A corrida do cristão só é efetiva se, ao final, ele tiver mantido sem mancha a verdade do Evangelho (a palavra da vida).
A carreira proposta aos cristãos
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“Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.” (Atos 20:24).
Anunciando as virtudes de Cristo
Todos os cristãos foram comissionados por Cristo para proclamar o Evangelho a todas as pessoas, independentemente de tribo, língua ou nação. Além disso, alguns cristãos, além de sua vocação, receberam a responsabilidade de cuidar do rebanho de Cristo, sendo agraciados com dons ministeriais.
Tanto a vocação para a carreira quanto a comissão para o ministério têm como objetivo essencial propagar o Evangelho de Cristo e a graça de Deus revelada aos seres humanos.
“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens,” (Tito 2:11);
“Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos;” (2 Timóteo 1:9).
O apóstolo Paulo cumpriu com alegria a carreira que lhe foi confiada e, ao longo de sua vida, combateu diversas heresias em defesa da verdade do Evangelho (Filipenses 1:17; 1 Tessalonicenses 2:2). Em relação ao seu apostolado, Paulo se entregou completamente ao ministério em favor dos gentios, suportando perseguições, prisões e outras adversidades.
“(Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios), (…) POR esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios; Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; Como me foi este mistério manifestado pela revelação, como antes um pouco vos escrevi;” (Gálatas 2:8 e 3:1-3);
“São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes.” (2 Coríntios 11:23).
Deus não chamou todos os cristãos para exercer um cargo ministerial na Igreja, que é o seu corpo, mas todos os cristãos têm uma carreira a percorrer, e esta deriva diretamente do ‘ide’ de Jesus:
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” (Marcos 16:15).
O “ide por todo o mundo” não se refere apenas às barreiras geográficas, mas também às barreiras transculturais que frequentemente estão ligadas à nacionalidade. “Ir por todo o mundo” implica que o Evangelho deve alcançar todas as pessoas, ou seja, povos de todas as nações e línguas.
“E que é manifesta agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho; Para o que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios. Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia.” (2 Timóteo 1:10-12).
Esse é o dever de todo cristão:
“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;” (1 Pedro 2:9).
Por ser uma nova criatura, gerada novamente da semente incorruptível que é o Evangelho, o cristão pertence à geração eleita, constituída por novas criaturas em Cristo destinadas à santidade e irrepreensibilidade (Efésios 1:4; 2 Coríntios 5:17; 1 Pedro 1:3 e 23).
A santidade e irrepreensibilidade do cristão não derivam de questões comportamentais segundo a moral humana, mas sim do fato de pertencer a um povo adquirido por Deus, chamado das trevas para a maravilhosa luz de Cristo.
“O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz.” (Isaías 9:2);
“Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo.” (2 Coríntios 4:6);
“Porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da terra.” (Atos 13:47; Isaías 42:6 e 49:6).
Quando a luz de Deus – Cristo – resplandeceu aos gentios, povo que andava em trevas, a promessa anunciada a Abraão cumpriu-se:
“Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti.” (Gálatas 3:8).
O evangelho de Cristo
O Evangelho de Cristo é uma mensagem de boa-nova direcionada a todos os homens, sejam judeus ou gentios. Esta mensagem de grande alegria representa o cumprimento, no tempo presente, do que foi anunciado ao patriarca Abraão e ao salmista e rei Davi.
“E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gênesis 12:3);
“Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as firmes beneficências de Davi.” (Isaías 55:3).
O que Deus deu a Abraão e a Davi foi a promessa de um descendente, o Cristo.
Na plenitude dos tempos, conforme profetizado, um menino nasceu em Belém de Judá. Acerca dele, um ser angelical disse ao sumo sacerdote da época o seguinte:
“Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento, porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe. E converterá muitos dos filhos de Israel ao SENHOR seu Deus, e irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto.” (Lucas 1:13-17).
Uma jovem de Israel foi escolhida por Deus para ser a mãe da criança, e um ser angelical lhe deu a seguinte notícia:
“Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.” (Lucas 1:30-33).
