Interpretação bíblica

E se o meu povo que se chama pelo meu nome…

Somente uma oração coletiva dos filhos de Jacó poderia promover a restauração do povo de Israel, pois seria uma prova de que todos em Israel se sujeitaram ao mandamento de Deus.


E se o meu povo que se chama pelo meu nome…

“E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.” (2 Crônicas 7.14).

 

Tema de pregações

São inúmeras as pregações que utilizam essa passagem bíblica, do segundo Livro das Crônicas de Israel. É grande o volume de esboços e sermões disponíveis, que fazem alusão à fala de Deus a Salomão.

Mas, na sua grande maioria, os sermões e esboços não consideram o texto dentro do seu contexto. Poucos são os pregadores que, ao lerem o verso quatorze, ao menos leem o capítulo sete de segunda crônicas.

Poucos conseguem depreender do texto, que se trata de uma promessa solene, personalíssima e condicional e que, portanto, não possui relação com a igreja de Cristo e nem com os seus membros, em particular.

 

A inauguração do Templo de Salomão

Quatrocentos e oitenta anos, após os filhos de Israel saírem do Egito, no quarto ano do reinado de Salomão sobre Israel, no segundo mês (Zive), começou Salomão a edificar a casa do SENHOR e, assim, se cumpria a palavra de Deus, anunciada por intermédio de Moisés.

“Então haverá um lugar que escolherá o SENHOR vosso Deus para ali fazer habitar o seu nome; ali trareis tudo o que vos ordeno; os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta alçada da vossa mão, e toda a escolha dos vossos votos que fizerdes ao SENHOR.” (Deuteronômio 12.11).

Depois dessa promessa, os filhos de Israel atravessaram o Jordão, herdaram a terra prometida, estavam descansados de todos os seus inimigos ao redor e habitavam em segurança, sob o reinado de Salomão.

“Mas passareis o Jordão, e habitareis na terra que vos fará herdar o SENHOR vosso Deus; e vos dará repouso de todos os vossos inimigos em redor, e morareis seguros.” (Deuteronômio 12.10).

Conforme a previsão anunciada por Moisés, o Templo de Salomão foi edificado no monte Moriá, em Jerusalém, no lugar que Davi tinha preparado, na eira de Ornã, o jebuseu (2 Crônicas 3.1).

“No ano quarto se pôs o fundamento da casa do SENHOR, no mês de Zive. E no ano undécimo, no mês de Bul, que é o mês oitavo, se acabou esta casa com todas as suas coisas, e com tudo o que lhe convinha; e a edificou em sete anos.” (2 Reis 6.37-38).

Após o templo ficar pronto, a arca da aliança, que ficava em tendas, foi conduzida para o templo e Salomão bendisse ao Senhor e abençoou o povo. Em seguida, o rei Salomão fez uma oração, que é eco do que predisse Moisés, aos filhos de Israel, caso se desviasse de obedecer à aliança com Deus.

Observe parte da oração do rei Salomão:

“Quando os céus se fecharem, e não houver chuva, por terem pecado contra ti, e orarem neste lugar, e confessarem teu nome, e se converterem dos seus pecados, quando tu os afligires, então, ouve tu desde os céus, e perdoa o pecado de teus servos, e do teu povo Israel, ensinando-lhes o bom caminho, em que andem; e dá chuva sobre a tua terra, que deste ao teu povo em herança.” (2 Crônicas 6.26-27).

Salomão destaca que, caso os filhos de Israel fossem afligidos por Deus por causa dos seus pecados, que Deus os perdoasse e voltasse a ser favorável a eles, concedendo a chuva, novamente, sobre a terra de Israel.

Salomão foi ouvido, quanto ao solicitado a Deus? Sim! Pois ele orou, segundo a vontade de Deus, expressa através de Moisés:

“E todas estas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruído; porquanto não ouviste à voz do SENHOR teu Deus, para guardares os seus mandamentos, e os seus estatutos, que te tem ordenado; E serão entre ti por sinal e por maravilha, como também entre a tua descendência para sempre. Porquanto não serviste ao SENHOR teu Deus com alegria e bondade de coração, pela abundância de tudo.” (Deuteronômio 28.45-47).

Deus estabeleceu as maldições do Capítulo 28, verso 15, em diante, no Livro de Deuteronômio, como sinal e maravilha, de modo que, se os filhos de Israel fossem desobedientes, todas as maldições elencadas no Capítulo alcançariam o povo de Israel. Mas, se observassem todos os males que sobreviessem ao povo de Israel e compreendessem que Deus estava corrigindo o seu povo e, arrependidos, orassem a Deus, seriam perdoados.

“E SERÁ que, sobrevindo-te todas estas coisas, a bênção ou a maldição, que tenho posto diante de ti, e te recordares delas entre todas as nações, para onde te lançar o SENHOR teu Deus, e te converteres ao SENHOR teu Deus, e deres ouvidos à sua voz, conforme a tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o teu coração, e com toda a tua alma, então o SENHOR teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se compadecerá de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações entre as quais te espalhou o SENHOR teu Deus.” (Deuteronômio 30.1-3).

A oração de Salomão jamais poderia contrariar o estabelecido por Deus:

“E na terra, para onde forem levados em cativeiro, caírem em si, e se converterem, e na terra do seu cativeiro, a ti suplicarem, dizendo: Pecamos, perversamente procedemos e impiamente agimos;  E se converterem a ti com todo o seu coração e com toda a sua alma, na terra do seu cativeiro, a que os levaram presos, e orarem para o lado da sua terra, que deste a seus pais, e para esta cidade que escolheste, e para esta casa que edifiquei ao teu nome, ouve, então, desde os céus, do assento da tua habitação, a sua oração e as suas súplicas, e executa o seu direito; e perdoa ao teu povo que houver pecado contra ti.” (2 Crônicas 6.37-39);

“E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve.” (1 João 5.14).

