O crente deve estar cônscio de que a sua salvação só ocorrerá se permanecer firme no evangelho anunciado pelos apóstolos, retendo-o inalterado, tal qual foi anunciado até o fim: “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis. Pelo qual, também, sois salvos se o retiverdes, tal como vo-lo tenho anunciado” (1 Co 15:1).
– Vigia irmão!
Conteúdo do artigo
“Vigiai, estai firmes na fé, portai-vos varonilmente e fortalecei-vos” (1 Co 16:13)
Introdução
No dia a dia entre os cristãos é comum ouvirmos o seguinte alerta: – “Vigia varão”! Mas, com o que o cristão deve estar vigilante?
Vigiar para não ser surpreendido pela volta de Cristo, quando vier buscar a igreja? A vigilância do crente deve estar focada nas questões de vestimentas, alimentação, relações interpessoais, etc.? O cristão deve ser vigilante com relação às suas amizades com os não cristãos?
Analisemos qual o objetivo do apóstolo Paulo, ao ter ordenado aos cristãos que vigiassem.
Vigiai
“Porque nenhuma outras coisas vos escrevemos, senão as que já sabeis ou, também, reconheceis e espero que, também, até ao fim as reconhecereis” (2 Co 1:13).
Um dos princípios norteadores de todas as cartas paulinas, consta do verso acima: tudo o que o apóstolo escreveu em suas epístolas, os destinatários (cristãos) já sabiam ou, tinham condição de reconhecê-las. Além disso, o apóstolo Paulo não se aborrecia de escrever sempre as mesmas coisas, pois ele entendia que era segurança para os cristãos (Fl 3:1).
O apóstolo Paulo nutria a esperança de que os seus interlocutores identificassem a mensagem escrita, como idêntica ao que lhes fora ensinado pessoalmente, e que jamais se distanciassem do que haviam aprendido.
Considerando que tudo o que o apóstolo Paulo escreveu em suas epístolas os cristãos conheciam e podiam identificar, quando é dito: – ‘Vigiai’, o apóstolo dos gentios estava evocando um ensinamento que, efetivamente, os seus interlocutores sabiam e que podiam distinguir com precisão.
Em seu discurso de despedida da igreja que ficava na cidade de Éfeso, o apóstolo Paulo ordenou aos anciões que ficassem atentos. Observe:
“Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos…” (At 20:28).
Por que os cristãos deveriam estar atentos? Porque o apóstolo Paulo sabia que, após partir para Jerusalém, na comunidade de Éfeso se levantariam homens que falariam coisas ‘perversas’[1] para atraírem os seguidores de Cristo após eles. Surgiriam lobos cruéis que se introduziriam em meio aos cristãos e não poupariam o rebanho de Deus.
“Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si” (At 20:29-30).
Dai o alerta: ‘Olhai por vós e por todo o rebanho…’ (At 20:28). – “Estai atentos”, ou seja, os anciões deveriam estar vigilantes. Vigilantes como? Mantendo acesa na memoria o que, com lágrimas, lhes foi ensinado pelo apóstolo Paulo, durante três anos (At 20:31).
O crente deve estar cônscio de que a sua salvação só ocorrerá se permanecer firme no evangelho anunciado pelos apóstolos, retendo-o inalterado, tal qual foi anunciado até o fim: “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis. Pelo qual, também, sois salvos se o retiverdes, tal como vo-lo tenho anunciado” (1 Co 15:1).
Ora, Jesus teve o cuidado de anunciar somente o que o Pai prescreveu, pois Ele sabia que o mandamento de Deus é a vida eterna, logo, tudo que Jesus ensinou, falou, especificamente, como o Pai lhe prescreveu (Jo 12:49-50; Jo 14:24).
Em meio aos irmãos de Corinto surgiram pseudocristãos que falavam coisas ‘perversas’, ou seja, anunciavam que os mortos não ressuscitavam (1 Co 15:12), daí o alerta paulino: – “Vigiai justamente e não pequeis”!
“Não vos enganeis[2]: as más conversações[3] corrompem os bons costumes[4] [5]. Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa” (1 Co 15:33-34).
