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A mensagem anunciada pelo profeta Joel destinava-se tanto aos lideres (anciões) quanto ao povo de Jerusalém (moradores da terra). Ambos necessitavam ouvir o prenúncio do Senhor (…) Muitos entendem que a locusta descrita no verso 4 é proveniente de uma ação demoníaca, porém, o dia previsto pelo oráculo demonstra que é Deus o agente que trará assolação sobre o povo de Israel e Judá ( Joel 2:25 ).


Joel 1 – A parábola dos gafanhotos

1 PALAVRA do SENHOR, que foi dirigida a Joel, filho de Petuel.

O nome Joel significa ‘Jeová é Deus’. A palavra de Deus foi dada a Joel para que ele anunciasse ao povo em Jerusalém.

Os estudiosos datam o livro de Joel antes de ocorrer o cativeiro babilônico, pois muitos inimigos de Judá não são citados. Apontam a data de aproximadamente 830 a.C., durante a juventude do rei Joás, porém o livro não cita o nome de nenhum rei (2 Cr 22 a 24).

Especulam que o profeta Joel tenha conhecido o profeta Elias, e que fora contemporâneo de Eliseu. Não passa de especulação.

Outros estudiosos situam o livro na linha do tempo por volta de 760 a. C., sob o reinado de Azarias, pelo simples fato de o livro estar inserido entre os livros de Amós e Oseias no cânon. Porém, ultimamente, os estudiosos datam o livro como sendo escrito após o cativeiro babilônico, por causa da situação religiosa do povo e a ausência de organização política do povo.

Porém, tudo é especulação, visto que não há evidências internas que comprovem qualquer tentativa de se datar o livro. A única certeza acerca de Joel é que o seu ministério foi exercido em Judá.

O livro não faz referência à época, domicílio, profissão e nem a condição socioeconômica do profeta. Da mesma forma, presume-se que ele não pertencia à classe sacerdotal e que a pregação dele tenha se dado em Jerusalém.

 

2 Ouvi isto, vós anciãos, e escutai, todos os moradores da terra: Porventura isto aconteceu em vossos dias, ou nos dias de vossos pais?

A mensagem anunciada pelo profeta Joel destinava-se tanto aos lideres (anciões) quanto ao povo de Jerusalém (moradores da terra). Ambos necessitavam ouvir o prenúncio do Senhor.

O profeta faz duas perguntas aos moradores de Jerusalém: “Porventura isto aconteceu em vossos dias, ou nos dias de vossos pais?”. Dela depreendemos-se duas possibilidades:

  • Que nos dias do profeta houve uma invasão de locustas em Jerusalém como nunca visto, ou;
  • Que, através de uma revelação divina, o profeta viu uma invasão de locustas em Jerusalém.

Havia ocorrido algo semelhante ao descrito pelo profeta naqueles dias? No passado ocorreu algo semelhante ao descrito pelo profeta? Eles presenciaram uma invasão de gafanhotos, ou o profeta contou uma parábola que era necessário que contassem aos filhos?

 

3 Fazei sobre isto uma narração a vossos filhos, e vossos filhos a seus filhos, e os filhos destes à outra geração.

Os ouvintes do profeta precisavam narrar aos seus descendentes que:

  • Houve uma infestação de gafanhotos em Jerusalém nunca visto antes? ou;
  • A mensagem que seria anunciada pelo profeta?

 

 

4 O que ficou da lagarta, o gafanhoto o comeu, e o que ficou do gafanhoto, a locusta o comeu, e o que ficou da locusta, o pulgão o comeu.

O profeta apresenta aos seus ouvintes um quadro calamitoso: locustas vorazes que destruíam tudo que encontravam. O que sobrou ao primeiro ataque de gafanhotos, foi atacado por uma segunda leva, e assim sucessivamente.

A parábola do profeta é de destruição, porém, a que se refere? As lavouras e campos de Judá? É de plantações que Deus tem cuidado?

A última pergunta assemelha-se a do apóstolo Paulo: “É de bois que Deus tem cuidado?” ( 1Co 9:9 ). A resposta para a parábola do profeta vem da exposição do apostolo: “Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante” ( 1Co 9:10 ).

