Se o cristão não for ocioso, omisso, ou prevaricar quanto a conhecer o evangelho, jamais tropeçará na palavra da verdade, tornando firme a vocação e eleição.
Nunca jamais tropeçareis
Conteúdo do artigo
“Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis” ( 2Pe 1:10 )
O crente
Tornar-se um crente em Cristo é apenas o começo de uma vida nova e em comunhão com Deus. A comunhão com Deus se dá ao crer em Cristo conforme diz as Escrituras ( Jo 3:15 ), porém, se faz necessário ao crente prosseguir em conhecer a Cristo ( Os 6:3 ).
Essencialmente, ser um crente em Cristo é ter a certeza com base nas Escrituras que:
- Todos os homens são pecadores por serem descendentes de Adão, gerados em pecado ( Rm 3:23 );
- Jesus foi enviado por Deus ao mundo para salvar a humanidade porque todos estavam alienados de Deus por causa da ofensa de Adão ( Jo 3:16 );
- Jesus é o Verbo eterno que no princípio estava com Deus ( Jo 1:1 -2), e sendo Deus, esvaziou-se do seu poder e glória e tornou-se homem ( Fl 2:7 );
- Jesus foi introduzido no mundo como o Unigênito Filho de Deus gerado virginalmente no ventre de Maria pelo Espírito de Deus ( Jo 1:18 ; Mt 1:18 );
- Jesus viveu entre os homens, foi participante de todas as aflições, porém, sem pecado ( Hb 2:17 );
- Jesus foi crucificado, morreu, foi sepultado e ressurgiu ao terceiro dia e está assentado à destra de Deus nas alturas ( Rm 1:3 -4).
Os pontos elencados acima é um resumo das ‘boas novas’ que Jesus apresentou aos homens, e aquele que ouve e crê, ‘perde’ a vida herdada de Adão para ganhar uma nova vida ( Mt 10:39 ). Quem creu em Cristo ‘tomou’ a sua própria cruz, seguiu após Cristo, foi crucificado juntamente com Ele, morreu e ressurgiu dentre os mortos ( Mt 10:38 ; Cl 3:1 ).
O ressurgir com Cristo dentre os mortos é o novo nascimento! É nascer da água e do Espírito, ou seja, de Deus e da sua Palavra ( Cl 3:1 ; 1Pe 1:3 e 23).
O crente em Cristo é nascido de Deus, pois ao crer em Cristo recebe poder para ser feito filho de Deus ( Jo 1:12 ). Esta ‘criança’ recém-nascida pertence a uma nova geração, a geração eleita, a geração de Cristo (último Adão), que contrasta com a geração ‘perversa’, a geração de Adão ( 1Pe 2:9 ).
Apesar do crente em Cristo continuar em um corpo mortal sujeito às provações, tentações, vicissitudes e aflições desta vida, por ter recebido poder de ser criado (feito) filho de Deus, é um ser espiritual, pois os nascidos do Espírito são espirituais ( Jo 3:9 ; 1Jo 4:17 ; 1Co 15:48 ). Ao ressurgirem com Cristo compartilham da glória de Cristo, porque para este propósito foram de novo gerados “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um” ( Jo 17:22 ; 2Pe 1:4 ).
O propósito de Deus
Antes de criar o homem, Deus tinha um propósito eterno: que o Verbo eterno que seria introduzido no mundo como o Filho Unigênito de Deus, ao retornar à Sua glória, ocuparia a posição mais elevada em relação a todos (preeminência), pois foi do agrado de Deus elevar o Verbo eterno acima de todo o seu nome ( Sl 138:2 ; Ef 1:21 ); “Segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor” ( Ef 3:11 ); “E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência” ( Cl 1:18 ); “Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” ( Ef 1:9 -10).
Antes da criação do homem e de todas as coisas, Deus propôs algo em Si mesmo. A vontade de Deus era um mistério, mas na plenitude dos tempos, quando Cristo foi introduzido no mundo dos homens, foi revelado que a vontade de Deus é congregar em Cristo todas as coisas.
Quando Deus criou o homem, criou Adão segundo o propósito que havia estabelecido em Si mesmo, ou seja, em Cristo, porém, quando Adão desobedeceu ao mandamento no Éden, distanciou-se de Deus (pecado), ficando aquém do propósito de Deus (a preeminência de Cristo).
