Não há registro nas Escrituras de que a Babilônia dos caldeus tenha matado os santos e as testemunhas de Jesus, mas dos filhos de Jacó há a acusação de Neemias: “Porém se obstinaram, e se rebelaram contra ti, e lançaram a tua lei para trás das suas costas, e mataram os teus profetas, que protestavam contra eles, para que voltassem para ti; assim fizeram grandes abominações“ ( Ne 9:26 ); “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste?” ( Lc 13:34 ; Mt 21:33 -46).
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Continuação do artigo: O vinho da prostituta do Apocalipse
Por causa da inscrição enigmática que o evangelista João viu na testa da mulher “A Grande Babilônia”, o imaginário popular amalgamou a visão da meretriz com a exuberância da antiga cidade dos Caldeus.
A inscrição ‘A Grande Babilônia’ na testa da meretriz não diz do reino de Hamurábi, rei da babilônia, que reinou entre os anos de 1728 a 1686 a.C., que dominou desde a Assíria, na Alta Mesopotâmia, até a Caldeia, no sul, fundando o primeiro Império Babilônico.
A inscrição também não se refere ao Império Neobabilônico, mais grandioso que o de Hamurábi, e que surgiu mil anos depois, tendo Nabucodonosor (604 a.C. – 561 a.C.), por rei, o segundo Império Babilônico que durou até 539 a.C. quando foi conquistado pelo rei persa Ciro I.
A inscrição na testa da meretriz é um nome simbólico que representa a origem (mãe) das prostituições e abominações da terra.
Para entender a natureza da inscrição na testa da meretriz faz-se necessário lembrar que Deus ordenou aos filhos de Jacó que os sacerdotes deveriam confeccionar uma lamina de ouro puro com uma inscrição (selo) nela com os dizeres: “Santidade ao Senhor”, e atá-la na testa com uma fita azul ( Ex 28:13 ).
Os sacerdotes deveriam estar com a lamina de ouro na testa continuamente, e os filhos de Jacó deveriam continuamente instruir os seus filhos, pois ensinar continuamente a lei do Senhor era um sinal na mão e frontais entre os olhos do povo “E a mitra porás sobre a sua cabeça; a coroa da santidade porás sobre a mitra” ( Êx 29:6 ; Dt 6:7 ).
Desde que saiu do Egito até alcançarem a terra da possessão, Israel era guiado por Deus. Mas, quando na terra da promessa os filhos de Israel pediram um rei, com o intuito de imitarem as nações em redor, rejeitaram ao senhor “E disse o senhor a Samuel: ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles” ( 1Sm 8:7 ). Neste evento a nação inteira rejeitou o Guia que os trouxe ao descanso.
Daí a acusação que consta no Livro dos Provérbios contra a mulher (adultera): “… que deixa o guia da sua mocidade e se esquece da aliança do seu Deus” ( Pv 2:17 ).
A lâmina posta na testa dos sacerdotes indicava quem era o guia do povo de Israel. O povo de Israel era separado dos outros povos como possessão peculiar de Deus. Mas, cada membro da nação deveria ter a lei do Senhor como frontais, pois esta era a lâmina verdadeira, enquanto a posta sobre os sacerdotes símbolo.
Lembrar da lei continuamente era um meio de ‘escrever’ a lei nas tábuas do coração dos filhos de “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” ( Sl 119:11 ; Dt 6:7 ).
Quando formam introduzidos na terra prometida, Deus alertou o povo que estavam tendo a regalia de entrarem para habitar grandes e boas cidades que não haviam construído, casas mobiliadas e poços que não haviam cavado ( Dt 13:10). Mas, quando comessem e se fartassem das vinhas e dos olivais que não haviam plantado, não deviam esquecer do Deus de Israel, seguindo outros deuses dos povos que houvesse ao redor ( Dt 13:11,12 e 14 ).
No mês de Abide deveriam festejarem por sete dias comendo pães ázimos e anunciar aos seus descendentes tudo o que Deus fizera quando os retirou com mão forte do Egito ( Ex 13:4- 8). A festa dos pães ázimos seria por sinal e um modo de os filhos de Jacó não se esquecerem de anunciar a lei ( Ex 13:9 ).
Os filhos de Jacó não podiam esquecer que Deus é um Deus zeloso, e que se deixassem o Deus da sua mocidade, a ira do Senhor seria derramada contra eles, as cidades seriam destruídas e dispersos.