Ora, o enfoque da parábola de Joel não era a perca de uma safra agrícola, e nem mesmo uma mera invasão de gafanhotos, por mais devastadora que fosse.

A região da palestina foi atacada por gafanhotos em 1915 e 1928, porém, tal ataque não é algo novo na natureza. Em nossos dias, apesar do desenvolvimento tecnológico e dos poderosos pesticidas, invasões de gafanhotos continuam a ocorrer pelo mundo.

Há governos que fazem previsões de invasões de gafanhotos para que a população alertada busque meios de se proteger. O povo de Jerusalém, apesar do alerta do profeta acerca de uma invasão iminente, não buscaram proteção em Deus, pois são descritos como embriagados, ou seja, não estavam alerta.

 

5 Despertai-vos, bêbados, e chorai; gemei, todos os que bebeis vinho, por causa do mosto, porque tirado é da vossa boca.

Mesmo diante de um prenuncio tenebroso, o povo de Jerusalém continuava dormindo. A condição do povo se igualava aos dos bêbados, que não reagem ao sinal de perigo.

Deveriam acordar e chorar. O choro deveria transformar-se em gemido. Quem deveria ser despertado? Os habitantes de Jerusalém, pois todos estavam embriagados.

Por qual motivo necessitavam prantear? Porque a bebida que utilizavam haveria de ser tirada. O que eles prezavam tanto, o vinho, haveria de ser arrebatado de suas bocas. Forçosamente seriam colocados em abstinência.

O que representa a figura dos gafanhotos? O que representa o vinho e o mosto? Porque os habitantes de Jerusalém eram bêbados? Os versículos seguintes apresentam a interpretação da parábola, pois Deus lhe revelou através dos gafanhotos como seria a invasão dos exércitos inimigos.

 

6 Porque subiu contra a minha terra uma nação poderosa e sem número; os seus dentes são dentes de leão, e têm queixadas de um leão velho.

Como a profecia é de alerta, por causa de uma guerra iminente, segue-se que a profecia se deu antes da invasão dos inimigos. Por causa do tempo verbal da narração que aponta para o passado (subiu), alguns estudiosos entendem que o profeta descreve uma situação de derrota após uma batalha.

Ora, que o quadro apresentado pelo profeta é o de uma derrota em batalha não há o que se discutir, porém, como o teor da profecia é de alerta e o capítulo 2, por sua vez, aponta para acontecimentos vindouros, é certo que o profeta descreveu uma realidade futura no capítulo 1.

Mostrar um futuro profético como sendo uma realidade atual e efetiva tem o fito de despertar o povo para uma realidade que ainda está por vir.

O profeta viu uma nação belicamente poderosa e numerosa avançar contra Jerusalém (minha terra).

A seguir ele apresenta uma característica peculiar à nação que subiu contra o seu povo: “Os seus dentes são dentes de leão, e têm queixadas de um leão velho”. Ele não faz um comparativo entre a nação e ‘os dentes de leão’, antes diz que os dentes da nação são dentes de leão.

Com que objetivo o profeta descreveu a nação invasora, se a invasão já havia acontecido?

Ora, se os dentes da nação são dentes de leão, segue-se que a nação é um leão, pois os dentes pertencem a um leão. E o queixo do leão é como os queixais de uma leoa. Ou seja, a figura do leão simboliza a nação que viria sobre Jerusalém.

Os estudiosos não situam o livro de Joel no tempo porque o profeta não fez nenhuma referência direta aos assírios e aos babilônicos. Por não haver uma referência direta, apontam como provável que, ou a invasão ocorreu antes do poder da Assíria, ou depois da derrota dos Babilônicos.

Como é de conhecimento geral, o leão é símbolo da Babilônia, e a figura descrita pelo profeta no verso 6, parte ‘b’, é indício de que a parábola de Joel refere-se à invasão de Jerusalém pelos babilônicos.

 

7 Fez da minha vide uma assolação, e tirou a casca da minha figueira; despiu-a toda, e a lançou por terra; os seus sarmentos se embranqueceram.

O profeta Joel utiliza as figuras da videira e da figueira para fazer referência ao seu povo ( 1Rs 4:25 ). O que a nação poderosa e numerosa fez contra o povo do profeta? Tirou a casca da figueira, despiu-a (desfolhou) e a derrubou. A nação com dentes de leão assolou a videira e a figueira do profeta (As duas casas de Israel).

