Polêmicos

Por que Deus colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal no meio do Jardim?

“Se Ele não queria que isso acontecesse, por que colocou a tal árvore no meio do jardim – e não fora dos muros do Paraíso?*” Veronika decide morrer, Paulo Coelho. Para Mari, personagem do romance ‘Veronika decide morrer’, do escritor Paulo Coelho, a expulsão do casal do jardim do Éden foi arbitrária e sem fundamento jurídico “… apenas por transgredir uma lei arbitrária, sem nenhum fundamento jurídico: não comer o fruto do bem e do mal” Idem. Ora, a pergunta acima pode ser formulada sem receio de qualquer castigo, ou que se esteja cometendo um sacrilégio ou uma blasfêmia. Almeje saber por que Deus colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal no meio do jardim sem qualquer barreira que impedisse o homem de acessá-la, porém, é de bom alvitre observar que, o ato de formular uma pergunta, e dependendo de quem faz a pergunta, pode abrigar no seu bojo as mais variadas intenções.


Por que Deus colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal no meio do Jardim?

Questionar é salutar

Esta pergunta não deve ser feita somente por ateus, céticos, magos, espiritualistas, e outras correntes de pensadores seculares, mas deve ser feita, principalmente, por cristãos. Não me refiro aos ‘cristãos’ com fulcro na religiosidade, na moralidade, ou na formalidade, mas àqueles que efetivamente creem na doutrina de Cristo.

A pergunta pode ser formulada sem receio de qualquer castigo, ou que se esteja cometendo um sacrilégio ou uma blasfêmia. Almeje saber por que Deus colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal no meio do jardim sem qualquer barreira que impedisse o homem de acessá-la.

Porém, é de bom alvitre observar que, o ato de formular uma pergunta, e dependendo de quem faz a pergunta, pode abrigar no seu bojo as mais variadas intenções.

Para compreender esta peculiaridade própria as perguntas, voltemos ao evento no Éden:

A ‘serpente’ fez uma pergunta à mulher: “É assim que Deus disse: não comerás de toda árvore do jardim?” ( Gn 3:1 ). A ‘serpente’ desejava saber, ou questionar a ordenança divina? Qual perspectiva motivava o inquiridor?

 

A astucia da serpente

Observe o que a astuta ‘serpente’ conseguiu com a pergunta formulada à mulher:

  • Chamou a atenção de Eva para o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal;
  • Enfatizou a ideia de uma proibição exacerbada, descabida e que nunca existiu;
  • Fez a mulher sentir-se segura de si por demonstrar à ‘serpente’ conhecimento superior;
  • Consequentemente, fez a mulher deixar de se refugiar na palavra de Deus, e;
  • Conseguiu a oportunidade de expor a mentira que produziu o engano.

A pergunta: ‘Por que Deus colocou a árvore no meio do jardim?’ é pertinente e deve ser formulada quando se tem o desejo de saber, porém, dependendo do contexto, ou do momento que ela é feita, pode ser utilizada para infamar. Observe:

“Se Ele não queria que isso acontecesse, por que colocou a tal árvore no meio do jardim – e não fora dos muros do Paraíso?*” Veronika decide morrer, Paulo Coelho, São Paulo, Editora Planeta do Brasil, 2006, Pág. 108.

Ao se deparar com perguntas semelhantes a esta é de bom alvitre verificar qual a motivação por trás dela:

a) desejo de saber, ou;

b) anseio de criticar, infamar, etc.?

Outro ponto a se considerar refere-se ao estado emocional de quem faz a pergunta.

A pergunta em tela deve ser feita, porém, não se deve renegá-la somente a momentos de desequilíbrio emocional. Por que questionar os motivos da divindade somente quando não se está bem financeiramente, quando se perde um parente, quando se sai de um relacionamento frustrante, quando em depressão, quando em fatalidades, catástrofes, etc.?

Se quem pergunta deseja chegar à verdade, não pode estar comprometido emocionalmente.

