Polêmicos

A Covid-19 e as profecias bíblicas

As visões de pragas, mortes, prantos e fome que constam do Livro do Apocalipse, na verdade, referem-se aos dias que antecedem a visitação de Deus sobre o povo de Israel.


A Covid-19 e as profecias bíblicas

“E haverá em vários lugares grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu” (Lucas 21.11).

 

Introdução

Basta o surgimento de uma nova doença, a ocorrência de um grande terremoto, a notícia de fome, em algumas regiões do planeta ou, imagens de pragas assolando plantações, que é alardeado nas igrejas, ao redor do mundo, que Jesus está voltando e apontam tais catástrofes, naturais ou não, como sendo o cumprimento das profecias bíblicas.

Com a recente pandemia da COVID-19, uma doença respiratória aguda, causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2), a repercussão no meio cristão, que engloba católicos, protestantes, evangélicos e neopentecostais, tem a percepção de que se trata de sinais do fim do mundo.

Diante de tantas especulações, se faz necessário analisar as Escrituras e não, a partir desses eventos,  buscar correlação com as profecias das Escrituras.

Diante de tudo o que é dito, é imprescindível ficarmos de posse do alerta joanino:

“Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora.” (1 João 2.18).

Há dois mil anos atrás, o apóstolo João alertava os cristãos que já era a última hora, mas, a análise dele não foi observando tempos, estações, guerras, doenças, pestes ou, terremotos, antes, ele verificou que, à época, muitos se fizeram anticristos, de modo que ele concluiu: ‘por onde conhecemos que é já a última hora’.

O apóstolo João constatou ser a última hora, já se passaram dois mil anos, e, de lá para cá, o número de anticristos tem se multiplicado, o que nos dá a certeza de que a volta de Cristo está bem mais próxima.

Com efeito, o apóstolo Paulo, também, assevera:

“E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé.” (Romanos 13.11).

Por isso, o cristão precisa ficar assombrado com a eminente volta de Cristo? Não!

Para não perder a salvação, quando Cristo se manifestar, basta o crente em Cristo permanecer firme n’Ele.

“E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não sejamos confundidos por ele na sua vinda.” (1 João 2.28).

 

Principais epidemias ao longo da história

Além das guerras constantes, durante a Guerra do Peloponeso, ocorreu a chamada Peste do Egito (430 a. C.). Durante a guerra entre Atenas e Esparta (431-421 a.C.), um quarto das tropas atenienses e um quarto da população da cidade de Atenas foram dizimadas.

Como a doença matava os infectados, bem mais rápido que a taxa de transmissão, a praga sumiu, da mesma forma que surgiu. Estudiosos descobriram, recentemente, através da arcada dentária recuperada de uma sepultura coletiva localizada debaixo da cidade, a presença de bactérias que causam a febre tifoide.

Por volta de 165 a 180 d. C., a Peste Antonina matou um quarto dos infectados, aproximadamente 5 milhões de pessoas, doença causada, possivelmente, pela varíola. Depois, por volta de 250 a 271 d. C., a Peste de Cipriano, possivelmente, causada pela varíola ou sarampo, se espalhou pelo Império Romano e, no pico da doença, morreram 5.000 pessoas por dia em Roma.

Em 541 d. C, a cidade de Constantinopla teve 40% da população dizimada com a chegada de uma doença que iniciou no Egito e o oriente médio teve baixas em um quarto da população e a doença foi denominada de a Peste de Justiniano.

Passados 800 anos, a Peste de Justiniano ressurgiu e ficou conhecida como a Peste Negra. Também, chamada de Peste Bubônica, ela ressurgiu na Ásia, chegou à Europa mediterrânea e ocidental, por volta de 1348, e, em seis anos, dizimou, aproximadamente, vinte milhões de europeus.

Por volta de 1580, com as expansões marítimas, ocorreu a primeira pandemia, decorrente, possivelmente, de gripe, com surgimento na Ásia, e, em seis meses, alcançou a África e a Europa, chegando na América do Norte. Tem-se identificado na história relatos de outras possíveis pandemias, como a do Tifo, na época das cruzadas e a da Cólera, em 1816.

Na história recente, a Gripe Espanhola (1918 a 1919), em seis meses matou, aproximadamente, 25 milhões de pessoas e, em 18 meses, a doença desapareceu. Foi uma gripe extremamente mortal, que atingiu todos os continentes, logo após o final da Primeira Guerra Mundial.