Por fim, os brotos da videira, em vez de ficarem verdes, embranqueceram. A ação da nação invasora assemelha-se a ação dos gafanhotos quando atacam uma lavoura, como foi descrito no verso 4.

 

8 Lamenta como a virgem que está cingida de saco, pelo marido da sua mocidade.

No verso 4 o profeta fez referência a invasão de gafanhotos e no verso 5 orienta o povo a prantear. Qual a intensidade de sofrimento que seria impingido ao povo? Ora, o lamento do povo após a invasão dos inimigos seria semelhante ao lamento da virgem que perde o noivo prometido.

O jovem prometido a uma moça pela família já tinha o título de marido, conforme se observa em Mt 1:18 .

 

9 Foi cortada a oferta de alimentos e a libação da casa do SENHOR; os sacerdotes, ministros do SENHOR, estão entristecidos.

Por causa da invasão inimiga as ofertas de alimentos e a libação do templo foi interrompida. Os sacerdotes e os ministros do templo, fonte de inspiração e alegria do povo, cairiam em tristeza profunda.

Alguns interpretes argumentam que a oferta e a libação foram cortadas em conseqüência de uma praga de gafanhotos que arruinou a plantação e a colheita, o que não condiz com o verso 6.

 

10 O campo está assolado, e a terra triste; porque o trigo está destruído, o mosto se secou, o azeite acabou.

A ação dos inimigos com boca de leão é semelhante aos dos gafanhotos quando assolam o campo e deixa a terra sem alegria. Três coisas essenciais a nação foi destruído: trigo (sustento), mosto (alegria) e azeite (culto).

 

11 Envergonhai-vos, lavradores, gemei, vinhateiros, sobre o trigo e a cevada; porque a colheita do campo pereceu.

Os religiosos de Judá deveriam ficar envergonhados pelo que fizeram a vinha do Senhor ( Lc 20:9 ). Os lavradores que cuidavam da vinha (nação) trouxeram a instabilidade de trigo e cevada. Por causa dos sacerdotes e ministros, a nação dormiu o sono da indolência ( Jl 1:5 ; Is 56:10 ), e em decorrência da invasão inimiga a colheita do campo pereceu.

 

12 A vide se secou, a figueira se murchou, a romeira também, e a palmeira e a macieira; todas as árvores do campo se secaram, e já não há alegria entre os filhos dos homens.

O profeta Joel descreve um quadro mais amplo: a vide secou e a figueira murchou, ou seja, Judá e Israel cairiam diante do mesmo inimigo ( 1Rs 4:25 ).

A destruição causada pelo inimigo atingiria também outras nações (árvores do campo): romeira, palmeira, macieira, etc. Todas as árvores do campo se secaram, e os filhos dos homens perderam a alegria.

Quando os profetas falavam acerca do seu povo, geralmente diziam ‘filhos do meu povo’. Neste verso verifica-se que ele profetiza acerca de várias nações: ‘já não há alegria entre os filhos dos homens’ (v. 12).

 

 

13 Cingi-vos e lamentai-vos, sacerdotes; gemei, ministros do altar; entrai e passai a noite vestidos de saco, ministros do meu Deus; porque a oferta de alimentos, e a libação, foram cortadas da casa de vosso Deus.

O profeta conclama os sacerdotes e ministro a arrependerem-se. Eles deveriam trocar as vestes que serviam no templo por vestidos de saco. Deveriam lamentar e gemer, pois não mais serviriam no templo.

A nação inimiga haveria de cortar a oferta de alimentos e a libação, ou seja, não mais ministrariam no templo.

 

14 Santificai um jejum, convocai uma assembléia solene, congregai os anciãos, e todos os moradores desta terra, na casa do SENHOR vosso Deus, e clamai ao SENHOR.

Além de se arrependerem, deveriam convocar um ajuntamento solene, trazendo crianças, jovens e velhos para clamarem ao Senhor. Deveriam sentir a miséria que estava por abatê-los, e clamar pela misericórdia de Deus.