É de conhecimento que, um dos problemas da ciência moderna reside na ferramenta, ou seja, no instrumento de análise de certos eventos científicos. Como analisar um átomo sem que o instrumento de análise interfira na dinâmica do átomo? Se analisado por um microscópio, a própria luz que se lança sobre o átomo não interferirá no que se está observando, interferindo na mensuração e no diagnóstico? Ao introduzir certos corantes nas células para observá-la, não se interferiu na dinâmica dos seus compostos?

Que se dirá de uma análise que depende única e exclusivamente de relações lógicas, se a pessoa que busca uma resposta está comprometida emocionalmente? Se as perguntas, a base para qualquer busca de conhecimento, já surgirem eivadas de elementos tendenciosos?

Segue-se que, se uma pessoa estiver comprometida emocionalmente, ouvirá somente o que quer ouvir, e verá somente o que deseja ver. Deste modo, temos por verdadeiro o enunciado do provérbio popular: “O pior cego é aquele que não quer ver!”.

Desde que o diabo fez a pergunta à mulher: “É assim que Deus disse: Não comerás de toda a árvore do jardim?” ( Gn 3:1 ), enfatizando uma proibição que efetivamente não existiu, muitos pensadores só ouvem e veem na ordenança que Deus deu ao homem uma proibição. Até mesmo acusam Deus de induzir o homem à desobediência, ou que Deus inventou o castigo.

 

O que Deus disse?

Mas, o que Deus disse ao homem? Será que os ateus já leram o que Deus disse? Será que os críticos abriram e leram efetivamente o livro que contém os registros do que Deus disse?

Observe o que Deus disse: “De toda a árvore do jardim comerás livremente…” ( Gn 2:16 ). O que Deus enfatizou? Deus enfatizou que o homem era livre, e que poderia agir segundo a sua vontade. Adão podia comer livremente de todas as árvores do jardim, porém, a ‘serpente’ enfatizou à mulher somente uma proibição.

É de se estranhar que em nenhuma acusação contra Deus citem as suas palavras conforme consta no Gênesis, principalmente: “De toda a árvore do jardim comerás livremente…” ( Gn 2:16 ). Geralmente rotulam o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal somente de ‘fruto proibido’. Ora, o fruto nunca foi ‘proibido’, pois de todas as árvores o homem poderia comer ‘livremente’.

A indução da ‘serpente’ ofusca a verdade para aqueles que se agradam em manifestar aquilo que lhes agrada seus corações. Erram ao amalgamar a pergunta tendenciosa da ‘serpente’ a ordenança divina, e interpretam-na apenas como proibição. Bem disse o pregador: “O tolo não tem prazer na sabedoria, mas só em que se manifeste aquilo que agrada o seu coração” ( Pv 18:2 ).

O que se manifesta na ordenança divina? Deus concedendo a Adão o exercício do livre arbítrio!

Deus colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal no meio do jardim, sem qualquer barreira que impedisse o homem de comer do seu fruto para conceder-lhe liberdade.

Se a árvore do conhecimento do bem e do mal não fosse colocada entre as demais árvores do Éden, Adão seria efetivamente livre? Existe liberdade quando não há limites? Como delinear a liberdade sem um referencial estabelecido?

Não há limites para Deus? É assente que Deus é livre, mas Ele não pode mentir. Deus não pode voltar atrás com a sua palavra. Ele não pode prometer e deixar de cumprir! Embora Deus seja Deus, submete-se à sua palavra! No entanto, Ele é a máxima expressão da liberdade!

A liberdade não está em fazer o que é vetado, antes reside na capacidade de rejeitar ou não o proibido.

Sem a árvore e sem o alerta divino não haveria o exercício da liberdade, e o homem estaria ligado a Deus mesmo contra sua vontade. A regra (livremente) e a exceção (mas) andam juntas para ser factível o exercício da liberdade ( Gn 2:16 -17). Todas as árvores do jardim poderiam ser degustadas livremente, mas, o homem deveria considerar que, caso comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal, arcaria com as consequências (separação de Deus).

