A dissolução dos homens somente aumenta a ira de Deus que será manifesta a todos impenitentes no dia da manifestação do juízo de Deus ( Rm 2:5 ). Os homens ‘impenitentes’ estão julgados em Adão desde o Éden, porém, este juízo será manifesto aos impenitentes somente no dia da ira, onde Deus recompensará a cada um segundo as suas obras ( Rm 2:6 ).
Efésios 4 – Não sejamos mais meninos
Conteúdo do artigo
Um Pedido do apóstolo Paulo aos Cristãos
1 ROGO-VOS, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados,
Paulo pede aos irmãos na condição de prisioneiro de Cristo, e não na condição de apóstolo ( Ef 1:3 ). Paulo era prisioneiro de Cristo por causa dos gentios, e ele utiliza esta condição para convencer os irmãos gentios a obedecerem as suas determinações.
Após trazer à lembrança dos cristãos a nova condição em Cristo ( Ef 2:5 -6), Paulo pede a eles que se portem de forma digna daquilo que haviam recebido.
Os cristãos foram chamados através do evangelho para assumirem uma nova posição em Cristo. Esta nova posição alcançada após aceitar o chamado do evangelho é denominada de vocação.
2 Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
De posse da nova posição (vocação), os cristãos são concitados a portarem com TODA a humildade e mansidão. Deveriam ser longânimes, suportando uns aos outros em amor.
Os cristãos devem divisar de maneira nítida que a salvação somente é alcançada quando o homem aceita a oferta que o evangelho propõe. Cumprir o pedido de Paulo de portar-se de modo digno da vocação que foram chamados, nem de longe deve ser considerado um meio para se alcançar ou efetivar a salvação.
O apóstolo João ao falar sobre este aspecto da fé cristã disse: “Ora, o seu mandamento é este, que creiamos no nome do seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outro, segundo o mandamento que nos ordenou” ( 1Jo 3:23 ). O homem adquire salvação ao cumprir o mandamento ordenado: crer no nome de Cristo. Ao ser salvo em Cristo, o homem é participante da vocação, no entanto, o ‘modo digno da vocação’ ou o dever de ‘nos amar uns aos outros’ não concede a salvação e nem a vocação.
Andar de modo ‘digno da vocação para a qual foi chamado’ não concede a salvação, antes demonstra que o cristão ‘guarda os mandamentos de Deus’ ( 1Jo 2:3 e 1Jo 3:23 ). Ser longânimo ou suportar uns aos outros, simplesmente demonstra que o amor de Deus tem-se plenamente aperfeiçoado naquele que professa o nome de Cristo, visto que anda conforme Cristo andou ( 1Jo 2:6 ).
3 Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
Portar-se conforme o que Paulo recomendou é o mesmo que aplicar-se em guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz (v. 1- 2).
A unidade do Espírito abrange todos os cristãos, e a paz entre todos demonstra que estão intimamente ‘vinculados’. Por isso todos os cristãos participam do mesmo pão, ou melhor, apesar dos cristãos serem muitos, são um só pão e um só corpo ( 1Co 10:17 ).
A unidade do Espírito foi expressa por João: “Eu lhes dei a glória que tu me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os amaste como também amaste a mim” ( Jo 17:22 -23).
A glória dada aos cristãos refere-se a vocação em Cristo, mas o que demonstra a unidade perfeita é o vínculo da paz entre os cristãos, demonstrado em longanimidade, humildade, mansidão, etc.
4 Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação;
A unidade do Espírito se revela em um só corpo, que é a igreja, animado pelo Espírito Santo de Deus.
Da mesma forma que há um só corpo e um só Espírito, os cristãos também foram chamados a participar de uma só esperança proposta no evangelho. Por meio do evangelho (fostes chamados) todos os cristãos são participantes em Cristo (uma só esperança) de uma única vocação (eleição e predestinação).
Vo.ca.ção sf. 1. Ato de chamar. 2. Escolha, predestinação. 3. Tendência, Pendor. 4. P. ext. Talento, aptidão.