Recentemente, a Gripe Asiática (1957 a 1958), identificada na China, em fevereiro de 1957, o vírus H2N2 espalhou-se para os Estados Unidos, em junho de 1957, onde causou cerca de 70.000 mortes.

Em julho de 1968, iniciou um surto na China e se espalhou para Hong Kong causando 500.000 casos, em apenas duas semanas, e ficou conhecida como a Gripe de Hong Kong. Os Estados Unidos foram afetados em decorrência da volta para casa dos soldados que lutaram na Guerra do Vietnam.

A gripe suína foi, inicialmente, detectada no México, no final de março de 2009 e, desde então, se alastrou por diversos países. O vírus influenza suína (SIV) ou, vírus influenza, de origem suína (S-OIV) é qualquer estirpe da família de vírus influenza que seja endêmica a porcos.

A pandemia da COVID-19, ainda, está em curso no mundo e faz inúmeras vítimas, em função de uma doença respiratória aguda, causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). A doença foi identificada pela primeira vez em Wuhan, na província de Hubei, República Popular da China, em dezembro de 2019.

A contaminação e propagação do coronavírus acontece de forma muito rápida, pois os hospedeiros do vírus inicialmente não apresentam sintomas. Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, a rápida disseminação da doença causa uma grande demanda por UTIs, equipadas com aparelhos que dão suporte a respiração do paciente, sobrecarregando os sistemas de saúde dos países.

Se formos relatar as inúmeras epidemias e pandemias que atingiram os povos, ao longo desses dois mil anos, após a ressurreição e ascensão de Jesus aos céus, teríamos que escrever vários livros. Citamos os eventos acima, por serem os mais conhecidos, a fim de levantarmos a seguinte questão: As doenças que atingem parcela da população, são sinais da volta de Jesus? Vejamos.

 

A destruição de Jerusalém e do templo de Herodes

Basta surgir uma doença epidêmica, que as pessoas, invariavelmente, fazem correlação com as pragas citadas no Livro do Apocalipse e pensam nos quatros cavaleiros da visão joanina. Outros cristãos pensam sobre o dito por Jesus, em Mateus cp 24, e citam o seguinte verso:

“Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares.” (Mateus 24.7).

Essa profecia tem relação direta com a igreja, o corpo de Cristo?

Analisando Mateus 24, verifica-se que, alguns dos seus discípulos, quiseram lhe mostrar a estrutura do templo de Herodes, quando Jesus lhes anunciou a sua destruição.

“E, QUANDO Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo. Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada.” (Mateus 24.1-2; Lucas 21.5-6; Marcos 13.1-3).

A destruição do templo de Herodes se deu no ano 70 d.C., após Jerusalém ser sitiada pelo general romano Tito, durante uma batalha terrível e sangrenta, em que ele foi incumbido de acabar com os judeus sediciosos.

A cidade de Jerusalém foi incendiada e o fogo se alastrou, consumindo o templo de Herodes. Como o templo era construído com enormes pedras, com acabamento de madeira de cedro e revestidas com ouro, com o calor, o ouro se derreteu, a madeira foi consumida e as paredes de pedras ruíram. Para aproveitarem o ouro que recobria o templo, as pedras foram removidas e o ouro coletado, como despojo de guerra. Do templo não sobrou pedra que não fosse removida!

“Ai de vós, condutores cegos! pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, isso nada é; mas o que jurar pelo ouro do templo, esse é devedor.” (Mateus 23.16).

A profecia da destruição do templo de Herodes, local de adoração dos judeus, tem alguma relação com a igreja de Cristo? Não!

Para não restar dúvidas, ao entrar em Jerusalém antes da crucificação, Jesus predisse a destruição de Jerusalém e o motivo:

“E, quando ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos. Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todos os lados; E te derrubarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo da tua visitação.” (Lucas 19.41-44).

A cidade de Jerusalém e seus habitantes foram castigados por não reconhecerem o tempo da visitação do Seu Senhor e Rei. Ora, a predição desse evento não possui relação alguma com a igreja de Cristo, que é formada de pessoas de todas nações e línguas, que creem que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus.

A destruição de Jerusalém, bem como do templo, é um sinal aos judeus, de que nem o primeiro e nem o segundo templo dizem do templo que Deus prometeu a Davi que, quando morresse, o seu filho haveria de construir.

“Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, o qual sairá das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho;” (2 Samuel 7.12-14).

O descendente prometido a Davi seria Filho de Deus e edificaria uma casa ao nome de Deus, e Deus, por sua vez, estabeleceria o seu reino. Salomão, embora tenha construído um templo, foi coroado rei antes da morte de Davi e o seu reino, bem como o templo, não permaneceram.