O apóstolo alerta aos cristãos, a não se deixarem iludir, ou seja, não se deixarem enganar, pois, as más associações (comunhão) corrompem o que está estabelecido. A companhia, a relação ou a comunhão (conversações) com aqueles que anunciavam que os mortos não ressuscitam comprometia a verdade do evangelho, vez que a ideia de não haver ressurreição é contrária à pregação dos apóstolos: “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação e, também, é vã a vossa fé” (1 Co 15:14).
A mensagem que o apóstolo Paulo pregou aos cristãos, na qual deveriam permanecer era o ηθος (ethos), a residência habitual, o abrigo, o recanto dos cristãos, da qual não podiam se demover (1 Co 15:11; 2 Ts 2:15), mas a ‘conversação’ com quem não detém o conhecimento de Deus, pode corromper a verdade do evangelho: “Ninguém vos engane com palavras vãs, porque, por estas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. Portanto, não sejais seus companheiros” (Ef 5:6-7; 2 Ts 3:6).
Por causa do risco inerente às más conversações, a ordem é: afaste-se, não compartilhe da mesma mesa, não receba em casa e nem saudai! “Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes, afasta-te” (2 Tm 3:5); “Mas, agora vos escrevi, que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais“ (1 Co 5:11); “Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis” (2 Jo 1:10).
Sóbrio
Diante do desvio doutrinário, acerca da ressurreição dos mortos, o apóstolo Paulo conclama os cristãos a permanecerem sóbrios. Daí a ordem: – ‘Vigia, justamente, e não pequeis[6]’! (1 Co 15:34).
Permanecer sóbrio é indispensável à vigilância. A sobriedade contrasta com a loucura, decorrente da embriaguez, portanto, é o mesmo que dizer: não seja insensato, néscio, louco, etc. Os judeus foram nomeados loucos pelos profetas, por não andarem segundo o mandamento de Deus: “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Rm 1:22); “E ele lhes disse: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram!” (Lc 24:25); “Deveras o meu povo está louco, já não me conhece; são filhos néscios e não entendidos; são sábios para fazer mal, mas não sabem fazer o bem” (Jr 4:22; Dt 32:6).
O sóbrio compreende qual é a vontade de Deus, segundo a verdade do evangelho (Ef 5:17), ou seja, é pleno (cheio) do Espírito, pois a palavra de Deus habita nele, abundantemente (Cl 3:16), o que contrasta com os filhos de Israel, que não tinham o conhecimento de Deus (Dt 32:28).
O insensato é aquele que rejeita a verdade do evangelho, por estar embriagado no vinho da dissolução (contenda, facciosidade, devassidão), ou seja, nas questões loucas e nocivas que produzem contenda, portanto, não produz edificação do corpo de Cristo “Mas não entres em questões loucas, genealogias e contendas e nos debates, acerca da lei; porque são coisas inúteis e vãs” (Tt 3:9); “E rejeita as questões loucas e sem instrução, sabendo que produzem contendas” (2 Tm 2:23).
Os néscios estavam embriagados no vinho colhido nos campos de Sodoma e Gomorra, um ardente veneno de serpentes, pois não conheciam a Deus: “Tardai e maravilhai-vos, folgai e clamai, bêbados estão, mas não de vinho, andam titubeando, mas não de bebida forte. Porque o SENHOR derramou sobre vós um espírito de profundo sono e fechou os vossos olhos, vendou os profetas e os vossos principais videntes” (Is 29:9-10); “Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?” (Mt 23:33; Dt 32:32-33).
“Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto, os dias são maus. Por isso, não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5:15-18).
O apóstolo Paulo recomenda a Timóteo que seja sóbrio, quanto a sofrer as aflições por causa do evangelho, cumprindo o ministério de evangelista, pregando a palavra, redarguindo, repreendendo e exortando, segundo a verdade do evangelho, isso porque, muitos se desviariam da verdade, voltando às fábulas (judaísmo), pois não suportariam a doutrina do evangelho e buscariam doutores, segundo as suas concupiscências (2 Tm 4:1-5).