Fostes Chamados – Os cristãos foram chamados por meio do evangelho à salvação em Cristo. A perdição se deu no primeiro Adão, e a salvação através do último Adão, que é Cristo. O evangelho é um chamado, um convite a todos os nascidos segundo Adão que nasçam de uma semente incorruptível, a palavra de Deus.
Um só Esperança – Cristo é a esperança de salvação para toda a humanidade. Cristo é esperança nossa, ou esperança da glória ( Cl 1:27 ; 1Tm 1:1 ).
Vocação – A palavra vocação sintetiza a condição daqueles que estão em Cristo: eleitos de Deus e predestinados ( Ef 1:4 -5).
Após crerem na mensagem do evangelho que apresenta Cristo como o salvador do mundo, o homem passa a ser participante da vocação para qual foram chamados: santos e irrepreensíveis diante de Deus e filho por de Adoção.
A salvação se dá através do evangelho de Cristo, que é poder de Deus para salvação de todos quantos crerem ( Jo 1:12 ; Rm 1:16 ). Porém, o propósito e a graça de Deus em salvar é antes dos tempos dos séculos em Cristo Jesus. Desta forma os pecadores são chamados através da mensagem do evangelho (semente incorruptível e poder de Deus) para serem salvos do poder do pecado herdado de Adão (corrupção que há no mundo).
Os que foram chamados e aceitam a mensagem do evangelho por fé se vêem livres da condenação que há no mundo (são salvos) e assumem a posição para qual foram chamados: vocação (eleição e predestinação). Os que foram chamados e aceitaram a mensagem do evangelho assumem a condição de filhos por adoção (predestinação) e de santos e irrepreensíveis (eleição) ( Ef 1:4 ; Cl 1:22 ).
O homem é salvo do poder das trevas através da mensagem do evangelho, e após transportá-lo para o reino do Filho do seu amor, Deus concede ao homem, segundo o seu propósito (que é antes dos tempos dos séculos) e graça em Cristo a vocação (eleição e predestinação) para qual foi chamado.
Ao escrever a Timóteo, Paulo demonstra que em primeiro lugar Deus salva o homem através do evangelho, que é poder de Deus para salvação dos que creem “Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor (…) antes participa comigo das aflições do evangelho segundo o poder de Deus que nos salvou…” ( 2Tm 1:8 ). Deus salvou Paulo e Timóteo através do poder do evangelho e não pela vocação (eleição e predestinação).
Da mesma forma que o evangelho é pode de Deus para salvação, nele também está contido o chamado para uma santa vocação: “… que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos” ( 2Tm 1:9 ).
Os salvos por meio do poder do evangelho assumem a condição para qual foram eleitos em Cristo antes da fundação do mundo: santos, irrepreensíveis e filhos por Adoção.
O versículo extraído da carta a Timóteo apresenta a mesma ideia do verso 4 do capítulo 1 da carta aos Efésios. Compare os versículos e observe a relação entre as cores:
“Pois nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele” ( Ef 1:4 ).
“Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos” ( 2Tm 1:9 ).
O pronome na primeira pessoa do plural (nos) refere-se a Paulo e aos cristãos, homens salvos em Cristo (nos salvou). Da mesma forma, os cristãos foram eleitos ‘nele’, ou seja ‘em Cristo’.
Ao falar da eleição, Paulo demonstra que Ele e os cristãos estão na condição de eleitos em Cristo (nos). Os incrédulos jamais foram eleitos, uma vez que não são salvos, ou melhor, não estão em Cristo. Somente os já salvos (nos salvou) é que assumem a condição de eleitos.
Deus fez todas as coisas segundo o conselho da sua vontade ( Ef 1:9 -11), ou seja, segundo o seu próprio propósito e graça concedido em Cristo, ou seja, nele, antes dos tempos dos séculos.