Embora criado livre, não haveria razão de ser tal liberdade se Adão não possuísse a possibilidade real de exercê-la. Que é a liberdade sem a possibilidade de ser escravizado? Escolher o proibido não é propriamente a liberdade, pois ela não reside no proibido, antes, na possibilidade de rejeitar algo factível: a servidão.

Do mesmo modo que a comunhão com Deus (vida) é antagônica a condição de alienação da glória de Deus (morte), estar com Deus é liberdade, e alienado d’Ele escravidão ao pecado.

Somente onde o Espírito de Deus está, ai há liberdade, portanto, somente em Deus o homem é livre e vive ( 2Co 3:17 ).

Adão não precisava experimentar o fruto para ser livre, pois ao experimentá-lo, passou a condição de preso, submetendo-se à sua própria decisão.

Em algum momento Adão foi pressionado a tomar uma decisão?

A liberdade é patente, clara, pois Adão não foi coagido a tomar qualquer decisão. Ele era livre, pois não havia qualquer tipo de opressão que o obrigasse a tomar uma decisão.

Adão não soube das consequências dos seus atos? Ele não possuía o conhecimento necessário para tomar uma decisão? Seria a ignorância uma bênção?

A luta pela informação, rechaçando qualquer regime político que viole o direito à informação é uma constante para a humanidade ao longo dos séculos. Porém, por que acusam Deus de indução à desobediência por ter concedido um direito tão caro a Adão quando informou das consequências dos seus atos?

O homem somente é livre quando sabe das consequências dos seus atos. O homem é livre quando lhe é permitido tomar decisões. O homem é livre quando possui o conhecimento necessário para tomar suas próprias decisões.

A ordenança divina de modo algum foi arbitrária, antes, superior a qualquer ordenamento jurídico que o homem já inventou. A ordenança divina é a expressão mais sublime do espírito das leis: visava preservar os bens mais importantes do homem – a vida e a liberdade.

Enquanto não comesse do fruto da árvore, Adão permaneceria vivo (unido a Deus), pois a consequência era clara: certamente morrerás (alienação de Deus). Enquanto se abstivesse do fruto do conhecimento do bem e do mal Adão permaneceria livre, mas após comer, tornar-se-ia prisioneiro de sua própria decisão.

 

Punição

Para Mari, personagem do romance ‘Veronika decide morrer’, do escritor Paulo Coelho, a expulsão do casal do jardim do Éden foi arbitrária e sem fundamento jurídico “… apenas por transgredir uma lei arbitrária, sem nenhum fundamento jurídico: não comer o fruto do bem e do mal” Idem.

É inconcebível que alguém, e utilizamos como exemplo as argumentações da personagem Mari, ligado a um sistema jurídico que é redigido de modo que as pessoas comuns não entendam o prescrito, sendo que este regime se sustem no princípio de que ninguém pode alegar ignorância da lei, questione que houve arbitrariedade na ordenança do Éden.

Haveria arbitrariedade se Deus legislasse em benefício próprio, porém, a ordenança concedida a Adão visava tão somente tutelar o que pertencia ao homem. Tornar alguém passível de punição, mesmo quando desconhece a lei, é legislar em beneficio da lei, e não do tutelado pela lei.

Não há qualquer elemento que de margem para se acusar Deus de arbitrariedade, mas os acusadores querem colocar a ordenança divina em suspensão, mesmo vivendo sob um sistema jurídico que navega por princípios inferiores ao da ordenança divina. Enquanto a ordenança divina visava preservar os dois bens mais preciosos que foi concedido ao homem, os ordenamentos jurídicos da atualidade se propõem mediar conflitos de interesses, sendo eminentemente punitivos. Por exemplo: matar alguém se resume a uma pena de reclusão.

A acusação de que Deus inventou o castigo através da ordenança dada a Adão é basear-se numa lógica simplista sem ao menos investigar os fatos descritos na Bíblia “Mas Deus (…) Pelo contrário, escreveu a lei e achou um jeito de convencer alguém a transgredi-la, só para poder inventar o Castigo” idem.

“E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás ( Gn 2:16 -17).

