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Como salvar a minha família?

Como o carcereiro queria ser salvo e que a sua família também fosse salva, o apóstolo Paulo teve que pregar para o carcereiro e para todos os seus parentes. Isso demonstra que é impossível crer em Cristo sem ouvir a mensagem do evangelho.


Como salvar a minha família?

“E, tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar? E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.” (Atos 16:30-31).

Introdução

Como posso assegurar a salvação da minha família? A resposta comumente fornecida muitas vezes remete às palavras do apóstolo Paulo ao carcereiro na cidade de Filipos, onde ele e Silas estiveram detidos.

Será suficiente crer em Cristo para que os familiares daquele que crê também sejam salvos? A resposta é negativa. A salvação é uma escolha pessoal diante da mensagem do evangelho e não se estende automaticamente aos membros da família.

Para garantir a salvação de um familiar, é necessário seguir o exemplo do apóstolo Paulo e Silas: proclamar o evangelho aos parentes do carcereiro.

“E lhe pregavam a palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua casa” (Atos 16:32).

Assim como o apóstolo Paulo anunciou o evangelho para que o carcereiro fosse salvo, pois o evangelho é o poder de Deus para a salvação de quem crê, da mesma forma, para que a família do carcereiro fosse salva, o apóstolo também proclamou o evangelho a todos que estavam na residência do carcereiro.

A partir desses três versículos, podemos extrair uma valiosa lição sobre a salvação, que é uma decisão individual em resposta à mensagem do evangelho.

 

Há na Bíblia uma promessa para a família?

Na Bíblia, não encontramos uma promessa específica relacionada à conversão dos familiares de alguém que se converte a Cristo. A decisão de aceitar Cristo como Salvador não garante automaticamente a conversão dos familiares, pois crer em Cristo é uma escolha individual.

A única promessa na Bíblia que menciona o termo “famílias” está no Livro de Gênesis:

“E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gênesis 12:3).

Essa bênção é direcionada a todas as nações, tribos e línguas da terra, demonstrando que a graça de Deus é universal, buscando alcançar toda a humanidade, sem distinção.

O descendente prometido a Abraão é um reflexo do amor de Deus concedido à humanidade. No entanto, a decisão de aceitar essa graça é uma escolha pessoal que cada indivíduo deve fazer ao crer no enviado de Deus. A fé na mensagem do evangelho é uma decisão individual e não confere automaticamente a salvação aos familiares. Cada pessoa deve, por sua própria vontade, escolher crer na mensagem redentora.

 

O episódio de Paulo e Silas na prisão

O evangelista Lucas registrou um episódio marcante em que o apóstolo Paulo e Silas, enquanto estavam na prisão, experimentaram um evento sobrenatural. Enquanto entoavam cânticos, um terremoto ocorreu, fazendo com que as correntes se soltassem e as portas da prisão se abrissem, permitindo a possível fuga dos detentos. O carcereiro, que estava dormindo, ao perceber os portões abertos, presumiu que os prisioneiros haviam escapado, entrando em desespero e considerando a possibilidade de enfrentar as consequências severas do estado. Antes que ele pudesse tomar uma decisão drástica, o apóstolo Paulo interveio, assegurando-lhe que ninguém havia fugido.

Ao acender a luz, o carcereiro viu que todos os prisioneiros estavam presentes, levando-o a prostrar-se diante de Paulo e Silas. O carcereiro retirou Paulo e Silas da prisão e, do lado de fora, formulou uma pergunta crucial:

“Senhores, que devo fazer para ser salvo?” (Atos 16:30).

Essa indagação é de importância fundamental para toda a humanidade: O que é necessário para alcançar a salvação? Esta pergunta é eminentemente pessoal, exigindo que cada indivíduo se autoquestione e tome uma decisão a respeito da proposta do evangelho.

 

Salvação da condenação é a temática do evangelho

Ao ouvir o apóstolo Paulo e Silas orando e entoando cânticos durante parte da noite antes de adormecer, o carcereiro percebeu que a salvação transcendia as preocupações terrenas. Seu interesse na salvação não estava relacionado a prognósticos para sua vida neste mundo. Ele percebeu que a salvação não prometia uma reviravolta em sua situação financeira, familiar ou profissional, mas sim uma transformação radical diante de Deus: ser resgatado do domínio das trevas e transferido para o reino do Filho de Deus (Colossenses 1:13).