Após oferecer sacrifícios com o povo, festejando por sete dias, em certa noite, Deus apareceu a Salomão e lhe respondeu, dizendo:

“Ouvi a tua oração, e escolhi para mim este lugar para casa de sacrifício.” (2 Crônicas 7.12).

Como o rei Salomão orou a Deus, segundo a Sua vontade, foi atendido, e Deus confirma que o templo edificado foi escolhido para casa de sacrifício, conforme predito por Moisés, ha quatrocentos e oitenta anos atrás. A partir do momento que o templo foi consagrado, os filhos de Israel não mais poderiam oferecer sacrifício em qualquer lugar, a não ser no templo escolhido por Deus.

“Entretanto, o povo sacrificava sobre os altos; porque até àqueles dias ainda não se havia edificado casa ao nome do SENHOR.” (1 Reis 3.2);

Não fareis conforme a tudo o que hoje fazemos aqui, cada qual tudo o que bem parece aos seus olhos. Porque até agora não entrastes no descanso e na herança que vos dá o SENHOR vosso Deus. Mas passareis o Jordão, e habitareis na terra que vos fará herdar o SENHOR vosso Deus; e vos dará repouso de todos os vossos inimigos em redor, e morareis seguros. Então haverá um lugar que escolherá o SENHOR vosso Deus para ali fazer habitar o seu nome; ali trareis tudo o que vos ordeno; os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta alçada da vossa mão, e toda a escolha dos vossos votos que fizerdes ao SENHOR.” (Deuteronômio 12.8-11).

Apesar de os filhos de Israel serem avisados, depois que entraram na terra prometida, não deixaram de oferecer sacrifícios nos altos.

Todavia os altos não se tiraram; ainda o povo sacrificava e queimava incenso nos altos.” (1 Reis 22.44);

“Contudo o povo ainda sacrificava nos altos, mas somente ao SENHOR seu Deus.” (2 Crônicas 33.17).

Promessa personalíssima e exclusiva

Quando Deus prometeu que, em Abraão, todas as famílias da terra seriam benditas, temos uma promessa geral e inclusiva:

“E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gênesis 12.3);

“E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.”  (Gênesis 22.18).

A mesma promessa feita a Abraão é repetida pelo profeta Joel:

“E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões.” (Joel 2.28).

Para cumprir a sua palavra dada a Abraão, Deus providenciou o Cristo, que foi estabelecido como santuário, ou, casa de oração:

“Ao SENHOR dos Exércitos, a ele santificai; e seja ele o vosso temor e seja ele o vosso assombro. Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo, às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de Jerusalém.” (Isaías 8.13-14).

“Também os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos.” (Isaías 56.7).

Nem o primeiro templo, nem o segundo, foram casa de oração para todos os povos, mas, sim, o corpo de Cristo, que é a sua igreja, o templo santo que é erguida sobre o fundamento dos profetas e apóstolos, tendo como material pedras vivas, homens chamados, através do evangelho, de todas as tribos, nações e línguas.

“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;” (Efésios 2.20);

“Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” (1 Pedro 2.5).

A mensagem do evangelho é universal e inclusiva:

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.16).

O cuidado de Deus abrange o mundo, ou seja, homens de todas as etnias. Mundo, aqui, não tem em vista o globo terrestre, antes, os povos e as nações.

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mateus 28.19).

Cristo, a descendência de Abraão, trouxe bem-aventurança a todos os povos, diferentemente, do alerta feito ao povo de Israel, por intermédio do rei Salomão, que diz:

“Se eu fechar os céus, e não houver chuva; ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra; ou se enviar a peste entre o meu povo;” (2 Crônicas 7.13).

Esse versículo é essencial para o contexto e entendimento da promessa que Deus fez a Abraão. Na grande maioria dos esboços e sermões, a análise do texto tem como alvo o versículo 14, de Segundas Crônicas 7, porém, o verso 13 é imprescindível para a compreensão e exposição.

Quando Deus alerta que, se Ele cerrar os céus, de modo que não houvesse chuvas ou, se compelisse os gafanhotos para consumir a terra ou, se enviasse a peste entre o povo, temos algumas possibilidades que tem por alvo o povo de Israel e a terra da promessa.

A falta de chuva nesse verso não tem relação com outros povos, antes é personalíssimo: o povo de Israel! A terra, em questão, não se trata de outro território, a não ser a terra prometida que os filhos de Israel entraram a possuir, após passarem o rio Jordão, portanto, o território das cidades dos reinos de Judá e de Israel.

Essa palavra, Deus já havia anunciado ao povo de Israel, por meio de Moisés:

“E será que, quando o SENHOR teu Deus te introduzir na terra, a que vais para possuí-la, então pronunciarás a bênção sobre o monte Gerizim, e a maldição sobre o monte Ebal. Porventura não estão eles além do Jordão, junto ao caminho do pôr do sol, na terra dos cananeus, que habitam na campina defronte de Gilgal, junto aos carvalhais de Moré? Porque passareis o Jordão para entrardes a possuir a terra, que vos dá o SENHOR vosso Deus; e a possuireis, e nela habitareis. Tende, pois, cuidado em cumprir todos os estatutos e os juízos, que eu hoje vos proponho.” (Deuteronômio 11.29-32).