Qual a consequência da decisão do homem em comer do fruto do conhecimento do bem e do mal? Morte. A morte da qual Deus fez referência não era o termino das funções vitais do corpo, pois ao se referir à morte física do homem Ele utiliza a expressão ‘voltar ao pó’.

Se só havia Adão e Eva no Éden, eles morreriam para quem? A decisão de comer do fruto teria como consequência alienação, uma barreira entre Deus e os homens. Somente o termo ‘morte’ para descrever a ‘nova’ condição pertinente ao homem após a queda.

Quando Deus alertou: ‘dela não comerás’, estava sinalizando que, caso o homem não mais desejasse relacionar e depender do Criador (vida), que lançasse mão do fruto do conhecimento do bem e do mal. Como o homem era livre, caso não mais desejasse viver na dependência do cuidado e do conhecimento do Senhor, poderia ‘existir’ à parte d’Ele (morte).

Após comer do fruto do conhecimento do bem e do mal, o homem tornou-se como Deus, conhecedor do bem e do mal. A barreira de inimizade foi erguida (morte, separação, alienação…), e o homem passou a guiar-se segundo o conhecimento que adquiriu.

Deus a ninguém oprime ( Jó 37:23 ), e a ninguém tenta com o mal ( Tg 1:13 ), portanto, a queda do homem não partiu do Criador. Foi o homem que se lançou da presença do Criador.

Após comer do fruto e morrer (alienação), o homem passou a existir escravo de sua própria decisão. Apesar de ser como Deus, conhecedor do bem e do mal, estava alienado Deus, portanto, foi incumbido de se suster por conta própria. Quando compartilhava da glória de Deus, o homem não era como Deus, conhecedor do bem e do mal, mas Deus o provia de todas as coisas. De todas as árvores do jardim que foi plantado pelo Senhor o homem podia comer livremente, com a queda, o homem estava de posse do conhecimento necessário e precisava manter-se do suor do seu rosto ( Gn 3:19 ).

A condição de Adão equipara-se a do filho que consegue a emancipação do pai: subsistirá pelos seus próprios meios. Quando estava em comunhão bastava lavrar e cuidar do jardim de Deus, agora, fora do jardim, a terra foi posta a produzir espinhos e cardos, para que o homem provesse o seu sustento através do suor do seu rosto ( Gn 3:18 ). O trabalho não foi punição, pois o homem trabalhava desde que foi posto no jardim.

O homem tornou-se ‘independente’ após a queda, e foi lançado fora do jardim do Éden para que iniciasse a sua labuta: lavrar uma terra “difícil” que produziria suor segundo a medida do trabalho do homem ( Gn 3:23 ). Observe que há uma grande diferença entre ‘liberdade’ (vida) e ‘independência’ (morte). Quando se é livre, há uma relação estabelecida entre as partes, mas quando se estabelece a independência, as relações estão cortadas.

Antes da queda o homem era livre para decidir se permanecia ou se apartava do Criador. Após a queda, tornou-se escravo da sua própria decisão, pois não dispõe de meios para voltar ao Criador. Embora muitos busquem voltar ao Criador por seus próprios meios, estão fadados ao fracasso.

 

Liberdade em Cristo

Voltar a viver é possível somente através do próprio Criador, que sinaliza amorosamente através da sua palavra. Como o homem não deu crédito (creu) na palavra que lhe era para vida, o único meio de o homem voltar a ter vida é crer na palavra do Verbo encarnado – Cristo, que no Éden relacionou-se ‘teofanicamente’ com Adão.

É por isso que Cristo diz: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre” ( Jo 7:38 ). Basta crer nas Escrituras! Não é necessário fazer como fez Eva, que em vez de crer na palavra da expressa imagem de Deus, buscou reforçar a sua palavra “E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais” ( Gn 3:2 -3).

Bastava crer na palavra do Senhor que lhes disse que ‘certamente morreriam’, caso utilizassem da liberdade que possuíam, e comessem da árvore do conhecimento do bem e do mal. Induzida pela serpente, Eva transtornou a ordenança, que enfatizava liberdade, alerta e cuidado, tornando-a uma ‘lei’ estritamente proibitiva: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais” ( Gn 3:3 ).

