O crente em Cristo deve ver nas promessas do Salmo 121 a proteção que Deus estabeleceu sobre o seu Filho e, se sentir necessidade de proteção, basta confiar em Deus!
Salmo 121 – Promessas que se cumpriram
Conteúdo do artigo
- LEVANTAREI os meus olhos para os montes, de onde vem o meu socorro.
- O meu socorro vem do SENHOR que fez o céu e a terra.
- Não deixará vacilar o teu pé; aquele que te guarda não tosquenejará.
- Eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel.
- O SENHOR é quem te guarda; o SENHOR é a tua sombra à tua direita.
- O sol não te molestará de dia nem a lua de noite.
- O SENHOR te guardará de todo o mal; guardará a tua alma.
- O SENHOR guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre.
Introdução
Deus prometeu ao rei Davi um Descendente, que haveria de se assentar, para sempre, sobre o trono das duas casas de Israel:
“Fiz uma aliança com o meu escolhido e jurei ao meu servo Davi, dizendo: A tua semente estabelecerei para sempre e edificarei o teu trono, de geração em geração” (Sl 89:3-4).
Deus prometeu que o Descendente nasceria da linhagem de Davi e haveria de ser o Filho de Deus, e Deus, o Seu Pai. Que o Filho de Davi haveria de edificar um templo a Deus, sendo Ele mesmo a pedra angular e, posteriormente, Deus estabeleceria o seu reino para sempre (2Sm 7:13-14).
Deus escolheu o Descendente de Davi para remir o povo de Israel, porém, Ele também foi dado por salvação a todos os povos, a fim de cumprir a promessa que foi feita a Abraão:
“… e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12:3);
“Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e tornares a trazer os preservados de Israel; também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação, até as extremidades da terra” (Is 49:6).
Na plenitude dos tempos, nasceu o descendente de Davi, de uma virgem, em Belém da Judéia. O Verbo Eterno veio ao mundo despido da sua glória e sujeitou-se às mesmas fraquezas dos homens (Fl 2:7; Hb 2:17), porém, sem pecado, e nunca houve engano na sua boca, e na condição de servo, precisou se socorrer de Deus devido aos seus muitos inimigos.
Mas, como identificar o Filho de Davi, entre os muitos filhos de Israel? Somente pelo testemunho que Deus deu acerca do seu Filho, nas Escrituras. O objetivo da Lei, dos Profetas e dos Salmos é revelar o Filho de Deus aos homens, de modo que os filhos de Israel pudessem identificá-Lo e obedecê-Lo ( Lc 1:69 ).
Quem crê nas Escrituras, crê em Cristo Jesus, e quem crê em Cristo Jesus, crê no testemunho que Deus deu acerca de seu Filho nas Escrituras:
“Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre” (Jo 7:38); “E Jesus clamou, e disse: Quem crê em mim, crê, não em mim, mas naquele que me enviou” (Jo 12:44).
Como o objetivo das Escrituras é revelar Cristo ao mundo, analisaremos o Salmo 121 com esse viés. Se examinarmos a Escrituras, temos que chegar à conclusão de que elas testificam de Cristo.
“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (Jo 5:39).
Monte
LEVANTAREI os meus olhos para os montes, de onde vem o meu socorro. 2 O meu socorro vem do SENHOR que fez o céu e a terra.
O que esperar de uma ’montanha’? Por que questionar de onde vem o socorro, após observar as montanhas? Para compreender este verso, temos de nos socorrer de outras passagens bíblicas.
Na Bíblia, ‘monte’, ‘montanha’, ‘outeiro’, além de fazer referência às diversas formas de relevo, tais expressões, também, são utilizadas como figuras, para fazer referência as nações e aos povos. Os profetas utilizavam os ‘montes’ e os ‘outeiros’ como figura para se referirem, tanto à nação de Israel, quanto às nações vizinhas, como se lê:
“E acontecerá, nos últimos dias, que se firmará o monte da casa do SENHOR no cume dos montes e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações” (Is 2:2; Ez 3:6);
“Ovelhas perdidas têm sido o meu povo, os seus pastores as fizeram errar, para os montes as desviaram; de monte para outeiro andaram, esqueceram-se do lugar do seu repouso” (Jr 50:6; Mq 6:2).
O profeta Isaías fez uso da figura do ‘monte’, como sendo a nação de Israel, após restaurada a sua glória, ou seja, a nação de Israel será estabelecida acima de todas as nações (se elevará por cima dos outeiros).