O pecado
Além de ficar aquém do propósito eterno que Deus havia estabelecido na eternidade, surgiu o problema da ofensa e as suas consequências ( Rm 5:18 -19). Observe que o homem foi criado em função do propósito eterno de Deus, e que a ofensa de Adão é um evento posterior ao propósito estabelecido na eternidade.
O ‘distanciar-se’ de Deus através da ofensa de Adão é o que se denomina pecado, e todos os que são gerados segundo a semente de Adão, a semente corruptível, estão em pecado, ou seja, mortos, alienados de Deus. São filhos da ira, filhos da desobediência, escravos do pecado, vasos de desonra, plantas que o Pai não plantou, etc.
Quando o homem crê em Cristo, o velho homem gerado em Adão é crucificado e morto e a justiça de Deus é estabelecida. É na morte com Cristo que se dá a justiça de Deus, pois se cumpre a palavra: “A alma que pecar, esta morrerá” ( Ez 18:4 ; Rm 6:7 ).
Observe que a pena estabelecida no Éden jamais passa da pessoa do transgressor, pois quem crê é morto e sepultado para que não sirva mais o pecado ( Rm 6:6 ).
Mas, quando alguém morre e é sepultado com Cristo à semelhança da Sua morte e sepultura ( Rm 6:5 ), ocorre um milagre, pois o mesmo poder que trouxe Jesus dentre os mortos é o que opera sobre o homem ( Ef 1:19 -20), momento que é gerada um nova criatura, ressurreta dentre os mortos ( Cl 3:1 ).
Novo nascimento
É na morte e ressurreição com Cristo que o problema do pecado é resolvido, pois a barreira de separação é desfeita. O homem gerado de novo recebe de Jesus a mesma glória que o Pai concedeu a Cristo ( Jo 17:22 ).
Como no Éden se instalaram dois problemas: a) o homem distanciou-se de Deus, e; b) ficou aquém do propósito estabelecido em Cristo, quando o novo homem ressurge com Cristo dentre os mortos, o problema do distanciamento entre Deus e o homem é anulado, pois se tornou um com Cristo e o Pai ( Jo 17:11 ), concomitantemente, por ser uma nova criatura, está apto para o propósito que Deus estabeleceu em Cristo de fazê-lo preeminente.
Todos os homens gerados de Adão estavam distantes de Deus, e por serem filhos da ira e da desobediência, não estavam à altura do proposito que Deus estabeleceu em Cristo: a preeminência d’Ele em tudo. Para levar a efeito o propósito de convergir em Cristo todas as coisas, Deus providenciou salvação graciosa a todos os homens através de Cristo conforme as riquezas do evangelho “… antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus, que nos salvou…” ( 2Tm 1:8 -9 ).
Predestinação e eleição
Depois de resolvido o problema do pecado proveniente da ofensa de Adão através do poder contido no Evangelho, todos os que são gerados de novo em Cristo são chamados com uma santa vocação para serem conforme a imagem do Seu Filho, de modo que, por estarem em Cristo, são filhos de Deus e inculpáveis “Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos” ( 2Tm 1:9 ).
O homem é salvo do pecado segundo o poder que há no evangelho ( 1Co 1:18 ; 2Tm 1:8 ), e é chamado com santa vocação em função do propósito eterno que Deus estabeleceu em Cristo.
Como o pecado era um entrave ao propósito estabelecido, primeiro há a redenção do homem do poder do pecado por meio do evangelho, e em seguida, o salvo é chamado em vista do propósito de Deus que há em Cristo Jesus. Muitos equívocos surgem quando se analisa o evangelho de Cristo sem levar em conta o propósito eterno de Deus.
Para levar a efeito o seu propósito eterno, antes que houvesse mundo, Deus escolheu (elegeu) e chamou a descendência de Cristo com uma santa vocação para que os gerados de novo (que são santos e irrepreensíveis diante d’Ele, o que contrasta com a condição da geração de Adão, que é corrompida e perversa), sejam filhos de Deus possibilitando a primogenitura do Cristo ressurreto, que foi introduzido no mundo como o Unigênito de Deus.
É dado aos que creem em Cristo, não só serem salvos da condenação que há no mundo, mas também é concedido aos que creem fazerem parte do propósito eterno que Deus estabeleceu em Cristo. Quando Deus disse: – “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança”, estava colocando em curso o seu eterno propósito, pois em Cristo o homem é gerado de novo para ser conforme a imagem de Cristo, para que Cristo seja o primogênito entre muitos irmãos ( Rm 8:29 ).
