O convite dos servos enviado aos súditos do rei não se refere às Boas Novas que o Filho de Deus veio anunciar aos homens, antes, se refere aos diversos apelos dos profetas, na Antiga Aliança, aos filhos de Israel, para obedecerem a Deus.

Para uma boa leitura da parábola, deve-se considerar que os servos eram os profetas da Antiga Aliança e os súditos, eram os descendentes da carne de Abraão. Qualquer outra leitura resultará em má interpretação.

Compare:

“E, chegando o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos. E os lavradores, apoderando-se dos servos, feriram um, mataram outro, e apedrejaram outro. Depois enviou outros servos, em maior número do que os primeiros; e eles fizeram-lhes o mesmo.” (Mateus 21.34-35);

“E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas, e estes não quiseram vir. Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Eles, porém, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu tráfico;” (Mateus 22.3-5)

É insofismável que Cristo é apresentado na Nova Aliança como o noivo e a igreja como a noiva, mas, as parábolas das bodas e da ceia não se referem a um convite de Deus para o casamento de Cristo com a sua noiva. O leitor deve atentar que Cristo é apresentado como o noivo e, a igreja, em outros textos bíblicos, como a noiva, para demonstrar a pureza da igreja, que é o seu corpo (Efésios 5.27).

As parábolas dos Dois Filhos (Mateus 21.28-32), dos Lavradores Maus (Mateus 21.33-40) e a das Bodas do Filho do Rei (Mateus 21.41-46), possuem o condão de demonstrar que a casa de Israel rejeitou obedecer a Deus. Jesus estava demonstrando que os seus ouvintes eram como o filho do pai de família, que disse que iria trabalhar na vinha, mas não foi, ou seja, a casa de Israel honrava a Deus com a boca, mas não fazia o que jurou fazer (Mateus 21.30).

“Então todo o povo respondeu a uma voz, e disse: Tudo o que o SENHOR tem falado, faremos. E relatou Moisés ao SENHOR as palavras do povo.” (Êxodo 19.8).

A parábola indica que Deus enviou muitas e muitas vezes aos filhos de Israel os seus profetas, mas cada qual se negou a atender, antes iam após a sua avareza: cada um foi para o seu campo, ou, para o seu tráfico (Mateus 22.3 e 5; Lucas 14.18-20).

“… pois lisonjeiam com a sua boca, mas o seu coração segue a sua avareza. E eis que tu és para eles como uma canção de amores, de quem tem voz suave, e que bem tange; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.” (Ezequiel 33.32-32).

Ir após a avareza é servir a Si mesmo (riquezas, Mamom) e não a Deus:

“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.” (Mateus 6.24).

É assente que os filhos de Israel mataram os profetas (1 Reis 19.10; Romanos 11.3) e que os ouvintes de Jesus reconheciam a prática homicida dos pais (Mateus 23.29-30), e através da parábola Jesus denuncia os seus irmãos, segundo a carne:

“E os lavradores, apoderando-se dos servos, feriram um, mataram outro, e apedrejaram outro. Depois enviou outros servos, em maior número do que os primeiros; e eles fizeram-lhes o mesmo.” (Mateus 21.35-36);

“E os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram.” (Mateus 22.6);

“Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas.” (Mateus 23.31).

Na parábola das Bodas, Jesus ilustra o fato dos filhos de Israel serem conquistados por nações estrangeiras (seus exércitos) e a destruição de Jerusalém a fogo (2 Crônicas 36.19; Isaías 5.5 e 36-30).

“E o rei, tendo notícia disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade.” (Mateus 22.7).

A parábola não faz alusão, especificamente, à destruição futura (à época) de Jerusalém (embora também seja resultado da desobediência), em 70 d.C., pelo general Tito, antes, aos eventos históricos que os filhos de Israel, naquele momento, podiam aferir, como sendo resultado da cólera de Deus.

A parábola dos lavradores maus não faz referência explicita à diáspora dos judeus, no entanto, destaca que Deus enviou o Seu Filho, o herdeiro, como servo e mensageiro, mas não quiseram ouvi-Lo.