É comum que muitas pessoas busquem uma igreja em busca de orientação sobre como se libertar de vícios, superar doenças, quitar dívidas ou aprimorar suas vidas amorosas, financeiras e profissionais. No entanto, a temática do evangelho vai além dessas preocupações imediatas, apresentando uma esperança celestial e futura. A mensagem do evangelho não se limita a soluções temporais, antes oferece uma esperança celestial e futura.

“E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna.” (1 João 2:25).

A resposta de Paulo e Silas encapsula a essência da promessa de Jesus. Eles explicaram ao carcereiro que, ao crer em Cristo como o Filho do Deus bendito, ele seria salvo da condenação do pecado. Essa afirmação reflete a promessa central do Evangelho, que é a salvação através da fé em Jesus Cristo como Salvador e Redentor. Ao aceitar a obra redentora de Cristo, o indivíduo encontra perdão e libertação do pecado, experimentando a promessa da vida eterna que Jesus oferece aos que creem Nele.

 “Eles responderam: — Creia no Senhor Jesus e você será salvo — você e toda a sua casa.” (Atos 16:31).

 

O que fazer por sua casa?

Alcançar os parentes que ainda estão perdidos não se resume apenas a crer em Cristo pessoalmente; é necessário compartilhar a mensagem do evangelho com eles. A crença individual não se estende automaticamente aos familiares, e nem os seus efeitos. O exemplo do apóstolo Paulo e Silas, ao pregarem a palavra de Deus ao carcereiro e a todos os membros de sua casa, destaca a importância de comunicar ativamente a mensagem do evangelho para que o evangelho (fé) possa ser implantado nos corações daqueles que ainda não conhecem a Cristo.

Portanto, não é suficiente confiar apenas na crença pessoal, orações ou jejuns, de que os familiares serão salvos, embora essas práticas tenha o seu devido valor. A ação direta de compartilhar a palavra de Deus é fundamental para que a mensagem redentora alcance os corações e as vidas dos familiares. Isso ressalta a necessidade de proatividade na propagação do evangelho para que aqueles ao nosso redor tenham a oportunidade de ouvir e responder à mensagem transformadora de Cristo.

“E pregaram a palavra de Deus ao carcereiro e a todos os que faziam parte da casa dele.” (Atos 16:32).

Como o carcereiro queria ser salvo e que a sua família também fosse salva, o apóstolo Paulo teve que pregar para o carcereiro e para todos os seus parentes. Isso demonstra que é impossível crer em Cristo sem ouvir a mensagem do evangelho.

“Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?” (Romanos 10:14).

A narrativa do carcereiro em Atos 16 destaca a essencialidade da pregação do evangelho para o exercício da crença em Cristo. O apóstolo Paulo não apenas respondeu à pergunta do carcereiro sobre a salvação, mas também proativamente compartilhou a mensagem de Deus não apenas com o carcereiro, mas com toda a sua família.

Esse episódio ressalta a ideia fundamental de que a fé em Cristo só é possível através da exposição à mensagem do evangelho. A pregação é o meio pelo qual as pessoas têm a oportunidade de ouvir sobre Cristo, compreender Sua obra redentora e, assim, fazer uma escolha consciente de crer Nele. Portanto, a importância de compartilhar ativamente o evangelho é destacada, pois a crença em Cristo se dá unicamente com a exposição à Sua mensagem transformadora.

O miraculoso evento em que todos os presos permaneceram na prisão, apesar do grande terremoto que abriu todas as portas e soltou os detentos, não constitui, por si só, um caminho para a salvação (Atos 16:25-27). Crer no extraordinário, no impossível, ou na existência de Deus não garante a redenção.

O interesse do carcereiro na salvação foi despertado pelas orações e cânticos de Paulo e Silas, que ecoaram por toda a prisão. Contudo, para que o carcereiro pudesse experimentar a salvação, era necessário que ele ouvisse a palavra do evangelho, a semente incorruptível que dá origem a novas criaturas (1 Pedro 1:3, 23-25).

O carcereiro e sua família eram capazes de ouvir a mensagem salvadora, e Paulo e Silas se dedicaram à pregação, possibilitando ao carcereiro e a seus familiares crerem em Cristo como o enviado de Deus e Salvador do mundo (Isaías 55:3).