Quando a criança nasceu, Simeão, um homem temente a Deus, disse as seguintes palavras acerca do menino:
“Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra; pois já os meus olhos viram a tua salvação, a qual tu preparaste perante a face de todos os povos; Luz para iluminar as nações, e para glória de teu povo Israel.” (Lucas 2:29-32).
Sobre o menino, profetizou Zacarias, o sumo sacerdote da época e pai de João Batista:
“Bendito o Senhor Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo, E nos levantou uma salvação poderosa na casa de Davi seu servo. Como falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo; Para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam; Para manifestar misericórdia a nossos pais, E lembrar-se da sua santa aliança, E do juramento que jurou a Abraão nosso pai,” (Lucas 1:68-73).
O Evangelho de Cristo é uma boa notícia porque anuncia aos homens que a promessa de Deus aos patriarcas e ao rei Davi, concedida aos patriarcas, reis e profetas por meio de visões e profecias, estava se cumprindo no tempo presente. Se um cristão se propõe a proclamar as virtudes de Cristo às pessoas em obediência ao mandamento de Cristo: “Ide por todo mundo”, não pode se furtar de mencionar tudo o que Deus disse ao povo de Israel por meio de seus profetas sobre o Descendente prometido a Abraão e Davi.
É praticamente impossível proclamar as virtudes de Cristo sem destacar o que foi anunciado pelos profetas, conforme registrado nas Escrituras. Um exemplo disso é encontrado no primeiro sermão do apóstolo Pedro.
“Homens irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura. Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono, Nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a corrupção.” (Atos 2:29-31).
Motivo de escândalo e rejeição
Outra faceta do Evangelho é a rejeição dos filhos de Israel à pessoa de Cristo. Isso já estava previsto pelos profetas, que anunciaram que Cristo seria motivo de escândalo e tropeço para as duas nações, Judá e Israel.
“Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo, às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de Jerusalém.” (Isaías 8:14);
“Portanto assim diz o SENHOR: Eis que armarei tropeços a este povo; e tropeçarão neles pais e filhos juntamente; o vizinho e o seu companheiro perecerão.” (Jeremias 6:21);
“A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a cabeça da esquina.” (Salmos 118:22);
“Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.” (Atos 4:11).
A previsão de que Cristo seria rejeitado entre os judeus é outro aspecto frequentemente esquecido por aqueles que se dedicam a pregar o Evangelho. No entanto, os elementos da mensagem anunciada por Cristo que causaram essa rejeição são essenciais ao Evangelho, pois é somente através deles que a verdadeira virtude pode ser proclamada.
O apóstolo Pedro não omite nem a rejeição de seus compatriotas, nem as virtudes de Cristo ao falar aos judeus, que é o fato de Deus ter feito Jesus de Nazaré, Senhor e Cristo.
“A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos; (…) Saiba, pois, com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.” (Atos 1:23 e 36).
Poucos cristãos em nossos dias percebem o quão escandaloso o Evangelho é para um judeu, a ponto de ser rotulado pelos religiosos judeus como “loucura”. Quando o apóstolo Paulo declara sem reservas que não se envergonha do Evangelho de Cristo, está implicitamente reconhecendo a repugnância que seus compatriotas nutriam em relação ao Evangelho.
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” (Romanos 1:16).
Essa declaração do apóstolo Paulo aos cristãos em Roma tinha como objetivo acabar com qualquer especulação sobre os motivos pelos quais ele ainda não tinha visitado Roma.
Como o apóstolo ainda não havia ido a Roma após sua conversão, alguém poderia conjecturar que ele tinha vergonha de anunciar o Evangelho em Roma. Poderiam concluir precipitadamente que o apóstolo não tinha vergonha de falar sobre sua conversão ao Evangelho entre judeus e bárbaros, mas que, quando se tratava dos romanos, ele tinha vergonha.
“Não quero, porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido impedido) para também ter entre vós algum fruto, como também entre os demais gentios. Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma.” (Romanos 1:13-15).
Quando anunciava o evangelho, o apóstolo Paulo bem sabia qual era a compreensão do homem natural:
“Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos.” (1 Coríntios 1:23).