O profeta Zacarias profetizou acerca do mesmo evento, porém, sem fazer uso dos montes como figura:
“Assim virão muitos povos e poderosas nações, a buscarem em Jerusalém ao SENHOR dos Exércitos e a suplicar o favor do SENHOR” (Zc 8:22; Jr 3:17).
Enquanto o profeta Zacarias anuncia que muitos povos e nações virão a Jerusalém buscar o Senhor, o profeta Isaías faz uso da figura do ‘monte’, para destacar a mesma verdade: que a nação de Israel estará acima de todas as nações.
Quando o profeta Jeremias disse: “Certamente em vão se confia nos outeiros e na multidão das montanhas; deveras no SENHOR nosso Deus está a salvação de Israel” (Jr 3:23), estava alertando o povo de Israel para não fazer aliança com os povos vizinhos (outeiros e montanhas) quando saíssem à guerra ou, à procura de proteção (Jr 50:6).
Quando houvesse guerra, segundo a lei, era necessário que o sacerdote se pusesse diante do povo e apregoasse que Deus estava com ele (Dt 20:4). Não era para irem direto ao combate, corpo a corpo, antes, era para sitiar a cidade, confiados em Deus, que entregaria os inimigos nas mãos dos filhos de Israel (Dt 20:12).
No entanto, não era isso que se via, pois os filhos de Israel queriam traçar estratégias de guerra, como os povos vizinhos, confiados no número de homens e cavalos à disposição dos seus capitães e nas alianças politicas dos seus reis.
O Egito foi uma nação (monte) que os filhos de Israel ‘olharam’, esperando socorro, e Isaías os alertou, dizendo:
“Que descem ao Egito, sem pedirem o meu conselho; para se fortificarem com a força de Faraó e para confiarem na sombra do Egito. Porque a força de Faraó se vos tornará em vergonha e a confiança na sombra do Egito, em confusão” (Is 30:2-3; Is 31:1).
“Certamente, em vão se confia nos outeiros e na multidão das montanhas; deveras no SENHOR nosso Deus está a salvação de Israel” (Jr 3:23);
“Ovelhas perdidas têm sido o meu povo, os seus pastores as fizeram errar, para os montes as desviaram; de monte para outeiro andaram, esqueceram-se do lugar do seu repouso” (Jr 50:6).
O profeta Daniel, ao contemplar o reino messiânico, viu uma pedra cortada de um monte, sem auxilio de mãos, e após ser lançada contra os pés da estátua, que representava os reinos do mundo, se fez um grande monte e encheu toda a terra. Novamente o monte representa um reino, o reino de Cristo (Dn 2:35).
O profeta Isaías profetizou dizendo:
“Os montes e outeiros tornarei em deserto, toda a sua erva farei secar e tornarei os rios em ilhas e as lagoas secarei” (Is 42:15).
No verso, ‘erva’ é uma figura para fazer referência aos homens, e os ‘montes’ e os ‘outeiros’, são figuras para fazer referência às nações:
“Uma voz diz – Clama; e alguém disse – Que hei de clamar? Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo” (Is 40:6).
Após verificar que o termo ‘monte’ é uma figura para fazer referência a uma nação, temos elementos para afirmar que o salmista aponta para um tempo em que o Cristo enfrentaria a oposição das nações contra o seu povo.
O Salmo 46 também faz uso da figura dos montes, como se lê:
“Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza” (Sl 46:3);
E em seguida temos a explicação da figura:
“Os gentios se embraveceram; os reinos se moveram; ele levantou a sua voz e a terra se derreteu” (Sl 46:6).
O Salmo 121 fala de um dia em que Deus reunirá todas as nações (montes) para uma peleja contra Jerusalém (Zc 14:2) e o socorro virá do Senhor, que fez os céus e a terra, pois Ele se manifestará colocando os seus pés sobre monte das Oliveiras e será Rei sobre toda a terra (Zc 14:2 -4; Zc 14:9).
O Salmista, inspirado pelo Espírito de Deus, profetiza acerca da confiança no Senhor, que fez os céus e a terra, ou seja, acerca do Filho de Davi, que se manifestará em glória para socorrer os filhos de Israel, quando estiverem em grande aperto.
“O meu socorro vem do SENHOR que fez o céu e a terra” (Sl 121:2).