Onde há somente uma ‘lei’ proibitiva em lugar da ordenança que promove à liberdade, a concupiscência opera no homem, pois ao entender a liberdade da ordenança como estritamente um mandamento (lei), o pecado opera toda concupiscência. Por exemplo: Eva olhou e viu que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e desejável para dar entendimento (Como ela considerou a ordenança como sendo estritamente um mandamento, o pecado por meio do mandamento operou toda concupiscência), ela lançou mão do fruto e comeu.

Mesmo que a proibição (lei) não é pecado, o homem só conhece a concupiscência ao se deparar com a proibição (lei). Na liberdade ‘de todas as árvores comerás livremente’ o pecado estava morto, o mesmo que viver sem lei, pois a lei (proibição) só tem razão de ser para os transgressores ( 1Tm 1:9 ), enquanto a ordenança cerca de cuidado os livres. Somente na proibição ‘não comereis dele’, o pecado acha ocasião, pois acaba operando toda concupiscência.

Enquanto havia liberdade o homem vivia, mas na proibição ‘Não comereis dele’, a concupiscência deu lugar ao pecado que trouxe a morte. Observe que, o mandamento que era para vida, tornou-se morte. O mandamento (ordenança) é santo, justo e bom, e a lei (proibição) santa, porém, o pecado achou ocasião na ordenança é matou o homem. O pecado só achou ocasião porque, induzida pela pergunta da serpente, Eva entendeu que a ordenança resumia-se estritamente numa lei proibitiva, e através do mandamento ‘dela não comerás’, o pecado enganou-a e a matou.

Portanto, qualquer que lê as escrituras precisa compreender que onde o Espírito do Senhor está há liberdade, mas a lei, por si só opera a ira, pois o pecado sempre achará ocasião na lei através da concupiscência.

A lei só é imposta aos transgressores ( 1Tm 1:9 ), e por causa dos transgressores ( Gl 3:19 ). Tanto a lei: “Comeste da árvore de que te ordenei que não comesse?” ( Gn 3:11 ), quanto a lei de Moisés, foram acrescentada por causa da transgressão, pois nela opera a ira de Deus, em lugar do cuidado da ordenança, que tem razão de ser para os justos ( 1Tm 1:9 ).

 

Revestido da armadura

Para vencer a ‘serpente’, bastava Eva ater-se a ordenança divina assim como Cristo fez, ao dizer: “Está escrito: não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” ( Mt 4:4 ). Há uma grande diferença entre:

  • O que Deus disse: “De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” ( Gn 2:16 -17);
  • O que Eva disse: “Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais” ( Gn 3:2 -3).

Ela esqueceu que de todas as árvores poderia comer livremente, o que ensejou uma conclusão equivocada: “Não comereis dele, nem nele tocareis…”.

Enquanto o ordenamento jurídico da atualidade persegue o transgressor até impor a punição prescrita, a ordenança do Éden somente colocou o homem a par das consequências dos seus atos. Deus não perseguiu o homem para puni-lo, antes o homem sofreu as conseqüências da sua decisão assim que comeu do fruto.

Enquanto a serpente apontou o conhecimento do bem e do mal como atrativo para o homem comer o fruto, Deus somente alertou que, caso comesse do fruto, o homem estabeleceria uma barreira entre os homens e Deus (morte, pecado, alienação, escravidão).

Se Deus colocasse uma barreira entre o homem e a árvore do conhecimento do bem e do mal, estabeleceria uma relação de desconfiança entre Criador e criatura. Hoje os céticos acusariam Deus de não dar um ‘voto’ de confiança ao homem. Se houvesse uma barreira entre o homem e o fruto do conhecimento do bem e do mal, questionariam se em algum momento o homem foi livre.

O que queremos ver? Qual o objetivo dos questionamentos que se avolumam em nossos dias? Buscam informação ou querem infamar Deus?

Há indução ao crime, à desobediência, ou à rebelião na seguinte ordenança?

“Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás, pois no dia em que dela comeres, certamente morrerás ( Gn 2:16 -17).