O apóstolo Paulo deixa claro que as perseguições dos judeus se davam especificamente em função da mensagem que ele anunciava.
“Eu, porém, irmãos, se prego ainda a circuncisão, por que sou, pois, perseguido? Logo o escândalo da cruz está aniquilado.” (Gálatas 5:11).
Nos dias atuais, é cada vez mais comum encontrar líderes que se autodenominam cristãos e afirmam anunciar as virtudes de Cristo, mas seus sermões estão repletos de elementos do judaísmo. Em vez de proclamarem o escândalo da cruz, seus sermões se limitam a fazer referências a Deus, milagres, dias festivos, genealogias, nomes judaicos, entre outros. Os templos são adornados com símbolos e elementos da nação de Israel, como bandeiras, mantos, gorros, etc., mas Jesus Cristo que deveria ser o tema principal das mensagens acaba não sendo abordado.
Apesar de ter sido um seguidor do judaísmo, mais especificamente do farisaísmo, a mais rigorosa seita dos judeus (Atos 26:5), o apóstolo Paulo considerou todas as tradições que havia recebido de seus antepassados como insignificantes em comparação com o conhecimento de Cristo. Ele chegou a afirmar que considerava tudo isso como esterco, para que pudesse ganhar a Cristo.
“E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo,” (Filipenses 3:8).
O apóstolo dos gentios renunciou a todas as coisas de sua antiga fé e tradição para que pudesse ganhar a Cristo. Hoje, há muitos que não possuem nada do que o apóstolo Paulo tinha segundo a carne, mas ainda assim tentam incorporar elementos de um culto contrário ao Evangelho sob pretexto de anunciar Cristo.
Amados, devemos adotar o mesmo pensamento do apóstolo Paulo:
“Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim,” (Filipenses 3:13).
Por isso, o apóstolo Paulo recomendou a Timóteo que não se envergonhasse do Evangelho de Cristo, nem mesmo das aflições que ele enfrentava, pois a verdadeira glória do cristão está em ser participante das tribulações que acompanham o anúncio do Evangelho.
“Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso SENHOR, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus,” (2 Timóteo 1:8);
“Mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte.” (1 Pedro 4:16).
Durante a jornada proposta por Cristo, que inclui o anúncio do Evangelho, também é concedido aos cristãos o privilégio de sofrerem por Cristo.
“Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele,” (Filipenses 1:29);
“E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” (2 Timóteo 3:12).
A revelação da graça de Deus em Cristo concede aos homens evidências da fidelidade e do poder de Deus, de modo que o mérito de o homem crer em Cristo decorre da palavra de Deus, portanto, o livre-arbítrio do homem é respeitado.
“Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.” (1 Timóteo 1:15).
Daí o rogo do apóstolo:
“De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.” (2 Coríntios 5:20).
Poder de Deus para salvação
O evangelho de Cristo é poder de Deus para salvação. Sem o evangelho, que são as boas novas acerca de Cristo, não há redenção.
“Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.” (Efésios 1:13);
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” (Romanos 1:16);
“TAMBÉM vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão.” (1 Coríntios 15.1-2);
“Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.” (1 Coríntios 1:18).
Além de ser chamado de “poder de Deus”, o Evangelho também é denominado como a “palavra da cruz” (1 Coríntios 1:18), a “loucura da pregação” (1 Coríntios 1:21), “vossa fé” (Romanos 1:8), “espírito” (2 Coríntios 3:6; Gálatas 3:3), “pregação da fé” (Gálatas 3:1), “espírito da fé” (Gálatas 5:5), “palavra da verdade” (Efésios 1:13; Colossenses 1:15; Tiago 1:18), “piedade” (2 Timóteo 3:5), entre outros termos.
Ao cumprir a jornada proposta, o cristão não deve limitar-se a anunciar expressões clichês como “Jesus te ama”, “Jesus Salva”, “Jesus cura”, etc. Anunciar as virtudes e o poder de Cristo é explicar a razão de nossa fé, e para isso é fundamental que o cristão maneje corretamente a palavra da verdade (1 Pedro 3:15; 2 Timóteo 2:15).