Acerca destes eventos escreve o apóstolo Paulo: “Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos” ( Ef 1:18 ). A graça concedida aos que estão em Cristo é superior a dos crentes da antiga aliança, pois há uma vocação especifica e uma herança de glória específica da qual todos que estão em Cristo são participantes.
Para que Cristo ocupasse posição mais elevada (preeminência), antes que todas as coisas viessem à existência, Deus predestinou a geração de Cristo para serem filhos, que em função da adoção serão semelhantes a Ele ( Rm 8:23 ). Cristo conduz a Deus muitos filhos, que por serem gerados da semente (descendentes, rebento) incorruptível, são eleitos para serem santos e irrepreensíveis e predestinados a serem conforme a imagem do Seu Filho, Jesus Cristo “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” ( Rm 8:29 ; Hb 2:10 ).
Através de Cristo, os que morrem e ressurgem com Ele tornam-se membros do corpo de Cristo, e Ele é a cabeça. Os que ressurgiram dentre os mortos tornam-se filhos de Deus para que Cristo seja primogênito entre muitos irmãos. Na condição de primogênito da nova geração e cabeça de um corpo formado de homens ressurretos dentre os mortos semelhantes a Ele, Cristo é preeminente em tudo!
Cristo tem a preeminência ao assumir a condição de cabeça do seu corpo, que é a igreja. Cristo é preeminente, quando assume a posição de primogênito entre aqueles que são semelhantes a Ele, ou seja, entre muitos irmãos ( Rm 8:29 ; 1Jo 3:1 -3).
Quando introduzido no mundo, Jesus foi, em tudo, semelhante aos homens ( Hb 2:17 ). Quando de volta a sua glória, o Cristo ressurreto herdou nome mais excelente e é superior aos anjos ( Hb 1:4 ), concomitantemente, conduziu à glória de Deus muitos filhos semelhantes a Ele ( Hb 2:10 ), e entre os filhos de Deus Jesus é o primogênito, ou seja, ocupa posição mais elevada (preeminente).
Para que Cristo se tornasse primogênito entre muitos irmãos, Deus predestinou os que são salvos segundo o evangelho a serem conforme a imagem do seu Filho ressurreto ( Rm 8:29 ). É em função do proposito que Deus estabeleceu em Si mesmo que os que são predestinados a serem filhos por adoção ( Ef 1:5 ).
É em função desta maravilha concernente aos filhos de Deus que toda a criação está na expectativa de como serão os filhos de Deus, pois qual Cristo é há de ser todos quantos creem em Cristo segundo a verdade do evangelho ( Rm 8:19 ; 1Jo 3:1 -2).
Como será a maravilha da adoção ( Rm 8:23 ), visto que Cristo é mais sublime que os céus? ( Hb 7:26 )
A condição dos cristãos como membros do corpo de Cristo é superior à dos anjos, e como cabeça do corpo, Cristo é preeminente. É em função deste propósito que o crente é chamado e eleito. É sobre o propósito de Deus em tornar Cristo preeminente que o cristão deve, cada vez mais, fazer firme a vocação e eleição “Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis” ( 2Pe 1:10 ).
Dons e vocação
Ora, se os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis, por que é necessário fazer firme a vocação e eleição? “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” ( Rm 11:29 ).
Que ‘dons’ são irrevogável? Neste verso o apóstolo Paulo não estava tratando dos dons do Espírito Santo, antes apresentou um princípio relativo às promessas de Deus. Por exemplo: embora os judeus tenham rejeitado o evangelho, contudo, por causa da promessa que Deus fez a Abraão, Israel será salvo após o termino da ‘plenitude dos gentios’ ( Rm 11:25 -26). Os judeus são inimigos do evangelho, porém, como Deus deu a sua palavra a Abraão, a eleição segundo a promessa é irrevogável “Não é por causa da tua justiça, nem pela retidão do teu coração que entras a possuir a sua terra, mas pela impiedade destas nações o SENHOR teu Deus as lança fora, de diante de ti, e para confirmar a palavra que o SENHOR jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó” ( Dt 9:5 ; Rm 11:28 ).
Como Deus anunciou primeiramente o evangelho a Abraão, dizendo: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra”, o que foi prometido a Abraão é irrevogável, de modo que através do descendente de Abraão, que é Cristo – dom de Deus, dom celestial – é concedida salvação ao mundo por meio do evangelho “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti” ( Gl 3:8 ); “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva” ( Jo 4:10 ; Hb 6:4 ; Ef 2:8 ; Ef 4:7).