A pregação do evangelho é crucial para a salvação, pois Deus escolheu salvar os crentes por meio dessa mensagem, que é o poder divino para a redenção de todos que creem (Romanos 1:17; Efésios 1:13; 1 Coríntios 1:18, 23). Conforme expresso por Paulo:

“Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu mediante a sabedoria humana, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação” (1 Coríntios 1:21).

Se almeja a salvação de sua família, é crucial que seus parentes ouçam o evangelho. Não basta apenas orar pela salvação deles; é imperativo proclamar o evangelho. Uma oração eficaz pela redenção de seus familiares é pedir a Deus que lhes conceda a oportunidade de ouvir alguém que torne manifesto o mistério do evangelho, conforme enfatizou o apóstolo Paulo.

“Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos, e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho” (Efésios 6:18-19).

 

Conhecer o evangelho

Pregar o evangelho requer um entendimento profundo e abrangente do próprio evangelho. Ir além das expressões superficiais, como “Jesus te ama” ou “Jesus salva”, é crucial para comunicar de maneira eficaz a mensagem redentora de Cristo.

Anunciar o evangelho envolve expor a narrativa completa e substancial. Isso inclui abordar profecias que antecederam a vinda de Cristo, como seu nascimento na linhagem de Davi e sua concepção virginal. Além disso, é importante destacar que Cristo proclamou boas novas de salvação, identificando-se como o caminho, a verdade e a vida. A ênfase na morte e ressurreição de Cristo, bem como sua posição assentado à direita de Deus, é central para a compreensão da redenção.

Além disso, é crucial transmitir que a resposta ao evangelho é intelectual, pois envolve uma aceitação pessoal da mensagem como verdade. Crer com o coração, que representa a totalidade da mente, e confessar com a boca são componentes significativos da experiência do crente.

Portanto, ao compartilhar o evangelho, é imperativo oferecer uma mensagem abrangente e fundamentada, fornecendo uma compreensão profunda da obra redentora de Cristo e incentivando uma resposta pessoal e sincera por parte daqueles que ouvem.

“Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, a saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido.” (Romanos 10:8-11).

 

Como meus parentes serão salvos, se Jesus veio trazer divisão

“Vocês pensam que vim para dar paz à terra? Eu afirmo a vocês que não; pelo contrário, vim para trazer divisão. Porque, daqui em diante, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois e dois contra três. Estarão divididos: pai contra filho, filho contra pai; mãe contra filha, filha contra mãe; sogra contra nora e nora contra sogra.” (Lucas 12:51-53).

A abordagem de Jesus registrada pelo evangelista Lucas no capítulo 12, verso 51 a 52 tem por alvo os judeus, e não os gentios. Jesus veio inicialmente para Seu próprio povo, os judeus, cumprindo as promessas e profecias do Antigo Testamento relacionadas ao Messias.

A divisão profetizada por Jesus se manifestou entre os judeus, inclusive dentro de suas próprias famílias. A reação e aceitação da missão de Jesus variaram, gerando divisões mesmo entre parentes próximos. Essa dinâmica é enfatizada no relato bíblico, onde até mesmo a mãe e os irmãos de Jesus experimentaram divergências em relação à Sua missão e identidade como o Messias.

Essa divisão entre familiares e a resistência à mensagem de Jesus por parte de alguns judeus refletem as complexidades e desafios enfrentados durante Seu ministério terreno. A compreensão desse contexto histórico e cultural enriquece a interpretação das palavras e ações de Jesus, destacando a tensão e o conflito presentes em Sua mensagem revolucionária.

“Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai daqui, e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. Porque nem mesmo seus irmãos criam nele.” (João 7:3-5);

“E foram para uma casa. E afluiu outra vez a multidão, de tal maneira que nem sequer podiam comer pão. E, quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si. E os escribas, que tinham descido de Jerusalém, diziam: Tem Belzebu, e pelo príncipe dos demônios expulsa os demônios.” (Marcos 3:20-22).

As dissensões entre os judeus surgiram em relação à identidade e missão de Jesus. As perguntas fundamentais sobre a natureza de Cristo, sua posição como o Filho de Davi, o Filho de Deus, e sua função como Salvador do mundo eram questões cruciais que provocavam divisões e debates dentro da comunidade judaica.