Cristo, o Filho de Davi, veio e construiu um templo, que é o seu corpo, constituído de pedras vivas, e deu garantias de que os poderes do inferno não prevaleceriam contra a sua igreja.

“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela;” (Mateus 16.18).

O templo prometido a Davi não pertence somente aos judeus, antes, visa estender a bênção prometida a Abraão, a todas as famílias da terra e, por isso, está sendo erguido um templo como casa de oração a todos os povos, sendo Cristo mesmo a pedra angular.

“Também os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos.” (Isaías 56.7);

“Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.” (Atos 4.11; Salmo 118.22).

 

Os questionamentos dos discípulos

O templo de Herodes era tão caro aos discípulos, que, após a predição da destruição do templo, ficaram quietos, mas quando ficaram a sós com Jesus, no monte das Oliveiras, não resistiram a curiosidade e fizeram três perguntas:

“E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” (Mateus 24.3; Lucas 21.7; Marcos 13.3-4).

Para os discípulos, a destruição do templo era algo do fim do mundo e uma das questões levantadas foi: Quando serão essas coisas?

A destruição do templo estava bem próxima, mas conhecer datas, não era algo que os discípulos precisavam saber.

“E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder.” (Atos 1.7).

A resposta dada por Jesus, em outro contexto, serve ao propósito de explicar o porquê Jesus não falou quando seria a destruição do templo.

Após, ressurgir dentre os mortos, Jesus determinou aos discípulos para não se ausentarem de Jerusalém, pois a promessa do Pai seria concedida a eles, em curto espaço de tempo.

Enquanto Jesus estava anunciando o batismo com o Espírito Santo, parte dos discípulos estava focada na restauração do reino de Israel. Foi quando perguntaram se o reino de Israel seria restaurado naqueles dias e Jesus respondeu que não pertencia a eles saberem os tempos ou, as estações que o Pai estabeleceu.

Interessa à igreja de Cristo saber quando o reino de Israel será restabelecido? Se não para satisfazer a curiosidade, não é do interesse da igreja a restauração de Israel, assim como, não era de interesse da igreja quando o templo de Herodes seria destruído.

A perspectiva da igreja é, totalmente, diferente da nação de Israel, pois, enquanto os membros do corpo de Cristo pensam nas coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus, os filhos de Israel só pensam nas coisas terrenas (Colossenses 3.1-2).

Jesus não deu resposta quanto a tempo e estações, mas, alertou os discípulos, dizendo:

Olhai, não vos assusteis!

Era para os discípulos serem cautelosos, para que ninguém os enganasse, visto que surgiriam muitos dizendo ser o Cristo e enganariam a muitos (Mateus 24.4-5).

Notícias acerca de guerras e rumores de que seriam declaradas mais guerras seriam constantes, mas, não era para eles ficarem assustados, pois, é necessário que todas essas coisas aconteçam, mas ainda, não será o fim.

Você, leitor, somente deve ter cautela para que não seja enganado! Que haverá guerras e se ouvirá acerca de mais guerras, são notícias que não pode te assustar. É necessário que tudo isso ocorra, mas ainda não é o fim!

Cautela, pois, aparecerão muitos em nome de Cristo e esses enganarão a muitos. Jesus disse que haverá guerras e que são necessários tais eventos acontecerem. Mas, alguém em nome de Jesus poderá enganá-lo, dizendo: – Vamos levantar um clamor para que Deus tenha misericórdia da humanidade! Se é mister que ocorram, oraríamos para Deus não deixar acontecer o que é necessário? A nossa oração seria atendida?

Deus já teve misericórdia da humanidade quando deu o Seu único Filho em resgate de muitos, pois Cristo é a misericórdia de Deus.

“E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” (João 3.14-17).

O cristão tem que compreender que está determinado ocorrerem sobre a face da terra fomes, pestes e terremotos em vários lugares, e que se levantará nação contra nação e reino contra reino, porém, esses eventos não têm relação com a volta de Cristo nos ares e nem com a igreja.

Deus estabeleceu tempos e estações pelo seu poder sobre a nação de Israel, mas, com relação à igreja de Cristo, não há tempo ou, estações estabelecidas para a edificação do templo a Deus.