“E, por último, enviou-lhes seu filho, dizendo: Terão respeito a meu filho. Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança. E, lançando mão dele, o arrastaram para fora da vinha, e o mataram.” (Mateus 21.37-39).

Certo é que Jesus veio para o que era seu, visto que é o herdeiro, mas, os seus não o receberam e, por inveja, O mataram.

“Porque ele bem sabia que por inveja os principais dos sacerdotes o tinham entregado.” (Marcos 15.10).

 

Ciúmes com aqueles que não são povo

“A zelos me provocaram com aquilo que não é Deus; com as suas vaidades me provocaram à ira: portanto eu os provocarei a zelos com o que não é povo; com nação louca os despertarei à ira.” (Deuteronômio 32.21; Romanos 10.19)

A nova ordem aos servos para sair pelos caminhos, convidando para as bodas, qualquer que fosse encontrado, enfatiza que, por terem rejeitado o Seu Filho, Deus estava provocando a zelos a nação de Israel, com o que não é povo, e a igreja surge como pano de fundo, nos versos que se seguem, para nós, que compreendemos a verdade do evangelho.

“Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes.” (Mateus 22.8-9; Lucas 14.23).

Os religiosos à época não vislumbravam o advento da igreja, pois, nem mesmo os profetas compreendiam as benesses que anunciavam.

“Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir.” (1 Pedro 1.10-11).

Só era abordado nas parábolas aquilo que o povo de Israel podia compreender ou, seja, como não atenderam ao anunciado pelos profetas, Deus rejeitou a Israel e fez um convite àqueles que não eram povo. Os líderes religiosos de Israel, através da parábola dos Lavradores Maus, compreenderam que Jesus fala deles (Mateus 21.45).

“E com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, segundo o que podiam compreender. E sem parábolas nunca lhes falava; porém, tudo declarava em particular aos seus discípulos.” (Marcos 4.33-34).

Se a descendência de Abraão obedecesse aos mandamentos de Deus, seria confirmada como povo, mas, como não obedeceram a Deus, tal prerrogativa foi passada aos gentios. Por causa da desobediência, os filhos de Israel se fizeram indignos (Mateus 22.8).

“O SENHOR te confirmará para si como povo santo, como te tem jurado, quando guardares os mandamentos do SENHOR teu Deus, e andares nos seus caminhos.” (Deuteronômio 28.9);

“E Deus disse: Põe-lhe o nome de Lo-Ami; porque vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus.” (Oseias 1.9).

“Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos.” (Mateus 21.43).

A parábola frisa que a ‘festa estava preparada’ e como Deus não abre mão do seu propósito, ordena aos seus servos que saiam pelos caminhos e convidem todos os que encontrarem. Os servos, por serem obedientes, saem e ajuntam todos quantos encontram, tanto vis (maus) como nobres (bons) e a festa foi cheia de convidados.

Nesta parte da parábola (Mateus 22.10), Jesus ilustra o anunciado por Joel:

“E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne…” (Joel 2.28).

Se o povo de Israel fosse obediente, teria anunciado aos povos o Deus de Israel, pois essa era a ordem:

“INCLINAI os ouvidos, ó céus, e falarei; e ouça a terra as palavras da minha boca. Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva.” (Deuteronômio 32.1-2).

Como a palavra de Deus é o espírito a ser derramado (João 6.63) e todo povo é como a relva, resta que os filhos de Israel não deviam impor aos povos barreiras que impedissem de se aproximarem do Deus de Abraão, Isaque e Jacó:

“E a glória do SENHOR se manifestará, e toda a carne juntamente a verá, pois a boca do SENHOR o disse. Uma voz diz: Clama; e alguém disse: Que hei de clamar? Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo. Seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do SENHOR. Na verdade o povo é erva.” (Isaías 40.5-7).

A parábola informa que a festa nupcial foi cheia e o rei foi ver os convidados, quando se deparou com um homem que não trajava a veste apropriada (Mateus 22.11). Quando questionado, o homem intruso emudeceu, pois não soube dizer como entrou na festa sem estar ornado para tal (Mateus 22.12).

