Hebreus

Hebreus 3 – Jesus é superior a Moisés

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Jesus é apresentado como supremamente glorioso em comparação a Moisés, pois aquele que constrói uma casa é mais digno de honra do que a própria casa que ele construiu. O escritor parte do princípio de que toda casa é construída por alguém, e o construtor de todas as coisas é Deus (Hebreus 3:4).


Hebreus 3 – Jesus é superior a Moisés

Hebreus 2 – O Criador de todas as coisas

“O SENHOR teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis; Conforme a tudo o que pediste ao SENHOR teu Deus em Horebe, no dia da assembleia, dizendo: Não ouvirei mais a voz do SENHOR teu Deus, nem mais verei este grande fogo, para que não morra. Então o SENHOR me disse: Falaram bem naquilo que disseram. Eis lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar.” (Deuteronômio 18:15-18).

 

A exortação do escritor aos Hebreus

A epístola aos Hebreus se destaca das outras cartas do Novo Testamento ao apresentar um texto principal acompanhado por vários subtextos, como se fossem adendos adicionais.

O cerne dessa epístola consiste numa exortação aos cristãos para que mantenham Jesus Cristo em alta estima. Os textos secundários, entremeados ao texto principal, frequentemente se dedicam a explicar nuances dos personagens mencionados, expandindo assim a exortação central.

Aqui está o texto principal, que tem um tom exortativo:

“HAVENDO Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, (…) Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles. (…) PORTANTO, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas. Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade? (…) POR isso, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa. (…) a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim.” (Hebreus 1:1 e 3; 2:1-4; 3:1-2 e 6b).

O texto principal da carta é incisivo em sua exortação, destacando a necessidade imperativa de os cristãos darem plena atenção à mensagem recebida. Ele adverte que, se a palavra dos profetas se mostrou válida e toda desobediência e transgressão resultou em justa punição, como então escaparemos da condenação se agora negligenciarmos a mensagem da salvação?

Além disso, a exortação ressalta a importância de considerar Cristo como o mensageiro e sumo sacerdote fiel a Deus, à semelhança de Moisés. Moisés foi leal em toda a casa de Deus, e nós, como templo do Filho, devemos permanecer firmes até o fim, professando nossa fé em Cristo com firmeza.

Paralelamente ao texto exortativo, há um subtexto explicativo que compara a glória de Cristo como Filho com a glória de Moisés como servo. Essa comparação é enriquecida com uma citação dos Salmos, funcionando como um adendo que aprofunda o entendimento do texto principal (Hebreus 3:3-11).

Depois de citar um Salmo que convoca o povo de Israel a ouvir a palavra do Senhor, expondo sua rebeldia, o autor da carta aos Hebreus retoma sua mensagem exortativa principal:

“Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo. Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado; Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim.” (Hebreus 3:12-14).

Os destinatários da carta

“POR isso, irmãos santos, participantes da vocação celestial…” (Hebreus 3:1).

A Epístola aos Hebreus começa de maneira distinta, assemelhando-se a um tratado, pois não apresenta saudações, identificação do autor ou delimitação explícita do público-alvo. No entanto, ao longo da carta, os destinatários ficam claros.

Embora o escritor inicialmente se inclua na exortação usando o pronome na terceira pessoa em alguns trechos iniciais (Hebreus 1:1; 2:1), no capítulo 3 ele se dirige diretamente aos seus ouvintes como “irmãos santos e participantes da vocação celestial”.

Os destinatários da carta são chamados de santos porque foram escolhidos em Cristo para serem santos e irrepreensíveis (Efésios 1:4). A salvação dos cristãos ocorre através do evangelho, a palavra da verdade, depois que eles creem (Efésios 1:13). Ao crerem em Cristo, são batizados em Sua morte e ressurgem como novas criaturas (Romanos 6:6). Assim, os cristãos pertencem exclusivamente a Deus e são chamados santos.

