Salvação

Crente mal educado é falta de graça?

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A graça de Deus, manifestada para trazer salvação a todos os homens, oferece um ensinamento específico que se alinha as questões tratadas no contexto da epístola, e não em questões comportamentais e de caráter segundo a moral.


Crente mal educado é falta de graça?

“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente,…” (Tito 2:11 -12).

 

Introdução

Tive acesso a um trecho de uma aula em um vídeo divulgado nas redes sociais, onde um teólogo afirma categoricamente que um crente mal educado não desfruta da graça. A conclusão incisiva do mestre em teologia se baseia em dois versículos encontrados na epístola do apóstolo Paulo a Tito.

Ele argumenta que, se a graça de Deus realmente ensina e educa, então um cristão fofoqueiro, falastrão, mal educado, brigão, entre outros comportamentos, na verdade não foi ensinado pela graça. Durante a exposição, ele enfatiza que esses comportamentos são indicativos da ausência da graça na vida do cristão.

A questão central é: essa exposição está alinhada com as Escrituras?

 

A graça de Deus manifesta

É comum os teólogos definirem “graça” como favor imerecido, pois analisam a graça do ponto de vista daquilo que o homem recebe, ou seja, um favor ou benevolência que os seres humanos não merecem. No entanto, essa é a abordagem paulina? Não.

O apóstolo Paulo aborda a graça a partir daquilo que é concedido por Deus, sem destacar qualquer nuance do ser humano. O destaque dado pelo apóstolo dos gentios está na dádiva concedida, e não se há ou não mérito por parte de quem irá receber.

“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens…” (Tito 2:11).

Na exposição paulina, a graça de Deus é descrita como manifesta e salvadora. Considerando que Cristo é o Verbo encarnado, manifesto na plenitude dos tempos, e que somente Nele há salvação, podemos concluir que a graça de Deus é, de fato, Cristo.

“E Isaías ousadamente diz: Fui achado pelos que não me buscavam, fui manifestado aos que por mim não perguntavam.” (Romanos 10:20);

“O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos;” (Colossenses 1:26).

Na verdade, ao abordar a graça no capítulo 2, o apóstolo volta a destacar o que foi dito na saudação e no prefácio da carta a Tito:

“PAULO, servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus, e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade, Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos; Mas a seu tempo manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador;” (Tito 1:1-3).

Desta forma, é possível parafrasear o versículo 11 do capítulo 2 da epístola a Tito, tomando por base o prefácio da mesma carta da seguinte forma:

“Porque a palavra de Deus se há manifestada, trazendo salvação a todos os homens…”

Ou:

“Mas a seu tempo manifestou a sua graça pela pregação que me foi confiada…”

No contexto da epístola, os termos “graça” e “palavra” são intercambiáveis no significado, e remetem ao seguinte evento: a manifestação da mensagem salvífica de Deus por meio de Cristo. Essa manifestação da graça é também uma manifestação da Palavra, pois é por meio dela que a graça é revelada aos homens, oferecendo-lhes a salvação.

“Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens,…” (Tito 3:4).

A graça de Deus em Cristo ensina algo muito mais fundamental do que simplesmente regras de comportamento moral. Ela ensina que a salvação é alcançada somente através da fé em Cristo Jesus como Salvador, o que difere da ideia de que a graça ensina regras de etiqueta e de convívio social.

No prefácio, a palavra manifesta é o mandamento de Deus, qual seja, que os homens creiam em Cristo Jesus como salvador. O que foi notificado pelas Escrituras dos profetas e manifesto na plenitude dos tempos, refere-se ao mandamento de Deus em Cristo de modo que todos os homens obedeçam ao evangelho (fé). Portanto, a ênfase da graça está na mensagem de salvação por meio de Cristo, e não apenas na correção de comportamentos específicos.

“E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento.” (1 João 3:23);

“Mas que se manifestou agora, e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé;” (Romanos 16:26).