A cidade de Israel era plena de retidão, visto que Deus deu estatutos que a tornava separada (santidade), propriedade peculiar do Senhor ( Ex 19:5 ; Is 1:21 ), mas como rejeitaram os estatutos e a aliança, bem como as advertências de Deus e seguiram a vaidade dos seus corações e os deuses das nações que estavam ao redor ( 2Re 17:15 ; Dt 11:16 ), a cidade tornou-se infiel, pérfida.
A inscrição ‘Santidade ao Senhor’ foi substituída quando a cidade se tornou infiel, pois os seus habitantes seguiram após os deuses das cidades vizinhas “Com deuses estranhos o provocaram a zelos; com abominações o irritaram” ( Dt 32:16 ).
Esqueceram-se da Rocha que os formou, ou seja, lançaram fora os ‘frontais ‘que continuamente deveriam estar entre os olhos ( Dt 11:18 ), de modo que tudo o que faziam não passava de abominações “Quem mata um boi é como o que tira a vida a um homem; quem sacrifica um cordeiro é como o que degola um cão; quem oferece uma oblação é como o que oferece sangue de porco; quem queima incenso em memorial é como o que bendiz a um ídolo; também estes escolhem os seus próprios caminhos, e a sua alma se deleita nas suas abominações” ( Is 66:3 ).
O nome gravado na testa da mulher embriaga demanda interpretação por causa do aviso ‘mistério’. Assim como a visão é um enigma a inscrição na testa da mulher deve ser interpretada, ou seja, não deve ser tomada literalmente.
Por causa da narrativa de Gênesis 11, verso 9, para os judeus ‘Babel’, ou a forma grega ‘Babilônia’, significa ‘confusão’. O nome ‘Babel’, em hebraico ‘Bavél’, raiz do verbo ba.lál, significa confundir, corresponde a forma grega do nome ‘Babilônia’, do Acadiano Bãb-ilu, que significa ‘Portão de Deus’.
Se os habitantes da cidade houvessem guardado as ordenanças de Deus, a inscrição seria uma coroa de glória demonstrando que a cidade é uma propriedade peculiar de Deus e que Deus era o seu guia, mas como ‘escolheram seus próprios caminhos e se deleitaram em suas abominações’, a inscrição remete a uma grande confusão que os levará a destruição “Porque os guias deste povo são enganadores, e os que por eles são guiados são destruídos” ( Is 9:16 ; Jr 2:2 e 17).
Como não colocaram como frontais entre os olhos a palavra do Senhor, veio sobre eles o que estava previsto: a confusão “Deitemo-nos em nossa vergonha; e cubra-nos a nossa confusão, porque pecamos contra o SENHOR nosso Deus, nós e nossos pais, desde a nossa mocidade até o dia de hoje; e não demos ouvidos à voz do SENHOR nosso Deus” ( Jr 3:25 ); “A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós a confusão de rosto, como hoje se vê; aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, e a todo o Israel, aos de perto e aos de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por causa das suas rebeliões que cometeram contra ti” ( Dn 9:7 ).
A inscrição ‘Babilônia’ tem relação com a ira divina, que fará com que os habitantes da grande cidade sejam dispersos pela ‘confusão de rosto’, pois o fim da meretriz que se assenta sobre a besta é ser devorada pela besta e os dez chifres ( Ap 17:16 ).
A primeira Babilônia, Babel, foi destruída pela intervenção divina com a confusão da língua dos seus habitantes, e a grande cidade será destruída porque Deus será contra ela com maldição, portanto, haverá confusão e derrota até que a grande cidade seja destruída repentinamente “O SENHOR mandará sobre ti a maldição; a confusão e a derrota em tudo em que puseres a mão para fazer; até que sejas destruído, e até que repentinamente pereças, por causa da maldade das tuas obras, pelas quais me deixaste” ( Dt 28:20 ; Gn 11:7 ).
A confusão de rosto do povo de Israel foi predita por Moisés, bem como a destruição de tudo quanto os habitantes da grande cidade fizeram.
Esdras apontou as iniquidades do seu povo como responsável pelo cativeiro e pela confusão de rosto quando confessou: “E disse: Meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti a minha face, meu Deus; porque as nossas iniquidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa tem crescido até aos céus. Desde os dias de nossos pais até ao dia de hoje estamos em grande culpa, e por causa das nossas iniquidades somos entregues, nós e nossos reis e os nossos sacerdotes, na mão dos reis das terras, à espada, ao cativeiro, e ao roubo, e à confusão do rosto, como hoje se vê” ( Ed 9:6 -7; Jr 3:25 ; Dn 9:7 -8).