A ênfase em consultar as Escrituras, e não os amigos, familiares e líderes, como mencionado em Miquéias 7:5, destaca a importância de basear as crenças não apenas em tradições, opiniões pessoais ou relacionamentos familiares, mas na autoridade das Escrituras. Este apelo à busca nas Escrituras é consistente com o ensinamento de Jesus sobre a importância de discernir e compreender as profecias messiânicas e as Escrituras do Antigo Testamento que apontam para Ele.

“Não creiais no amigo, nem confieis no vosso guia; daquela que repousa no teu seio, guarda as portas da tua boca.” (Miquéias 7:5).

A referência à necessidade de abandonar pai e mãe para ser digno de Cristo enfatiza a prioridade de seguir a verdade revelada, mesmo que isso envolva desafiar tradições e mandamentos humanos. O exemplo de Abraão, que deixou sua terra e parentes para obedecer a Deus, serve como um modelo de crença e obediência para os judeus que buscavam uma relação genuína com Deus.

Em suma, é importantíssimo fundamentar a fé (crença) na verdade revelada nas Escrituras e a disposição de abandonar tradições humanas para seguir a Cristo, princípios fundamentais na narrativa bíblica.

É nesse contexto que qualquer que não abandonasse pai e mãe não seria digno de Cristo, ou seja, deveriam abandonar as tradições e mandamentos de homens herdados dos pais se quisessem alcançar a Cristo. Abraão, o pai da fé abandonou seus familiares para obedecer a Deus, e os judeus, para ter a mesma fé que Abraão, crer no descendente prometido, teria que abrir mão de suas crenças.

“E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo,” (Filipenses 3:8);

“Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.” (Mateus 10:37).

Por amarem mais ao pai e à mãe é que os judeus não receberam a Cristo:

“Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.” (João 1:10-11).

Já, dos gentios, é isto que as Escrituras afirmam:

“E Isaías ousadamente diz: Fui achado pelos que não me buscavam, fui manifestado aos que por mim não perguntavam.” (Romanos 10:20).

O cenário de divergência entre os membros da família, conforme consta da profecia, restringe-se aos judeus; entretanto, com relação aos gentios, qualquer pessoa que crer em Cristo pode ter seus familiares salvos, desde que faça uma exposição bíblica sólida da mensagem do evangelho aos seus parentes. Quando alguém aceita Jesus, toda a família e até os amigos são impactados, mas isso não implica que todos serão salvos. A mensagem do evangelho é impactante, pois evidencia Cristo ao mundo como o Filho de Deus, por meio do qual os homens são salvos.

Embora haja uma divergência de pensamento entre cristãos e não cristãos, visto que estes acreditam que a salvação decorre da moral e boas ações, enquanto aqueles creem que a salvação se dá por meio da fé em Cristo, não é sobre essa divisão que as Escrituras tratam. Ao ler as Escrituras, não podemos esquecer que:

“Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz…” (Romanos 3:19).

A salvação é uma decisão pessoal, e Deus não a impõe. Ele deseja que todos se salvem e venham ao conhecimento da verdade, mas são poucos que conhecem a verdade, ou seja, ouvem o evangelho, creem e são salvos (1 Timóteo 2:4).

 

Evangelho, a semente

Os familiares dos cristãos não se convertem automaticamente. Para a salvação, é necessário ouvir o evangelho, a semente incorruptível, e crer. O arrependimento bíblico decorre do evangelho, pois Cristo é o motivo do arrependimento.

“Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.” (Mateus 4:17).

O arrependimento bíblico é mudança de entendimento acerca de uma matéria, tradução do termo grego metanoia. A chegada de Cristo, o reino dos céus, é o motivo do arrependimento, e crer n’Ele e o resultado desse arrependimento.

“E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho.” (Marcos 1:15).

Crer em Cristo é evidencia da mudança de compreensão operada pelo evangelho.

Aquele que ouve o evangelho e compreende que Jesus de Nazaré é o Cristo é aquele que se arrepende. Se essa pessoa crê com o coração que Deus ressuscitou a Cristo dentre os mortos e confessa que Jesus é o Filho de Deus, está produzindo o fruto digno de arrependimento, o fruto dos lábios que confessam o seu nome (Romanos 10:9; Hebreus 13:15).

A confissão é evidência do arrependimento e, simultaneamente, é a semente que propicia salvação aos que ouvem.