O sóbrio é aquele que está revestido da armadura de Deus e permanece vigilante, ou seja, não se deixa vencer pelo sono: “Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios (…) Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor e tendo por capacete a esperança da salvação” (1 Ts 5:6 e 8).
O apóstolo Paulo recomenda aos cristãos a sobriedade, para não pecarem (1 Co 15:34) e o apóstolo João escreve a sua primeira epístola, para que os seus interlocutores, também, não pecassem (1 Jo 2:1).
“Ficai sóbrio, justamente, e não pequeis, porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus” (1 Co 15:34).
“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo” (1 Jo 2:1)
Com o objetivo de evitar que os cristãos se desviassem (αμαρτανω/hamartano) do que lhes fora anunciado (evangelho), tanto o apóstolo Paulo, quanto o apóstolo João, escrevem aos cristãos para que sempre se lembrassem o que lhes fora anunciado.
“Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual, também, recebestes e no qual também permaneceis. Pelo qual, também, sois salvos, se o retiverdes, tal como vo-lo tenho anunciado (…) Vigiai justamente e não pequeis” (1 Co 15:1-2 e 34).
“O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que, também, tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo. Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra (…) Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis” (1 Jo 1:3 -4 e 2:1)
Lembrar as palavras anunciadas por Cristo e os apóstolos é estar vigilante:
“AMADOS, escrevo-vos agora esta segunda carta, em ambas as quais desperto com exortação o vosso ânimo sincero; Para que vos lembreis das palavras que primeiramente foram ditas pelos santos profetas, e do nosso mandamento, como apóstolos do Senhor e Salvador. Sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências” (2Pe 3:1 -3).
Perseverança
A falta de conhecimento (ignorância) de alguns cristãos em Corinto foi destacada pelo apóstolo Paulo para envergonhá-los (1 Co 15:34). O escritor aos Hebreus, por sua vez, repreende aos cristãos, por ainda serem neófitos no evangelho, apesar do decurso do tempo: “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento” (Hb 5:12).
O aviso solene para ‘vigiar’ tem o escopo de apontar a necessidade de perseverança. A ordem é de autotutela: cuida de ti mesmo e da doutrina. O cristão deve manter-se vigilante e não esperar que outros o façam: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm 4:16).
Como cuidar da sã doutrina? Portando-se como os crentes de Beréia, examinado se o ensinado está em consonância com as Escrituras ou não (At 17:10-11). É imprescindível que o cristão prove os espíritos, ou seja, analise se as mensagens anunciadas provem de Deus ou não (1 Jo 4:1).
Quando ordenam a vigilância, os apóstolos não têm em mente que os cristãos possam ser surpreendidos despercebidos, quando da volta de Cristo. Embora Cristo virá em hora que ninguém sabe (como o ladrão de noite), os que creem em Cristo, já não estão em trevas, portanto, o dia do Senhor não os surpreenderá.
“Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão; Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas” (1 Ts 5:4-5).
Qualquer que crê que Jesus é o Cristo, é filho de Deus (Gl 3:26; 1 Jo 3:1-2 e 1 Jo 5:1), portanto, filho da luz (Ef 5:8), visto que, ao ser batizado na morte de Cristo, ressurgiu uma nova criatura segundo Cristo (Gl 3:28; Cl 3:1). A vigilância do crente não é motivada pelo medo de que o dia da volta de Cristo o surpreenda despreparado, antes, a vigilância tem por foco a firmeza na verdade do evangelho.
Estai firmes na fé
Após afirmar que há ressurreição dentre os mortos (1 Co 15:42), o apóstolo Paulo recomenda que os cristãos sejam firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor (1 Co 15:58).
Mas, para o crente estar firme é necessário se revestir da palavra de Deus, ou seja, fortalecer-se na força do poder de Deus, que é o evangelho: “Pelo qual, também, temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos na esperança da glória de Deus” (Rm 5:2; Rm 1:16; 1 Co 1:18 e 24).
O crente estará revestido de toda a armadura de Deus, quando a palavra de Cristo habitar, abundantemente, ou seja, quando o crente, como ministro do espírito, estiver pleno (cheio) do espírito, vez que as palavras de Cristo são espírito e vida: “O qual, nos fez, também, capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica” (2 Co 3:6; Cl 3:16; Ef 5:18; Jo 6:63).