Em seguida, foi ordenado aos servos que prendessem o intruso, amarrando pés e mãos, conduzido e lançado nas trevas exteriores, onde há pranto e ranger de dentes. A parábola ilustra que haverá uma penalidade severa aos desobedientes: morte eterna.

Por fim, um veredicto: Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos. (Mateus 22.14). Observe que os súditos do rei foram chamados, mas, não atenderam ao convite, o que demonstra que o chamado é para muitos. Os escolhidos são poucos, pois, é um título que recai sobre os que atendem ao chamado. Não está sendo apresentado um processo de seleção no termo ‘escolhidos’, pois a seleção se dá através do chamado, que resulta na classe dos ‘escolhidos’, dos que atendem ao chamado.

Nesse sentido, temos a parábola dos Dois Caminhos, que demonstra que muitos entram pela porta larga e trilham o caminho que conduz à perdição, mas, são poucos os que encontram a vida.

“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.” (Mateus 7.13-14).

A visita do rei aos convidados que vieram à festa, demonstra o que foi explicitado na parábola da Ceia:

“Porque eu vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia.” (Lucas 14.24).

Os convidados que não atenderam ao convite primeiro, de modo algum serão autorizados a participar das Bodas do Filho do rei, evidenciando que os judeus convidados segundo a Antiga Aliança não provarão da Ceia do rei. Por causa da incredulidade, os filhos de Israel foram cortados (Romanos 11.20).

“E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade.” (Hebreus 3.19).

Do mesmo modo que muitos filhos de Israel, que saíram do Egito, não puderam entrar na terra prometida, por causa da incredulidade, não puderam desfrutar da paz e do descanso em Cristo, por causa da incredulidade (Marcos 6.6).

Como aqueles que se achavam dignos não atenderam ao convite, Deus envia os seus servos àqueles que não eram o seu povo e na abordagem do evangelista Lucas aparecem as seguintes figuras: “pobres, aleijados, cegos e coxos”. Há falsos evangelhos que interpretam tais figuras como uma referência aos pobres e marginalizados da sociedade, entretanto, os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos, são figuras que foram utilizadas pelos profetas e que demanda uma interpretação (Salmo 14.6; Jeremias 31.8; Isaías 42.18).

Há quem argumente que o convite não é suficiente para ser participante da festa, antes, se faz necessário ser digno. Grande engano, pois o convite é o que garante a entrada na festa. Se o rei convidou, certo é que basta aceitar, pois o convite é o que dignifica o convidado para o evento, pois a palavra do rei não pode voltar atrás.

Aquele que honra ao rei, aceitando o convite, é honrado pelo rei, mas se não honrar o convite, longe do rei honrar o faltoso.

“Portanto, diz o SENHOR Deus de Israel: Na verdade tinha falado eu que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de mim perpetuamente; porém agora diz o SENHOR: Longe de mim tal coisa, porque aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão desprezados.” (1 Samuel 2.30).

A parábola das Bodas do Filho do Rei não tem por objetivo apresentar questões escatológicas ou, anunciar a bem-aventurança do evangelho, antes, evidencia a desobediência dos filhos de Israel, bem como o cumprimento da profecia de que a bênção de ser a nação eleita seria dada a outro povo que produzisse o fruto exigido: o fruto dos lábios que admite que Jesus é o Cristo (Hebreus 13.15).

“Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos.” (Mateus 21.43).

 

Conclusão

É certo que a porta da graça está aberta, no entanto, a parábola das Bodas do filho do Rei foi contada para evidenciar a rebeldia de Israel e não a união dos convidados com Cristo, que é a proposta do evangelho.