Se a eleição do povo de Israel é irrevogável pela promessa que Deus fez a Abraão, Isaque e Jacó, quanto mais a eleição da descendência de Cristo segundo o propósito eterno estabelecido em Cristo! Se Deus chamou à existência um povo, de um homem já velho e de uma mulher estéril e em avançada idade (Sara e Abraão) em virtude da promessa de um descendente feita a Abraão ( Gl 3:16 ), Deus não chamaria a existência um povo especial através da semente incorruptível do último Adão para levar a efeito o seu propósito eterno? ( Tt 2:14 ; 2Co 6:16 )
Ora, a igreja de Cristo é o povo chamado à existência através do renovo justo prometido a Davi. Através do renovo (semente, descendência) justo, que é Cristo, Deus chamou a existência uma nova geração de homens espirituais, uma geração eleita para ser santa e irrepreensível, predestinada a serem conforme a imagem de Cristo, segundo o eterno propósito estabelecido em Cristo.
Como fazer mais firme a ‘nossa’ eleição e vocação? Há um risco real dos cristãos tropeçarem?
Há uma corrente doutrinária que afirma que a salvação se dá segundo a predestinação, em que Deus escolheu alguns homens caídos para salvar do pecado e restaurado a comunhão com Ele.
Se a eleição é incondicional de modo que Deus predestina alguns à salvação e outros à perdição, por que é necessário aos irmãos em Cristo fazerem cada vez mais firme a vocação e eleição? Se a eleição de alguns à salvação se deu na eternidade, como fazer mais firme o que já foi estabelecido?
Há a eleição, a predestinação e uma vocação, porém, a abordagem de Pedro não se refere à salvação em Cristo, antes ao propósito eterno que Deus estabeleceu em Cristo.
Deus chamou, elegeu e predestinou a descendência de Cristo para o seu proposito estabelecido antes dos tempos dos séculos, pois Deus chama as coisas que não são como se já fossem “(Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí) perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos, e chama as coisas que não são como se já fossem” ( Rm 4:17 ).
Há uma geração eleita, uma semente escolhida, e esta eleição e vocação é irrevogável, pois está intimamente ligada ao propósito eterno de Deus. Ora, se a eleição, a vocação e a predestinação estão ligadas ao propósito de fazer o Cristo proeminente em todas as coisas, segue-se que a salvação não é determinada por vocação, eleição ou predestinação.
A abordagem do apóstolo Pedro trata de indivíduos que, após crerem em Cristo por intermédio da mensagem do evangelho são gerados de novo e passam a fazer parte da geração eleita, pois são gerados de uma semente incorruptível.
O propósito de Deus ao chamar a descendência do último Adão é irrevogável, pois Ele estabeleceu que Cristo é primogênito (preeminente) entre muitos irmãos.
É necessária muita atenção ao interpretar algumas passagens bíblicas, pois a ‘vocação’ de Deus não se refere ao velho homem, aos filhos da ira, aos filhos da desobediência, aos descendentes de Adão. A vocação refere-se aos que estão em Cristo, portanto, aos cristãos. É por isso que o apóstolo Pedro diz aos ‘irmãos’ para fazerem mais firme a vocação eleição.
Se a salvação fosse através da vocação e eleição, o correto seria o apóstolo Pedro fazer a recomendação do verso 10 do primeiro capítulo da segunda carta aos não crentes, pois os incrédulos são os que necessitam de salvação. Mesmo assim haveria uma contradição entre o recomendado pelo apóstolo e a doutrina da eleição incondicional, ou da predestinação absoluta.
A salvação é pela graça de Deus, e, por sua vez, a vocação e eleição diz das riquezas da graça. Cristo é a graça de Deus manifesta a todos os homens, já a riqueza da graça será revelada em um tempo futuro, pois está atrelada a ‘adoção’, ou seja, a redenção do corpo “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” ( Tt 2:11 ; 1Pe 1:20 ; ); “Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus” ( Ef 2:7 ; 1Jo 3:2 ).
Estar em Deus ou não, é condição que decorre de linhagem. Como Deus estabeleceu um renovo justo (nova linhagem) através de Cristo, o descendente de Davi, Deus está na linhagem de Cristo, o Justo ( Sl 14:5 ; Jr 33:15 ; Is 60:21 ; Sl 112:2 ). Deus chamou a linhagem de Cristo para o seu eterno propósito estabelecido em Si mesmo ( Ef 1:9 ; Ef 3:11 ), de modo que, para o propósito estabelecido em Cristo é necessário nascer de novo através do poder que há no evangelho.