Ao escrever aos cristãos em Filipos, o apóstolo Paulo alerta acerca dos cães, dos maus obreiros e da falsa circuncisão (Fl 3:2). Ele esclarece que os crentes em Cristo serviam a Deus em espírito (evangelho), e não confiam na carne (Fl 3:3), mas que existiam muitas pessoas que eram inimigas da cruz de Cristo, cujo deus era o ventre (Fl 3:18) e, por fim, recomenda que permanecessem firmes em Cristo (Fl 4:1).
Aos cristãos de Colossos, o apóstolo Paulo lembra que, antes eles eram inimigos no entendimento, mas foram reconciliados através do corpo de Cristo pela morte, de modo a apresentar os que creem santos, irrepreensíveis e inculpáveis perante Ele (Cl 1:21). Mas, para isto era necessário que os cristãos permanecessem fundados e firmes na fé, ou seja, sem se demoverem da esperança do evangelho (Ef 1:23).
“Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu e do qual eu, Paulo, estou feito ministro” (Cl 1:23).
O apóstolo Pedro evoca a sobriedade e a vigilância, por causa do adversário à espreita e explica que, somente permanecendo firme na verdade do evangelho, a fé entregue aos santos (Jd 1:3), é possível resistir ao diabo, o adversário (1 Pe 5:8-9).
“Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 1:3);
“Somente deveis portar-vos dignamente, conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho” (Fl 1:27).
O apóstolo Pedro, resumidamente, exortou e testificou acerca da verdade em Cristo e ordena que os cristãos fiquem firmes nela (1 Pe 5:12), pois, quem está firme na fé, resiste ao adversário – o diabo – que anda em derredor, buscando quem possa tragar (1 Pe 5:9).
Muitos querem resistir ao diabo através de imprecações, orações, jejuns, etc., porém, só é possível resistir ao adversário, permanecendo firme na fé.
“Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo” (1 Pe 5:8);
“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6:11).
Portai-vos varonilmente
Ao ordenar aos cristãos que portassem varonilmente, o apóstolo Paulo evoca a ideia do que foi dito por Davi a Salomão:
“Eu vou pelo caminho de toda a terra; esforça-te, pois, e sê homem” (1 Rs 2:2).
Salomão deveria se esforçar e ser valoroso, aguerrido, forte, campeão, vencedor, etc. Mas, para ser esse ‘homem’, era necessário obedecer a Deus em tudo, pois assim prosperaria em tudo que fizesse: “E guarda a ordenança do SENHOR teu Deus, para andares nos seus caminhos e para guardares os seus estatutos e os seus mandamentos, os seus juízos e os seus testemunhos, como está escrito na lei de Moisés; para que prosperes em tudo quanto fizeres e para onde quer que fores” (1 Rs 2:3).
Gideão foi nomeado valoroso, quando se esforçava malhando trigo no lagar para proteger o sustento dos midianitas: “Então o anjo do SENHOR lhe apareceu e lhe disse: O SENHOR é contigo, homem valoroso” (Jz 6:12).
Para fazer o que Deus ordena é necessário se esforçar e ter bom ânimo:
“Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que, prudentemente, te conduzas por onde quer que andares” (Jz 1:7).
O crente deve permanecer firme no evangelho, pois venceu o maligno (1 Jo 2:13). Mas aquele que se deixa enganar por aqueles que, com astúcia, enganam fraudulentamente, torna-se uma fonte turva, um manancial poluído: “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente” (Ef 4:14);
“Como fonte turvada e manancial poluído, assim é o justo que cede diante do ímpio” (Pv 25:26).
Fortalecei-vos
Ao escrever aos cristãos, em Éfeso, o apóstolo Paulo, também, ordena que se fortaleçam no Senhor e na força do seu poder:
“No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6:10).
No que consiste fortalecer no Senhor e na força do seu poder? É o mesmo que se fortificar na graça que há em Cristo, ou seja, crescer na graça e no conhecimento: “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus” (2Tm 2:1); “Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém” (2 Pd 3:18).