A tristeza que acomete uma virgem viúva não se compara a tristeza que estava por abater o povo do profeta ( Jl 1:7 ). Deveriam lamentar e gemer cingidos de sacos, afligindo a alma com um jejum nacional.

 

15 Ai do dia! Porque o dia do SENHOR está perto, e virá como uma assolação do Todo-Poderoso.

O profeta conclama os seus ouvintes a voltarem para Deus, pois o dia do Senhor haveria de vir ( Jl 2:1 ). Ai do dia! O dia não será do inimigo de Israel, antes será o dia do Senhor, pois a assolação descrita pelo profeta é promovida pelo Senhor Todo-Poderoso.

Muitos entendem que a locusta descrita no verso 4 é proveniente de uma ação demoníaca, porém, o dia previsto pelo oráculo demonstra que é Deus o agente que trará assolação sobre o povo de Israel e Judá ( Jl 2:25 ).

 

 

16 Porventura o mantimento não está cortado de diante de nossos olhos, a alegria e o regozijo da casa de nosso Deus?

O profeta continua descrevendo a condição da nação após a chegada da assolação do dia do Senhor. Ao fazer a pergunta do verso 16, o profeta está repetindo o alerta do verso 2: Ouvi isto, vós, anciões, e escutai, todos os moradores da terra: Aconteceu isto em vossos dias, ou também nos dias de vossos pais? (…) Porventura o mantimento não está cortado de diante de nossos olhos, a alegria e o regozijo da casa de nosso Deus?” ( v. 3 e 16).

Todos os moradores de Sião deveriam se perguntar: Aconteceu isto algum dia em Israel?

O mantimento era causa de alegria e regozijo na casa de Deus, pois das ofertas e dízimos os pobres, viúvas e órfãos da terra se alimentavam. Porém, após ser cortado o mantimento da terra, também seria cortado a alegria e o regozijo da casa do Senhor ( Dt 14:23 ).

 

17 As sementes apodreceram debaixo dos seus torrões, os celeiros foram assolados, os armazéns derrubados, porque se secou o trigo.

A descrição do profeta é de total desolação. As sementes apodreceram e por ter secado o trigo os celeiros e armazéns já não tem razão em permanecer de pé.

 

18 Como geme o animal! As manadas de gados estão confusas, porque não têm pasto; também os rebanhos de ovelhas estão perecendo.

Até mesmo os animais do campo sofreriam com a invasão do inimigo. Pereceriam por falta de pastagem!

 

19 A ti, ó SENHOR, clamo, porque o fogo consumiu os pastos do deserto, e a chama abrasou todas as árvores do campo.

Diante de tanta calamidade o profeta clama ao Senhor, pois Ele é o responsável pela indignação que arde como fogo que ninguém pode apagar! ( Jr 4:4 ).

 

20 Também todos os animais do campo bramam a ti; porque as correntes de água se secaram, e o fogo consumiu os pastos do deserto.

Os animais do campo parecem compreender a miséria que se abate sobre a terra do profeta e bramam ao Senhor. Comparados aos animais, ao povo do profeta falta o entendimento do Santo.

 

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Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

2 thoughts on “Joel 1 – A parábola dos gafanhotos

  • Hoje em nosso tempo, está acontecendo as mesma coisas; pragas de todo tipo: doenças, violência, falta de alimento e etc. Mais a pior doençano ser humano é falta de Deus e do temor de Deus em sua vida.Que Deus continue derramando suas misericórdias sobre todos nós , por ela e através dela ainda não fomos consumidos.

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    • É verdade, Railda.. as mesmas coisas acontecem hoje no mundo todo, porém, com Israel só aconteceram essas coisas: doença, guerra, violência, etc., porque foram desobedientes a palavra de Deus. Para o mundo tais coisas são inevitáveis, como catástrofes, terremotos, pestes, guerras,etc. Mas, para Israel a visão da invasão dos gafanhotos simplesmente era um sinal de que o povo havia se desviado e que deveriam se arrepender, pois Deus repreende e castiga a quem tomou por filho.

      “E serão entre ti por sinal e por maravilha, como também entre a tua descendência para sempre. Porquanto não serviste ao SENHOR teu Deus com alegria e bondade de coração, pela abundância de tudo.” (Dt 28:46 -47)

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