Eles são santificados pela fé em Cristo, tornando-se parte da geração eleita, a descendência de Cristo nascida da semente incorruptível que é a palavra da verdade (Atos 26:18; 1 Pedro 1:3 e 23).

“À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso SENHOR Jesus Cristo, Senhor deles e nosso:” (1 Coríntios 1:2).

Os cristãos não apenas são santos, mas também foram chamados para uma vocação celestial, ao contrário dos filhos de Israel, cuja vocação é terrena.

Enquanto Israel foi chamado para uma vocação terrena, prometendo-lhes herdar a terra, os filhos de Deus em Cristo foram chamados para uma vocação celestial: ser membros do corpo de Cristo. Como membros do corpo de Cristo, os cristãos aguardam não apenas a manifestação de Cristo (1 Coríntios 1:7), mas também a sua própria manifestação em glória (1 João 3:1-2).

“Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória.” (Colossenses 3:4).

Neste evento grandioso, os cristãos herdarão um corpo semelhante ao corpo glorioso de Cristo. Assim como atualmente carregamos a imagem do homem terreno, também carregaremos a imagem do homem celestial ressurreto, que é Cristo.

“Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial.” (1 Coríntios 15:48-49).

Essa vocação é descrita pelo apóstolo Paulo nos seguintes termos:

“Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.” (Filipenses 3:20-21);

“Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso SENHOR, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus, que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos;” (2 Timóteo 1:8-9).

Deus salva através do evangelho, que é o poder de Deus para a salvação daqueles que creem. Nesse sentido, Deus escolheu salvar somente os crentes, pois Ele decidiu salvar pela loucura da pregação (1 Coríntios 1:21). Após a salvação, Deus chama os seus eleitos em Cristo para participarem de uma vocação santa, para que se tornem conforme a imagem de Cristo, de modo que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos. Essa vocação está alinhada com o propósito e a graça que Deus concedeu em Cristo desde a eternidade, que inclui a preeminência d’Ele sobre todas as coisas.

 

Jesus, mensageiro e sumo sacerdote

O escritor exorta os cristãos a considerarem Cristo como o mensageiro (apóstolo) e sumo sacerdote da confissão dos cristãos.

Essa confissão está centrada no evangelho de Cristo. Ao declarar que Jesus de Nazaré é o Filho do Deus bendito e que Deus o ressuscitou dentre os mortos, os cristãos fazem uma confissão de fé, reconhecendo como verdadeiras as declarações sobre Cristo (Romanos 10:9-10).

Esta confissão é comparável ao “fruto dos lábios”, ao “sacrifício de louvor” e ao “fruto digno de arrependimento”.

“Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.” (Hebreus 13:15).

Os escribas e fariseus que participavam do batismo de João continuavam a declarar que tinham Abraão como pai. No entanto, esta era uma confissão de lábios que não reconhecia o reino dos céus que estava presente entre os homens. Eles precisavam mudar sua perspectiva (arrepender-se/metanoia), pois o tempo de Cristo, o reino dos céus, havia chegado.

“E dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.” (Mateus 3:2).

Considerando o paralelismo característico dos Salmos, que é um elemento próprio da poesia hebraica, é certo que aquele que invoca ao Senhor será salvo. Portanto, essa pessoa é alguém que oferece um “sacrifício de louvor”, ou seja, produz o “fruto dos lábios” que glorificam a Deus (Isaías 63:3; João 15:4 e 8).

“Oferecer-te-ei sacrifícios de louvor, e invocarei o nome do SENHOR.”  (Salmos 116:17);

“E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo” (Joel 2:32);

“Eu, porém, invocarei a Deus, e o SENHOR me salvará.” (Salmos 55:16).

Jesus é o mensageiro da nossa confissão porque veio ao mundo para revelar Deus. Ele é o mensageiro porque a palavra de Deus (espírito) estava sobre Ele e o enviou para pregar liberdade aos cativos e proclamar o tempo favorável de Deus (João 6:63).