Deus condiciona as bênçãos do monte Gerizim e a maldição do monte Ebal, a obediência e a desobediência, respectivamente. Ao falar ao rei Salomão, resumidamente, Deus faz referência ao registrado por Moisés:

“E os teus céus, que estão sobre a cabeça, serão de bronze; e a terra que está debaixo de ti, será de ferro. O SENHOR dará por chuva sobre a tua terra, pó e poeira; dos céus descerá sobre ti, até que pereças.” (Deuteronômio 28.23-24).

A falta de chuva, a presença de gafanhotos, o acometimento por pestes, etc., era um sinal e maravilha da parte do Senhor, para indicar que os filhos de Israel haviam se desviado de obedecer à palavra do Senhor (Deuteronômio 28.45-47).

 

A igreja de Cristo e a palavra falada a Salomão

Após ser inaugurado o templo de Salomão, Deus avisou que, se o povo desobedecesse, seria punido com as maldições anunciadas através do monte Ebal. Ao ser inaugurada a igreja, Jesus não anunciou nenhuma punição ou maldição, pois, quem não obedece ao evangelho, já está sob maldição e a igreja, por sua vez, só é composta de pessoas obedientes, porque estão sujeitas a Cristo.

“Como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo;” (2 Tessalonicenses 1.8).

Os membros do corpo de Cristo possuem herança celestial, diferente dos filhos de Israel, cuja herança é terrena. Como prometido a Abraão, os filhos de Israel herdaram a terra prometida, mas os membros do corpo de Cristo não têm, neste mundo, cidade permanente.

“Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,” (Filipenses 3.20);

“Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura.” (Hebreus 13.14).

Se os filhos de Israel desobedecessem, não haveria chuva na terra que herdaram, as suas plantações seriam atacadas por gafanhotos e sofreriam o infortúnio de diversas pragas, infortúnios que não alcançam os membros do corpo de Cristo, pois, a igreja, não se vincula a um território e nem a um povo.

Se fossem desobedientes, os filhos de Israel seriam arrancados da terra prometida e o templo de Salomão destruído, o que não tem como ocorrer com a igreja de Cristo, pois os membros do corpo de Cristo não possuem uma pátria (povo e território) neste mundo e o templo que está sendo edificado, que é a igreja, jamais será destruído.

“Porém se vós vos desviardes, e deixardes os meus estatutos, e os meus mandamentos, que vos tenho proposto, e fordes, e servirdes a outros deuses, e vos prostrardes a eles, então os arrancarei da minha terra que lhes dei, e lançarei da minha presença esta casa que consagrei ao meu nome, e farei com que seja por provérbio e motejo entre todos os povos. E desta casa, que é tão exaltada, qualquer que passar por ela se espantará e dirá: Por que fez o SENHOR assim com esta terra e com esta casa? E dirão: Porque deixaram ao SENHOR Deus de seus pais, que os tirou da terra do Egito, e se deram a outros deuses, e se prostraram a eles, e os serviram; por isso ele trouxe sobre eles todo este mal.” (2 Crônicas 7.19-22).

Analisando o texto e o contexto que expõe a fala de Deus ao rei Salomão, verifica-se que é impossível aplicar o texto à igreja de Cristo ou, aos seus membros, em particular.

Temos que ter em mente, que o que foi registrado nas Escrituras, com relação aos filhos de Jacó, foi estabelecido como figura (exemplo), para os cristãos não cobiçarem as coisas más e não sejam desobedientes, como foram os filhos de Jacó. Tudo o que foi escrito é para aviso dos que creem, pois, os fins dos séculos já são chegados.

“Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência.” (Hebreus 4.11);

“E estas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram (…) Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.” (1 Coríntios 10.6 e 11).

O que Deus disse ao rei Salomão deve ser considerado pelos cristãos como figura, um alerta, um aviso, objetivando conscientizar os cristãos a não incorrerem em desobediência ao evangelho, portanto, não significa que os membros da igreja de Cristo estejam sujeitos às maldições estabelecidas no monte Ebal como estava o povo de Israel.

“PORTANTO, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas. Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram;” (Hebreus 2.1-3).

A igreja de Cristo não está vinculada a um monte ou, a um território ou, a um povo específico, portanto, é impossível aos membros do corpo de Cristo estarem sujeitos à maldição ou, a terem como sinal e maravilha, vicissitudes mil, como: secas, pestes, gafanhotos, pragas, guerras, exílio, etc.

Acerca dos filhos de Israel, que foram repreendidos e castigados por causa da rebeldia, disse Deus, por intermédio do profeta Isaías:

“Ai, nação pecadora, povo carregado de iniquidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores; deixaram ao SENHOR, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás. Por que seríeis ainda castigados, se mais vos rebelaríeis? Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo. A vossa terra está assolada, as vossas cidades estão abrasadas pelo fogo; a vossa terra os estranhos a devoram em vossa presença; e está como devastada, numa subversão de estranhos.” (Isaías 1.1-7).

Por causa dos castigos aplicados por Deus, a nação de Israel foi comparada a uma pessoa doente, debilitada, cheia de chagas e feridas não cuidadas, de modo que a terra que herdaram estava assolada, as cidades consumidas a fogo, estranhos comendo o que a terra produzia, completamente devastada e dominada pelos inimigos.

A descrição do povo de Israel não se compara à condição da igreja, que é descrita como sem mácula, sem mancha, santa e irrepreensível.

“Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.” (Efésios 5.27).