“Mas, o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.” (Mateus 13:23).

É crucial ressaltar a verdade sobre o arrependimento, uma vez que muitos erroneamente interpretam que se trata apenas de uma mudança de comportamento. Os ouvintes de João Batista eram homens religiosos e mantinham um comportamento que a sociedade considerava correto, a ponto de serem tidos por justos (Mateus 23:28).

O que denunciou os escribas e fariseus que vieram ao batismo de João não foi o comportamento em si, mas o fruto (o que sai pela boca), pois continuavam a afirmar que tinham por pai a Abraão, sem reconhecerem que o Cristo estava próximo.

A verdadeira mudança de comportamento só se configura como arrependimento quando decorre de uma transformação na compreensão. Um exemplo é a prática dos judeus de lavar as mãos antes de comerem, acreditando que esse gesto purificava, enquanto, à luz do evangelho, a verdadeira purificação vem de Cristo. Assim, lavar as mãos por razões sanitárias é louvável, mas nunca deve adquirir uma conotação ritualística de purificação. Se persistir a prática ritualística de lavar as mãos para se purificar, tem-se uma evidência de que o arrependimento (metanoia) de fato não ocorreu.

 

Embaixadores de Deus

A função do cristão é tornar conhecidas as virtudes de Cristo, ou seja, propagar a mensagem da cruz. Para que a salvação aconteça, os familiares do cristão precisam ouvir o mesmo evangelho que foi anunciado pelos apóstolos e profetas.

“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;” (Efésios 2:20).

O fundamento do evangelho é Cristo e ninguém pode propor outro fundamento.

“De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.” (2 Coríntios 5:20).

Um embaixador tem autorização para falar apenas o que lhe foi confiado; portanto, intenções, considerações e valores pessoais não devem ser incluídos na mensagem. Nem mesmo Cristo estava autorizado a complementar a mensagem do Pai com questões e impressões pessoais, como Ele mesmo disse:

“E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito.” (João 12:50).

Há alguma recomendação para o cristão que deseja que o seu familiar seja salvo?

Sim, há algumas recomendações que se baseiam em certas premissas importantes.

Primeiramente, desejar que seu familiar seja salvo é alinhar-se com a vontade de Deus, que quer que todos os homens se salvem (1 Timóteo 2:4).

É fundamental compreender que você não pode salvar seu parente, e seu parente também não pode salvar a si mesmo; no entanto, o que é impossível aos homens é possível para Deus (Marcos 10:27).

Considerando que a graça de Deus em Cristo se manifesta trazendo salvação a todos os homens, é certo que seu familiar é alvo da graça de Deus.

“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens,” (Tito 2:11).

A única coisa que seu familiar precisa é ouvir a mensagem do evangelho e crer em Cristo como o enviado de Deus. Nesse sentido, todo o seu esforço deve se concentrar no anúncio do evangelho.

Se você tem conhecimento de que tudo o que pedimos segundo a vontade de Deus, Ele ouve, e é da vontade d’Ele salvar os homens, e que aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação, então seus esforços e intercessões devem ser específicos.

 

Intercessão e comportamento

A intercessão que você fará pelo seu familiar deve ser a mesma feita por todos os demais homens:

“Antes de tudo, peço que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças em favor de todas as pessoas. Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade;” (1 Timóteo 2:1-2).

Se você é um crente em Cristo, suas intercessões não podem ter preferência e devem abranger tanto judeus quanto gentios, pois Cristo não considera ninguém como comum ou impuro.

“E disse-lhes: Vós bem sabeis que não é lícito a um homem judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem chame comum ou imundo.” (Atos 10:28).

Nesse sentido, o evangelho se destina a todos os homens, independentemente de nacionalidade, origem, classe social, gênero, costume, moral, comportamento, caráter, etc. Todos podem se tornar filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.

Como cristão, você deve orar por outros cristãos e pedir a Deus, em nome de Jesus, que conceda confiança e intrepidez para anunciar o evangelho de Cristo.

“Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos, e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho” (Efésios 6:18-19).

Para adquirir essa intrepidez, é necessário manejar bem a palavra da verdade. Portanto, ao estudar a palavra de Deus, é necessário rogar a Deus por plena compreensão e que conheça a dimensão do amor de Deus (Efésios 3:18-19).