 

O mandamento de Deus versus mandamento de homens

O contexto da epístola do apóstolo Paulo a Tito é fundamental para uma compreensão completa da mensagem que o apóstolo está transmitindo. A epístola é uma carta pastoral com recomendações direcionadas a Tito, um dos filhos do apóstolo, segundo a fé (evangelho) que lhes era comum (Tito 1:4).

O apóstolo viu a necessidade de deixar Tito em Creta, uma região de predominância gentílica, para resolver questões na comunidade cristã local e estabelecer liderança nas igrejas (Tito 1:5).

Ao longo da carta, o apóstolo Paulo descreve as características e qualidades que os presbíteros deveriam possuir para serem comissionados para cuidar das comunidades cristãs. Essas qualidades eram essenciais para o exercício do ministério, sendo a principal delas a firmeza na fiel palavra, que é conforme a doutrina (ensinamento), para admoestar os cristãos com a sã doutrina e convencer aqueles que se opunham à verdade do evangelho (Tito 1:9).

O apóstolo Paulo admoesta Tito com propósito, visando especialmente aqueles que contradiziam o evangelho, incluindo os judaizantes que ensinavam doutrinas contrárias à fé cristã. Os contradizentes do evangelho eram desordenados, faladores, vãos e enganadores, principalmente os da circuncisão. Como esses homens ensinavam o que não convém ao evangelho, e transtornavam casas inteiras, precisavam ser repreendidos para que fossem são na fé (evangelho).

Os cristãos eram orientados a não se deixarem levar por fábulas judaicas ou mandamentos de homens que se desviaram do evangelho. Aqui, claramente se evidencia que os judaizantes estavam à espreita dos cristãos (Tito 1:14).

O apóstolo dos gentios enfatiza que os cristãos foram purificados em Cristo e, portanto, nada deve ser considerado impuro para aqueles que são lavados e regenerados pela palavra. Essa compreensão reflete não apenas uma instrução prática, mas também uma compreensão teológica mais ampla sobre a obra redentora de Cristo e a liberdade encontrada Nele (Tito 1:15).

O apóstolo Pedro já havia compreendido essa verdade após uma visão.

“Mas eu disse: De maneira nenhuma, SENHOR; pois, nunca em minha boca entrou coisa alguma comum ou imunda. Mas a voz respondeu-me do céu segunda vez: Não chames tu comum ao que Deus purificou.” (Atos 11:8).

O problema dos judaizantes não estava relacionado à natureza intrínseca das coisas, mas sim ao estado de sua mente e consciência, que estavam contaminados por suas tradições e interpretações errôneas da lei. Eles viam impureza em muitas coisas que, na verdade, eram puras em si mesmas.

Essa distorção de perspectiva por parte dos judaizantes evidenciava uma falta de compreensão acerca dos desígnios divinos. Isso os levou a rejeitar a verdadeira liberdade que Cristo oferecia, pois estavam relutantes em abandonar sua dependência excessiva em tradições humanas. Sobre essa questão, Jesus enfatizou:

“Nada há, fora do homem, que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai dele isso é que contamina o homem.” (Marcos 7:15).

Os judaizantes seguiam mandamentos de homens e alegavam que conheciam a Deus, mas como não criam em Cristo segundo o mandamento de Deus, negavam a Deus com as suas obras. Essa mesma questão é abordada por Tiago, pois os judaizantes diziam ter fé em Deus (confessavam conhecer a Deus), mas como não obedeciam ao mandamento de Deus, que é crer em Cristo, negavam-no com as obras.

Os judaizantes seguiam os mandamentos de homens e afirmavam ter conhecimento de Deus, mas ao recusarem a crença em Cristo, contrariavam o mandamento divino e negavam Deus por meio de suas obras. Tiago também aborda essa mesma questão, destacando que embora os judaizantes professassem fé em Deus e afirmassem conhecê-Lo, sua recusa em obedecer ao mandamento de crer em Cristo, negavam-No por meio de suas obras.

“Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou.” (João 6:29);

“Depois perguntaram-lhe os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos por lavar? E ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, Mas o seu coração está longe de mim; Em vão, porém, me honram, Ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas.” (Marcos 7:5-8).

 

O que a graça ensina?

A graça de Deus, manifestada para trazer salvação a todos os homens, oferece um ensinamento específico que se alinha as questões tratadas no contexto da epístola, e não em questões comportamentais e de caráter segundo a moral.

A primeira lição desse ensinamento é a renúncia à impiedade e às concupiscências mundanas. Mas será que essas impiedade e concupiscências mundanas estão relacionadas apenas às emoções e sentimentos humanos? Têm a ver com a cultura, a música, o ensino, o trabalho, o lazer e outras áreas seculares da vida? Não necessariamente. Se essas coisas fossem consideradas impiedade e concupiscência mundana, seria necessário que os cristãos fossem retirados do mundo.

“Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou.” (João 17:15-16).

Renunciar à impiedade e às concupiscências mundanas implica em abandonar não apenas as fábulas judaicas e os mandamentos de homens, como também questões frívolas, genealogias e contendas, além de debates sem sentido sobre a lei, pois tais coisas são inúteis e vãs. Inclusive, essa renúncia envolve até mesmo a esperança terrena dos judaizantes, que almejavam a libertação do jugo da servidão imposta pelos romanos, tornando-os avessos a qualquer forma de dominação humana.

Devido a “concupiscência da carne”, os judaizantes recusavam submeter-se às autoridades e rebelavam-se frequentemente contra elas.

“Admoesta-os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam, e estejam preparados para toda a boa obra; Que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens.” (Tito 3:1-2);

“Mas principalmente aqueles que segundo a carne andam em concupiscências de imundícia, e desprezam as autoridades; atrevidos, obstinados, não receando blasfemar das dignidades;” (2 Pedro 2:10);

“Estes são murmuradores, queixosos da sua sorte, andando segundo as suas concupiscências, e cuja boca diz coisas mui arrogantes, admirando as pessoas por causa do interesse. Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo; Os quais vos diziam que nos últimos tempos haveria escarnecedores que andariam segundo as suas ímpias concupiscências. Estes são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito.” (Judas 1:16-19).

Nesse sentido, temos outro alerta sobre os obreiros da circuncisão:

“Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão; Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne. Ainda que também podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu: Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu; Segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo,” (Filipenses 3:2-8).

A mesma abordagem de Judas é feita pelo apóstolo dos gentios:

“Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne.” (Filipenses 3:3);

”Estes são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito.” (Judas 1:19).

As pessoas que provocavam divisões nas comunidades cristãs são descritas como carnais (sensuais), isto porque confiavam na carne. Por outro lado, aqueles que tinham o espírito (evangelho), serviam a Deus através de Novo Testamento e se gloriavam em Cristo.

Mesmo podendo confiar em sua ascendência e na observância das leis rituais (confiar na carne), como ter sido circuncidado ao oitavo dia, ser da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, um hebreu entre hebreus, fariseu e perseguidor da igreja de Cristo, o apóstolo Paulo considerou todas essas conquistas como nada em comparação com o valor de conhecer a Cristo. Nesse sentido, ele renunciou, portanto, à impiedade e às concupiscências mundanas.

A segunda lição da graça instrui os cristãos a viverem neste mundo de maneira sóbria, justa e piedosa, conforme está escrito em Tito 2:12.

Nesse sentido, o apóstolo Paulo recomenda que os cristãos busquem viver em paz, ocupando-se de seus próprios afazeres, trabalhando com suas próprias mãos, mantendo paz com todos os homens, praticando a honestidade diante de todos, evitando a ambição e contentando-se com coisas humildes, entre outros ensinamentos.

“Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos; A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens. Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” (Romanos 12:16-18);

“E procureis viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo temos mandado;” (1 Tessalonicenses 4:11);

“Tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem.” (1 Pedro 2:12);

Ter o que comer e vestir deve ser a medida do contentamento dos cristãos (1 Timóteo 6:8).

E em terceiro lugar, a graça instrui os cristãos a aguardarem a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo.

Esse mesmo ensinamento foi dado a Timóteo:

“Que guardes este mandamento sem mácula e repreensão, até à aparição de nosso Senhor Jesus Cristo; A qual a seu tempo mostrará o bem-aventurado, e único poderoso SENHOR, Rei dos reis e Senhor dos senhores; Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém.” (1 Timóteo 6:14-16).

 

O que é se fortificar na graça?

Fortalecer-se na graça significa capacitar-se para instruir os cristãos com uma doutrina sã e persuadir aqueles que a contestam. Ao manter firme a palavra fiel, o trabalhador cristão torna-se poderoso para transmitir aos outros tudo o que aprendeu e está apto para confrontar e convencer aqueles que se opõem.

“TU, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.” (2 Timóteo 2:1-2).

Nesse sentido, o autor de Hebreus aconselha os cristãos a não se deixarem influenciar por outras doutrinas, mas sim a fortalecerem-se na graça, ou seja, no evangelho. Isso contrasta com aqueles que seguem ensinamentos relacionados a alimentos, que não trazem nenhum benefício espiritual.

“Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça, e não com alimentos que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram.” (Hebreus 13:9).

O apóstolo Paulo recorda que Abraão não duvidou da promessa de Deus; ao contrário, fortaleceu-se na fé (verdade). Se Abraão tivesse considerado sua idade avançada e a de sua esposa, sua fé teria enfraquecido, levando-o a duvidar da promessa (firme fundamento). No entanto, mesmo diante das circunstâncias, ele permaneceu convicto, pois considerou a fidelidade de Deus e que Ele era poderoso para cumprir.

Em suma, fortalecer-se na fé é considerar a promessa e as virtudes daquele que é fiel e poderoso. Com relação ao evangelho, que contém a promessa de vida eterna, fortalecer-se na fé é considerar que Deus quer salvar, providenciou salvação poderosa na casa de Davi e salva a todos o que O invocam

“E não enfraquecendo na fé, não atentou para o seu próprio corpo já amortecido, pois era já de quase cem anos, nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara. E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus, E estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer.,” (Romanos 4:19-21).

Fortificar na graça é não perder de vista a palavra de Deus. É estar certíssimo (crer) que o que Deus prometeu (fé, verdade, fidelidade) também é poderoso para fazer.

 

O mandamento de Deus é graça

Considerando o versículo 3 do Salmo 71, o mandamento de Deus é graça.

“Deste um mandamento que me salva, pois tu és a minha rocha e a minha fortaleza.” (Salmo 71:3).

Nesse sentido, o apóstolo Paulo afirma que é através de Cristo que ele recebeu a graça (evangelho) e o encargo apostólico. Essa graça é para ser obedecida (obediência da fé) entre todos os povos.

“Pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome,” (Romanos 1:5).

O evangelho é a proclamação da fé e demanda obediência. Em nome de Jesus, todos os povos são chamados a obedecer à fé, ou seja, ao evangelho.

“Só quisera saber isto de vós: recebestes o espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” (Gálatas 3:2);

“Mas a seu tempo manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador;” (Tito 1:3);

“E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.” (1 Coríntios 15:14);

“Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: SENHOR, quem creu na nossa pregação?” (Romanos 10:16).

A mensagem da pregação é equivalente à fé; portanto, se a pregação é vã, a fé também o será. A pregação da fé, que trata da manifestação da graça de Deus, é um mandamento, e é por isso que Jesus requer que as pessoas se submetam a ele como servos.

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mateus 11:28-30);

“Como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo;” (2 Tessalonicenses 1:8).