Aquele que está em Cristo nova criatura é, por isso o apóstolo Paulo diz: “Por isso também rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da sua vocação, e cumpra todo o desejo da sua bondade, e a obra da fé com poder” ( 2Ts 1:11 ). Qual a vocação que o apostolo orava para que Deus os fizesse dignos? A vocação que faz o Cristo preeminente em tudo, pois esta é a vontade de Deus.
Basta analisar o contexto de segunda Tessalonicenses, capítulo 1 verso 11, para verificar que Cristo virá para ser glorificado naqueles que lhe pertencem, e que Ele se fará admirável através dos que creram no evangelho ( 2Ts 1:10 e 12).
É por isso que o apóstolo ora a Deus para que Ele faça os cristãos dignos da sua vocação (fazer-se admirável nos que creem) e que o desejo de Deus se cumpra ( 1Tm 2:4 ), pois esta é a obra do evangelho (fé) que é poder de Deus, pois o objetivo da maravilhosa graça, além da redenção, é que Cristo seja glorificado nos que creem e os que creem sejam glorificados em Cristo ( 1Ts 1:12 ).
Somente a nova criatura está à altura do propósito que Deus estabeleceu em Cristo, pois somente os de novo gerados em Cristo glorificam-no e n’Ele são glorificados “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa” ( Ef 1:13 ).
A ação de Deus ‘chamar’ é irrevogável, pois Ele chamou a geração eleita para o seu propósito. A geração segundo a carne de Adão, por sua vez, foi reprovada para o propósito de Deus, uma vez que a ofensa trouxe condenação sobre todos os homens, tonando-os escusáveis para o propósito eterno. Nenhum dos descendentes da carne de Adão são eleitos para a salvação, pois os descendentes da carne de Adão, para serem eleitos, precisam morrer para ressurgir com Cristo, quando fará parte da geração eleita.
Os cristãos de Éfeso passaram a estar em Cristo somente após ouvirem (crerem) o evangelho. Não há como crer e ser salvo se não houver quem anuncie que o Cristo ressurgiu dentre os mortos pelo poder de Deus “Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, a saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido. Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas. Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: SENHOR, quem creu na nossa pregação?” ( Rm 10:8 -16 ).
Observe que a salvação advém de obedecer à mensagem do evangelho, pois o evangelho é o poder de Deus para salvação dos que creem ( 1Co 1:18 ; Jo 1:12 ). Já o propósito eterno de fazer Cristo preeminente em tudo está atrelado à vocação e eleição de todos que estão em Cristo.
Israel e a Igreja
Há uma grande diferença entre a igreja de Cristo e o povo de Israel com relação à vocação e eleição. O povo de Israel foi escolhido para o próprio Deus preservar a linhagem do Cristo que havia de vir ao mundo, e Deus trouxe o povo à existência segundo a promessa feita a Abraão, mas para serem salvos deviam crer em Deus assim como o crente Abraão ( Rm 9:4 -9). O indivíduo pertencia à nação de Israel, entretanto, não era salvo, visto que o povo de Israel foi preservado para Deus cumprir a promessa feita a Abraão.
Com relação à igreja de Cristo, para ser eleito e vocacionado, necessariamente tem que estar em Cristo, portanto, ser salvo. Isto porque Deus chamou, elegeu e predestinou a geração de Cristo segundo o seu eterno propósito, mas para pertencer a geração de Cristo é necessário nascer de novo, portanto, é necessário crer em Cristo.
Por exemplo: Abraão creu em Deus e isso lhe foi por justiça ( Gl 3:6 ), já os cristãos creem no descendente prometido a Abraão, que disse: “Crede em Deus, crede também em mim” ( Jo 14:1 ). A promessa aos que creem em Cristo é superior, pois os que creem em Cristo possuem vocação celestial, enquanto Abraão e os seus descendentes segundo a carne possuem uma vocação terrena.
Não é dado a Abraão e a sua descendência segundo a carne serem conforme a imagem de Cristo, mas os remidos em Cristo segundo a fé que teve Abraão é concedido serem conforme a imagem de Cristo, pois a igreja de Cristo é formada de pessoas que morreram e ressurgiram dentre os mortos com Cristo para serem semelhantes a Ele.