No Salmo 110, o Salmista profetiza acerca do Seu Filho, quando se assenta à destra da Majestade, nas alturas, e o chama de Senhor (Sl 110:1), e no Salmo 121, temos o Salmista profetizando acerca de Cristo, o Senhor, que fez os céus e a terra (Sl 102:25-27; Hb 1:10-12), quando se levantar para socorrer os filhos de Israel:
“Agora, pois, me levantarei, diz o SENHOR; agora me erguerei. Agora serei exaltado” (Is 33:10).
No Salmo 2, temos o registro das nações conspirando e imaginando coisas vãs, muito tempo depois de Cristo estabelecer o seu reino (Sl 2:1; Sl 47:7-8; Is 24:23), pois, intentam rebelar-se contra o domínio de Deus e do seu Ungido – Cristo glorificado (Sl 2:3; Zc 12:3), que estará regendo as nações com vara de ferro (Sl 2:9).
O Filho de Davi
Diferentemente dos filhos de Israel, que buscavam compor alianças políticas para repelirem os seus inimigos (olhavam para as nações esperando socorro), o salmista olhou para o Senhor, que fez os céus e a terra, o seu próprio Filho.
Cristo, o Filho de Davi, é o Senhor que fez os céus e a terra. Compare:
“E Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, E os céus são obra de tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; E todos eles, como roupa, envelhecerão, e, como um manto, os enrolarás, e serão mudados. Mas tu és o mesmo, E os teus anos não acabarão” (Hb 1:10-12).
“Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles se envelhecerão como um vestido; como roupa os mudarás, e ficarão mudados. Porém tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim” (Sl 102:25-27).
Mas, apesar de o Senhor do Salmista ser o Criador dos céus e da terra (Sl 110:1), quando se manifestou em carne, o Filho de Davi precisou da proteção do Pai. Embora o Filho de Davi seja Senhor, em quem os filhos de Israel devem esperar, quando vissem os montes, quando se manifestou em carne, Cristo esteve ao abrigo das asas do Altíssimo.
O leitor do Salmo 121 precisa observar que há uma mudança drástica de perspectiva no Salmo. As Escrituras nos apresentam o Cristo como Criador, Senhor, Deus, Rei, sacerdote, mas, também fala dele como menino, servo, homem, aflito, ferido, enfermo, etc. O Salmo 121, em especial os versos 1 e 2, apontam para o Cristo, como criador dos céus e da terra (Jo 1:3). Já os versos 3 a 8, apontam para o Cristo na condição de servo.
3 Não deixará vacilar o teu pé; aquele que te guarda não tosquenejará. 4 Eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel. 5 O SENHOR é quem te guarda; o SENHOR é a tua sombra à tua direita. 6 O sol não te molestará de dia nem a lua de noite. 7 O SENHOR te guardará de todo o mal; guardará a tua alma. 8 O SENHOR guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre.
O Salmista enumera as bênçãos de Deus sobre o seu Filho, Jesus Cristo:
Não deixará vacilar o teu pé (v. 3) – Por que Cristo não vacilaria? A resposta está no salmo 16:
“Tenho posto o SENHOR continuamente diante de mim; por isso que ele está à minha mão direita, nunca vacilarei. Portanto está alegre o meu coração e se regozija a minha glória; também a minha carne repousará segura. Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção. Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente” (Sl 16:8-11).
Por confiar no Pai, o Cristo não vacilou (Sl 91:2). O Salmo 16 aplica-se a Cristo, conforme o que demonstrou o apóstolo Pedro aos israelitas no dia de pentecostes (At 2:25-28);
Aquele que te guarda não tosquenejará, eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel. O SENHOR é quem te guarda (v. 4) – Deus promete, através da boca do salmista, velar e guardar o seu Filho, com todo zelo. Não haveria o menor descuido quanto ao Filho (não tosquenejará). O Filho de Deus jamais ficaria abandonado neste mundo, pois seria objeto do cuidado constante de Deus, mesmo nas horas de angústia que antecederiam a sua morte, pois, foi do agrado do Pai, moê-Lo e estabelecê-lo por aliança do povo (Israel) e luz para os que jaziam em trevas (gentios):
“Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do SENHOR prosperará na sua mão” (Is 53 :10);
“Eu, o SENHOR, te chamei em justiça, te tomarei pela mão, te guardarei, te darei por aliança do povo e para luz dos gentios” ( Is 42:6);
“Guarda a minha alma, pois sou santo: ó Deus meu, salva o teu servo, que em ti confia” (Sl 86:2).