O que o apóstolo Paulo disse a Tito, também disse aos cristãos em Roma:

“Para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna.” (Tito 3:7);

Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.” (Romanos 3:24).

É um fato que a justificação do homem ocorre pela graça, e o meio para essa justificação é Cristo Jesus, em quem há redenção, ou seja, esperança de vida eterna.

Quando os cristãos em Éfeso são informados de que foram salvos pela graça, é importante notar que o meio dessa salvação é a fé (evangelho). O apóstolo não enfatiza o ato de crer como o meio de salvação, mas sim a fé que é proclamada. Essa verdade é tão clara que, se alguém abandonar a fé (crer) em Cristo (a fé, verdade, fidelidade) e voltar às práticas da lei, terá caído da graça.

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” (Efésios 2:8);

“Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.” (Gálatas 5:4).

O termo “graça”, que denota o que é dado gratuitamente por Deus, foi crucial para o apóstolo dos gentios discernir a essência do evangelho, que é a promessa, em contraste com a natureza da lei, que traz consigo a maldição devido à dívida que impõe.

“Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida.” (Romanos 4:4);

“Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.” (Gálatas 3:10).

A missão e o ministério do apóstolo Paulo consistiam em testemunhar o evangelho da graça de Deus, que se revela em Cristo e tem por alvo toda a humanidade.

“Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.” (Atos 20:24).

A graça de Deus, que se manifestou trazendo salvação à humanidade, é Cristo. Essa manifestação decorre do propósito e da graça de Deus concedidos em Cristo desde a eternidade, conforme mencionado em 2 Timóteo 1:9. O propósito e a graça de Deus se tornaram manifesta com a vinda de Cristo Jesus, que, por meio do evangelho, aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorruptibilidade.

“E que é manifesta agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho;”  (II Timóteo 1 : 10)

O propósito eterno de Deus é estabelecer a preeminência de Cristo em todas as coisas, de modo que, na dispensação da plenitude dos tempos, Ele reunirá em Cristo todas as coisas, tanto no céu quanto na terra (Efésios 1:10; 3:9-11). Como cabeça da igreja, que é o Seu corpo, o Cristo ressurreto é exaltado à mais alta posição acima de todas as criaturas.

A graça de Deus se evidencia desde a eternidade, pois, para redimir a humanidade, Cristo se tornou o Cordeiro morto, mesmo antes da fundação do mundo, para ser entregue em resgate de muitos na plenitude dos tempos.

Além da graça que trouxe salvação aos perdidos, algo que não foi concedido aos seres angelicais caídos, visto que não foram chamados para o propósito eterno estabelecido em Cristo, os salvos em Cristo serão agraciados com as riquezas da graça, que é serem feitos semelhantes a Cristo. Eles não só alcançarão um corpo glorioso semelhante ao de Cristo, mas também terão uma posição superior aos seres angelicais.

 

Acessando a graça de Deus

A justificação pela fé (crer) em Cristo, ao contrário das obras da lei, traz paz com Deus. Somente através da fé em Cristo é possível acessar a graça de Deus, e ao permanecer firme (crendo) na fé (evangelho), o cristão está estabelecido na graça e se alegra na esperança da glória de Deus. Isso é diferente daqueles que buscam a justiça pela observância da lei e se gloriam da carne, cuja esperança é terrena.

“TENDO sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.” (Romanos 5:1-2).

A graça de Deus foi revelada em Cristo para todos os homens, o que significa que Deus amou o mundo e deu Seu Filho unigênito, cumprindo assim a promessa feita a Abraão: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra”.

No entanto, para que os homens tenham acesso a essa graça, é necessário crer em Cristo, pois Deus deu Seu Filho unigênito para que os homens creiam Nele (João 3:16-17).

Essa é a essência da máxima: “O evangelho de Cristo é poder para a salvação de todo aquele que crê, tanto do judeu quanto do grego”. Basta ouvir o evangelho e crer, e assim, através de Cristo, o homem tem acesso à graça de Deus (Romanos 1:16; Efésios 1:13).