Como os cristãos foram eleitos no passado pelo propósito e graça concedido em Cristo, hoje, todos estão de posse da vocação (eleição e predestinação), para qual foram chamados (evangelho). Foram eleitos em Cristo pelo propósito e graça de Deus, e hoje estão de posse daquilo para qual foram eleitos e predestinados: santos, irrepreensíveis e filhos por Adoção.
Observe que a eleição não é para a salvação como muitos entendem. A eleição é PARA ser santo e irrepreensível. Da mesma forma a predestinação não confere a salvação, antes, é PARA, ou seja, confere a filiação divina.
Para salvação temos o evangelho, que é poder de Deus e semente incorruptível, que livra o homem da corrupção herdada em Adão ao fazer do homem perdido uma nova criatura.
“Deus não escolhe dentre os perdidos homens para serem salvos. Deus também não predestinou dentre os perdidos aqueles que serão salvos”
Antes, por meio do evangelho Deus salva o homem da corrupção e condenação em Adão, e concede ao novo homem em Cristo a condição de santo e irrepreensível (eleição) e filhos por Adoção (predestinação).
Ou melhor, não há outro destino para os salvos em Cristo Jesus: são todos filhos por adoção (uma só vocação). Para os salvos em Cristo Jesus não há outra condição: são todos santos e irrepreensíveis (uma só vocação). São livres do espírito que agora opera sobre os filhos da desobediência ( Ef 2:2 ).
‘Ressuscitar juntamente com Cristo’ diz da salvação alcançada que livra o homem da morte e do pecado. O ‘assentar nas regiões celestiais em Cristo’ diz da vocação (eleição): os que se assentam em santidade e irrepreensibilidade diante de Deus são os santificados pela fé em Cristo.
Novamente: a condenação se deu em Adão, e a salvação por meio da fé em Cristo. A salvação em Cristo livra o homem da condenação em Adão, e em seguida, o salvo é participante da vocação para qual foi chamado.
O estar assentado nas regiões celestiais (nos fez assentar) é para mostrar nos séculos vindouros o que foi providenciado pela vontade e graça de Deus no passado ( Ef 2:7 ), compare com ( 1Tm 1:9 ).
5 Um só SENHOR, uma só fé, um só batismo;
Paulo apresenta uma regra de fé: um só Senhor, que é Cristo! Somente pela fé o homem alcança a salvação em Cristo.
É esta fé em Cristo que faz o homem ser participante do seu corpo, morte e sepultamento, para ser criado novamente, um novo homem em verdadeira justiça e santidade (vocação) ( Ef 4:24 ).
6 Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós.
Há um só Deus e Pai de todos. Deus é sobre todos os que creem, sai em defesa de todos, e habita em todos os cristão. Isto demonstra a unidade do Espírito no corpo, ou seja, na igreja.
Deus não faz distinção entre os que são salvos pela fé em Cristo apesar das diferenças que os cercam. Da mesma forma os cristãos devem estar unidos no vínculo da paz, perdoando, sendo longânime, misericordioso, etc.
7 Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.
Apesar de Paulo rogar aos cristãos que andassem de modo digno da vocação com que foram chamados, ele enfatiza que a graça que foi concedida em Cristo é segundo a medida do dom de Cristo, e não segundo as nossas obras.
Não é o que Paulo rogou que concede entrada à graça de Deus, visto que a graça é dom de Cristo. Mas, se o cristão recebeu da graça, que ande conforme o que Paulo rogou.
O apóstolo Paulo do capítulo 1 ao 3 foca a abordagem da carta em pontos doutrinários e essenciais a vida cristã.
No capítulo 4 o apóstolo passa a abordar algumas questões comportamentais. Isto vemos nos versos 1 à 3, 17 à 19 e 25 à 32. Porém, ao fazer recomendações de ordem comportamental, Paulo intercala abordagens de cunho doutrinário.
8 Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, E deu dons aos homens.
Este versículo decorre da argumentação do versículo anterior, ou seja, o apóstolo apresenta o Sl 68:18 para demonstrar que a graça concedida a cada cristão é segundo a medida do dom de Cristo, e não segundo as características peculiares a cada cristão.