Cristo, o apóstolo da nossa confissão, foi escolhido por Deus como seu servo, e Deus lhe deu o seu espírito para anunciar o juízo divino às nações.

“A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do SENHOR.” (Lucas 4:19);

“Eis aqui o meu servo, que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz; Porei sobre ele o meu espírito, e anunciará aos gentios o juízo.” (Mateus 12:18).

Na qualidade de mensageiro de Deus, Jesus anunciou a palavra de Deus (João 8:28; 12:50). Como sumo sacerdote misericordioso e fiel nas coisas relacionadas a Deus, Ele veio para expiar os pecados, sendo semelhante aos homens em todos os aspectos (Hebreus 2:17).

 

Jesus Cristo, o Filho fiel

Os cristãos são exortados a considerar Cristo como o exemplo supremo de sujeição a Deus.

“Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas.” (1 Pedro 2:21);

“Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna.” (1 Timóteo 1:16).

Na aflição, Cristo permaneceu fiel ao Pai, e agora, glorificado, Ele continua fiel à Sua palavra.

“Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos; Se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará; Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.” (2 Timóteo 2:11-13).

Como sumo sacerdote, Jesus é fiel e justo. Assim, aquele que reconhece ser pecador, reconhecendo que carece da glória de Deus, será perdoado e purificado por Ele.

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” (1 João 1:9).

No primeiro capítulo, o escritor aos Hebreus destacou a excelência de Cristo em comparação aos profetas da Antiga Aliança. No segundo capítulo, ele mostrou que Deus não submeteu o mundo futuro aos profetas, mas sim à descendência de Abraão (Hebreus 2:5, 16).

No capítulo 3, o escritor apresenta Jesus como sendo tão fiel a Deus quanto Moisés, que foi fiel em toda a casa de Deus.

“E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele. Não é assim com o meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do SENHOR; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?” (Números 12:6-8).

Moisés, na qualidade de servo, recebeu testemunho de Deus, que afirmou ser ele fiel em toda a Sua casa. Portanto, quando Arão e Miriã falaram mal dele por questões familiares, foi um ato inapropriado (Números 12:1).

Da mesma forma que Deus testemunhou Moisés como sendo um servo fiel, Ele também testemunhou de Jesus por meio de todas as Escrituras, reconhecendo-o como Seu Filho (João 5:39).

A partir deste ponto, o texto deixa de ser exortativo e se torna explicativo. O texto principal que estrutura a carta para no versículo 2 do capítulo 3 da epístola, dando espaço a um adendo que explora a glória de Jesus em relação a Moisés (Hebreus 3:3).

Jesus é apresentado como supremamente glorioso em comparação a Moisés, pois aquele que constrói uma casa é mais digno de honra do que a própria casa que ele construiu. O escritor parte do princípio de que toda casa é construída por alguém, e o construtor de todas as coisas é Deus (Hebreus 3:4).

O escritor destaca que Moisés foi fiel em toda a casa de Deus como servo, testemunhando das coisas que viriam a acontecer. Por outro lado, Cristo foi fiel como Filho em Sua própria casa. Cristo não se valeu de Sua condição de Filho para arrogância, mas se submeteu ao Pai.

O autor aos Hebreus identifica a casa de Cristo como Sua igreja, e inclui a si mesmo nesta descrição da casa. No entanto, ele enfatiza que os cristãos devem perseverar até o fim. Perseverar significa permanecer firmes na fé em Cristo, que é a esperança gloriosa.

“Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu.” (Hebreus 10:23);

“Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim.” (Hebreus 3:14);

“Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro.” (Colossenses 1:23).

Jesus é o Filho fiel em Sua própria casa, sendo Ele a principal pedra angular, de modo que cada cristão é edificado para ser morada de Deus em espírito.

“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.” (Efésios 2:20-22; João 14:23).

