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É razoável aos cristãos ficarem preocupados com a nova empreitada dos humanistas e ateístas? Com base no que expõe a Bíblia, os ateus não podem ser classificados como falsos profetas, visto que os falsos profetas se apresentam como se estivessem a serviço de Deus, e, para tanto, afirmam crer em Deus ( Mt 7:15 ). É impossível ser falso profeta negando a existência de Deus.


O cristão frente ao movimento Ateísta

O movimento ateísta tem preocupado alguns cristãos, pois acreditam que tais acontecimentos referem-se à predição de Cristo, que diz: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” ( Mt 24:12 ).

Outros entendem que tal ‘ataque’ ateísta refere-se à seguinte pergunta do Senhor Jesus: “Quando, porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” ( Lc 18:8 ).

Será que o posicionamento de intelectuais ateístas promove um ‘esfriamento’ do amor segundo a predição de Mateus 24, verso 12? O movimento ateísta europeu possui alguma relação com a pergunta de Cristo em Lucas 18, verso 8? O que pensar do ateísmo?

 

Iniquidade ‘versus’ Amor

Quando Jesus declarou que, em decorrência da iniquidade o amor de muitos esfriaria, Ele o fez em particular com os seus discípulos no monte das Oliveiras ( Mt 24:3 ), pois eles queriam saber:

  • Quando o templo seria derribado;
  • Quais os sinais da vinda do Senhor, e;
  • O fim de todas as coisas.

Jesus alertou que muitos haveriam de ser enganados ( Mt 24:4 ; Lc 21:8 ), pois muitos falsos profetas viriam em nome de Cristo e enganariam a muitos ( Mt 24:5 ; Mt 24:24 ).

Foi predito também que haverá rumores de guerras, nação contra nação, reino contra reino, fome, pestes e terremotos, porém, estas coisas não eram o fim, antes era um prenúncio do tempo denominado de ‘princípios de dores’.

Neste tempo os filhos do povo do Messias (judeus) serão atormentados e mortos. Serão odiados por todas as nações por causa de Cristo. Neste tempo muitos dos judeus se escandalizarão, trairão uns aos outros e odiarão uns aos outros.

Falsos profetas enganarão a muitos e a iniquidade fará com que o amor de uns para com os outros diminua, ou seja, a traição e o ódio aumentam e o amor esfria (amor e ódio tornam-se grandezas inversamente proporcionais).

O tempo em que ‘o amor de muitos esfriará’ se dará somente após o período da ‘plenitude dos gentios’, ou seja, após o arrebatamento da igreja ( Mt 24:21 ). A instrução de Cristo aos discípulos tem em vista os judeus como nação, e não diz de um alerta específico para com a sua igreja.

Observe o que é predito em Mateus 24, versos 15 a 21. A igreja não tem que se preocupar com o inverno ou o sábado. A igreja não restringe a Judeia. A igreja não diz de uma nação. Portanto, a predição de Cristo em Mateus 24 e 25 têm em vista os judeus após a entrada do tempo dos gentios.

 

A Fé e a volta do Messias

É importante salientar que a fé que muitos dizem possuir quando tiram o chapéu para reverenciar a Deus não é a fé que salva. A fé que a religiosidade fomenta não é a fé que conduz o homem a Deus!

A única fé que salva é a que foi manifesta em Cristo Jesus “…aquela fé que havia de se manifestar” ( Gl 3:23 ), portanto, quando Jesus questiona se haverá ‘fé’ na terra quando da sua volta, ele inquiriu acerca da fé que foi manifesta aos homens, e não das crendices e misticismos que é próprio ao homem natural.

Jesus não afirma através deste versículo que o número de pessoas que não acreditam em Deus aumentará, ou que o número de religiões ao longo dos séculos reduzirá significativamente. A ênfase da pergunta de Cristo está na mensagem que Ele proclamava, ou seja, a fé (evangelho) que uma vez foi dada aos santos ( Jd 1:3 ).

A questão levantada por Cristo tem em vista os que creem, para que reflitam se a mensagem do evangelho continuará sendo difundida da mesma forma que Ele ensinou. Será que até a volta de Cristo o evangelho continuará sendo anunciado aos homens assim como foi ensinado por Ele?

Dentro desta perspectiva, Judas, o servo de Jesus, conclama os cristãos a batalharem pela fé (evangelho) que foi entregue aos santos ( Jd 1:3 ; Fl 1:27 ). Se os cristãos não estiverem envolvidos nesta batalha, há de ser que, quando Jesus voltar, não mais haverá fé (evangelho genuíno) na terra.