Dizer que “Jesus te ama” não é motivo de escândalo ou loucura, seja para judeus ou gregos. O que é considerado loucura é a mensagem do Evangelho que expõe que todos os homens são pecadores por causa de um único homem, Adão (Romanos 3:23), e que, devido à sua transgressão, todos foram julgados e condenados a existir eternamente separados de Deus (Romanos 5:16).
Para os gentios, a seguinte exposição parece loucura:
“Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.” (1 Coríntios 15:21-22);
“E, dizendo ele isto em sua defesa, disse Festo em alta voz: Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar.” (Atos 26:24).
A mensagem apregoada pelo apóstolo Paulo que era considerada escândalo para os judeus centrava-se na proclamação de que Jesus era o descendente prometido a Abraão e o Filho de Davi, que, conforme previsto pelos profetas, nasceu de uma virgem. Paulo também pregava que Jesus foi rejeitado pelos seus compatriotas, morto por pecadores, sepultado e ressuscitou dentre os mortos.
Essa mensagem confrontava diretamente as expectativas e tradições judaicas, pois ia além de simplesmente considerar Jesus como um profeta ou realizador de milagres. Enfatizava sua identidade messiânica e divina, o que era profundamente perturbador para muitos judeus.
“Homens irmãos, filhos da geração de Abraão, e os que dentre vós temem a Deus, a vós vos é enviada a palavra desta salvação. Por não terem conhecido a este, os que habitavam em Jerusalém, e os seus príncipes, condenaram-no, cumprindo assim as vozes dos profetas que se leem todos os sábados e, embora não achassem nenhuma causa de morte, pediram a Pilatos que ele fosse morto. E, havendo eles cumprido todas as coisas que dele estavam escritas, tirando-o do madeiro, o puseram na sepultura; Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos.” (Atos 13:26-30).
Se um cristão vai anunciar as virtudes de Cristo, essencialmente a mensagem deve conter os elementos desse versículo:
“E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.” (1 Timóteo 3:16).
O “mistério da piedade” é de fato o Evangelho, pois nele vemos o Verbo de Deus se esvaziando de Sua glória e tornando-se carne; isso é testemunhado pelas Escrituras, que proclamam que Ele é o Filho de Deus. Os mensageiros de Deus predisseram Seu ministério, e Sua mensagem foi anunciada a todas as famílias da terra. Homens de todas as nações, tribos e línguas creem em Cristo para a salvação, e Ele agora está à direita da Majestade nas alturas.
O Evangelho se torna escândalo e loucura para judeus e gregos porque sua mensagem revela a origem da queda da humanidade: um único homem pecou, trazendo condenação e morte a todos, sem exceção (Romanos 5:12; 1 Coríntios 15:21-22). Os judeus relutam em reconhecer que estão em igualdade de condições com os gentios diante de Deus e que, portanto, precisam de Cristo. Por outro lado, os gentios estranham o fato de que o pecado não está necessariamente ligado à moral e ao comportamento humano, mas sim ao fato de que um único homem pecou, e por isso, todos pecaram.
O Evangelho se torna escândalo e loucura porque foi anunciado primeiramente a Abraão, um gentio incircunciso. Isso desafia a crença dos gregos de que a felicidade e a bem-aventurança derivam da filosofia, assim como desafia a noção judaica de que sua descendência física de Abraão os torna automaticamente herdeiros das promessas de Deus. No entanto, as Escrituras proclamam a bem-aventurança a todas as famílias da terra por meio do descendente prometido a Abraão, e para alcançá-la, basta a qualquer pessoa de qualquer tribo ou língua ter a mesma fé que Abraão quando obedeceu ao mandamento de Deus.
“E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento.” (1 João 3:23);
“Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: SENHOR, quem creu na nossa pregação?” (Romanos 10:16).
Deus, como soberano e Senhor, trabalha com a humanidade por meio de mandamentos, algo que gregos e judeus não compreendem. Os judeus,como acusam as Escrituras, são ignorantes acerca das coisas de Deus, enquanto os gregos tendem a buscar explicações para o mundo por meio de seus deuses e mitos (Deuteronômio 32:6).
