Para nascer de novo, o primeiro passo é, ao ouvir o evangelho, mudar de entendimento sobre como ser salvo (arrependimento) e crer em Cristo.
Qual o significado de nascer de novo?
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“Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?” (João 3:4).
É possível voltar ao ventre materno?
Equivoca-se quem pensa que “nascer de novo” seja apenas um convite a uma mudança de comportamento ou uma premissa filosófica. A proposta de Jesus a Nicodemos ultrapassa os limites da ontologia e da metafísica. Jesus não estava sugerindo uma filosofia moral ou uma reforma do caráter de Nicodemos; sua proposta não era investigar e teorizar acerca dos princípios que regem as ações humanas, mas sim um chamado para algo humanamente impossível.
Ao contrário de uma charada enigmática, a mensagem de Jesus era direta e penetrante, e isso é evidenciado pela reação de Nicodemos, que, perplexo, questiona como um homem já idoso poderia voltar ao ventre materno para nascer de novo. Esse questionamento revela a dimensão profunda do diálogo: Jesus estava falando de uma nova geração – algo que envolve paternidade, filiação, natureza e direitos, e não apenas a ideia de “recomeçar”.
Nicodemos, sendo juiz e mestre em Israel, religioso e fariseu, compreendia como poucos o significado do nascimento dentro do contexto judaico. Para ele, ser filho de Deus estava intrinsecamente ligado à descendência carnal de Abraão. A proposta de Jesus, contudo, trazia implicações desafiadoras: o nascimento de hebreus por si só já não garantiria acesso ao reino de Deus? Se um judeu de nascimento não poderia ver o reino, qual seria, então, o verdadeiro significado de ser judeu? Nascer de novo não implicaria em perder o privilégio e o valor do vínculo consanguíneo com Abraão?
Diante da profundidade dessas questões, Nicodemos, talvez atônito, se atém ao literal. Como, sendo um homem velho, poderia ele, de fato, voltar ao ventre materno e passar por todo o processo de gestação e nascimento? Sua pergunta reflete uma seriedade e sinceridade, pois Nicodemos sabia que Jesus não estava falando de algo trivial, mas de algo de uma seriedade única, que confrontava até as fundações de sua identidade e crença.
Nascer de novo: entenda o que significa
Nascer de novo não se resume a uma mudança radical de vida, como se fosse a adoção de um novo estilo de vida. Tampouco é uma fantasia, uma reinvenção ou mera transformação de comportamento. O novo nascimento proposto por Jesus vai além de uma reestruturação moral, social ou econômica; não se limita a uma alteração de caráter ou comportamento, e nem se restringe a uma experiência espiritual abstrata que toque apenas o espírito humano.
O verdadeiro significado de “nascer de novo” está em ser gerado a partir de uma nova semente, que cria um ser com uma natureza inteiramente nova. Apesar de permanecer no mesmo corpo mortal e viver em um mundo corrompido, esse novo ser encontra novidade em tudo – desde sua natureza até sua condição.
“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (II Coríntios 5:17).
O apóstolo Pedro afirma que os que nascem de novo se tornam participantes da natureza divina (2 Pedro 1:4). Já o apóstolo Paulo nos ensina que os nascidos de novo são novas criaturas, para as quais tudo se fez novo. Essa nova criação é liberta da condenação e vive em plena comunhão com Cristo (Romanos 8:1; 2 Coríntios 5:17).
O nascimento natural se dá através de uma semente corruptível, herdada de Adão, que une toda a humanidade ao primeiro homem, cuja semente está sujeita à corrupção. No entanto, o novo nascimento ocorre através de uma semente incorruptível – a Palavra de Deus. Aqueles que são gerados de novo compartilham da vida de Cristo, o último Adão, através do evangelho, que é água e espírito.
Para nascer do homem terreno, é necessário carne e sangue (1 Coríntios 15:47), mas para nascer do segundo homem, que é do céu – o Cristo ressurreto – é preciso ser gerado de água e espírito.