O que esperar diante da provocação dos moradores da grande cidade? O dia da punição, que é a confusão de rosto, e com a confusão vem a espada, fome e dispersão “Acaso é a mim que eles provocam à ira? diz o SENHOR, e não a si mesmos, para confusão dos seus rostos?” ( Jr 7:19 ); “O melhor deles é como um espinho; o mais reto é pior do que a sebe de espinhos; veio o dia dos teus vigias, veio o dia da tua punição; agora será a sua confusão” ( Mq 7:4 ).
A acusação de abominações e adultérios que recai sobre a grande cidade é porque entre ela e Deus havia um vínculo, uma aliança de casamento. Abominações e adultérios são acusações que sempre foram direcionadas a cidade de Jerusalém: “Já vi as tuas abominações, e os teus adultérios, e os teus rinchos, e a enormidade da tua prostituição sobre os outeiros no campo; ai de ti, Jerusalém! Até quando ainda não te purificarás?” ( Jr 13:27 ); “Filho do homem, faze conhecer a Jerusalém as suas abominações” ( Ez 16:2 ). Seria um contrassenso Deus falar contra a Babilônia dos caldeus denunciando-os por abominações e adultérios, uma vez que Deus nunca estabeleceu aliança com os caldeus.
Não há registro nas Escrituras de que a Babilônia dos caldeus tenha matado os santos e as testemunhas de Jesus, mas dos filhos de Jacó há a acusação de Neemias: “Porém se obstinaram, e se rebelaram contra ti, e lançaram a tua lei para trás das suas costas, e mataram os teus profetas, que protestavam contra eles, para que voltassem para ti; assim fizeram grandes abominações“ ( Ne 9:26 ); “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste?” ( Lc 13:34 ; Mt 21:33 -46).
O nome ‘babilônia’ não se refere ao papado, como acusa Dave Hunt no capítulo 6 do livro de sua autoria “A Woman Rides the Beast” (A Mulher Montada na Besta).
A Babilônia do Apocalipse não é a cidade do Vaticano, como muitos afirmam. Não podemos nos apoiar em fontes extra bíblicas para afirmar que o Vaticano é a meretriz, como os “Os Oráculos de Sibélio” (5, 159F), ou o “Apocalipse de Baruque” ( ii, 1) e o “4 Esdras” (3:1). Não podemos nos apoiar no que diz uma enciclopédia para afirmar que Roma é a grande cidade.
“É dentro da cidade de Roma, chamada a cidade das sete colinas, que a área completa do Vaticano está agora confinada” Enciclopédia Católica.
Relacionar o nome ‘mistério’ com a doutrina católica da transubstanciação expressa por “Mysterium Fide” é temerário, assim como apoiar-se em escritos católicos de que Roma é uma cidade construída sobre sete colinas. Quando a Bíblia afirma que a meretriz se assenta sobre a besta, isto significa que ela está apoiada em sete montes, ou seja, em sete reinos, e não sobre colinas.
A cidade é nomeada grande em função da extensão do domínio que a nação de Israel possuirá quando se assentar sobre a besta (sete montes), domínio este que florescerá na primeira metade da última semana prevista por Daniel, pois exercerá domínio sobre muitas águas (povos, línguas e nações).
Enquanto a Babilônia dos caldeus era cruzada por muitos canais, portanto, construída sobre as muitas águas ( Jr 51:13 ), a ‘Grande Babilônia’ do Apocalipse tem por base as muitas águas, ou seja, povos, línguas e nações ( Ap 17:1 e 15).
A cidade é tida como ‘A Grande’ por exercer domínio sobre povos, nações e línguas, assim como a Babilônia do rei Nabucodonosor dominou os reinos da antiguidade: “Ó rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu pai, o reino, e a grandeza, e a glória, e a majestade. E por causa da grandeza, que lhe deu, todos os povos, nações e línguas tremiam e temiam diante dele; a quem queria matava, e a quem queria conservava em vida; e a quem queria engrandecia, e a quem queria abatia” ( Dn 5:18 -19; Ap 18:15 ).
“Mistério, Babilônia” não se refere aos Estados Unidos, como alguns sugerem, ou a qualquer outro país, pois a Bíblia aponta para uma cidade e não para um país.
Há quem negue que Jerusalém seja a grande cidade porque ela não é construída sobre sete colinas, porém, as colinas que a Bíblia faz referência diz de sete reis com os seus respectivos reinos, e não de montanhas de terra ( Ap 17:9 -10 ).
Continua..
Por que Abraão habitou em tendas na terra da promessa?