É essencial orar para que Deus conceda as oportunidades necessárias para falar de Cristo. Discutir sobre Cristo requer uma exposição, e é preciso ter disponibilidade de tempo tanto para o evangelista quanto para o evangelizado.

“Orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso;” (Colossenses 4:3).

O evangelho é alimento queda vida, e a exposição do cristão é o sal, que torna a mensagem palatável. Um exemplo disso temos em Cristo ao evangelizar a mulher samaritana e Nicodemos.

A intercessão não implica que Deus precise das orações de Seus servos para agir, nem sugere uma batalha entre a luz e as trevas que exija imprecações. Não! A intercessão a Deus é uma expressão da confiança, indicando a plena certeza de que Deus é poderoso para salvar.

A guerra que o cristão deve travar é em defesa da verdade do evangelho, expondo-a e refutando as falsas doutrinas (Filipenses 1:27; Judas 1:23). Essa batalha não é vencida através da oração, mas sim ao se revestir da armadura de Deus, ou seja, o evangelho.

“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” (Colossenses 4:6).

O evangelho anunciado a Nicodemos e à samaritana é o mesmo; o que difere é a forma de exposição. A exposição de Jesus não negou a água viva a uma mulher moralmente reprovável, mas desafiou um mestre da lei, evidenciando que, por meio de sua religião e conduta, ele não alcançaria o reino dos céus.

Aquele que semeia deve cuidar do solo, observando que a semente pode cair em vários tipos de terrenos. É crucial ter plena consciência de que a compreensão da mensagem é essencial para a salvação (Mateus 13:23).

Por fim, é importante destacar que um bom testemunho por si só não promove a salvação; apenas o evangelho de Cristo salva. Em outras palavras, um bom comportamento, no máximo, constitui um atrativo, um ornamento, assim como um perfume.

“Exorta os servos a que se sujeitem a seus senhores, e em tudo agradem, não contradizendo, não defraudando, antes mostrando toda a boa lealdade, para que em tudo sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador.” (Tito 2:9-10).

A exortar os escravos que se tornaram cristãos, o apóstolo Paulo exortou a que fossem sujeitos aos seus senhores em tudo, não contradizendo ou defraudando, pois se assim fizessem, seriam ornamentos à doutrina do evangelho.

O evangelho de Cristo não é uma filosofia ou religião, mas muitas pessoas não crentes o percebem como um sistema doutrinário que busca moldar o caráter e ditar a moral de seus seguidores. Devido a essa concepção comum, o cristão deve ter como objetivo viver honestamente em todas as situações, embora isso seja algo desafiador devido ao contexto cultural e social do mundo (Hebreus 13:18).

Nesse sentido, ao buscar agradar aos judeus, pode enfrentar resistência dos gregos. Se viver de acordo com os padrões romanos, pode desagradar aos bárbaros. Assim, a busca do cristão é procurar ser honesto em todas as circunstâncias.

Ao exortar os escravos que se tornaram cristãos, o apóstolo Paulo instruiu que fossem sujeitos a seus senhores em tudo, evitando insubordinações ou fraudes, pois agir assim seria um testemunho exemplar da doutrina do evangelho.

Qual é o motivo desse pedido? Os judeus, quando servos, muitas vezes eram rebeldes e insubmissos. Um comportamento semelhante por parte de um servo cristão poderia levar os senhores de escravos a pensar que o servo cristão estava simplesmente seguindo uma vertente do judaísmo, e não a doutrina de Cristo.

É comum as pessoas entenderem que andar dignamente conforme o evangelho se refere apenas a questões de ordem legal ou moral. No entanto, a proposta do evangelho é mais ampla. Aquele que anda dignamente conforme o evangelho, seja judeu ou gentio, não faz acepção de pessoas com relação aos membros do corpo de Cristo, nem ao anunciar o evangelho. Não se submete à circuncisão segundo o rito de Moisés, nem observa dias, luas, sábados, festas, etc.

“Para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus;” (Colossenses 1:10);

“Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo” (Filipenses 1:27).

O cristão deve adotar um comportamento no mínimo equiparado ao do homem mediano da sociedade na qual está inserido. A ênfase deve ser em não criar empecilhos para o anúncio do evangelho, pois é sabido que todos os cristãos tropeçam em muitas coisas (Tiago 3:2), daí o anseio para se portar honestamente em tudo (Hebreus 13:18).

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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