 

Israel, exemplo de rebeldia

Antes de continuar com a exortação, o escritor aos Hebreus cita o Salmo 95: 

“Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto. Onde vossos pais me tentaram, me provaram, e viram por quarenta anos as minhas obras. Por isso me indignei contra esta geração, e disse: Estes sempre erram em seu coração, e não conheceram os meus caminhos. Assim jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso.” (Hebreus 3:7-11; Salmo 95:8-11).

O Salmo é um chamado vigoroso aos filhos de Israel para não endurecerem seus corações diante da voz de Deus, assim como seus antepassados fizeram na provocação durante o tempo no deserto. Quando o povo de Israel saiu do Egito, eles tentaram e desafiaram a Deus, resultando em quarenta anos de peregrinação pelo deserto.

Devido à persistente tentação dos filhos de Israel, Deus se indignou contra eles e jurou que não entrariam no repouso prometido, pois seus corações frequentemente se desviavam e eles não compreendiam os caminhos de Deus (Salmo 53:1-4).

“No entanto, a todos os que viram a minha glória e os sinais que fiz no Egito e no deserto, e apesar disso me tentaram por dez vezes, não obedecendo à minha voz, nenhum deles verá a terra que jurei dar a seus pais; nenhum dos que me desprezaram a verá.” (Números 14:22-23; Deuteronômio 1:35-36).

O autor de Hebreus retoma essa exortação a partir do versículo 12, alertando os cristãos para aprenderem com o Salmo 95, mostrando que nunca devem ter um coração perverso, que os afasta de Deus. Cada cristão deve se precaver para não perder a fé em Cristo, pois isso seria abandonar o Deus vivo.

É importante lembrar que Cristo é fiel à sua palavra, não aos indivíduos.

Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos; Se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará; Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.” (2 Timóteo 2:11-13).

É incumbência dos cristãos se exortarem mutuamente, seguindo o exemplo do escritor aos Hebreus. Essa exortação deve acontecer diariamente, durante o tempo conhecido como “hoje” – o dia aceitável, o momento extremamente oportuno para a salvação. É essencial que ninguém venha a rejeitar a palavra do Senhor, a verdade, pelo engano do pecado.

“(Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável E socorri-te no dia da salvação; Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação).” (2 Coríntios 6:2).

O escritor aos Hebreus enfatiza o alerta divino transmitido pelo salmista: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação.” Este lembrete visa destacar aos seus leitores que não todos os que saíram do Egito através de Moisés provocaram a ira de Deus, mas apenas aqueles que ouviram e desafiaram a Deus.

O autor de Hebreus esclarece que Deus ficou indignado por quarenta anos com aqueles que pecaram, e fez um juramento específico contra os desobedientes, garantindo que eles não entrariam no descanso prometido. Aqueles que provocaram a ira do Senhor foram os que pereceram durante os anos de peregrinação no deserto, incapazes de entrar na terra prometida devido à sua incredulidade (Hebreus 3:17-19).

Em relação a esse tema, o apóstolo Paulo também exorta:

“Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar, e todos comeram de uma mesma comida espiritual, e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo. Mas Deus não se agradou da maior parte deles, por isso foram prostrados no deserto. E estas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar.” (1 Coríntios 10:1-7).

Nesse trecho, Paulo destaca como os antigos israelitas, apesar de terem desfrutado das bênçãos e das manifestações de Deus, falharam em agradá-Lo devido à sua desobediência e coração incrédulo. Ele adverte os cristãos a aprenderem com esses exemplos históricos e a não cobiçarem o mal, mas a permanecerem fiéis ao Senhor.

O relato da rebeldia dos filhos de Israel serve como uma figura para os cristãos, alertando-os a não permitirem que um coração incrédulo os domine.

É verdade que nada pode separar o crente do amor de Deus revelado em Cristo. No entanto, se um cristão se entrega a um coração incrédulo, ele se afastará da presença de Deus.

“Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos 8:37-39).

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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