 

 

O Ateísmo e a Doutrina de Cristo

O ateísmo é uma corrente filosófica que rejeita a existência de deuses, ou que rejeita a ideia de que Deus existe. Tal corrente filosófica encontrou terreno fértil na Europa e na Ásia com a disseminação de conceitos como a liberdade de pensamento, do ceticismo científico e através de críticas acida contra as religiões.

Esta onda ateísta que inundou a Europa fez com que aumentasse o número de publicações de livros ateus, e por último, fomentou o surgimento de campanhas publicitárias na mídia, sendo utilizados até mesmo outdoors com frases e slogans negando a existência de Deus.

É razoável aos cristãos ficarem preocupados com a nova empreitada dos humanistas e ateístas?

Com base no que expõe a Bíblia, os ateus não podem ser classificados como falsos profetas, visto que os falsos profetas se apresentam como se estivessem a serviço de Deus, e, para tanto, afirmam crer em Deus ( Mt 7:15 ). É impossível ser falso profeta negando a existência de Deus.

Poderíamos classificá-los como sendo anticristo ou antideus, porém, o espírito do anticristo, que desde o princípio age no mundo, nega que Jesus é o Cristo e/ou que Ele tenha vindo em carne ( 1Jo 2:23 ; 1Jo 4:2 ), porém, não se aplica em negar a existência de Deus.

Por outro lado, devemos considerar que os ateus não são mais e nem menos perniciosos que as seitas e religiões que se proliferam no mundo. Há alarde quando uma pessoa nega a existência de Deus, e certo conformismo quando alguém, que distorce a verdade do evangelho, diz crer em Deus.

Há aqueles que até promovem o sincretismo religioso por causa de uma bandeira em defesa da existência de Deus. Não podemos descartar que a crescente onda ateísta tenha como plano de fundo uma estratégia demoníaca para se promover o ecumenismo.

Mesmo dizendo crer em Deus, os falsos profetas são mais perigosos que os ateístas, visto que os falsos profetas vêm até os cristãos ‘vestidos’ de ovelhas e introduzem encobertamente heresias de perdição ( 2Pe 2:1 ).

A incredulidade dos ateus nem de longe ameaça a verdade do evangelho de Cristo ou a existência de Deus, porém, os falsos profetas, aqueles que dizem ‘Senhor’, ‘Senhor’, são a verdadeira ameaça, pois transtornam a mensagem do evangelho.

Diante do evangelho os ateístas não são melhores ou piores que os demais pecadores ( Mq 7:4 ), pois Deus amou o mundo sem acepção de pessoas. Deus ama o cético, o ateu e o religioso de igual modo, pois deseja que todos venham ao conhecimento desta fé (verdade) maravilhosa ( 1Tm 2:4 ).

Jesus não condena os ateus, da mesma forma que não condenou a mulher adultera, visto que a sua missão não é condenar o mundo, antes salvá-lo “E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo” ( Jo 12:47 ). Seria um contra sendo Jesus condenar o mundo que já estava sob condenação ( Jo 3:18 ; Rm 5:18 ).

Como bem sabemos, a verdade (fé) produz fé (confiança), mas a fé (confiança) não produz verdade (fé). Por mais que alguém confie em algo que não é verdadeiro, jamais tal confiança tornará a ‘mentira’ em ‘verdade’.

Se os homens acreditam em Deus ou não, tal crença não influenciará o destino deles. Se o maior ateu passar a acreditar na existência de Deus, por observar e considerar a natureza, nada mudará para a humanidade ou para ele.

Agora, caso um ateu passe a crer em Deus, como diz as Escrituras, rios de água viva correrão do seu ventre ( Jo 7:38 ), pois esta é a promessa de Deus para os que creem em seu nome segundo o que preceitua a Bíblia.

Se Voltaire, o pensador Frances, que é tido por muitos como sendo o maior ateu, passasse a acreditar na existência de Deus, nada alcançaria de Deus, pois nenhuma promessa d’Ele há para os que acreditam em sua existência.

A mensagem do cristianismo deixa bem claro que ninguém é ou será punido por Deus por não acreditar em sua existência, visto que, sobre todos os homens já pesa, sejam ateus ou não, uma condenação.

Como qualquer descendente de Adão os ateus estão igualmente condenados diante de Deus ( Rm 5:19 ).

A condenação não foi estabelecida somente para os ateus, antes veio para todos os homens, visto que todos pecaram. Não é o entendimento filosófico que certos homens seguem que os condenam, antes a condenação foi estabelecida através da ofensa de Adão ( Rm 5:18 ).

É a incredulidade (ofensa) de Adão que trouxe condenação sobre todos os homens, pois através dele o pecado entrou no mundo, e por ele, todos pecaram ( 1Co 15:22 ).

