O apóstolo Paulo é claro ao dizer que a incredulidade do homem não aniquila a fidelidade de Deus, ou seja, Deus é verdadeiro, fiel e imutável, mesmo que o homem não creia n’Ele ( Rm 3:3 ). Neste sentido o apóstolo dos gentios apresenta o povo de Israel como exemplo da fidelidade de Deus, pois mesmo os israelitas sendo incrédulos, não significava que a palavra de Deus havia falhado “Não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas” ( Rm 9:6 ).
Deus é fiel
“Saberás, pois, que o Senhor teu Deus, ele é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos” ( Dt 7:9 )
A predicação simples (oração nominal) ‘Deus é fiel’ é muito utilizada em nossos dias pelos cristãos, principalmente para fazerem referência a alguns eventos denominados de ‘livramentos’, mas será que compreendem a exata dimensão e extensão da fidelidade de Deus?
Embora a Bíblia demonstre que todas as coisas, ou sejam, boas ou ruins, contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus e, que tudo ocorre igualmente a todos, pois tanto justos quanto ímpios, tanto puros quanto impuros estão sujeitos aos mesmos eventos e vicissitudes da vida, muitos cristãos ainda atribuem a fidelidade de Deus única e exclusivamente aos fenômenos bons pertencentes a esta vida “Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento” ( Ec 9:2 ); “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” ( Rm 8:28 ).
Diante dos problemas e das dificuldades da vida muitos chegam a questionar a fidelidade de Deus, pois é comum pensar que ser cristão implica em estar isento de problemas, aflições, temores, dificuldades, etc., portanto, se faz necessário analisar à luz das Escrituras no que consiste e implica a fidelidade de Deus, pois uma coisa é certa: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” ( 1Co 15:19 ).
O apóstolo Paulo é claro ao dizer que a incredulidade do homem não aniquila a fidelidade de Deus, ou seja, Deus é verdadeiro, fiel e imutável, mesmo que o homem não creia n’Ele ( Rm 3:3 ). Neste sentido o apóstolo dos gentios apresenta o povo de Israel como exemplo da fidelidade de Deus, pois mesmo os israelitas sendo incrédulos, não significava que a palavra de Deus havia falhado “Não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas” ( Rm 9:6 ).
Diante do argumento do apóstolo Paulo os judaizantes poderiam contra-argumentar: Como a palavra de Deus não falhou se o seu argumento é que povo de Israel não são filhos de Deus mesmo sendo descendentes da carne de Abraão?
O apóstolo havia demonstrado aos cristãos de Roma que o povo de Israel foi incrédulo, mas que a palavra de Deus não falhou, visto que, ser israelita não é uma condição de sangue, antes uma condição que decorre da promessa de Deus ( Rm 9:7 -10). Porém, é notório que muitos dos cristãos convertidos dentre o judeus estranhavam a doutrina do apóstolo Paulo de que os israelitas não creram na promessa, não eram melhores que os gentios e não foram justificados segundo a lei ( Rm 3:9 e 20 ), e contra argumentavam que, se assim fosse, a palavra de Deus havia falhado ( Rm 3:3 compare com Rm 9:6 e 9:28 ).
É neste ponto que o apóstolo Paulo demonstra que a fidelidade de Deus não depende da credulidade do homem e nem é destruída pela incredulidade deste, visto que a fidelidade é atributo de Deus ( Rm 9:28 ); “Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo” ( 2Tm 2:13 ).
A fidelidade de Deus não depende da credulidade do homem e não é aniquilada pela incredulidade do homem, visto que Deus é fiel à sua palavra. Quando Deus se interpõe por juramento, assim o faz por coisas imutáveis, ou seja, a sua promessa não depende dos homens “Ele Por isso, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento; Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta” ( Hb 6:17 -18); “Jurou o SENHOR pela sua mão direita, e pelo braço da sua força: Nunca mais darei o teu trigo por comida aos teus inimigos, nem os estrangeiros beberão o teu mosto, em que trabalhaste” ( Is 62:8 ).
Quando Deus fez a promessa a Abraão, não a fez confiando em Abraão como se dele dependesse, antes a promessa foi feita e estabelecida em Si mesmo “E disse: Por mim mesmo jurei, diz o SENHOR: Porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho, o teu único filho, Que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos; E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz” ( Gn 22:16 -18).
O cumprimento da promessa não dependia de Abraão, visto que ele nada precisou fazer, antes se resignou em esperar em Deus “Dizendo: Certamente, abençoando te abençoarei, e multiplicando te multiplicarei. E assim, tendo Abraão esperado com paciência, alcançou a promessa” ( Hb 6:14 -15).
Embora Deus tenha feito aliança com Israel, jamais jurou fidelidade para com indivíduos pertencentes àquela nação, antes a sua fidelidade restringiu-se a uma única pessoa: o seu Descendente “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo” ( Gl 3:16 ).
O que isto significa? Que Deus é fiel à sua palavra “… pois Eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la” ( Jr 1:12 ), pois o seu Descendente, que é Cristo, é a sua própria Palavra encarnada e, especificamente, a Palavra é o alvo da fidelidade de Deus ( Jo 1:1 ).
Quando se lê: “Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei” ( Is 55:11 ), temos uma referencia a pessoa do Verbo encarnado, o braço do Senhor desnudado perante as nações ( Is 53:1 ), pois Ele é a palavra de Deus, o braço, o poder de Deus, que foi envido e fez tudo o que é aprazível a Deus “E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo“ ( Mt 3:17 ; 1Co 1:24 ).