O evangelho de Cristo redime o homem da perdição do pecado e, após ser gerado de novo, os que creram são participantes de Cristo, portanto, fazem parte do propósito que Deus estabeleceu em Cristo. Na condição de descendência de Cristo o cristão é vocacionado, eleito e predestinado, daí a ordem para fazer ‘mais’ firme a vocação e eleição.
Como fazer mais firme a vocação e eleição? Basta ao crente perseverar crendo em Cristo como diz as Escrituras, pois quem não persevera na doutrina não tem comunhão com o Pai e o Filho e, se não há comunhão com Deus, está separado, aquém do proposito estabelecido em Cristo “Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho” ( 2Jo 1:9 ); “Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito” ( Tg 1:25 ); “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” ( 1Tm 4:16 ); “Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo” ( Mt 24:13 ).
Mas, para perseverar crendo é necessário seguir a recomendação do escritor aos hebreus: “Portanto, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas” ( Hb 2:1 ).
Em função dos riscos que rondam o cristão é imprescindível ser diligente em compreender a graça proveniente do evangelho, pois os cuidados desta vida, a sedução das riquezas, a angustia e a perseguição por causa da palavra, a oposição do inimigo, etc., só serão superados por aqueles que estiverem firmados sob o fundamento dos apóstolos e dos profetas ( Mt 13:18 -23; Ef 2:20 ).
Quando o apóstolo Pedro recomendou fazer ‘mais’ firme a eleição e vocação, tinha o mesmo propósito do escritor aos Hebreus: que os cristãos ficassem atentos ao que haviam ouvido “E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações” ( 2Pe 1:19 ).
O escritor aos hebreus perguntou aos seus interlocutores como seria possível escapar da condenação se não atentassem diligentemente para o evangelho que inicialmente foi anunciado por Cristo ( Hb 2:3 ; Ex 19:5 ). Quando se crê no evangelho o homem torna-se participante de Cristo e deve reter firmemente a confiança na mensagem do evangelho até o fim “Mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim” ( Hb 3:6 ; Hb 3:14 ).
O imperativo ‘perseverai’ ecoa por todas as cartas dos apóstolos, pois perseverar na doutrina de Cristo é cuidar de si mesmo e batalhar pela fé (doutrina), de modo que o cristão salva se a si mesmo e os que o ouvem “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” ( 1Tm 4:16 Jd 1:3 ).
Tiago demonstra que é necessário atentar bem para o evangelho e perseverar. Aquele que ouve a mensagem do evangelho e faz conforme o mandamento de Deus crendo no enviado de Deus é bem-aventurado “Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito” ( Tg 1:25 ).
Aquele que crê é fazedor da obra, pois a obra de Deus é crer em Cristo ( Jo 6:29 ; 1Jo 3:23 ). Após obedecer a verdade do evangelho, basta perseverar crendo em Cristo, pois a perseverança é a obra perfeita do evangelho (fé) (Tg 1:4 ). É imprescindível inteirar-se da verdade do evangelho.
O escritor aos Hebreus é específico: “Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim” ( Hb 3:14 ). Aquele que não retém o evangelho, prevarica, portanto, não tem o Pai e o Filho “Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho” ( 2Jo 1:9 ).
O apóstolo Paulo é o exemplo a ser seguido, pois declarou no final do seu ministério que havia acabado a carreira e guardado a fé (evangelho), ou seja, perseverou até o fim guardando o princípio da Sua confiança “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” ( 2Tm 4:7 ); “Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho” ( Fl 1:27 ).
Heresias
O perigo das heresias ronda os recém-nascidos de modo que a recomendação para os neófitos na fé é que desejem afetuosamente o ‘leite racional’ para que cresçam, pois a carreira proposta ao cristão é chegar a medida da estatura de Cristo, a varão perfeito ( 1Pe 2:2 ; Ef 4:13 ).
Por que a recomendação para crescer? Porque um ‘menino’ na fé corre o risco de ser levado em roda por todo o vento de doutrinas fomentadas por homens que, com astucia, enganam fraudulosamente ( Ef 4:14 ). Já o ‘adulto’ tem os sentidos exercitados e consegue, através da palavra da verdade, discernir e rejeitar o engano das falsas doutrinas “Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal” ( Hb 5:14 ).
O escritor aos Hebreus repreendeu os seus interlocutores por causa da negligencia com relação ao evangelho, visto que pelo tempo decorrido no evangelho, já eram para serem mestres, porém, ainda estavam como crianças ( Hb 5:12 ). Observe que os interlocutores da carta aos Hebreus ainda não compreendiam os princípios elementares do evangelho ( Hb 6:1- 2).