A Bíblia demonstra que todos os homens sem Cristo estão debaixo do pecado. Não importa as correntes filosóficas, religiosas e morais que adotarem, se não crerem no Filho, já estão condenados ( Rm 3:23 e Rm 5:12 ).

A Bíblia também demonstra que o melhor homem é comparável a um espinho e o mais reto a uma sebe de espinhos “O melhor deles é como um espinho; o mais reto é pior do que a sebe de espinhos” ( Mq 7:4 ).

Este verso demonstra que os religiosos podem ser mais perniciosos que os ateus, pois o mais ‘reto’ dentre os homens, diante de Deus está em pior condição. Por que em pior condição? Porque os publicanos e meretrizes entram adiante dos religiosos no reino de Deus “Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não o crestes, mas os publicanos e as meretrizes o creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para o crer” ( Mt 21:31 -32).

A mensagem de Cristo pra todos os homens é a mesma: ‘necessário vos é nascer de novo’, não importando se são religiosos, juízes, ateus, cientistas, ricos, pobres, reis ou plebeus ( Jo 3:3 ).

 

Os cristãos e o ateísmo

Qual deve ser a atitude de um cristão frente ao posicionamento ateísta?

Em primeiro lugar os cristãos devem estar “… preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” ( 1Pe 3:15 ).

Em segundo lugar, o apóstolo Paulo alertou os cristãos a não lutarem contra a carne e o sangue, antes deveriam lutar contra as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais ( Ef 6:12 ).

Com base nestas duas premissas, conclui-se que um verdadeiro cristão não deve promover um embate contra qualquer homem ou contra suas vãs filosofias. Um verdadeiro cristão jamais deve estabelecer uma cruzada contra qualquer credo ou sistema filosófico. Jamais deve estabelecer um sistema inquisitório contra qualquer pessoa ou nação.

O mundo jaz no maligno por causa da queda no Éden, sem qualquer relação com filosofias, nações ou credos. Um enfrentamento contra qualquer ordem ou sistema humano não mudará a realidade da condenação herdada em Adão. Cruzadas e inquisições não salvam ninguém da condenação eterna.

Qual a batalha do cristão? Há uma única ordem para os cristãos se engajarem em uma batalha: “Amados, enquanto eu empregava toda diligência para vos escrever acerca da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos escrever, exortando-vos a batalhar pela fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos” ( Jd 1:3 ).

Neste mesmo diapasão conclamou o apóstolo Paulo: “O que é mais importante, deveis porta-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo. Então, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais firmes em um mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho sem serdes intimidados pelos adversários” ( Fl 1:27 ).

Ele destacou o que é mais importante para os Cristãos:

  • Portarem-se dignamente conforme o evangelho de Cristo;
  • Que combatam juntamente pela fé do evangelho.

Para batalhar pelo evangelho, a fé dada aos homens, é necessário aos que creem estarem fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Qual a força do poder de Deus? Ora, o evangelho é o poder de Deus ( Rm 3:16 ), e os cristão tem que estar revestidos com o evangelho, que é a armadura de Deus para os seus servos ( Ef 6:13 ).

Após estar revestido, o cristão estará cônscio de que a ação de satanás neste mundo consiste em manter os homens entenebrecidos no entendimento, separados de Deus pela ignorância que há neles. Satanás luta para que não resplandeça aos homens ‘ignorantes’ a luz do evangelho “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” ( 2Co 4:4 ; Ef 4:18 ).

 

Conclusão

A incredulidade que condena o homem não está em dizer que não há Deus, pois a salvação não advém de afirmar que Deus existe.

Cartazes e outdoors negando ou afirmando a existência de Deus não mudam a realidade do pecado, pois um movimento pró-existência de Deus não salvará os homens.

O reino dos céus não depende de disputa publicitária em outdoors. Anúncios publicitários em transportes coletivos não têm poder para derrubar a barreira de separação que há entre Deus e os homens.

O poder de Deus é o evangelho, e o evangelho é poder de Deus. A ordem de Deus para os cristãos verdadeiros é anunciar o evangelho tal qual foi anunciado por Cristo. Slogan publicitário não promove a mudança de conceito (arrependimento) que só é possível através das boas novas do evangelho de Cristo.

Atacar os ateístas rotulando-os de burros, mentes fechadas, vazios, imorais, amoral, anarquistas, etc., não é o que ensina o evangelho de Cristo. Além do mais, a falta de moral, de conhecimento, de amor para com o próximo, de carinho, etc., é algo próprio a todos os homens, quer sejam ateus ou não.

Aliar-se a sistemas religiosos diversos tão somente para fazer tremular uma bandeira pró-existência de Deus também não é o que preceitua o evangelho de Cristo, pois não basta acreditar que Deus existe, antes é necessário crer naquele que Ele enviou para que possa alcançar salvação.

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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