Ao falar com Abraão, Deus estabeleceu tempos e estações e anunciou de antemão a Abraão:

“Então disse a Abrão: Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos, mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza. E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia.” (Gênesis 15.13-16);

“O tempo que os filhos de Israel habitaram no Egito foi de quatrocentos e trinta anos. E aconteceu que, passados os quatrocentos e trinta anos, naquele mesmo dia, todos os exércitos do SENHOR saíram da terra do Egito.” (Êxodo 12.40-41).

Posteriormente, Deus determinou quarenta anos de peregrinação dos filhos de Israel no deserto, por causa da rebeldia do povo:

“Segundo o número dos dias em que espiastes esta terra, quarenta dias, cada dia representando um ano, levareis sobre vós as vossas iniquidades quarenta anos, e conhecereis o meu afastamento.” (Números 14.34);

“Assim se acendeu a ira do SENHOR contra Israel, e fê-los andar errantes pelo deserto quarenta anos até que se consumiu toda aquela geração, que fizera mal aos olhos do SENHOR.” (Números 32.13).

Após receberem a terra prometida por herança, os filhos de Israel não guardaram os sábados e por causa da desobediência, foram levados cativos e postos em exílio por setenta anos:

“Então a terra folgará nos seus sábados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; então a terra descansará, e folgará nos seus sábados.” (Levítico 26.34).

“Para que se cumprisse a palavra do SENHOR, pela boca de Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da assolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram.” (2 Crônicas 36.21);

“No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número dos anos, de que falara o SENHOR ao profeta Jeremias, em que haviam de cumprir-se as desolações de Jerusalém, era de setenta anos.” (Daniel 9.2).

Através da ordem de Ciro, um remanescente voltou para Jerusalém, porém, o povo de Israel ainda permaneceu sob domínio dos gentios. O profeta Daniel, vendo o que ocorria com o povo de Israel, não entendeu o motivo pelo qual Jerusalém permanecia desolada, sendo que Deus havia dito, por Jeremias, que seriam de setenta anos e, em resposta, tem a seguinte visão:

“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.” (Daniel 9.24-27).

Através dessa visão, ficaram estabelecidas setenta semanas de anos sobre o povo de Israel, para restauração de todas as coisas, quando Cristo reinará sobre Israel, assentado no trono de Davi, e será sacerdote sobre o seu povo.

Também, está estabelecido que, desde a ordem para restaurar e edificar Jerusalém, até a vinda do Messias, transcorreriam sessenta e nove (7+62) semanas de anos, ou seja, totalizando quatrocentos e oitenta e três anos.

Observe que Deus estabeleceu tempos e estações sobre Israel, desde as ordens dadas, a primeira em 536 a.C., por Ciro a Zorobabel, para construir o templo (Esdras 1:1-3) e, depois, em 444 a.C., a ordem dada por Artaxerxes, para Neemias reconstruir o muro e a cidade (Neemias 2:1-8).

Não temos como precisar com exatidão essas datas, porque Judeus, Babilônios e Persas usavam calendários com meses diferentes e, para complicar, ainda mais, o calendário Juliano ou, Romano, que usamos, também, é diferente. É quase impossível saber, exatamente, em qual ano do nosso calendário Cristo nasceu e morreu.

Mas, sabemos, através da profecia, que Cristo morreu após o término das 69 semanas.

“E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo” (Daniel 9.26).

A profecia de Daniel informa acerca de um príncipe que virá e que o povo desse príncipe haveria de destruir, tanto a cidade, quanto o santuário, como se fosse uma inundação. E que haverá guerras até o fim e que assolações estão determinadas (Daniel 9.26). A profecia de Daniel condiz com a profecia de Jesus, que alerta que alerta sobre guerras e rumores de guerras, que teriam de acontecer (Mateus 24.6).

Sobre o povo de Israel, ainda tem uma semana de anos a se cumprir, quando o príncipe que está por vir, firmará aliança com muitos, nesse período. Apesar de a aliança ser estabelecida por sete anos, na metade da semana (3 anos e meio), o tal príncipe mudará o seu comportamento e com as abominações virá o assolador.

Esses eventos têm relação com a igreja? Não! Os tempos e estações estabelecidos são pertinentes aos filhos de Israel, sendo certo que, após o que está determinado ocorrer sobre o assolador, Cristo reinará sobre a terra por mil anos.

A contagem das semanas em três períodos: 7+62+7, deixa claro que os dois primeiros períodos não têm interrupção, porém, antes de se cumprir o terceiro período, ocorre interrupção da contagem do tempo dos filhos de Israel, porque, nesse ínterim, tem-se o período denominado ‘plenitude dos gentios’.