A recomendação do apóstolo Pedro quanto a fazer mais firme a vocação e a eleição era para que todos os cristãos alcançassem a perfeição, ou seja, que chegassem à ‘unidade da fé’ tendo a mesma compreensão que os apóstolos detinham com relação à mensagem do evangelho. O crente é ministro do espírito, portanto, deve estar num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho, pois o evangelho é espírito e vida ( Jo 6:63 ; 2Co 3:6 ).
Se o crente não for diligente em analisar as Escrituras, não crescerá, e estará suscetível ao fascínio de homens corruptos de entendimento ( Gl 3:1 ; 2Tm 3:8 ). O alerta é claro: “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor” ( 1Co 1:9 ), mas se houver algum incrédulo que se aparte do evangelho ( Hb 3:12 ), Deus permanece fiel, de modo que negará o infiel diante do Pai ( Rm 3:3 ; 2Tm 2:12 -13).
É necessário chegar ao pleno conhecimento de Cristo, o seja, seguindo Cristo (verdade) em obediência (amor). Somente os que crescem em tudo estão aptos à identificar os hereges, combater os fomentadores de falsas doutrinas, rejeitar as vãs filosofias, etc. “Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” ( Ef 4:15 ).
Um dos fundamentos da doutrina do evangelho é crer em Cristo como o descendente de Davi, que foi morto e ressurgiu dentre os mortos para gloria de Deus ( 2Tm 2:8 ). Mas, há os que se desviam da verdade e que se põe a proclamar que não há ressurreição dos mortos ( 2Tm 2:18 ; 1Co 15:12 ), ou seja, estes não fizeram firme a vocação e eleição ( 2Tm 2:18 ; 1Tm 6:20 -21; 1Tm 5:15 ; 1Tm 6:10 ).
Quando o apóstolo Paulo conclama a ser firme e constante, sempre abundante na obra do Senhor, ele tem em vista a semente incorruptível, que é a palavra de Deus. A semente é livre de corrupção, porém, há os réprobos quanto à fé, que semeiam joio em lugar da boa semente. Os réprobos se apresentam como mestres, porém a ‘sabedoria’ que expõe não vem do alto, antes é terrena e maligna ( Tg 3:15 ).
É no evangelho que o cristão deve ser diligente, perseverante, paciente, firme, obediente, o que promove a produção de fruto ( Jo 15:4 ). Se não há fruto é porque é cego e se esqueceu da eficácia do evangelho, de modo que, se o cristão não for ocioso, omisso, prevaricar quanto a conhecer o evangelho, jamais tropeçará na palavra da verdade, tornando firme a vocação e eleição.
Somente permanecendo no evangelho de Cristo a entrada no reino dos céus é garantida. Mas, desviar-se da verdade é perdição, e ao mesmo tempo é abrir mão do premio que há na soberana vocação de ser participante do propósito que Deus estabeleceu em Cristo.
O premio que Deus proporciona ao homem quando crê em Cristo é ter um corpo conforme o de Cristo Jesus quando da adoção “Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” ( Fl 3:21 ; Rm 8:23 ).
O crente tem que estar firme na seguinte verdade: “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa” ( Ef 1:13 ). Qualquer que ouviu a mensagem do evangelho e creu, passa a estar em Cristo, ou seja, é nova criatura, de modo que a salvação decorre do evangelho, a maravilhosa graça de Deus.
Quem crê na mensagem do evangelho, que é a fé dada aos santos e não se demove é santo, irrepreensível (eleição) e inculpável (vocação, filiação) “Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro” ( Cl 1:22 -23 ).
Somente através do evangelho é dado entendimento para compreender qual é a esperança da vocação, e o que os santos herdarão ( Ef 1:19 ). Somente através do evangelho é possível dimensionar qual a operação da força do poder de Deus que foi manifesto em Cristo quando ressurgiu dentre os mortos, e é este mesmo poder que opera naqueles que creem em Cristo.
Aquele que é ‘perfeito’, ou seja, que não tropeça na palavra da verdade, está capacitado a anunciar e admoestar a todo o homem. Está apto a ensinar a todos em toda a sabedoria, ou seja, no evangelho, para que os homens sejam apresentados a Deus perfeito em Jesus Cristo ( Cl 1:28 -29).