  • Deus enfatiza plena liberdade – “De toda a árvore do jardim comerás livremente…”;
  • Aviso solene sem indução a uma decisão: “… mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás…”;
  • Motivação do alerta, conhecimento necessário a uma decisão: “… pois no dia em que dela comeres, certamente morrerás”;
  • Consequência da decisão: “… certamente morrerás”;
  • Bem ‘jurídico’ a ser ‘tutelado’: vida e liberdade.

Caso a Bíblia relatasse que Deus deixou a árvore sem qualquer aviso no jardim, e plantada entre outras árvores semelhantes, e desavisadamente o homem comesse do fruto e morresse, acusariam Deus de ser omisso, injusto e sem amor por suas criaturas.

 

Deus na viração do dia

Mari, após questionar a motivação de Deus, por colocar a árvore do conhecimento do bem e do mal no meio do jardim, satiriza a narrativa dos eventos após a queda do homem e sugere que Deus estava sendo sádico:

“Quando a lei foi violada, Deus – o Juiz Todo-Poderoso – ainda simulara uma perseguição, como se não conhecesse todos os esconderijos possíveis. Com os anjos olhando e divertindo-se com a brincadeira (a vida pra eles também devia se muito aborrecida, desde que Lúcifer deixara o Céu), Ele começou a caminhar. Mari imaginava como aquele trecho da Bíblia daria uma bela cena num filme de suspense: os passos de Deus, os olhares assustados que o casal trocava entre si, os pés que subitamente paravam ao lado do esconderijo” Idem.

O que a advogada Mari do romance faz, muitos fazem no dia-a-dia. Utilizam o seu conhecimento profissional, ou a sua formação acadêmica para infamar aquilo que não compreendem.

Os passos de Deus no Éden dariam uma cena em um filme de suspense? Deus tem pés? Deus simulou uma perseguição? Deus foi sádico?

Conhecimentos jurídicos, históricos e até mesmo científicos não permitem avaliar as indagações acima. Mas, se tiver conhecimento bíblico, não há entrave algum na passagem bíblica.

Geralmente os incautos visualizam neste trecho da Bíblia Deus em sua glória e majestade, porém, esquecem que na Bíblia há inúmeros eventos de teofania. Teofania é um conceito de cunho teológico que significa a manifestação de Deus em algum lugar, coisa ou pessoa. Os eventos tidos por mais marcantes refere-se às pessoas de Abraão ( Gn 18:1 -2) e Moisés ( Ex 3:2 -6).

Mas, a teofania mais importante ocorreu no Éden, pois Adão foi criado do pó da terra e se relacionava diretamente com a expressa imagem de Deus – Cristo. Quem é a expressa imagem de Deus? O escritor aos Hebreus responde: Cristo, o Filho de Deus ( Hb 1:2 -3). Jesus é a expressa imagem de Deus, herdeiro de tudo, e por Ele o mundo foi feito, inclusive a criação de Adão ( Pv 30:4 ).

Quando Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” ( Gn 1:26 ), a expressa imagem de Deus se encarregou desta tarefa. Como Deus criou o homem à sua imagem? A expressa imagem do Deus invisível, o Verbo eterno que havia de encarnar, responsável também por toda criação, criou o homem como sua figura ( Gn 1:27 ; Rm 5:14 ).

Lembrando que a figura não é a imagem exata das coisas, temos que, somente Cristo glorificado é a imagem e semelhança de Deus, e somente os homens que ressurgem com Ele alcança o propósito eterno estabelecido no Éden que é fazer o homem conforme a imagem de Cristo, conforme a semelhança de Cristo, que é a expressa imagem de Deus ( Gn 1:27 ).

Deus criou o homem à imagem de Cristo, conforme Aquele que é semelhante a Ele, ou seja, conforme o seu Filho. E como o homem foi feito a imagem do Filho de Deus? O Filho de Deus (a imagem de Deus) o criou. Ou seja, assim criou Deus o homem a imagem do seu Filho: o seu Filho o criou ( Gn 1:27 ).