O SENHOR é a tua sombra à tua direita (v. 5) – Deus promete ao seu Filho proteção constante, ou seja, seria a sua própria sombra, tendo em vista que o Filho haveria de invocá-lo. Cristo é a destra do Altíssimo e o Altíssimo a sombra protetora à direita do Filho:
“Guarda-me como a menina dos olhos; esconde-me debaixo da sombra das tuas asas” (Sl 17:8);
“Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem, em todos os teus caminhos” (Sl 91:11; Sl 91:15).
O sol não te molestará de dia, nem a lua de noite (v. 6) – Este verso aponta a investida dos homens e de satanás contra Cristo, através de palavras de engano (setas):
“Não terás medo do terror de noite, nem da seta que voa de dia, nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia” (Sl 91:5-6).
Nem os homens da religião e nem satanás haveriam de demover o Cristo da sua firmeza, com palavras de engano, pois a palavra que expressa a vontade do Pai lhe seria como escudo e broquel. Cristo estaria protegido debaixo das asas do Pai, o que demonstra que Deus é fiel à sua palavra, ou seja, ao Verbo que se fez carne (Sl 91:1 e 4).
O SENHOR te guardará de todo o mal (v. 7a) – Cristo foi morto de forma cruenta e negaram-lhe justiça. Como se cumpriu o Salmo 121 na vida de Cristo à vista das agruras na cruz? O mal que o Salmo fala, diz da palavra do engano, pois Cristo não pecou, visto que não houve na sua boca nenhum engano:
“E puseram a sua sepultura com os ímpios e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca” (Is 53:9; IPe 2:22).
Por colocar o Pai como refúgio, Deus promete ao Filho completa isenção do mal:
“Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação. Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda” (Sl 91:9-10).
Guardará a tua alma (v. 7b) – Esta é uma promessa além-túmulo, quando Cristo fosse sepultado, vez que não seria deixado na morte:
“Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção” (Sl 16:10).
“Para que viva para sempre, e não veja corrupção” (Sl 49:9).
“Em ti, ó Senhor, me refugio; nunca seja eu envergonhado; livra-me pela tua retidão (…) Nas tuas mãos encomendo o meu espírito…” (Sl 31:1-5).
O SENHOR guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre (v. 8) – Esta promessa remete ao momento em que Cristo seria introduzido no mundo, na condição de Unigênito de Deus (Hb 1:6). Deus usou José poderosamente para cuidar de Maria e do menino, avisando-o em sonhos para saírem de Nazaré, livrando-o das mãos de Herodes. Diferente de todos os homens, que entraram neste mundo por Adão, a porta larga, Cristo foi lançado da madre por Deus na condição de porta estreita, porém, seria perseguido ao nascer:
“Sobre ti fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe” (Sl 22:10; Sl 139:13-15; Mt 2:18).
Já, a saída, se daria sob a proteção do Pai, visto que, triunfalmente, antes de morrer, disse: “Nas tuas mãos encomendo o meu espírito; tu me redimiste, SENHOR Deus da verdade” (Sl 31:5). Quando, no seio da terra, Deus não permitiu que Jesus Cristo permanecesse na morte e nem que o seu corpo visse corrupção, sendo ressuscitado por Deus, dentre os mortos.
Conclusão
O crente em Cristo deve ver no Salmo 121 a proteção que Deus estabeleceu sobre o seu Filho e, se sentir necessidade de proteção, basta confiar em Deus! O crente precisa ter em mente que a sua vida está escondida com Cristo em Deus, pois, quando creu em Cristo, para a sua salvação, passou a ser um dos seus filhos:
“Porque já estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo, em Deus” (Cl 3:3).
Cristo prometeu estar com os seus seguidores, todos os dias, até a consumação dos séculos (Mt 28:20). Mas, saiba que a presença de Cristo na sua vida não exclui as aflições deste mundo (Jo 16:33).
O alívio e o descanso prometido por Cristo, não diz dos trabalhos, fadigas, desilusões e aflições deste mundo, antes se refere à libertação do pecado, decorrente da ofensa de Adão.
O crente precisa saber que Deus estabeleceu o dia da bonança e o da adversidade, com um objetivo bem específico: que o homem nada descubra do que há de vir depois dele. Nesse aspecto, não há exceção, tanto para o justo, quanto para o ímpio:
“No dia da prosperidade, goza do bem, mas, no dia da adversidade, considera; porque, também, Deus fez a este, em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele” (Ec 7:14).