Por que o apóstolo Pedro recomenda aos cristãos que cresçam na graça? Porque o apóstolo enfatiza que é necessário aos cristãos se protegerem do engano dos homens abomináveis. Se o crente não crescer na graça revelada em Cristo, ou seja, no conhecimento do evangelho, corre o risco de ser arrebatado pelo engano, não permanecendo firme em Cristo: “Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais, juntamente, arrebatados e descaiais da vossa firmeza” (2 Pd 3:17).
O evangelho é o poder de Deus para salvação daquele que crê, portanto, o crente tem que se fortalecer no evangelho, revestindo-se da palavra de Deus, ou seja, fortalecer na força do poder de Deus (Rm 1:16; 1 Co 1:18; 1 Co 2:4-5; 2 Co 6:7).
Ao crer no evangelho, o crente realiza a vontade de Deus e passa a ser membro da família de Cristo. Mas, após crer em Cristo, é necessário permanecer crendo para que possa alcançar a promessa. Da mesma forma que um lavrador espera o fruto da árvore, aguardando-o com paciência, o crente deve ser paciente e, para isso, precisa fortalecer o seu coração: “E, estendendo a sua mão para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, irmã e mãe” (Mt 12:49-50); “Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa” (Hb 10:36); “Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia. Sede vós, também, pacientes, fortalecei os vossos corações; porque, já a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5:7-8).
Após alertar os cristãos acerca das ‘doutrinas várias e estranhas’, o escritor aos Hebreus destaca que é bom que o coração se fortifique com graça e não com alimentos, o que demonstra que haviam alguns que entendiam que o cristão estaria robustecido, caso participe ou, se abstenha de determinados alimentos, uma doutrina estranha à verdade do evangelho: “Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça e não com alimentos, que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram” (Hb 13:9).
O cristão deve seguir a verdade do evangelho desenvolvendo-se plenamente em Cristo, ou seja, precisa chegar à unidade da fé, ao pleno conhecimento de Cristo, à medida da estatura completa de Cristo: conhecendo a palavra de Deus. Deste modo, o crente deixa de ser menino, ou seja, sugestionável, propenso a ser levado por ventos de doutrinas (Ef 4:13-14).
[1] “1294 διαστρεφω (diastrepho) de 1223 e 4762; TDNT – 7:717,1093; v 1) torcer, desencaminhar, desviar 1a) opor-se, conspirar contra os propósitos e planos salvadores de Deus 2) desviar do caminho certo, perverter, corromper”. Dicionário Bíblico Strong.
[2] “4105 πλαναω (planao) de 4106; TDNT – 6:228,857; v 1) fazer algo ou, alguém se desviar, desviar do caminho reto 1a) perder-se, vagar, perambular 2) metáf. 2a) desencaminhar da verdade, conduzir ao erro, enganar 2b) ser induzido ao erro 2c) ser desviado do caminho de virtude, perder-se, pecar 2d) desviar-se ou afastar-se da verdade 2d1) de heréticos 2e) ser conduzido ao erro e pecado”. Dicionário Bíblico Strong.
[3] “3657 ομιλια (homilia) de 3658; n f 1) companhia, relação, comunhão”. Dicionário Bíblico Strong.
[4] “2239 ηθος (ethos) uma forma consolidada de 1485; n n 1) residência habitual, lugar de habitação, abrigo, recanto 2) costume, uso, moral, caráter”. Dicionário Bíblico Strong.
[5] “1485 εθος (ethos) de 1486; TDNT – 2:372,202; n n 1) costume 2) prática prescrita pela lei, instituição, prescrição, rito”. Dicionário Bíblico Strong.
[6] “264 αμαρτανω (hamartano) talvez de 1 (como partícula negativa) e a raiz de 3313; TDNT – 1:267,44; v 1) não ter parte em 2) errar o alvo 3) errar, estar errado 4) errar ou desviar-se do caminho da retidão e honra, fazer ou andar no erro 5) desviar-se da lei de Deus, violar a lei de Deus, pecado”. Dicionário Bíblico Strong.