Paulo demonstra que o Salmo 68, verso 18 refere-se a Cristo, o único homem dentre os homens que subiu ao alto. Sobre esta ‘façanha’ do Cristo, o livro de Provérbios também contém a seguinte citação: “Quem subiu ao céu e desceu? (…) Qual o seu nome e o nome do seu Filho, se é que o sabes” ( Pv 30:4 ).
Moisés ao falar ao povo de Israel também fez referência ao ‘subir ao alto’: “Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos” ( Dt 30:12 ).
A forma como Paulo introduziu este verso demonstra que o Salmo 68, verso 18, refere-se a obra redentora de Cristo, ou seja, quando Cristo subiu ao alto após a ressurreição, a graça de Deus foi concedida a cada um dos homens.
Sabemos que Cristo subiu aos céus e assentou-se à destra da Majestade nas alturas, porém, o que significa ‘levou cativo o cativeiro’? Muitos entendem que o cativeiro refere-se a um lugar onde os salvos na Antiga Aliança permaneciam após a morte. É plausível esta ideia?
Observe que o fato de Cristo ter levado cativo o cativeiro é que concedeu-lhe autonomia de conceder dons (graça) aos homens. Isto por si só demonstra que o ‘cativeiro’ não é um lugar.
Sabendo que Cristo subiu ao alto após ressurgir dentre os mortos, e que a graça de Deus é efetiva sobre aqueles que ressurgem com Ele, isto demonstra que o cativeiro refere-se à morte em Adão.
A humanidade era cativa da morte e tinha o pecado como seu aguilhão por causa da desobediência de Adão. Ao ressurgir dentre os mortos, Cristo estabeleceu um novo e vivo caminho pelo qual os homens têm acesso a Deus. O cativeiro foi levado cativo, ou seja, o opressor (morte) da humanidade foi vencido.
É na morte e na ressurreição de Cristo que a graça (dons) de Deus é concedida aos homens, ou seja, ‘levar cativo o cativeiro’ refere-se à vitória de Cristo sobre a morte.
9 Ora, isto ele subiu que é, senão que também antes tinha descido às partes mais baixas da terra?
Para aqueles que ainda não haviam entendido o que o Salmo queria expor, Paulo demonstra que ‘subir’ refere-se ao caminho inverso que levou o Cristo até as entranhas da terra.
Para aqueles que já tinham entendido que Cristo desceu, habitou entre os homens, assumiu a condição de servo, foi fiel até a morte e desceu à sepultura, ‘subir’ significa de pronto o retorno à glória que Jesus tinha antes de haver mundo, junto com o Pai.
O que se observa neste verso é que Paulo fez referência somente à morte física de Cristo, sem qualquer alusão ao Hades. Este trecho da carta concorda com o exposto no Salmo 16: “Portanto está alegre o meu coração e se regozija a minha glória; também a minha carne repousará segura. Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção. Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente” ( Sl 16:9 -11).
O Salmo 16 apresenta o Messias confiante e alegre quanto ao destino do seu corpo e alma: o corpo não ficaria sujeito à corrupção e a alma não ficaria abandonada no Hades.
Por fim, o Salmo demonstra que o destino final do Messias é o alto, assentado à mão direita de Deus.
10 Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas.
O apóstolo demonstra que o mesmo Jesus que desceu à sepultura, é o mesmo que ressurgiu e subiu aos céus.
Este versículo apresenta a mesma ideia dos versículos 20 à 21 do capítulo 1 da carta aos Efésios “… que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e fazendo-o assentar-se à sua mão direita nos céus, acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia…” ( Ef 1:20 -21).
11 E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,
Se houver dúvidas sobre a argumentação apresentada neste capítulo, leia também ( 1Co 12:1 -11), que trata das mesmas questões apresentadas aos cristãos de Éfeso.
Os cristãos que compreendem, que para guardar o vínculo da paz é preciso SUPORTAR uns aos outros em amor, primeiramente compreenderam que a salvação (graça) foi concedida segundo à medida da graça de Cristo, e não conforme os dons concedidos.