A má leitura do texto, sem considerar o contexto, dá suporte a pregações, esboços e mensagens de que o cristão pode se privar de receber as bênçãos divinas de Deus, por atitudes contrárias à vontade do Senhor. Alardeiam que cada cristão toma posse das bênçãos de Deus, através de suas atitudes, sendo que é, por meio do evangelho, que o cristão alcança a bem-aventurança prometida.

Não podemos confundir a igreja de Cristo com a nação de Israel, pois essa só receberia as bênçãos de Deus, somente quando atendessem (ouvissem) a voz de Deus, enquanto aquela já recebeu todas bênçãos espirituais e tudo o que diz respeito à vida e à piedade.

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo;” (Efésios 1.3);

“Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude;” (2 Pedro 1.3);

“E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do SENHOR teu Deus;” (Deuteronômio 28.2).

Outro engodo, decorrente da má leitura, é a ideia de que a igreja foi incumbida de transformar a sociedade, influenciando a política, a educação e os costumes. Alegam que somente a igreja tem o poder de mudar a realidade das sociedades, tendo por base uma suposta autoridade conferida à igreja, pelo fato de Deus ter dito: ‘Se o meu povo’.

Sem qualquer base probatória, esses pregadores inferem que a situação do Brasil e do mundo está cada vez mais caótica, que a pobreza aumenta cada vez mais, que a exploração é aviltante, que a desigualdade social é crescente, que as guerras têm aumentado, que a miséria tem se acentuado, para dizer que a restauração do mundo, cada vez mais deformado, cabe única e exclusivamente à igreja.

Esse pensamento não coaduna com as Escrituras, que dizem:

“Nunca digas: Por que foram os dias passados melhores do que estes? Porque não provém da sabedoria esta pergunta.” (Eclesiastes 7.10).

Quando esses pregadores dizem que é tempo da Igreja se humilhar, orar, buscar a face de Deus e se converter dos maus caminhos, se esquecem que a missão da igreja é anunciar as virtudes de Cristo. A igreja é o corpo de Cristo, portanto, é uma com o Pai e o Filho. É inadmissível dizer que a igreja ‘precisa se converter dos maus caminhos’, sendo que a igreja é o corpo de Cristo.

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;” (1 Pedro 2.9).

 

E se o meu povo, que se chama pelo meu nome

O rei Salomão e povo de Israel construíram o templo e o término da obra era momento de festa, celebração e louvor a Deus. O povo estava feliz e o rei estava exultante, foi quando Deus apareceu a Salomão, de noite, e fez o seguinte alerta:

“E o SENHOR apareceu de noite a Salomão, e disse-lhe: Ouvi a tua oração, e escolhi para mim este lugar para casa de sacrifício. Se eu fechar os céus, e não houver chuva; ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra; ou se enviar a peste entre o meu povo; E se o meu povo, que se chama pelo meu nome… (2 Crônicas 7.12-14).

O profeta Daniel é o único que registrou a oração que fez ao Senhor, quando no exílio, que claramente remete a esse alerta:

“Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia, e o perdão; pois nos rebelamos contra ele, e não obedecemos à voz do SENHOR, nosso Deus, para andarmos nas suas leis, que nos deu por intermédio de seus servos, os profetas. Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se para não obedecer à tua voz; por isso a maldição e o juramento, que estão escritos na lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós; porque pecamos contra ele. E ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós, e contra os nossos juízes que nos julgavam, trazendo sobre nós um grande mal; porquanto debaixo de todo o céu nunca se fez como se tem feito em Jerusalém. Como está escrito na lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio; apesar disso, não suplicamos à face do SENHOR nosso Deus, para nos convertermos das nossas iniquidades, e para nos aplicarmos à tua verdade. Por isso o SENHOR vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós; porque justo é o SENHOR, nosso Deus, em todas as suas obras, que fez, pois não obedecemos à sua voz. Agora, pois, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu povo da terra do Egito com mão poderosa, e ganhaste para ti nome, como hoje se vê; temos pecado, temos procedido impiamente. Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças, aparte-se a tua ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalém, do teu santo monte; porque por causa dos nossos pecados, e por causa das iniquidades de nossos pais, tornou-se Jerusalém e o teu povo um opróbrio para todos os que estão em redor de nós. Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo, e as suas súplicas, e sobre o teu santuário assolado faze resplandecer o teu rosto, por amor do Senhor. Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve; abre os teus olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias. Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age sem tardar; por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome.” (Daniel 9.9-19).

Daniel tinha plena consciência de que o povo de Israel se rebelou contra Deus e, por isso, o previsto por Moisés se abateu sobre o povo. Como Deus estabeleceu na lei de Moisés a maldição, em decorrência da desobediência, velou sobre a sua palavra para a cumprir e trouxe o mal, previamente, determinado sobre o povo de Israel.

Ao final da oração, Daniel suplica pela misericórdia, destacando que o templo estava assolado (destruído) e que, tanto a cidade de Jerusalém, quanto o povo de Israel, se chamavam pelo nome de Deus.

Aqui cabe algumas considerações.

Um egípcio ou, um assírio, que se convertesse ao judaísmo e, de posse das Escrituras, orasse pela restauração do seu povo, seria atendido? Com a pregação de Jonas, o povo de Nínive se converteu, isso significa que os ninivitas se tornaram um povo que se chama pelo nome de Deus? A resposta é ‘não’ para as duas perguntas. Por que?