A Bíblia, como revelação divina, apresenta no Éden um mandamento cuja desobediência traria maldição. Porém, na plenitude dos tempos, quando Cristo se manifesta, há um novo mandamento (o Evangelho) com a promessa de bem-aventurança que contrapõe o mandamento do Éden.
O mandamento no Éden tinha o propósito de preservar a comunhão da criatura com seu Criador, enquanto o mandamento em Cristo visa restabelecer essa comunhão perdida. O que a Bíblia propõe é a substituição de um ato: a desobediência pela obediência. Um homem, Adão, desobedeceu e trouxe juízo e condenação sobre todos os homens. Porém, Cristo, o último Adão, obedeceu, trazendo graça e justificação de vida.
“Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos.” (Romanos 5:18-19).
Dar testemunho do evangelho não é contar testemunho pessoal, ou contar estórias ou fábulas (2 Pedro 1: 16). O poder de Deus está em expor Cristo Jesus nascido em Nazaré como o Filho de Deus enviado ao mundo para salvá-lo da condenação do pecado ocorrido em Adão. Que Ele ressuscitou e está assentado a destra da Majestade nas Alturas.
Dar testemunho do Evangelho não se resume a contar testemunhos pessoais ou a relatar estórias ou fábulas (conforme 2 Pedro 1:16). O poder de Deus está em expor Cristo Jesus, nascido em Nazaré, como o Filho de Deus enviado ao mundo para salvar a humanidade da condenação do pecado que ocorreu em Adão.
Precisamente, devemos testemunhar que Cristo ressuscitou e está assentado à direita da Majestade nas Alturas, e não devemos nos concentrar em testemunhos pessoais sobre melhorias financeiras ou restauração da vida conjugal, etc. O foco do nosso testemunho deve ser Cristo e Sua obra redentora.
“Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, a saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.” (Romanos 10:8-10).
Completando a carreira
Ao falar da carreira de João Batista, o evangelista João destaca a mensagem anunciada por ele como sendo o testemunho de que ele não era o Cristo, mas que estava preparando o caminho para Ele, o verdadeiro Messias (João 1:20-23).
“Mas João, quando completava a carreira, disse: Quem pensais vós que eu sou? Eu não sou o Cristo; mas eis que após mim vem aquele a quem não sou digno de desatar as alparcas dos pés.” (Atos 13:25).
Ao preparar ao Senhor um povo bem disposto, João Batista enfatizou veementemente que ele não era o Cristo e destacou que o Cristo que estava por vir teria uma posição muito superior à dele (conforme Lucas 1:17).
Apesar de não realizar milagres durante o exercício de seu ministério, as palavras e o testemunho de João Batista foram posteriormente confirmados pelos eventos que se seguiram, evidenciando a veracidade de sua mensagem.
“E muitos iam ter com ele, e diziam: Na verdade João não fez sinal algum, mas tudo quanto João disse deste era verdade.” (João 10:41).
O apóstolo Paulo, por sua vez, teve o cuidado de ir a Jerusalém falar com os pais da Igreja, particularmente aqueles que estavam em eminência, para verificar a consistência de sua pregação com a doutrina dos outros apóstolos. Esse relato evidencia a preocupação do apóstolo com a autenticidade e fidelidade do Evangelho que ele estava anunciando aos gentios.
Descobrir após muitos anos que sua doutrina não estava alinhada com a de Jesus e dos outros apóstolos seria uma grande decepção para ele, pois comprometeria sua missão e a confiança daqueles a quem ele ministrava. A integridade doutrinária era uma prioridade para Paulo, garantindo assim a transmissão fiel do Evangelho a todos que o ouviram, bem como para com às gerações futuras.
“E subi por uma revelação, e lhes expus o evangelho, que prego entre os gentios, e particularmente aos que estavam em estima; para que de maneira alguma não corresse ou não tivesse corrido em vão.” (Gálatas 2:2).
Esse versículo da carta aos Gálatas evidencia a seriedade do apóstolo com a divulgação do evangelho, e de modo subjacente, é possível entender que a carreira cristã está intimamente vinculada ao anúncio do evangelho.