É por isso que Deus formou (mãos) o homem do pó da terra e soprou-lhe (fôlego) nas narinas (boca) ( Gn 2:7 ). Além do mais, plantou um jardim no Éden, e ali colocou o homem, que não é a imagem exata (expressa), antes uma figura de Cristo, que é a expressa (exata) imagem de Deus.

O Senhor Jesus utilizou as mãos ao fazer uma adjutora para Adão ( Gn 2:21 ), falou com o casal ( Gn 3:8 ), e fez roupas para ambos ( Gn 3:21 ). Ou seja, Adão não se escondeu porque ouviu passos, antes porque ouviu a voz da expressa imagem de Deus. Eles se esconderam porque não queria que Deus (teofania= expressa imagem de Deus) os vissem sem trajes.

Assim como Cristo apareceu a Abraão, também apareceu e relacionou-se com Adão, que era a sua figura “Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se” ( Jo 8:56 ; Rm 5:14 ).

Para quem não compreende estes eventos, parece cômico um Deus todo-poderoso procurar um casal no jardim do Éden, porém, Adão relacionou-se com a expressa imagem de Deus, pois recebeu d’Ele a ordenança. Às vezes que o Senhor visitou o casal no jardim, assim o fez em teofania, e não em glória imarcescível.

A visitação do Senhor não era com voz de trovão, como ocorreu em outras aparições, antes Adão falava com alguém que era seu igual, semelhante a ele. Após a queda, Deus voltou a falar com Adão como sempre fizera, e não com fogo, raios, trovões e densas trevas para aterrorizá-lo.

Ora, quando Deus os chamou ao termino do dia, o casal resolveu esconder-se. Nem de longe Deus simulou uma perseguição, antes o casal é que se propôs a esconder. Por fim, ao solicitá-los novamente: “Onde estás?”, Adão declarou os seus desatinos e a vergonha por estar nu.

O homem tornou-se como Deus: conhecedor do bem e do mal ( Gn 3:22 ). Adão e Eva alcançou o que a ‘serpente’ lhes disse ( Gn 3:5 ), porém, lançaram mão da alienação de Deus.

Não foi Deus que impôs aos homens os milhares de regras e leis que possuem. A necessidade de regras e leis é algo próprio a natureza do homem.

Antes mesmo de pecar, quando inquirida pela serpente, Eva exacerbou a ordenança divina: “Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais” ( Gn 3:3 ). Os homens para si mesmo são leis, pois criam leis, regras e se deleitam em questões morais. Pune qualquer que não se encaixam em suas regras.

Deus criou o homem nu e não lhes deu nenhuma lei proibindo a nudez, porém, o homem sentiu vergonha de si mesmo, e resolveu de moto próprio cobrir-se ( Gn 3:7 ).

Por que infamar Deus, se tudo que Ele criou era bom? “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?” ( Rm 9:20 -21 ).

Os infamadores somente vêem na ordenança divina um meio inventado por Deus para castigar o homem, porém, qual modelo de ordenamento jurídico fica a espreita para punir o homem: os ordenamentos jurídicos atuais, ou a ordenança do Éden? Há algo de preventivo no ordenamento jurídico da atualidade?

Por fim, enfatizamos a necessidade de ser fazer perguntas, por mais absurdas que possam parecer num primeiro momento se estivermos interessados em conhecimento, porém, quando for bombardeado por uma pergunta, analise a intenção do inquiridor.

Após esclarecer a intenção do inquiridor, caso não saiba, procure a resposta na Bíblia, pois o apóstolo Tiago foi claro ao dizer: “Ora se alguém de vós tem falta de sabedoria, peça a Deus, que a todos dá liberalmente, e não censura, e ser-lhe-á dada” ( Tg 1:5 ).

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

4 thoughts on “Por que Deus colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal no meio do Jardim?

  • Gostei muito deste estudo. Deus abençoe!

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  • Excelente texto! Vai contribuir muito para um estudo que estou fazendo. Deus o abençoe grandemente. Parabéns Claudio Crispim.

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  • Simplesmente maravilhosa está palavra, que Deus em Cristo continue lhe abençoando

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