A construção do templo a Deus, por intermédio de Cristo, que é a igreja, teve início com a ressurreição de Cristo, a pedra viva, e todos os que ressurgem com Cristo, são constituídos pedras vivas e durante esse período, denominado de plenitude dos gentios, persistirá o ‘endurecimento’ em parte sobre Israel.

“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.” (Romanos 11.25).

Quanto tempo durará a plenitude dos gentios? Não há um tempo fixado para se encerrar a construção do templo a Deus pelo Seu Filho, pois, é através dessa construção, que a benção prometida a Abraão alcança todas as famílias da terra.

Os tempos assinalados pelo profeta Daniel não tem relação com a igreja, portanto, não há sinais estabelecidos para que o crente em Cristo saiba quando Jesus voltará para levar a Sua igreja. Quem precisa de tempos, estações e sinais são os filhos de Israel e não a igreja, que anda por fé, ou seja, crendo que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e não por vista.

“Por isso estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor (Porque andamos por fé, e não por vista). Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor.” (2 Coríntios 5.7).

Quem crê que Jesus é o Filho de Deus, sempre estará de bom ânimo. Pode ouvir acerca de guerras, pestes, terremotos, que o seu ânimo será bom, vez que, em Quem pôs a sua confiança, é inabalável!

Quem crê em Cristo tem tamanha segurança que deseja deixar o seu corpo para estar com Cristo.

Tudo o que ocorreu com Israel e a cidade de Jerusalém, após Cristo morrer, nada mais é que o ‘princípio de dores’; já, a perseguição dos cristãos em todo mundo, que se deu, inicialmente, pelos judeus, depois pelos romanos, e persiste no mundo atual, se dá por causa do evangelho e não por questões de etnia.

“Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” (Mateus 5.11-12);

“Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele,” (Filipenses 1.29).

O cristão não batalha por uma pátria, uma etnia, uma nação, justiça social, distribuição de renda, etc., mas, a sua luta é única e, exclusivamente, pelo evangelho. Quando o cristão sofre perseguição ou, quando sofre em defesa e  combates pelo evangelho, bem-aventurado é, mas, se o sofrimento decorre de outras questões, não há bem-aventurança alguma prometida.

“Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho.” (Filipenses 1.27).

O cristão tem de entender que o alerta feito aos discípulos tem vínculo com a nação dos judeus, pois, eles questionaram Jesus, acerca de uma predição que envolvia o templo utilizado pelos judeus.

A resposta de Jesus possui dois aspectos:

  1. A destruição do templo e da cidade, em decorrência da rejeição do Messias, ocorreu logo em seguida, quando Roma reprimiu as sedições dos judeus;
  2. E na grande tribulação, novamente, Jerusalém será posta em aperto, por diversas nações.

No Livro dos Atos dos Apóstolos, fica nítida a perseguição da igreja de Cristo e o martírio dos Apóstolos, que, inicialmente, foi perpetrada pelos judeus religiosos e depois a perseguição persistiu com Roma.

“E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas capas aos pés de um jovem chamado Saulo.” (Atos 7.58);

“E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.” (Atos 8.3);

“E SAULO, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do SENHOR, dirigiu-se ao sumo sacerdote. E pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém.” (Atos 9.1-2).

Antes mesmo da destruição do templo e de Jerusalém, os discípulos foram perseguidos, presos e mortos. A perseguição se deu pelos judeus ao evangelho, mas, a destruição do templo não teve correlação com o evangelho, mas, com os judeus sediciosos.

Após a destruição de Jerusalém, a perseguição ao evangelho se estendeu por todo o mundo conhecido, não importando se o cristão era judeu ou grego. Durante a perseguição, muitos falsos profetas surgiram e muitos foram enganados. O multiplicar das falsas doutrinas fez com que a obediência de muitos arrefecesse.

O médico Lucas alerta que, antes que ocorresse os eventos calamitosos, como guerras, fomes e pestilências, os discípulos seriam perseguidos e presos, sendo entregues às sinagogas e às prisões. Essa previsão cumpriu-se na pessoa do apóstolo Pedro e de muitos outros, como registrado pelo médico amado, mas importa que o evangelho seja anunciado a todas as nações (Lucas 21.12).

Com relação aos discípulos, percebe-se que a profecia tem como foco o fato de serem judeus, pois, é anunciado que eles seriam odiados de todas as nações, por causa de Cristo, e que seriam conduzidos diante das autoridades para servir de testemunho e os próprios pais e irmãos haveriam de traí-los.