O termo grego δρόμος (dromos), traduzido como “carreira”, traz a ideia de “corrida”, “percurso”, “caminho”. Considerando a abordagem de Paulo, percebemos que a carreira proposta e o Evangelho são indissociáveis.
A corrida do cristão só é efetiva se, ao final, ele tiver mantido sem mancha a verdade do Evangelho (a palavra da vida).
“Retendo a palavra da vida, para que no dia de Cristo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão.” (Filipenses 2:16).
Qual é a essência de reter a palavra da vida? Essa é uma questão abordada por Cristo e pelos apóstolos de várias maneiras, o que destaca a relevância do tema. Crer em Cristo como Salvador é essencial para a salvação, mas após a profissão de fé, a ordem é perseverar crendo no evangelho (fé).
“Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.” (Mateus 24:13);
“E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.” (Mateus 10:22).
A salvação está na pessoa de Cristo, e o mandamento de Deus é crer n’Ele.
“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” (Atos 5:12).
Reter a palavra da vida é o mesmo que ‘reter firme a confissão da esperança’, ‘estar firme na fé’, ‘permanecer firme e fundado na fé’, reter firmemente o princípio da confiança até ao fim, etc.
“Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu.” (Hebreus 10:23);
“Vigiai, estai firmes na fé; portai-vos varonilmente, e fortalecei-vos.” (1 Coríntios 16:13);
“Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça;” (Efésios 6:14);
“Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro.” (Colossenses 1:23);
“Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim.” (Hebreus 3:14).
O posicionamento do apóstolo Paulo sobre o dever do cristão de reter a palavra da vida contradiz a doutrina calvinista da eleição incondicional, chamado eficaz, conversão (arrependimento e fé) e perseverança dos santos. O calvinismo estabelece a soberania divina como a causa da eleição, a regeneração como essencial ao chamado (graça irresistível), a fé como um poder infundido no homem que o habilita crer, o arrependimento como uma mudança de comportamento e a perseverança dos santos como resultado da eleição divina, de modo que crer em Cristo e perseverar crendo até o fim não é uma resposta do homem ao Evangelho. Argumentam que, se o homem ouvir o Evangelho e aceitar a Cristo como Salvador sem o chamado eficaz decorrente da eleição, ele teria mérito na salvação como co-participante, e que a salvação não seria exclusivamente obra de Deus.
O apóstolo Paulo, ao destacar a necessidade de os cristãos reterem o Evangelho sem mácula, deixa claro que, na volta de Cristo, não abriria mão de se gloriar de ter corrido ou trabalhado em vão.
“Retendo a palavra da vida, para que no dia de Cristo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão.” (Filipenses 2:16).
Deste modo, é possível aos cristãos se gloriar na esperança da glória de Deus e, concomitantemente, se gloriar de sua carreira e trabalho no Evangelho.
“Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.” (Romanos 5:2);
“Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne.” (Filipenses 3:3).
Quando o apóstolo Paulo escreve aos Efésios: “Porque pela graça sois salvos…” (Efésios 2:8), ele está enfatizando que Cristo é a graça de Deus manifesta a todos os homens e que não há outro nome debaixo do céu pelo qual devamos ser salvos (Tito 2:11; Atos 4:12).
Quando o apóstolo dos gentios diz que: “… por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.”, ele aponta a verdade do Evangelho como meio de alcançar a salvação, pois o Evangelho, a fé dada aos santos, é o poder de Deus para salvação (Efésios 1:13; Romanos 1:16; Judas 1:3).
Uma interpretação equivocada dos calvinistas sugere que a ‘fé’, descrita como dom de Deus, se refere a uma capacidade infundida no homem que o capacita a crer, o que eles chamam de regeneração. No entanto, o que não vem do homem (de vós) é a revelação do mistério que esteve oculto, ou seja, o Evangelho (Colossenses 1:26; Romanos 16:25). A regeneração, por sua vez, se refere ao novo nascimento, quando o homem ressurge como uma nova criatura com Cristo, por ter sido crucificado e sepultado com Ele na Sua morte.
“Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição; Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado.” (Romanos 6:3-6).