O Egito ou, a Assíria, não seriam tidas como propriedade peculiar dentre todos os povos, caso guardassem a aliança. Na verdade, nenhum outro povo da terra esteve sob proteção de Deus, como o povo de Israel, por causa da promessa feita aos patriarcas, e nem um outro lugar foi escolhido por Deus, para fazer habitar o seu povo e, nem mesmo outra cidade, foi escolhida para Deus por o seu Nome, a não ser Jerusalém.

“Porque povo santo és ao SENHOR teu Deus; o SENHOR teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu povo especial, de todos os povos que há sobre a terra.” (Deuteronômio 7.6);

“Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha.” (Êxodo 19.5);

“E a seu filho darei uma tribo; para que Davi, meu servo, sempre tenha uma lâmpada diante de mim em Jerusalém, a cidade que escolhi para pôr ali o meu nome.” (1 Reis 11.36).

Qualquer pessoa de outra nação, que rogasse a Deus para que o seu povo fosse abençoado, tendo por base a promessa: “Agora estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração que se fizer neste lugar” (2 Crônicas 7.15), não seriam atendidos. Se rogasse por salvação, certo é que Deus ouviria, pois está escrito: “E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque, no monte Sião, e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o SENHOR, e entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar.” (Joel 2.32), porém, nação alguma terá as benesses prometidas a Abraão.

Caso o povo de Israel se desviasse de obedecer à aliança e fossem desterrados, se este mesmo povo, que se chama pelo nome de Deus, seria atendido. Com base na partícula ‘se’ condicional e o pronome possessivo ‘meu’, temos uma promessa personalíssima e condicional: “Se o meu povo”.

Para não deixar dúvidas de qual povo se trata, Deus especifica: “Que se chama pelo meu nome”. Daniel deixa evidente que os filhos de Jacó é o povo que se chama pelo nome de Deus.

… porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome. (Daniel 9.9-19).

A condição que Deus impõe a Salomão para ouvir o povo de Israel não possui relação alguma com a igreja de Cristo. O povo de Israel seria punido pela desobediência, porém, o Deus misericordioso se propõe a perdoar, caso se arrependesse. A igreja de Cristo, por sua vez, não comporta desobedientes, portanto, não é passível de punição, o que demandaria clamar a Deus.

 

Se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos

A rebeldia é o oposto de se humilhar. Se humilhar é se sujeitar, se fazendo servo. Se os filhos de Israel deixassem de seguir o propósito de seus corações, como se fossem senhores de si mesmos, e passassem a cumprir o determinado por Deus na aliança, seriam servos, portanto, isentos de punição.

“Mas não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos, antes andaram cada um conforme o propósito do seu coração malvado; por isso trouxe sobre eles todas as palavras desta aliança que lhes mandei que cumprissem, porém não cumpriram.” (Jeremias 11.8).

Quem anda segundo o propósito do seu próprio coração se faz senhor de si mesmo, portanto, não é servo de Deus. Se humilhar não é dizer que Deus está no controle da nossa vida, antes é obedecê-lo, realizando aquilo que Ele determinou.

Ao crer que Jesus é o Cristo, o enviado de Deus, os membros do corpo de Cristo, que é a sua igreja, já se humilharam. Todos que cumprem o mandamento de Deus, que é: “E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento.” (1 João 3.23), se humilhou, ou seja, se fez servo da justiça.

“Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.” (Romanos 6.17-18).

O povo de Israel não se humilhou, por isso é descrito como obstinado, orgulhoso, soberbo e presunçoso.

“Não se humilharam até ao dia de hoje, nem temeram, nem andaram na minha lei, nem nos meus estatutos, que pus diante de vós e diante de vossos pais.” (Jeremias 44.10).

Jesus, ao se declarar manso e humilde, requereu dos seus ouvintes submissão:

Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” (Mateus 11.29).

Como é possível alguém ser humilde, exigindo sujeição? Ora, qualquer que se fizesse servo de Cristo estava obedecendo ao mandamento do Pai, assim como Cristo foi obediente em tudo ao Pai, ou seja, manso e humilde.

“Mas é para que o mundo saiba que eu amo o Pai, e que faço como o Pai me mandou. Levantai-vos, vamo-nos daqui.” (João 14.31);

“Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.” (João 15.14).

Outro quesito exigido do povo de Israel, que é próprio a quem se humilha, era orar. Orar, neste verso, significa reconhecer a culpa, admitir o erro, rogar por misericórdia e confiar na palavra de Deus. A oração de Daniel ilustra bem essa questão dos elementos, que compõem a oração.

‘E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar…’ diz de uma oração da coletividade e não só de um indivíduo, como fez Daniel. Para o povo de Israel ser restaurado, teria de ter uma oração coletiva, uma sujeição de todos, ao mandamento de Deus.

A oração envolve reconhecer que Deus é misericordioso e admitir que eram desobedientes. Reconhecer que Deus havia previsto que se desviariam, o que confirma a grandeza de Deus e que tudo de ruim que lhes sobreveio foi imposto por Deus, conforme a sua palavra. E, por fim, se comprometerem a obedecer, tudo quanto Deus estabeleceu na lei, e por intermédio dos seus profetas, confiados na sua misericórdia, e não porque se entendem justos aos olhos de Deus.

A oração a ser atendida nesse contexto é do povo de Israel, portanto, qualquer outro povo que se sujeitasse a Deus e orasse, somente seria atendido os pedidos de indivíduos com relação à salvação da alma e não da nação.