Quando o apóstolo Pedro recomenda fazer mais firme a eleição e vocação para nunca tropeçar, ele tem em vista a palavra do evangelho, pois se o crente se inteirar da verdade do evangelho, jamais cometerá equívocos quanto a interpretação e exposição das boas novas, de modo que é perfeito e poderoso para ser mestre ( Tt 1:9 ; Tg 3:2 ).
A abordagem de Tiago e do apóstolo Pedro é a mesma que o apóstolo Paulo fez a Tito: “Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes” ( Tt 1:9 ). Quem retém firme a fiel palavra, faz firme a sua vocação e eleição e torna-se perfeito, poderoso e jamais tropeçará na fiel palavra. Pode perfeitamente ser mestre, ou seja, tem a capacidade de refrear todo o corpo.
Fazer firme a vocação e eleição é o mesmo que prosseguir para o alvo, ou seja, permanecer na verdade do evangelho. Fazer firme a vocação e eleição é operar a salvação com tremor e temor, ou seja, obedecendo (tremor) a palavra do evangelho (temor) ( Fl 2:12). Após ‘conhecer’ a Cristo tornando-se um só corpo com Ele é recomendado ao cristão prosseguir em saber mais acerca o seu Senhor sem perder de vista o prêmio “Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” ( Fl 3:14 ).
O prêmio que o apóstolo Paulo faz referencia diz glória concedida aos que creem em Cristo de alcançarem um corpo glorioso conforme o de Cristo Jesus ( Fl 3:21 ). Neste quesito temos que imitar a Cristo, que pelo gozo proposto, foi obediente até a morte “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” ( Hb 12:2 ).
Prosseguir para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus, é andar segundo a mesma regra: o evangelho de Cristo ( Fl 3:16 ). Se não andar segundo a regra do evangelho, tornou-se inimigo do evangelho.
É em face desta verdade que ao escrever aos cristãos, o apóstolo Pedro demonstra que, tanto ele, quanto qualquer pessoa que crê em Cristo, alcançou fé igualmente preciosa através da justiça que há em Cristo. Observe que o sentimento do apóstolo Pedro é igual ao do apóstolo Paulo: a fé, o evangelho, a cruz de Cristo para ambos é igualmente precioso.
Como apóstolos, ambos eram perfeitos, pois buscavam preservar intocável a verdade do evangelho ( Fl 3:15 ). Quem não faz firme a sua vocação e eleição, o fim é a perdição, pois será confundido e só pensará nas coisas deste mundo ( Fl 3:19 ; Cl 3:1 ).
O sentimento dos perfeitos é de que a fé é preciosa, pois o evangelho é a fé dada aos santos ( Gl 3:23 ). Há uma só fé, que é o ‘conhecimento’ de Deus e de Jesus, ou seja, o evangelho ( 2Pe 1:1 ; Ef 4:4 -5).
O ‘divino poder’ refere-se à mensagem do evangelho, que o apóstolo Paulo também especifica como o poder de Deus, ou o conhecimento de Deus ( 1Co 1:18 ; Rm 1:18 ; 1Pe 4:11 ; Cl 2:12 ). Através do evangelho, Deus concedeu aos homens, tudo que é pertinente à comunhão com Deus (vida) e obediência (amor).
O evangelho de Cristo é conhecimento que, ao ser anunciado aos homens se traduz em o chamado de Deus segundo a sua graça (glória) e fidelidade (2Pe 1:1 -10). A promessa de Deus é segundo a graça, pois livrar o homem da condenação que há no mundo (Adão) e o torna participante da natureza de Deus, pois é recebido por filho.
Um exemplo de pessoas que não estavam fazendo firme a eleição e o chamado de Deus eram os cristãos das regiões da Galácia. O apóstolo Paulo estava perplexo pela rapidez com que os cristãos estavam deixando o evangelho de Cristo para seguirem uma nova doutrina ( Gl 4:20 ).
Quando creram em Cristo, percorriam a carreira proposta por Deus, mas quando se deixaram circuncidar, deixaram de obedecer a verdade do evangelho ( Gl 5:7 ). Por este fascínio veio o alerta: Cristo de nada vos aproveitará, ou seja, separados estavam de Cristo, da graça caíram (tropeçaram) ( Gl 5:1 -5).
Perseveram em Cristo é permanecer crendo na verdade do evangelho, e qualquer distorção doutrinária que contrarie a verdades elencadas no inicio deste artigo devem ser rejeitadas.