Os apóstolos não receberam uma graça maior que os profetas, da mesma forma que os pastores e doutores não são inferiores e graça, se comparado aos apóstolos. Todos os cristãos, não importando o dom que tenham recebido, receberam de Cristo graça segundo uma mesma medida.
Ao distribuir diferentes dons à igreja, isto não quer dizer que Deus teve alguém em preferência, antes, o objetivo dos diferente dos concedidos é o aperfeiçoamento dos santos “Mas um só, e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, distribuindo particularmente a cada um como quer” ( 1Co 12:11 ).
12 Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;
Demonstramos anteriormente que o novo homem em Cristo é prefeito, ou seja, todos os cristãos são perfeitos em Cristo. Mas, que entender através deste verso, se ainda é necessário o aperfeiçoamento dos santos? É possível aperfeiçoar a condição de ‘santo’?
Em primeiro lugar é necessário observar o contexto do verso acima, que fixa-se em demonstrar qual deve ser o comportamento de cada membro do corpo de Cristo. Desta forma, perceber-se que, o que precisa ser aperfeiçoado é o comportamento dos cristãos, e não a condição alcançada em Cristo: santo.
Somente faz parte do corpo de Cristo aqueles que uma vez creram (uma só fé) e conformaram-se com Cristo na sua morte, e ressurgiram uma nova criatura através do poder de Deus. Este novo homem gerado em Cristo é santo e irrepreensível diante de Deus, sendo, portanto, perfeitamente santo.
A condição de santidade não precisa ser aperfeiçoada, uma vez que quem santifica é Deus, e a sua obra é prefeita e completa. Agora, o aperfeiçoamento daqueles que adquiriram uma nova condição diante de Deus (santo) diz respeito ao exercício do ministério.
A condição de santo não precisa de aperfeiçoamento, mas a atuação ou comportamento quanto a incumbência de edificar o corpo de Cristo (igreja), precisa de aperfeiçoamento. Visando o aperfeiçoamento no desempenho do ministério é que foi comissionado alguns dos membros do corpo de Cristo à condição de apóstolo, profeta, evangelista, pastores, doutores, etc.
Um pastor não desempenha a função de promover a santificação, pois quem santifica é Cristo. Porém, a função precípua de um pastor deve ser com relação ao exercício do ministério.
Deus deu aos homens graça sobre graça sem medida ( Ef 4:8 ), porém, concedeu a alguns em particular a responsabilidade de conduzir o povo adquirido, a nação santa, a geração eleita e o sacerdócio real ( 1Pe 2:9 ). O aperfeiçoamento que o apóstolo Paulo faz referência é quanto ao comportamento daqueles que anunciam as grandezas de Deus.
13 Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo,
Ao falar da edificação do corpo de Cristo, Paulo inclui-se na exposição “…todos cheguemos…”. Ou seja, não é proveito para o corpo de Cristo que somente o apóstolo alcançasse o pleno conhecimento de Cristo. antes, é preciso que todos alcancem à unidade da fé, ou seja, que todos tenham um mesmo parecer acerca da esperança proposta.
Como é certo um só Senhor e uma só fé do qual todos são participantes em um só corpo e um só Espírito, todos precisam alcançar também a unidade do que professam.
Quando os cristãos foram de novo criados pela fé em Cristo, alcançaram a perfeição em Cristo. Desta perfeição decorre a idoneidade para participar da herança dos santos na luz ( Cl 1:12 ). Porém, a condição de homem perfeito somente é possível àqueles que tem as faculdades mentais perfeitamente exercitadas no pleno conhecimento de Cristo Jesus.
Os cristãos já haviam adquirido a condição de santos, justificados, irrepreensíveis, idôneos, filhos, etc. Porém, ainda faltava o espírito de sabedoria e revelação, o que Paulo rogava a Deus que fosse concedido aos cristãos desde o início da carta “…o Pai da glória, vós dê em seu conhecimento (…) Oro para que, estando arraigados e fundados em amor possais perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura…” ( Ef 1:17 e Ef 3:16 ).