A fidelidade de Deus remonta a relação de confiança na eternidade, que foi reiterada entre o Pai e o Filho, conforme se lê no decreto eterno expresso “Proclamarei o decreto: o SENHOR me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” ( Sl 2:7 ). O juramento é firme: “Mas este com juramento por aquele que lhe disse: Jurou o Senhor, e não se arrependerá; Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque)” ( Hb 7:21 ; Sl 110:4 ).
A promessa e a fidelidade de Deus são segundo o propósito eterno estabelecido em Cristo, o qual é engrandecer sua palavra acima de todo o seu nome “Inclinar-me-ei para o teu santo templo, e louvarei o teu nome pela tua benignidade, e pela tua verdade; pois engrandeceste a tua palavra acima de todo o teu nome” ( Sl 138:2 ).
Ao introduzir o Seu Unigênito no mundo “Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho” ( 2Sm 7:14 ; Hb 1:5 ), Deus deu curso ao seu propósito eterno, pois quando Cristo Jesus ressurgiu como Primogênito dentre os mortos foi lhe dado um nome que é acima de todo o nome, cumprindo se o seu propósito de engrandecer a sua palavra acima de todo o Seu nome “Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus. Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro” ( Ef 1:20 -21 ); “Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome” ( Fl 2:9 ; Ef 1:10 ).
Mas, porque o Pai foi fiel ao Filho? Porque em tudo o Filho foi fiel “Sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa” ( Hb 3:2 ); “E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” ( Fl 2:8 ). Ele confiava continuamente nas promessas do Pai, a ponto de saber que, apesar do sofrimento e ignomia, não seria abandonado no seio da terra “Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção” ( Sl 16:10 ).
No que isto implica? Implica na seguinte verdade: Se Deus fosse fiel a homens teria que ser fiel mesmo quando estes fossem infiéis, porém, a Bíblia destaca que Deus é fiel a sua palavra, portanto, quer os homens creiam ou não, Deus permanece fiel à sua palavra, visto que negará aqueles que O negarem “Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos; Se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará; Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo” ( 2 Tm 2:11-13); “E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. Mas quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus” ( Lc 12:8 -9).
Deus não vela sobre homens para salvá-los, antes Ele vela sobre a sua palavra para cumpri-la, portanto, qualquer modelo doutrinário que apregoe que a predestinação e a eleição de alguns indivíduos é a base para que o homem seja salvo não coaduna com a verdade, pois Deus não jurou fidelidade para com alguns indivíduos, antes o juramento se deu na pessoa do Descendente “Pois disse eu: A tua benignidade será edificada para sempre; tu confirmarás a tua fidelidade até nos céus, dizendo: Fiz uma aliança com o meu escolhido, e jurei ao meu servo Davi, dizendo: A tua semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu trono de geração em geração” ( Sl 89:2 -4).
A aliança de Deus foi com Davi ou com o Senhor de Davi? ( Sl 110:1 ) Quem tornou-se o Primogênito de Deus e o mais elevado entre os reis da Terra? “Também o farei meu primogênito mais elevado do que os reis da terra. A minha benignidade lhe conservarei eu para sempre, e a minha aliança lhe será firme, E conservarei para sempre a sua semente, e o seu trono como os dias do céu” ( Sl 89:27 -29).
Se ele fosse fiel a alguns indivíduos, somente um grupo específico poderia confiar n’Ele e ser salvo, mas, como Ele é fiel à sua palavra, que é o Descendente, todos quantos confiarem em Cristo, a palavra viva e eficaz, serão salvos por Ele e herdarão as firmes beneficências prometidas a Davi “Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as firmes beneficências de Davi. Eis que eu o dei por testemunha aos povos, como líder e governador dos povos” ( Is 55:4 -5).
Novamente: se Deus fosse fiel somente a alguns indivíduos, deixaria de ser fiel à sua palavra que oferece salvação a todos os homens que crerem na sua palavra “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” ( Mt 11:28 ); “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” ( 1Tm 1:15 ); “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido” ( Rm 10:9 -11).
Em circunstância alguma Deus jurou fidelidade a homens, pois o homem é mentiroso e mutável, antes Deus é fiel a sua palavra, que é verdadeira, imutável e permanece para sempre “Esta palavra é fiel e digna de toda a aceitação” ( 1Tm 4:9 ; Hb 7:24 e 13:8 ); “Mas a palavra do SENHOR permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada” ( 1Pe 1:25 ).
Mas, qualquer que guardar os mandamentos** de Deus, que é: crer no nome do seu Filho Jesus Cristo ( Dt 7:9 ; 1Jo 3:23 ), este ama* a Deus ( 1Jo 2:5 ) e é um dos filhos de Deus ( 1Jo 3:1 -2). Tendo sido gerado de novo segundo Deus em verdadeira justiça e santidade, por confiar na palavra de Deus que é viva e eficaz, o cristão é membro de uma nova geração, a geração eleita “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor” ( 1Co 1:9 ).
Por ser participante da semente divina ( 1Jo 3:9 ; 1Pe 1:23 ), em plena comunhão com o Filho de Deus, a fidelidade de Deus permanece sobre os que creem “E conservarei para sempre a sua semente, e o seu trono como os dias do céu” ( Sl 89:29 ); “Mas fiel é o SENHOR, que vos confirmará, e guardará do maligno” ( 2Ts 3:3 ; 1Jo 4:17 ).
Bendito seja Deus, pois podemos dizer: “Saberás, pois, que o Senhor teu Deus, ele é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam* e guardam os seus mandamentos**” ( Dt 7:9 ).