Quando Jesus veio ao mundo, era necessário que tivesse vínculo de sangue com a humanidade, para ser, em tudo, semelhante a seus irmãos. Assim, Ele compartilhou do sangue de Davi por meio de Maria, sem intervenção carnal. Por isso, diz-se que Ele veio não apenas por água, mas por água e sangue (1 João 5:6).
Sem esse vínculo de sangue, Jesus não seria plenamente humano; não compartilharia a semelhança com os homens em todos os aspectos, não estaria sujeito à morte física e não poderia assumir a posição de Sumo Sacerdote (Hebreus 2:14-18). Assim como os filhos participam de carne e sangue, o Verbo eterno abriu mão de sua glória e se fez carne e sangue, vindo ao mundo por meio de água e sangue. Enquanto isso, os homens vêm ao mundo através de carne e sangue (Hebreus 2:14).
Os nascidos de novo tornam-se filhos de Deus e, ainda neste mundo, são como Cristo é. A única diferença é que os salvos ainda não sabem como serão em sua plenitude. No entanto, há a certeza de que, quando Ele se manifestar, eles serão como Ele é em glória (1 João 3:2; Colossenses 3:4).
“Nisto é perfeito o amor para conosco, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo.” (1 João 4:17).
Para se tornar como Cristo, os nascidos de novo são gerados da água e do Espírito. E, para participar plenamente de Cristo, é necessário “comer” da Sua carne e “beber” do Seu sangue (João 6:53-56).
Enquanto os descendentes do homem terreno participam de carne e sangue, os descendentes do homem celestial participam de água e Espírito. Isso significa que, para ter comunhão com Deus, o homem precisa ser purificado de toda impureza pelo lavar regenerador (1 Pedro 1:22; Hebreus 10:22). Jesus, por sua vez, veio por água e sangue, e, ao ser justiçado na cruz com uma lança, do ferimento saiu sangue e água (João 19:34).
“Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei.” (Ezequiel 36:25);
“Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,” (Efésios 5:26).
A água representa o sacrifício de Cristo, enquanto o espírito refere-se à fidelidade e imutabilidade da palavra de Deus, que possui o poder de salvar. Na Antiga Aliança, a água era um elemento central no ritual de expiação, o que remete a oferta do corpo de Cristo. Concomitantemente, tudo o que seria realizado pelo sacerdote e por quem estava sendo purificado, precisava ser feito segundo a palavra de Deus, ou seja, segundo o espírito.
“Depois tomará, para expiar a casa, duas aves, e pau de cedro, e carmesim e hissopo; E degolará uma ave num vaso de barro sobre águas correntes; Então tomará pau de cedro, e o hissopo, e o carmesim, e a ave viva, e os molhará no sangue da ave degolada e nas águas correntes, e espargirá a casa sete vezes; Assim expiará aquela casa com o sangue da ave, e com as águas correntes, e com a ave viva, e com o pau de cedro, e com o hissopo, e com o carmesim. Então soltará a ave viva para fora da cidade, sobre a face do campo; assim fará expiação pela casa, e será limpa.” (Levítico 14:49-53)
O que é nascido da carne é carne, ou seja, o que é nascido da semente corruptível de Adão é transitório e efêmero; mas o que é nascido do espírito, a semente incorruptível, que é a palavra de Deus permanece para sempre, porque é espiritual.
“Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre.” (1 Pedro 1:23).
Quando se diz que o nascido do espírito é “espírito”, não se trata de algo abstrato ou simbólico. Ser nascido do espírito é tão concreto quanto o nascimento segundo a carne; não é um processo gradual para o futuro, mas uma realidade imediata e definitiva: um novo ser participante da natureza divina.
Ao explicar o nascimento espiritual, Jesus recorre às Escrituras. Muitos interpretam Suas palavras como uma analogia ao vento, mas Ele se refere ao mistério do novo nascimento que se assemelha ao mistério da formação dos ossos de uma criança no ventre materno.
“Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: Necessário vos é nascer de novo. O vento sopra onde quer, e ouves o seu som; mas não sabes de onde ele vem nem para onde vai; assim é todo que é nascido do Espírito.” (João 3:5-8);
“Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas.” (Eclesiastes 11:5).
Assim como o processo de formação dos ossos no ventre materno é desconhecido, o novo nascimento pelo espírito é igualmente misterioso. É impossível reconhecer visualmente quem é nascido do espírito, pois não se trata de uma mudança física ou superficial, mas de uma transformação essencial.
Jesus veio ao mundo por água e sangue, mas os que o observavam julgavam-no pela aparência: sua origem, descendência, cidade, profissão e parentesco.
“E, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se admiravam, dizendo: De onde lhe vêm estas coisas? e que sabedoria é esta que lhe foi dada? e como se fazem tais maravilhas por suas mãos? Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele. E Jesus lhes dizia: Não há profeta sem honra senão na sua pátria, entre os seus parentes, e na sua casa.” (Marcos 6:2-4);
“Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê.” (João 1:46);
“Respondeu Jesus, e disse-lhes: Ainda que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei de onde vim, e para onde vou; mas vós não sabeis de onde venho, nem para onde vou.” (João 8:14).
Assim, o nascido do Espírito transcende as limitações humanas, pois a verdadeira comunhão com Deus requer um nascimento de uma semente incorruptível – um novo ser, não sujeito aos julgamentos exteriores, mas plenamente ligado à vida eterna em Cristo.
Nascer de novo
O novo nascimento, segundo a Bíblia, não se trata de sobreviver a uma adversidade nem está relacionado à doutrina da reencarnação ou a uma mera mudança de rumo na vida. Embora os nascidos de novo devam se transformar pela renovação do entendimento (Romanos 12:1-2), cingindo os “lombos” da mente (1 Pedro 1:13-14), essa renovação não constitui o novo nascimento em si.
A transformação do entendimento faz com que o cristão viva de acordo com a verdade do evangelho, abandonando a doutrina dos judaizantes, se for judeu, ou rejeitando as práticas pagãs, se for gentio. Contudo, essa transformação no entendimento é uma consequência do novo nascimento, e o novo nascimento, por sua vez, decorre da semente divina, a qual liberta o homem do pecado. Sem Cristo, o homem é escravo do pecado, mas ao unir-se a Cristo, ele se torna filho de Deus e liberto do domínio do pecado.
“Qualquer que é nascido de Deus não peca; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.” (1 João 3:9).
O novo nascimento acontece quando alguém ouve a mensagem do evangelho, crê no coração que Jesus é o Filho de Deus e confessa com a boca que Deus o ressuscitou dos mortos. Ao crer conforme as Escrituras, o cristão crucifica sua velha natureza com Cristo e, tal como Ele, passa pela morte e sepultamento. Ressurgir dentre os mortos com Cristo é o verdadeiro novo nascimento, segundo Deus, em justiça e santidade.
O apóstolo João descreve o crente em Jesus como nascido de Deus, indicando que esta é uma realidade presente e definitiva, e que seu vínculo com o pecado foi rompido. Ser nascido de Deus é resultado de portar a semente divina e não simplesmente de abandonar práticas consideradas imorais. “Pecar” é, por definição, estar sob o domínio de um senhor. Por isso, aquele que peca pertence ao diabo, enquanto o que não peca é servo da justiça:
“Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça? Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.” (Romanos 6:16-18);
“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.” (João 8:34).
Assim, mesmo o fariseu que subiu ao templo para orar, apesar de ter um comportamento exemplar segundo a lei, continuava sendo servo do pecado. Nascido sob o domínio do pecado, ele deixou o templo sem ser justificado por não reconhecer que era pecador e que necessitava de misericórdia (Lucas 18:10-11).