A condição de filhos, herdeiros, santos, justos, irrepreensíveis, inculpáveis, foi alcançada por meio da fé, porém, o que ainda precisavam alcançar a perfeita compreensão, o que confere aos cristãos a perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo.
O que muitos compreendem ser santificação ‘progressiva’, a Bíblia apresenta como o transformar pela renovação do entendimento ( Rm 12:2 ).
14 Para que não sejamos mais meninos, inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.
O cristão que ainda não tem os olhos do entendimento iluminados, que não compreende qual a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da herança de Cristo, são nomeados por Paulo de ‘meninos’ “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento” ( 1Co 14:20 ).
Observe que, apesar dos cristãos já serem idôneos para participar da herança dos santos, muitos deles ainda eram meninos no entendimento. Quando a Bíblia fala de aperfeiçoamento dos santos, ela diz da instrução necessária aos cristãos para que cheguem a medida da estatura de Cristo “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo” ( 1Pe 2:2 ).
O objetivo de se alcançar o pleno conhecimento é para que os cristãos caminhassem a carreira proposta sem a necessidade de apoio. Enquanto ‘meninos no entendimento’, os cristãos seriam inconstantes, sujeitos a serem levados por ventos de doutrinas.
Qualquer outra doutrina diversa da doutrina do evangelho de Cristo surge do engano dos homens. Por estarem enfatuados na sua carnal compreensão, criam doutrinas de homens, e com astúcia induzem os incautos ao erro.
15 Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,
Paulo demonstra que é necessário ao cristão corrigir o rumo de sua vida “Antes…” (v. 15), ou seja, seguindo a verdade (que é Cristo), em amor. Aqueles que foram agraciados com a nova vida precisam crescer em tudo. Crescer em Cristo, naquele que é a cabeça, significa crescer no conhecimento do Filho de Deus.
16 Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor.
A igreja (corpo) é de Cristo, e por isso Paulo disse: “…do qual…” (v. 16). O cristão precisa crescer em tudo, naquele que é o cabeça. De Cristo é o corpo que é constituído de judeus, gregos, servos, livres, homens, mulheres, etc.
Enquanto todos os cristãos (membros) estiverem bem ajustados (unidos) pelo auxílio de todas as juntas (humildade, mansidão, longanimidade, amor, paz…), segundo a justa operação de cada parte (cristãos), o corpo de Cristo permanecerá crescendo (aumento).
É Cristo quem promove o crescimento do corpo em amor.
Observe que os versos 1 e 2 deste capítulo é uma conclusão com base em elementos apresentados anteriormente. Paulo roga aos cristãos que andem de modo digno da nova condição em Cristo, e os versículos 17 e 18 retrocedem a este pedido.
17 E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente.
O que Paulo rogou no início da capítulo é segundo o Senhor, e não segundo um conhecimento ou considerações do próprio apóstolo “Portanto, como prisioneiro do Senhor, rogo-vos que andeis (…) E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis…” (vs. 1 e 17).
Os cristão devem portar de modo digno da vocação que foram chamados e não devem andar como andam os outros gentios que não conhecem a Cristo.
O modo que os incrédulos se comportam não deve ser o mesmo modo dos cristãos. Enquanto os incrédulos andam segundo a vaidade da mente (pensamentos), o cristão precisa renovar-se quanto ao seu entendimento ( Ef 4:23 ; Rm 12:2 ).
18 Entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração;
Apesar de Deus ter preparado salvação poderosa para toda humanidade, o que Paulo descreve é uma humanidade que segue à mercê de um pensamento fútil (vaidade de pensamento), não compreendem as coisas de Deus (entenebrecidos no entendimento), permanecem sob a condenação de Adão por desconhecerem que Deus já desfez a inimizade, cravando-a na cruz ( Cl 2:14 ).
O apóstolo Paulo descreve minuciosamente o que ocorre em nossos dias ao escrever aos Coríntios: “Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, para os que se perdem está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” ( 2Co 4:3 -4).