Um exemplo se observa em Roma. Não é porque o Imperador Romano Constantino se tornou cristão ou, a religião oficial do império passou a ser cristã, que o império romano estava sob a proteção de Deus e livre de invasores. O povo que se chama pelo nome de Deus diz, única e exclusivamente, de Israel, e a promessa de livramento tinha em vista a restauração do povo, por causa da promessa feita aos patriarcas.

“O SENHOR não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos; Mas, porque o SENHOR vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o SENHOR vos tirou com mão forte e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito.” (Deuteronômio 7.7-8).

Em função da má leitura da recomendação divina para o povo de Israel orar, muitos acabam acreditando que é necessário um esforço maior quanto a orar, como se através do muito pedir que o crente será atendido.

“E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.” (Mateus 6.7).

A oração que é respondida é aquela segundo a vontade de Deus, ou seja, que está de acordo com a sua palavra. Daniel não conseguia entender a profecia de Jeremias, porque já havia passado setenta anos e a nação de Israel ainda não havia voltado para Jerusalém e o templo ainda estava destruído (Daniel 9.2).

Embora a condição de Israel perdure até hoje, Daniel obteve uma resposta, que explicou que não se tratava de setenta anos, mas de setenta semanas de anos, isto em função da desobediência dos filhos de Israel não descansarem a terra no seu devido tempo.

“Todos os dias da assolação descansará, porque não descansou nos vossos sábados, quando habitáveis nela.” (Levítico 26.35).

Aquele que ora é porque confia na misericórdia de Deus, certo de que Ele vela sobre a sua palavra para a cumprir. Habacuque, mesmo após saber que o povo de Israel seria deportado, continuou confiante em Deus, pois é a fidelidade de Deus o motivo da oração e não o contrário: orar para angariar a fidelidade de Deus.

Buscar a face de Deus é buscar o seu favor, a sua misericórdia. Quando os filhos de Israel eram abençoados pelos sacerdotes, a benção sacerdotal era: que o Senhor resplandeça o seu rosto.

“Fala a Arão, e a seus filhos dizendo: Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo-lhes: O SENHOR te abençoe e te guarde; O SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; O SENHOR sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.”  (Números 6.23-26).

Quando os filhos de Israel desobedeceram a aliança, Deus escondeu o Seu rosto deles.

“E disse o SENHOR a Moisés: Eis que dormirás com teus pais; e este povo se levantará, e prostituir-se-á indo após os deuses estranhos na terra, para cujo meio vai, e me deixará, e anulará a minha aliança que tenho feito com ele. Assim se acenderá a minha ira naquele dia contra ele, e desampará-lo-ei, e esconderei o meu rosto dele, para que seja devorado; e tantos males e angústias o alcançarão, que dirá naquele dia: Não me alcançaram estes males, porque o meu Deus não está no meio de mim? Esconderei, pois, totalmente o meu rosto naquele dia, por todo o mal que tiver feito, por se haverem tornado a outros deuses.” (Deuteronômio 31.16-18).

Os filhos de Israel teriam de fazer como fez o profeta Isaías:

“E esperarei ao SENHOR, que esconde o seu rosto da casa de Jacó, e a ele aguardarei.” (Isaías 8.17).

“Tu, SENHOR, pelo teu favor fizeste forte a minha montanha; tu encobriste o teu rosto, e fiquei perturbado.” (Salmos 30.7).

Para o crente em Cristo, o favor de Deus foi demonstrado em Cristo, que proveu salvação na casa de Davi a todos os homens. Buscar a face de Deus não é o mesmo que buscar poder, comunhão ou glória, pois os que creem estão em comunhão com o Pai e o Filho e compartilham da mesma glória.

“Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um.” (João 17.21-22);

“O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo.” (1 João 1.3).

Se converter dos maus caminhos é se converter a Deus, andando segundo a sua palavra. Quem se converte a Deus, deixa os seus maus caminhos, e passa a andar segundo a palavra de Deus.

Quando o homem anda segundo os desígnios de seu próprio coração, ou seja, segue após mandamento de homens, segue por maus caminhos. É por isso que a Bíblia diz:

“Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” (Provérbios 14.12).

Qualquer que segue conselhos que não advém do Senhor, trilha um mau caminho..

“AI dos filhos rebeldes, diz o SENHOR, que tomam conselho, mas não de mim; e que se cobrem, com uma cobertura, mas não do meu espírito, para acrescentarem pecado sobre pecado;” (Isaías 30.1).

Se o povo de Israel, que foi escolhido por Deus, se humilhasse, orasse, buscasse a Sua face e se convertesse do seu mau caminho, então Deus haveria de ouvi-lo, perdoar os seus pecados e sarar a terra dele.

“… então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” (2 Crônicas 7.14).

Nesse versículo está a prova cabal de que essa promessa não se aplica à igreja, visto que ‘nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus’ (Romanos 8.1), e a igreja não tem terra, pátria ou, etnia, pois a esperança da igreja é celestial e se estende a todos os povos, de todos os lugares e durante o tempo que se chama hoje.

A igreja não possui terra a ser restaurada. A igreja não está sujeita ao pecado, pois é liberta do pecado e serva da justiça.

 

O templo de Salomão

Se considerar que o verso que diz: “… então eu ouvirei dos céus,  perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” (2 Crônicas 7.14), se aplica à igreja, também, se faz necessário considerar que a promessa de restauração da terra se vincula à oração, proveniente do Templo de Salomão.

“Agora estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração deste lugar. Porque agora escolhi e santifiquei esta casa, para que o meu nome esteja nela perpetuamente; e nela estarão fixos os meus olhos e o meu coração todos os dias.” (2 Crônicas 7.15-16).