A parábola apresenta um pai que convida seus súditos para as bodas (casamento) de seu filho, já o convite do evangelho é para o homem se tornar membro do corpo de Cristo, ou seja, a esposa. O cristão não será um convidado das Bodas do filho do rei, antes, é membro do corpo de Cristo, ou seja, a própria esposa. A proposta do evangelho é que o crente esteja unido a Cristo, na condição de corpo, uma questão que a parábola não ilustra:

“Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja.” (Efésios 5.31-32);

“Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.” (Romanos 12.5).

A parábola das Bodas do filho do rei serviu ao propósito de evidenciar que os filhos de Israel não aceitaram e, ainda, não aceitam os servos enviados por Deus, pois, lançam mão dos profetas e apóstolos para matar, inclusive, mataram o Filho de Deus.

“Por isso diz também a sabedoria de Deus: Profetas e apóstolos lhes mandarei; e eles matarão uns, e perseguirão outros; Para que desta geração seja requerido o sangue de todos os profetas que, desde a fundação do mundo, foi derramado; Desde o sangue de Abel, até ao sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o templo; assim, vos digo, será requerido desta geração.” (Lucas 11.49-51).

A parábola não faz distinção entre profetas e apóstolos, antes, todos são apresentados como servos do rei, de modo que os enviados, antes, de ser dada ordem ao exército do rei para destruir os homicidas e incendiar a cidade deles, são nomeados servos (profetas) e os enviados a convidar os bons e maus, à beira do caminho, para as Bodas, também, são nomeados servos (apóstolos).

Tentar dar significado a todos os elementos da parábola das Bodas do filho do rei ou, da Ceia, resultará em confusão, pois, as duas parábolas tiveram por público alvo os judeus.

Correção ortográfica: Pr. Carlos Gasparotto

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

5 thoughts on “As parábolas das bodas do filho do rei e da ceia

  • Excelente comentário. Deus o abençoe poderosamente em nome de Jesus Cristo.

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  • Os escolhidos são poucos, pois, é um título que recai sobre os que atendem ao chamado. Não está sendo apresentado um processo de seleção no termo ‘escolhidos’, pois a seleção se dá através do chamado, que resulta na classe dos ‘escolhidos’, dos que atendem ao chamado.
    A afirmação acima diz que os escolhidos são os que atendem ao chamado. Desculpe mas, entendo que não, pelos motivos abaixo:
    1- Os maus aceitaram o convite e foram a festa. Se os maus foram a festa, inclusive o sem a veste nupcial, então houve uma seleção, porque os maus não se tornaram bons pelo fato de aceitarem o convite.

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    • Olá Mario..

      O objetivo da parábola é destacar a máxima: “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” (Mateus 22.14), e não correlacionar cada personagem ou elemento da parábola a um significado específico.

      Entendo a discordância, mas os maus refere-se a ralé, os vis, os pobres, etc., e o bons aos de boa condição social, os nobres, os ricos.

      Observe que os servos saíram e ajuntaram a qualquer que encontravam, quer maus ou bons:

      “E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons;” (V. 10).

      Na parábola não há nada que demonstre que os convidados eram somente maus, e nem que o sem veste nupcial era mau.

      A essência da parábola está na amplitude da ordem do rei que celebrou a ceia do seu filho: – ‘As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes.’

      Fica patente que os convidados indignos refere-se aos judeus, que cada qual se ocupava do seu próprio negócio, e que alguns deles lançaram mão do filho do rei e o mataram.

      Através da proposta do rei, o convite é amplo, universal, sem qualquer restrição: a qualquer que encontrardes.

      Basta aquiescer a proposta do rei, que qualquer que foi encontrado se torna escolhido. Daí a máxima: muitos chamados, mas poucos escolhidos, ou seja, Deus chama a todos por intermédio do evangelho, mas são poucos os que aceitam o evangelho.

      Att.

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  • Quero parabenizar e agradecer pelo artigo, ótimo para compreensão, e nos deixa claro e evidente uns nasceram para ser profetas, mestres, doutores etc…O reino de Deus à espaço para todos, só precisamos aceitar para o que fomos chamados e dentro de suas funções, capacidades e disposição, se colocar diante do Mestre e dizer Eis me aqui… Agradeço pelo Estudo

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