A ignorância dos incrédulos decorre da cegueira espiritual que os diabo lhes impôs.
“Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação” ( 2Co 5:19 ), ou seja, Deus reconciliou consigo mesmo o mundo, e a palavra do evangelho é Deus clamando através dos cristãos que os homens se reconciliem com Deus ( 2Co 5:19 -20).
O que mantêm os homens separados de Deus é a ignorância que há neles, pela dureza de coração.
19 Os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para com avidez cometerem toda a impureza.
Por andarem na vaidade dos seus pensamentos, os homens tornaram-se insensíveis e se entregaram a todo tipo de perversão de costumes. Desregrados e licenciosos, com avidez cometem todo tipo de impureza.
Como vimos anteriormente, não é o andar em dissolução que levará o homem à condenação, visto que, todos os homens sem Cristo estão sob a condenação em Adão.
A dissolução dos homens somente aumenta a ira de Deus que será manifesta a todos impenitentes no dia da manifestação do juízo de Deus ( Rm 2:5 ). Os homens ‘impenitentes’ estão julgados em Adão desde o Éden, porém, este juízo será manifesto aos impenitentes somente no dia da ira, onde Deus recompensará a cada um segundo as suas obras ( Rm 2:6 ).
Observe que o dia da ira e da manifestação do juízo de Deus são concomitantes. A retribuição segundo as obras será o dia da ira, mas a manifestação do juízo de Deus refere-se ao evento do Éden, onde todos os homens tornaram-se escusáveis.
20 Mas vós não aprendestes assim a Cristo,
Enquanto os incrédulos continuam separados da vida de Deus pela ignorância que neles há, Paulo demonstra que o conhecimento do evangelho é luz para os ‘ignorantes’.
Observe a relação entre aprender, ouvir, ensino e verdade que Paulo evidência.
Sobre este aspecto do evangelho profetizou Isaías: “Ele verá o trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos, e as iniquidades deles levará sobre si” ( Is 53:11 ).
Os cristãos não aprenderam de Cristo um andar em dissolução.
21 Se é que o tendes ouvido, e nele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus;
O apóstolo é específico ao falar da dissolução: não andeis mais como andam os outros gentios. Ao especificar que os cristãos não devim andar como os gentios, isto demonstra que: a) os judeus não viviam a mesma dissolução dos gentios, pois seguiam a lei de Moisés. Os judeus tinham uma moral elevada se comparado a dos povos gentílicos, e/ou; b) isto demonstra que a carta foi direcionada exclusivamente a cristãos chamados dentre os gentios.
Se realmente os cristãos ouviram e foram ensinados conforme a verdade em Jesus, saberiam que:
22 Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano;
O ‘trato passado’ refere-se a natureza herdada de Adão, onde todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus. Observe que o ‘trato’ que Paulo faz referência é coisa do passado, ou seja, refere-se a um outro tempo (noutro tempo ou outrora) ( Ef 2:2 e 11).
Com relação ao trato passado ele foi desfeito na cruz. Paulo aos Romanos demonstrou que o velho homem foi crucificado com Cristo ( Rm 6:6 ), e a carne do pecado desfeita.
Sobre o trato passado, o apóstolo já havia demonstrado que os cristãos eram por natureza filhos da ira ( Ef 2:3 ), mas que, agora, todos foram vivificados com Cristo ( Ef 2:5 ). Para ser vivificado (ressuscitar) com Cristo, primeiro é preciso ter um encontro com a cruz de Cristo e ser sepultado com Ele, sendo, portanto, desfeita a carne do pecado, o velho homem com a sua natureza.
Uma vez que os cristãos eram novas criaturas, criados em Cristo, deveriam despojar (privar da posse, largar, abandonar) das coisas que pertenciam ao velho homem.
Despojar do velho homem é o mesmo que não mais andar como andam os outros gentios, entenebrecidos no entendimento. As coisas que pertenciam ao velho homem que foi crucificado estão sujeitas à corrupção, por causa das concupiscências do engano.