Mas, se o templo de Salomão foi destruído, isto significa que o povo de Israel, a quem a promessa foi feita, não se converteu dos seus maus caminhos, e a esperança da igreja não tem por base essa palavra, visto que o lugar que Deus tinha os olhos fixos e os ouvidos atentos foi destruído.

Os membros do corpo de Cristo não necessitam de um templo físico ou, de um lugar específico para orar, visto que é templo e morada de Deus em Espírito. 

“No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.” (Efésios 2.22).

No templo que está sendo edificado com pedras vivas, que é a igreja, temos um sumo sacerdote perfeito junto ao Pai, Jesus Cristo, que se compadece das fraquezas dos seus membros, em particular.

Os olhos de Deus não mais estão atentos ao templo, que foi destruído, mas sobre os justos.

“Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, E os seus ouvidos atentos às suas orações; Mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal.” (1 Pedro 3.12);

“E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos.” (Romanos 8.26-27).

Enquanto a palavra de Deus falada a Salomão estabelecia a destruição do templo, caso desobedecessem, a igreja de Cristo é mais que vitoriosa, mesmo que alguns apostatem da fé, rejeitando a Cristo.

 

A promessa a Davi

Embora Deus tenha prometido confirmar o trono de Salomão, caso ele fosse obediente, o coração de Salomão não foi reto para com Deus.

“E, quanto a ti, se andares diante de mim, como andou Davi teu pai, e fizeres conforme a tudo o que te ordenei, e guardares os meus estatutos e os meus juízos, também confirmarei o trono do teu reino, conforme a aliança que fiz com Davi, teu pai, dizendo: Não te faltará sucessor que domine em Israel” (2 Crônicas 7.17-18).

Deus havia determinado algumas regras aos reis, mas, o rei Salomão as ignorou:

“Porém ele não multiplicará para si cavalos, nem fará voltar o povo ao Egito para multiplicar cavalos; pois o SENHOR vos tem dito: Nunca mais voltareis por este caminho. Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração não se desvie; nem prata nem ouro multiplicará muito para si.” (Deuteronômio 17:16-17).

Deus cumpriu o juramento que fez a Davi, levantando o descendente, que é Cristo, porém, após a morte de Salomão, o reino foi dividido, não sendo confirmado o trono de Salomão, pois quem entra na linhagem de Jesus é Natã, irmão de Salomão e filho de Davi.

“E Davi tomou ainda mais mulheres em Jerusalém; e gerou Davi ainda mais filhos e filhas. E estes são os nomes dos filhos que teve em Jerusalém: Samua, Sobabe, Natã, Salomão, E Ibar, Elisua, Elpelete, E Nogá, Nefegue, Jafia, E Elisama, Eliada, e Elifelete.” (1 Crônicas 14.3-7);

“E Eliaquim de Meleá, e Meleá de Mená, e Mená de Matatá, e Matatá de Natã, e Natã de Davi,” (Lucas 3.31).

Deus cumpriu o juramento que fez a Davi, levantando o descendente, que é Cristo, porém, após a morte de Salomão, o reino foi dividido, não sendo confirmado o trono de Salomão, pois quem entra na linhagem de Jesus é Natã, irmão de Salomão e filho de Davi.

“Portanto assim diz o SENHOR, acerca de Jeoiaquim, rei de Judá: Não terá quem se assente sobre o trono de Davi, e será lançado o seu cadáver ao calor do dia, e à geada da noite.” (Jeremias 36.30);

“NAQUELES dias adoeceu Ezequias mortalmente; e o profeta Isaías, filho de Amós, veio a ele e lhe disse: Assim diz o SENHOR: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás.” (2 Reis 20.1).

 

A punição pela desobediência

Apesar da promessa de bênção sob a condição de os filhos de Israel obedecerem, se verifica, pelo exílio babilônico e a destruição do Templo de Salomão, que os filhos de Israel não obedeceram a Deus.

“Porém se vós vos desviardes, e deixardes os meus estatutos, e os meus mandamentos, que vos tenho proposto, e fordes, e servirdes a outros deuses, e vos prostrardes a eles, Então os arrancarei da minha terra que lhes dei, e lançarei da minha presença esta casa que consagrei ao meu nome, e farei com que seja por provérbio e motejo entre todos os povos. E desta casa, que é tão exaltada, qualquer que passar por ela se espantará e dirá: Por que fez o SENHOR assim com esta terra e com esta casa? E dirão: Porque deixaram ao SENHOR Deus de seus pais, que os tirou da terra do Egito, e se deram a outros deuses, e se prostraram a eles, e os serviram; por isso ele trouxe sobre eles odo este mal.” (2 Crônicas 7.19-22);

“Eles, porém, zombaram dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas palavras, e mofaram dos seus profetas; até que o furor do SENHOR tanto subiu contra o seu povo, que mais nenhum remédio houve. Porque fez subir contra eles o rei dos caldeus, o qual matou os seus jovens à espada, na casa do seu santuário, e não teve piedade nem dos jovens, nem das donzelas, nem dos velhos, nem dos decrépitos; a todos entregou na sua mão. E todos os vasos da casa de Deus, grandes e pequenos, os tesouros da casa do SENHOR, e os tesouros do rei e dos seus príncipes, tudo levou para Babilônia. E queimaram a casa de Deus, e derrubaram os muros de Jerusalém, e todos os seus palácios queimaram a fogo, destruindo também todos os seus preciosos vasos. E os que escaparam da espada levou para Babilônia; e fizeram-se servos dele e de seus filhos, até ao tempo do reino da Pérsia.” (2 Crônicas 16.16-20).