Quando o apóstolo Paulo diz que: “Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” (Efésios 2:9), ele está contrastando o Evangelho com a Lei, e as obras referem-se precisamente às “obras da Lei”, das quais os judeus se vangloriavam.
“Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.” (Gálatas 2:16);
“Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.” (Romanos 3:28);
Quando é dito que “não vem das obras, para que ninguém se glorie”, isso destaca que a vanglória da carne é excluída pela lei da fé, pois aqueles que estão em Cristo se gloriam na esperança da glória de Deus. A pregação do Evangelho visa alcançar judeus e gregos, pois não há quem seja melhor diante de Deus, e por isso mesmo Deus escolheu as coisas fracas, loucas, vis, desprezíveis e que não são, ou seja, os gentios, para confundir justamente aqueles que pensavam que eram melhores por causa da carne: os judeus (Romanos 3:9).
“Para que nenhuma carne se glorie perante ele.” (1 Coríntios 1:29).
A “lei da fé”, que é estabelecida por meio da “pregação da fé”, requer a “obra da fé”, que é crer em Cristo (João 6:29), o que exclui a vanglória das obras da Lei!
“Onde está logo a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé.” (Romanos 3:27);
“Por isso também rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da sua vocação, e cumpra todo o desejo da sua bondade, e a obra da fé com poder;” (2 Tessalonicenses 1:11).
Quando é dito: “Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” (Efésios 2:9), a questão em debate não é o mérito, mas sim o meio que o homem utiliza para buscar a justiça. O homem só alcança a justiça pela fé se obedecer a Deus, assim como o crente Abraão fez, mas os judeus buscavam a lei da justiça, através das obras da Lei, e por isso se vangloriavam da carne (Filipenses 3:4-9).
“Que diremos pois? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça? Sim, mas a justiça que é pela fé. Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não chegou à lei da justiça. Por quê? Porque não foi pela fé, mas como que pelas obras da lei; tropeçaram na pedra de tropeço; Como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo; E todo aquele que crer nela não será confundido.” (Romanos 9:30-33).
É insensato gloriar-se na carne, mas o apóstolo enumera os elementos da carne dos quais ele mesmo participou antes de sua conversão. Agora, muitos falsos apóstolos usavam esses mesmos elementos para se gloriar e se destacar sobre os irmãos.
“Outra vez digo: Ninguém me julgue insensato, ou então recebei-me como insensato, para que também me glorie um pouco. O que digo, não o digo segundo o SENHOR, mas como por loucura, nesta confiança de gloriar-me. Pois que muitos se gloriam segundo a carne, eu também me gloriarei.” (2 Coríntios 11:16-18).
O apóstolo Paulo destaca que não deveria se gloriar das visões (2 Coríntios 12:1), mas foi compelido a fazê-lo por ter sido constrangido (2 Coríntios 12:11). No entanto, há algo pelo qual o cristão deve se gloriar, pois é um mandamento de Deus:
“Para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor.” (1 Coríntios 1:31);
“Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no SENHOR.” (2 Coríntios 10:17).
Evangelho como mandamento
Ao escrever a Timóteo, o apóstolo Paulo demonstra convicção de que sua luta e sua carreira foram eficazes e, no fim de sua vida neste mundo, ele estava firme na fé (Evangelho). Todas as ações descritas por ele são incumbências do homem e devem ser desempenhadas em defesa e na divulgação do Evangelho, pois a recompensa é certa:
“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.” (2 Timóteo 4:7-8).
O Evangelho é um mandamento, e permanecer firme nele também é. Crer em Cristo é obedecer, e manter-se firme também é obedecer. Obedecer ao mandamento de Deus é submeter-se a Ele, que, como Senhor, dá um mandamento que traz salvação (Salmo 71:3). Sem o mandamento com promessa em Cristo, o homem não pode ser salvo, e sem perseverar firme em Cristo, que é um mandamento, não há salvação.
“Portanto, meus amados e mui queridos irmãos, minha alegria e coroa, estai assim firmes no Senhor, amados.” (Filipenses 4:1);
“Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.” (2 Tessalonicenses 2:15);
“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.” (Efésios 6:13);
“Por Silvano, vosso fiel irmão, como cuido, escrevi brevemente, exortando e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes.” (1 Pedro 5:12).