23 E vos renoveis no espírito da vossa mente;
Enquanto os ‘outros’ gentios seguem entenebrecidos no entendimento, os cristãos devem se renovar no entendimento. Sobre este mister o apóstolo Paulo demonstrou que é necessário aos cristãos se renovarem através do transformar pela renovação do entendimento ( Rm 12:2 ).
Isto porque, enquanto os cristãos recebem uma nova vida, uma nova natureza, e passam a pertencer a Deus, a única coisa que não lhes é muda (transformada) é a mente (pensamentos e memória).
A transformação que faltava, e que os cristãos necessitavam era o renovar pela transformação do entendimento. Sobre este aspecto é que Paulo rogando a Deus desde o início da carta ( Ef 1:17 e 18; Ef 3:18 ).
24 E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.
Enquanto o despojar do velho homem é o não andar conforme os outros gentios ( Ef 4:17 ), o revestir do novo homem é andar de modo digno da vocação com que se foi chamado ( Ef 4:1 ).
Analise os versículos seguintes: ( Ef 4:1 e 17) comparando-os com os versos 22 e 24.
Após lançar fora (despojar) as ‘roupas’ do velho homem, que foi morto através da cruz de Cristo, o novo homem precisa vestir-se adequadamente, utilizando as ‘roupas’ do novo homem.
O novo homem é criado por Deus segundo o poder que opera naqueles que creem no evangelho, sendo criado em verdadeira justiça e santidade, sendo, portanto, filhos de Deus ( Jo 1:12 ).
25 Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros.
Os versículos anteriores apresentaram o motivo pelo qual os cristãos devem proceder conforme o que Paulo recomendou no verso 1 deste capítulo.
Após lançar fora os pertences do velho homem (despojar), os cristãos deveriam revestirem-se do que é pertinente ao novo homem ( Cl 3:10 ). É por isso que se deve falar a verdade, uma vez que todos os cristãos pertencem ao corpo de Cristo, sendo membros uns dos outro.
Não é o falar a verdade que concede a salvação, antes ela é adquirida através da nova criação, por meio da fé no evangelho.
26 Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.
Neste verso o apóstolo não recomenda a ira (cólera), antes cita o Salmo 4, verso 4, que apresenta de modo prático, o que é revestir-se do (do que é pertinente) novo homem.
Qual deve ser o comportamento do Cristão? O Salmo 4 responde:
a) Clamor a Deus, que dá alivio na angustia e exerce misericórdia (v. 1);
b) Por conhecer a Deus, saberá que Deus sempre ouve aquele que clama (v. 3);
c) A meditação é melhor que a ira, pois fará que aquele que confia em Deus se deite em paz (v. 4 e 8);
d) Aqueles que vivem à Luz do Senhor saberá como proceder (v. 6).
27 Não deis lugar ao diabo.
Deixar se levar pela cólera é ceder ao diabo, pois a vingança pertence ao Senhor ( Hb 10:30 ).
28 Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade.
O evangelho não promove vida fácil, ou facilidades para se viver.
29 Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem.
As palavras do cristão deve promover a edificação, e não a depreciação de quem quer que seja.
30 E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção.
Além de não dar lugar ao diabo, o cristão não poder entristecer o Espírito Santo. O versículo seguinte apresenta os elementos que entristece o espírito Santo de Deus,.
Paulo lembra os cristãos que eles estão selados com o Espírito Santo da promessa, para o dia da redenção.
31 Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós,
A unidade do Espírito no vínculo da paz só é possível se for excluída toda e qualquer amargura, ira, cólera, gritaria, blasfêmia, malícia, etc.
Qualquer um dos sentimentos e comportamentos acima entristece o Espírito Santo, uma vez que o Espírito de Deus é o Espírito de Paz, e não de confusão.
32 Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.
Paulo recomenda a benignidade, a misericórdia e o perdão.
Os cristãos devem ser benignos, misericordiosos e perdoar, assim como Deus perdoou todas as ofensas em Cristo.
Estudo excelente