Se não obedeceram a Deus em tempo de bonança, jamais obedeceriam durante a deportação. Não obedeceram quando Deus enviou os seus profetas e não obedeceram diante do risco iminente.

Porém, a despeito do exemplo de desobediência dos filhos de Israel, há vários esboços de pregações na internet que alardeiam que, em tempo de crise, é hora do povo de Deus se humilhar, orar, buscar a face de Deus e mudar os seus maus caminhos.

A má leitura dos textos sagrados é tamanha, que unem a fala de Deus a Salomão à ideia de avivamento, de que o avivamento da igreja decorre de se humilhar, orar, buscar a face de Deus e mudar os seus maus caminhos.

O único ‘avivamento’ bíblico que se tem notícia, justamente, diz da invasão dos caldeus, que destruiu Jerusalém e o templo, pelo qual Habacuque pediu a Deus, que lembrasse da misericórdia dele, enquanto punisse os filhos de Israel.

“Ouvi, SENHOR, a tua palavra, e temi; aviva, ó SENHOR, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos faze-a conhecida; na tua ira lembra-te da misericórdia.” (Habacuque 3.2).

O ‘avivamento’ da obra que Deus tinha a realizar no meio dos anos decorria da desobediência do povo de Israel, portanto, não se deu em função de oração, arrependimento, mudança de caminho, etc., como muitos pregadores anunciam.

“Vede entre os gentios e olhai, e maravilhai-vos, e admirai-vos; porque realizarei em vossos dias uma obra que vós não crereis, quando for contada. Porque eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcha sobre a largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas.” (Habacuque 1.5-6).

A má leitura dos textos bíblicos para enganar os incautos é tamanha, que a obra prometida por Deus, por intermédio de Habacuque era a invasão dos caldeus, mas, os pregadores da atualidade anunciam como isso se fosse avivamento para a igreja, em tempos de crise socioeconômica no país.

Há outros pregadores que fazem uso do texto bíblico para afirmar que o povo de Deus precisa de arrependimento para ser perdoado e curado, e passa a destacar os problemas do Brasil, alegando que a nação brasileira está doente e caída pelos seus pecados.

Se esquecem da palavra do apóstolo Paulo:

“Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro?” (1 Coríntios 5.12).

Em todas as epístolas do apóstolo Paulo não se vê um julgamento acerca do Império Romano, de que as cortes, as famílias, o comércio, as escolas, estavam passando por problemas de ordem moral e ética. Não se vê um comentário acusando a classe política ou, empresarial da época, de corrupção ou, de descaso com as coisas de Deus.

Não se lê em nenhuma das epístolas paulinas, qualquer protesto contra o escravagismo, a má distribuição de renda, a opressão do estado, o peso dos impostos, as conquistas territoriais injustas, as guerras injustificáveis, etc., mas a temática de muitos pregadores, hoje, é a política e os desmandos de alguns governantes na democracia.

Amados, a Bíblia não apresenta solução para os problemas do Brasil, mas, sim, salvação para todos os homens, não importando a etnia. Aqueles que apresentam o evangelho de Cristo como solução para a crise política do Brasil, na verdade, busca fazer dos cristãos um negócio.

“E TAMBÉM houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.” (2 Pedro 2.3).

Em nossos dias há diversos negócios, tendo por base comunidades cristãs, em que se vende, por dinheiro, apoio político, prestigio social, aliança política, etc., e tudo fomentado por palavras de engano.

Se quem milita no evangelho não deve se embaraçar com coisas desta vida, por que há tantas mensagens que apresentam a igreja como elemento de transformação social?

“Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.” (2 Timóteo 2.4).

O mundo que Deus amou diz de homens de todas as etnias e não do mundo que se estrutura em instituições, políticas, economia, religião, sociedades, etc.

Jesus veio salvar homens que se perderam, em função da ofensa de Adão, e não países, sociedades, economias, etc.

Não podemos esquecer o que disse Jesus:

“Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.” (João 18.36).

Correção ortográfica: Pr. Carlos Gasparotto

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

3 thoughts on “E se o meu povo que se chama pelo meu nome…

  • Dou graças a Deus por estudos bíblicos tão edificantes, embasados nas escrituras, que realmente nos fazem crescer na graça e no conhecimento da palavra de Deus, e o mais importante: distribuídos gratuitamente.

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  • A paz do Senhor.
    Depois de meditar no estudo acima, por sinal muito bem fundamentado, percebi que falta alguma coisa: a revelação do Espírito Santo. A letra mata mas o Espírito vivifica. E ia coperando com eles o Espírito Santo. O espírito de Deus prescruta todas as coisas. Minha palavra é Espírito e vida, é com como uma espada de dois gumes que separa alma e espírito e revela o profundo e o escondido. Na tentação, Jesus ouviu os textos bíblicos na íntegra,
    Porém acrescido de interrogação e isso muda tudo. O diabo trouxe dúvidas. Ele não tem a revelação da palavra dada pelo Espírito de Deus. Isso causa confusão.
    Toda escritura é palavra de Deus, mas sem a revelação do Espírito é lata vazia. Não edifica, não liberta, não traz conversão genuína,mas

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    • Olá, Ailton..

      O Espírito Santo não revela, Ele ensina e faz lembrar.

      “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” (João 14 : 26).

      A letra que mata é a lei, e o espírito que vivifica é o evangelho, por isso somos ministros do espírito. e não da letra.

      “O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.” (II Coríntios 3 : 6)

      A mensagem ficou incompleta.

      Att.

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