Se o leitor da Bíblia não se aperceber que o pecado é condição herdada de Adão decorrente da morte que passou a todos os seus descendentes, não é possível entender como todos pecaram. O motivo de todos terem pecaram não é o conhecimento do bem e do mal adquirido do fruto da árvore que estava no meio do jardim. Não é o comportamento reprovável segundo a moral humana que torna alguém pecador, e sim, o fato de a morte, condenação decorrente da ofensa de Adão, ter alcançado todos os seus descendentes.
“Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” (Romanos 5:12).
Para compreender a natureza do pecado, é fundamental entender que ele é uma condição herdada de Adão, consequência da morte que se estendeu a todos os seus descendentes. Todos pecaram não por causa de um comportamento reprovável, mas porque a morte, resultado da transgressão de Adão, alcançou a todos.
Embora seja impossível identificar visualmente quem é nascido de novo, é possível reconhecê-lo pelo fruto que produz. Se alguém está ligado à oliveira verdadeira, que é Cristo, produzirá o fruto dos lábios que confessam Jesus como o Cristo (Hebreus 13:15).
É pelo fruto que se identifica uma árvore; assim, pelo fruto dos lábios – expressão de um coração onde germinou a semente incorruptível – é possível discernir se alguém é nascido da verdade do evangelho. Não é a simples cessação de práticas como fumar, beber ou mentir que prova o novo nascimento; antes, o verdadeiro nascido do Espírito é aquele que professa segundo as palavras de Cristo, que são espírito e vida.
Alimentação de um nascido de novo
Quando uma pessoa é gerada de novo pelo evangelho, a semente divina, surge uma nova criatura, nascida em verdadeira justiça e santidade (Efésios 4:24). Esse novo ser se alimenta da Palavra de Deus para crescer em conhecimento, recebendo o que a Bíblia chama de “leite racional” (1 Pedro 2:2).
Esse leite espiritual é essencial para os recém-nascidos em Cristo, mas com o tempo, é necessário que avancem dos princípios básicos do evangelho para o “alimento sólido” (Hebreus 5:12). Os que permanecem imaturos precisam continuar no leite, mas o ideal é que o cristão seja nutrido com alimento sólido, capaz de desenvolver a capacidade de discernir o bem e o mal.
“Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis,” (1 Coríntios 3:2);
“Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal.” (Hebreus 5:14).
O amadurecimento espiritual exige que o cristão se aprofunde na verdade do evangelho, tornando-se experiente na Palavra. Aqueles que alcançam esse nível são descritos como “perfeitos” ou maduros, pois não tropeçam nas questões do evangelho (Tiago 3:2). Ser experimentado na Palavra implica manejar bem a verdade, com capacidade para exortar e convencer, como Paulo exorta em 2 Timóteo 2:15. É estar apto para dar as razões (explicar) da sua fé .
“Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes.” (Tito 1:9);
“Antes, santificai ao SENHOR Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós,” (1 Pedro 3:15).
Vale ressaltar que a justiça e a santidade dos nascidos de novo não dependem de seu conhecimento da Palavra. Um justo é justo pela fé em Cristo e pelo novo nascimento; a posição diante de Deus é plena e completa. A perfeição, no contexto bíblico, refere-se à maturidade na fé e no conhecimento. Não são os justos que brilham mais e mais, e sim a vereda na qual eles estão. É a vereda do justo que se compara à luz da aurora, que cresce e brilha até alcançar a plena luminosidade.
“Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” (Provérbios 4:18).
“E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.” (Mateus 7:14).
Os salvos em Cristo são luz e concitados a andarem como filhos da luz, pois Deus é luz e n’Ele não há trevas (Efésios 5:8; 1 João 1:5). Como membros da família de Deus, os salvos são feitos filhos e herdeiros da promessa (Mateus 12:50; 1 João 3:1-2; Filipenses 2:15; Gálatas 3:26), vivendo uma nova identidade em Cristo, que reflete a santidade e a justiça herdadas através do novo nascimento.
“Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no SENHOR; andai como filhos da luz.” (Efésios 5:8);
“E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas.” (1 João 1:5).
O Novo nascimento só ocorre após ouvir e crer
Quando uma pessoa ouve o evangelho e crê, ela passa a estar “em Cristo”, ou seja, torna-se uma nova criatura. Estar em Cristo significa participar do evangelho, e esse novo nascimento só é possível através da fé na palavra da verdade. Em outras palavras, ser uma nova criatura é, por definição, estar em Cristo, e isso só é possível ao tornar-se participante do evangelho.
“Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.” (Efésios 1:13);
“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2 Coríntios 5:17);
“PORTANTO, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” (Romanos 8:1).
O poder para a salvação de todo aquele que crê está na palavra do evangelho. Como a mensagem do evangelho é fiel e digna de toda aceitação, refletindo a virtude daquele que chama pecadores das trevas para a sua maravilhosa luz, resta aos que ouvem a pregação da fé crerem em Deus por meio de Cristo.
“Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.” (1 Timóteo 1:15);
“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;” (1 Pedro 2:9).
A fé graciosa pela qual os homens são salvos refere-se à pregação da fé, também chamada de Espírito, o dom de Deus. O evangelho é o espírito prometido que foi derramado sobre toda a carne (Joel 2:28). Assim, os salvos são ministros do espírito, capacitados para transmitir a verdade (2 Coríntios 3:6).
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” (Efésios 2:8).
É através da pregação do evangelho, uma palavra fiel que revela as virtudes de Cristo, que a confiança é gerada no coração do crente. O Espírito Santo guia à verdade, mas não é Ele quem atrai o homem a Cristo – essa atração é feita pelo próprio evangelho. Jesus afirmou: “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.” (João 12:32), indicando que a mensagem da cruz é o que atrai os homens a Cristo, que é o único mediador entre Deus e a humanidade.
Embora o Espírito Santo convença o mundo do pecado, da justiça e do juízo, esse convencimento ocorre por meio da mensagem do evangelho (João 16:8-11).
A bem-aventurança prometida por meio do descendente de Abraão, que é Cristo, alcança todas as famílias da terra. Essa promessa, anunciada primeiramente a Abraão, torna-se acessível aos gentios e os torna co-herdeiros pela fé.
“A saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho;” (Efésios 3:6)
O novo nascimento não implica em receber uma nova vida “implantada”, mas sim, em tornar-se um novo ser com uma nova natureza e uma nova condição. Assim como Adão morreu após a ofensa, o novo nascimento significa que uma nova vida vem ao mundo – não uma simples transformação interna, mas a criação de um novo ser em verdadeira justiça e santidade. Assim como Adão morreu após a ofensa – isto é, não foi gerada uma morte nele, mas ele passou a uma nova condição –, quando o homem é gerado de novo, uma nova vida é trazida ao mundo, e não simplesmente implantada em alguém que estava morto.
A Bíblia não fala de uma nova vida infundida, mas da necessidade de nascer de novo, ser criado novamente em verdadeira justiça e santidade. Esse novo nascimento ocorre através da circuncisão do coração, um ato espiritual em que o homem se despoja do corpo carnal, lançando fora a natureza pecaminosa e sendo sepultado com Cristo. Essa “circuncisão de Cristo” é mais do que uma remoção de comportamento ou moral; é um sepultamento do corpo que pertence ao pecado.
Como nascer de novo? Basta circuncidar o prepúcio do coração! Na circuncisão do coração, o homem se despoja do corpo carnal, ou seja, lança fora a natureza que o vincula ao pecado. A circuncisão de Cristo, operada por Deus, não se limita a remover o prepúcio da carne, mas consiste em lançar fora o corpo do pecado, sepultando-o com Cristo.