Geralmente, os problemas que os homens enfrentam se fixam na expectativa do mal que virá. Conhecedor dessa realidade, Jesus instruiu o povo no Sermão da Montanha, dizendo:
“Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6:25-34).
Apesar das Escrituras demonstrarem que Deus estabeleceu o dia da adversidade, muitos tentam se socorrer dos Salmos para se livrarem das aflições do dia a dia, o que transtorna a compreensão dos Salmos.
Quantas vezes o Salmo 121 é recitado! Quantas vezes ele é utilizado como amuleto!
Quando lemos os evangelhos, devemos considerar que tudo o que o Senhor Jesus ensinou à multidão, foi dito por enigmas, por parábolas:
“E sem parábolas, nunca lhes falava; porém, tudo declarava, em particular, aos seus discípulos” (Mc 4:34);
“E disse-lhes: Não percebeis esta parábola? Como, pois, entendereis todas as parábolas?” (Mc 4:13).
Muitos, por falta de conhecimento, não sabem distinguir as bênçãos eternas concedidas por Deus aos homens, das aquisições materiais que se conquistam com o suor do rosto, para utilizar o Salmo 121 como amuleto da sorte.
Quais as bênçãos de Deus para com os homens? O Salmo 103 contém um rol de bênçãos que Deus concede gratuitamente aos homens. O Salmista enumera como benefício do Senhor o perdão dos pecados (Sl 103:3; Is 53:4), ou seja, a remissão, pelo Seu amor e misericórdia, etc.
No verso 5, do Salmo 103, o salmista anuncia, em meio às bênçãos de Deus, que é Ele que enche a boca do homem de bens (Sl 103:5). Por que os bens do Senhor não estão relacionados com as mãos? Por que os bens estão relacionados com a boca.
Para ‘enriquecer’ o homem ‘enchendo sua boca de bens’, é necessário uma intervenção divina profunda. Da boca do homem natural só procede a mentira e o engano, pois, é disso que o homem fala, desde que nasce (Sl 58:3). O Homem é gerado com um coração enganoso e incorrigível. Quando o homem é circuncidado por Deus, o coração enganoso é trocado por um novo coração, de sorte que o homem renasce e torna-se uma nova criatura (Sl 51:10; Ez 36:25-28). Somente com um novo coração dado por Deus, sairá abundantemente o bem da boca do homem, pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca (Mt 12:34).
Jesus ordenou aos seus ouvintes para não ajuntarem tesouro na terra, onde a traça e a ferrugem consomem. Seria um contra senso o Salmo declarar que uma boca cheia de bens, faz referência a bens materiais. Para a mocidade se renovar é necessário um novo nascimento e um novo coração, donde procedem bens que fartam a boca:
“Que farta a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia” (Sl 103:5);
“Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem e onde os ladrões não minam nem roubam” (Mt 6:20).
Certo é que a ‘bênção do Senhor que enriquece’, não trará bens pertinentes a este mundo, mas ao mundo vindouro, pois a vida do homem não consiste nos bens que ele possui (Lc 12:15).
Cristo, a sabedoria de Deus, é a bênção do Senhor que enriquece: “Riquezas e honra estão comigo; assim como os bens duráveis e a justiça” (Pv 8:18), pois n’Ele não há trabalho, dores, antes Ele é o descanso prometido (Hb 4:3).
O que acrescenta dores é o trabalho diuturno do homem, pois foi penalizado no Éden com o trabalho árduo. O homem só comerá do suor do seu rosto e com dores (Gn 3:17).
Seria um veículo automotor, a bênção do Senhor? Não, pois junto com um carro vêm despesas como impostos, combustível, manutenção, seguro, etc. Que dizer da preocupação com ladrão, ferrugem, calamidades, acidentes, etc. A bênção do Senhor é tesouro que se guarda nos céus, onde a traça e a ferrugem não consomem.
O cristão deve acatar o que o apóstolo Paulo recomendou: “Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes” (1Tm 6:8), visto que aqueles que querem ser ricos neste mundo, serão acometidos de muito trabalho. Portanto, resta-nos refugiarmos em Cristo, que é justiça e bem durável:
“Mas, os que querem ser ricos, caem em tentação e em laço e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e na ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1Tm 6:9 -10).
muito rico, simplesmente maravilhoso. Deus abençoe sua vida, meu irmão