O apóstolo Paulo, em submissão a Cristo, permaneceu firme nele, reteve os ensinamentos (tradições), exortou e testificou que a graça em Cristo é verdadeira, etc., evidenciando que crer e permanecer crendo são decisões unilaterais do homem após ouvir o Evangelho.
A segurança da salvação do cristão decorre da disposição individual de permanecer firme na liberdade proporcionada em Cristo, o que não é possível se o cristão voltar a guardar os elementos da Lei (jugo da servidão).
“Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.” (Gálatas 5:1).
“Mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim.” (Hebreus 3:6).
É responsabilidade de todos os cristãos cuidarem para não se desviarem do Evangelho (não descaiais da vossa firmeza). O engano dos homens perversos é uma ameaça constante para aqueles que estão em Cristo e, se o cristão não se manter vigilante na fé, corre o risco de se afastar da firmeza da fé e ser levado por ventos de doutrinas.
“Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza;” (2 Pedro 3:17);
“Porque, ainda que esteja ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito estou convosco, regozijando-me e vendo a vossa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo.” (Colossenses 2:5);
“Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão.” (Hebreus 4:14);
“Ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.” (1 Pedro 5:9).
Se compete ao homem crer e permanecer crendo para ser salvo, não teria o homem mérito na salvação? Evidente que não!
A segurança da salvação está descrito no seguinte versículo:
“Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos;” (Tito 1:2).
A segurança da salvação está fundamentada na promessa de Deus e na sua fidelidade. A segurança da salvação não está na escolha de alguns indivíduos para a salvação e na rejeição de outros para a perdição eterna, mas na promessa de Deus de que aqueles que creem em Cristo serão salvos.
A palavra de Deus é digna de toda aceitação e aqueles que obedecem ao mandamento de crer em Cristo são unidos a ele em sua morte e ressurreição, passando a viver uma nova vida nele. A esperança da salvação está firmada na fidelidade de Deus à sua palavra, e qualquer pessoa que invocar o nome do Senhor será salva (Romanos 10:13).
No entanto, aqueles que rejeitam a pregação do Evangelho por incredulidade enfrentam a consequência dessa escolha, pois Deus é fiel à sua palavra e a rejeição da salvação resulta em separação eterna.
“Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos; Se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará; Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.” (2 Timóteo 2:11-13);
“Porque em esperança fomos salvos. Ora a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará?” (Romanos 8:24);
“Não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas;” (Romanos 9:6).
A esperança do crente está firmada na promessa de Deus de salvar aqueles que creem, mesmo que essa mensagem seja considerada loucura para o mundo. A segurança da salvação reside na confiabilidade da palavra de Deus, que é imutável e fiel.
Portanto, é suficiente para o crente manter firme a sua confissão da esperança, confiando na promessa de Deus e perseverando na fé. Essa é a base sólida sobre a qual o cristão pode descansar e aguardar ser revestido da imortalidade.
“Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu.” (Hebreus 10:23);
“Mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim.” (Hebreus 3:6).
A segurança da salvação está realmente fundamentada em Deus e em duas coisas imutáveis: Sua promessa e Sua fidelidade. Independentemente de qualquer doutrina humana, seja ela calvinista, arminiana ou outra, a certeza da salvação vem da confiança na palavra infalível de Deus e na Sua capacidade de cumprir o que prometeu.
Sua promessa de salvar aqueles que creem em Cristo é inabalável, e Sua fidelidade em manter Suas promessas é garantia suficiente para a segurança da salvação do crente. Essa confiança em Deus é o alicerce sobre o qual podemos construir nossa esperança e descansar.
“Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta;” (Hebreus 6:18);
“Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servo de Cristo, combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus.” (colossenses 4:12).
O que o crente deve fazer para estar firme na fé? Revestir-se de toda a armadura de Deus, que é a palavra de Deus.
“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.” (Efésios 6:11).
“Em homenagem ao querido irmão em Cristo, Pr. Carlos Gasparotto (in memoriam), que, a exemplo do apóstolo Paulo, combateu o bom combate, encerrou a carreira e está com Cristo nosso Senhor.”
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