Assim, o corpo do pecado é destruído pela morte em Cristo, justificando o homem e libertando-o do domínio do pecado. Esse novo homem é criado da mesma massa que teve origem em Adão, mas com um novo coração e espírito, transformado em um vaso para honra.
“Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?” (Romanos 9:21).
Assim, o novo nascimento é uma obra completa de criação, em que o velho é removido e o novo é trazido à existência – um novo ser, livre da condenação e participante da natureza divina em Cristo.
Como nascer de novo?
Contrariando a ideia de que não se deve ensinar como nascer de novo, tanto os apóstolos quanto Jesus explicaram claramente o caminho para a salvação:
“E, tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar? E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa. E lhe pregavam a palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua casa.” (Atos 16:30-32).
“Disseram-lhe, pois: Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou.” (João 6:28-29).
Ensinar como alguém pode ser salvo é orientar a pessoa a ir a Cristo, pois Ele é o único capaz de salvar. A ordem é clara: “Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz.” (Deuteronômio 10:16). Porém, como o homem não pode realizar essa circuncisão no coração por si só, ele precisa descansar em Deus, que realiza essa obra:
“E o SENHOR teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao SENHOR teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas.” (Deuteronômio 30:6).
Para nascer de novo, o primeiro passo é, ao ouvir o evangelho, mudar de entendimento sobre como ser salvo (arrependimento) e crer em Cristo. O evangelho revela ao pecador sua condição sob o domínio do pecado e conduz à metanoia (mudança de mente) para aqueles que não endurecem o coração, levando-os a crer que Jesus é o Senhor.
“E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho.” (Marcos 1:15).
Para nascer de novo, o primeiro passo é, ao ouvir o evangelho, mudar de entendimento sobre como ser salvo (arrependimento) e crer em Cristo. O evangelho revela ao pecador sua condição sob o domínio do pecado e conduz à metanoia (mudança de mente) para aqueles que não endurecem o coração, levando-os a crer que Jesus é o Senhor.
“Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.” (Mateus 4:17).
O novo nascimento é uma obra criativa de Deus, trazendo à existência uma nova criatura, e não apenas uma infusão de nova vida em um ser morto. Ao crer no evangelho, que é o poder de Deus, o homem é gerado de novo por Deus.
Assim como Adão não pôde se separar de Deus sem desobedecer ao mandamento, e o pecado usou o mandamento para produzir a morte (pois a força do pecado é o mandamento – 1 Coríntios 15:56), de igual modo, o homem é chamado a confiar no evangelho de Cristo, que é o mandamento para a vida, pois o poder para a salvação está no evangelho.
O primeiro passo, portanto, é a pregação da fé, pois é impossível crer sem ouvir a mensagem de Cristo. Cristo, a manifestação da fé, veio primeiro, e é pela sua fidelidade e dignidade que o arrependimento e a fé surgem, e assim Deus realiza o novo nascimento.
“Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas.” (Romanos 10:14-15).
Primeiro vem a fé, a palavra de Deus, que é Cristo, o dom de Deus. Aqueles que creem na fé revelada são, então, gerados de novo em Cristo. Essa fé inicial é personificada em Cristo, e cabe ao homem crer em resposta à sua virtude e verdade.
“Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar.” (Gálatas 3:23).
“No entanto, se somos fiéis à Palavra de Deus, temos de reconhecer que não podemos ensinar a alguém como nascer de novo. Isso era o que os apóstolos de Cristo não faziam, quando evangelizavam. Eles nunca chegavam em uma cidade e anunciavam que o tema do sermão daquele dia seria “Como Nascer de Novo”. Pelo contrário, eles exortavam as pessoas a se converterem de seus pecados e crerem em Cristo.” Joe Nsom, O novo Nascimento. Disponível em: https://ministeriofiel.com.br/artigos/o-novo-nascimento/ Acesso em: 07 nov. 24.