“E qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder,” (Efésios 1:19).

O homem não possui poder para se salvar por si mesmo, mas o evangelho contém o poder da salvação, e tudo o que é necessário é obedecê-lo. Da mesma forma, o homem não tinha o poder de romper sua comunhão com Deus, mas ao desobedecer ao mandamento que proibia comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, conforme registrado em Gênesis 2:6-17, ele foi sujeito à sentença de morte imposta pela desobediência. Ao transgredir esse mandamento, o homem se expôs ao poder devastador da lei, tornando-se escravo do pecado e sujeito à morte.

“Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.” (1 Coríntios 15:56);

“De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gênesis 2:6-17).

Toda a humanidade foi lançada na condenação por causa de uma única transgressão, resultando no fato de que todos pecaram e estão espiritualmente mortos em ofensas e pecados. Por meio de uma única ofensa, muitos (exceto Cristo) foram condenados, pois o juízo veio sobre todos os homens, trazendo consigo a condenação e tornando todos pecadores.

No entanto, a graça de Deus, através do evangelho, concede salvação aos homens, o dom da graça. Enquanto a ofensa levou à condenação e à morte espiritual, o dom da graça traz justificação e vida. A condenação resultou de uma única ofensa, mas a salvação veio para justificar muitas ofensas. Isso porque, por um ato de justiça, Cristo, ao obedecer ao Pai, trouxe a graça sobre todos os homens, e muitos serão justificados por meio dele. Portanto, todos aqueles que obedecem ao evangelho e creem em Cristo têm acesso à graça de Deus e ao dom da salvação.

“Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou. Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos. Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor.” (Romanos 5:15-21).

O salário do pecado é a morte para os servos do pecado, e a salvação é o dom gratuito de Deus, por Cristo Jesus, a graça manifesta. Esse é o ensinamento da graça!

“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos 6:23).

O ensino da graça essencialmente é o evangelho, e a recomendação paulina é:

“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido,” (2 Timóteo 3:14);

“Mas vós não aprendestes assim a Cristo,” (Efésios 4:20);

“Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.” (2 Tessalonicenses 2:15);

“E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.” (Romanos 16:17).

A proposta bíblica para o cristão é estar fundado e edificado em Cristo, certificado no evangelho (fé). O que se requer é que a palavra de Cristo seja plena no cristão, e o ensino e a admoestação deve ser conforme os salmos, os hinos e cânticos espirituais. Nesse sentido, de posse do evangelho, o espírito da verdade, como os cristãos foram ensinados, basta permanecer (perseverar) n’Ele.

A proposta bíblica para o cristão é estar firmemente enraizado e construído em Cristo, fundamentado no evangelho (fé). O que se espera é que a palavra de Cristo resida abundantemente no coração do cristão, e que o ensino e a exortação estejam em consonância com os Salmos, hinos e cânticos espirituais. Nesse sentido, munidos do evangelho, o espírito da verdade, conforme foram instruídos, é suficiente aos cristãos permanecerem firmes (perseverar) n’Ele.

“Arraigados e edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, nela abundando em ação de graças.” (Colossenses 2:7);

“A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao SENHOR com graça em vosso coração.” (Colossenses 3:16);

“E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis.” (1 João 2:27).

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

One thought on “Crente mal educado é falta de graça?

  • Amado em Cristo, a paz do Senhor Jesus, estudei muito o assunto aqui postado, “batalha espiritual` , excelente, aprendi demais, mas preciso de uma ajuda. Como entender os textos?

    João 12:31 Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo.

    João 16:11 do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.
    João 14:30 Já não falarei muito convosco, porque se aproxima o príncipe deste mundo, e nada tem em mim.
    Os textos se aplicam a quem? Satanás ou lideres judaicos?. grato, Jesus Cristo é o Senhor.

    Resposta

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