Mas, para o cristão, a suma do período descrito como ‘o princípio de dores’ é perseverar até o fim, pois esse período está relacionado aos judeus e não à igreja de Cristo.

Durante a plenitude dos gentios, o ‘princípio de dores’ diz de eventos que sempre se abaterá sobre os filhos de Israel como povo, e como sinal serão vistos, em vários lugares, guerras, pestes e terremotos, mas, ainda não é o fim.

O evangelista Lucas registrou uma previsão de Jesus, que demonstra que os filhos de Israel seriam mortos (cairão ao fio da espada) e dispersos entre as nações e que Jerusalém seria dominada pelos gentios, até que se complete os tempos dos gentios.

Essa profecia abarca todo período da história de Israel, desde a repressão de Roma, através do general Tito, até agora, e só terminará com a volta de Jesus em glória (Lucas 21.27), após o arrebatamento da Igreja e da grande tribulação.

“E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.” (Lucas 21.24).

Os filhos de Israel, ao verem os sinais descritos, como sinais no sol, na lua e nas estrelas e a angústia das nações pelas convulsões sociais (bramido das ondas e do mar), podem se recompor, vez que será nesse tempo que Deus restaurará o reino a Israel.

“Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima.” (Lucas 21.28).

Da mesma forma que é possível identificar que o verão está próximo, quando se vê a figueira florescer (Lucas 21.29-31), os filhos de Israel, também, saberão que a redenção deles estará próxima, tanto que não passará a geração que virem esses eventos (Lucas 21.32).

O período denominado de ‘princípio de dores’ só se encerrará quando começar a tribulação, no início da última semana de Daniel, após o arrebatamento da igreja, portanto, não há uma data de término desse período ou, de sinais que indiquem quando se findará! Guerras, rumores de guerras, pestes e terremotos não são sinas que indicam a proximidade da volta de Cristo para buscar a sua igreja.

Não há necessidade de sinais para a igreja, visto que ela está em Cristo e não nas trevas, portanto, jamais será surpreendida pela volta de Cristo.

“Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão;” (1 Tessalonicenses 5.4).

A volta de Cristo fará com que os que dormem ressuscitem e os que estejam vivos, sejam arrebatados

“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” (1 Tessalonicenses 4.16-17).

Há como prever o evento do arrebatamento? Não!

“Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.” (1 Coríntios 15.51-52).

É impossível saber o momento que a igreja será arrebatada, apesar dos sinais; é, igualmente, impossível saber quando será restaurado o reino a Israel ou, o fim do mundo. Por isso, o apóstolo Paulo reitera que não é necessário escrever acerca dos tempos e estações, pois, era de conhecimento que o dia do Senhor será em hora incerta, como o ladrão de noite.

“MAS, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva; Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite;” (1 Tessalonicenses 5.1-2).

O dia do Senhor será de ira e de vingança e como a igreja não está destinada à ira, não é necessário falar acerca de tempos e estações. O povo de Israel, por ser desobediente e obstinado, está destinado a beber o cálice da ira de Deus; já, a igreja, como é constituída de obedientes ao evangelho, está destinada à aquisição da salvação, de modo que já não importa se estamos vigiando ou, dormindo.

“Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele.” (1 Tessalonicenses 5.9-10).

Mas, o povo de Israel, por sua vez, quando disserem que há paz e segurança (primeira metade da 70ª semana de Daniel), virá repentina destruição (última metade da 70ª semana de Daniel).

“Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão.” (1 Tessalonicenses 5.3).

Percebe-se que Jesus, ao tratar com os discípulos, cita os eventos do ‘princípio das dores’ para tranquilizá-los, pois, quando ouvissem sobre guerras e rumores de guerras, grandes terremotos, em vários lugares, fomes e pestilências, não ficassem assustados, porque já saberiam que é necessário que todas as coisas elencadas acontecessem, mas que o fim não seria logo.

Antes de ser levado para ser crucificado, Jesus alertou os seus discípulos, acerca dos eventos que haveriam de acontecer e assim o fez, para que eles ficassem em paz.

“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (João 16.33).

 

As pragas do Apocalipse

Quando Faraó tomou Sarai, a mulher de Abrão, Deus enviou pragas contra o Egito e Faraó devolveu Sarai a Abrão.

“Feriu, porém, o SENHOR a Faraó e a sua casa, com grandes pragas, por causa de Sarai, mulher de Abrão.” (Gênesis 12.17).

Quando Deus retirou o povo de Israel do Egito, derramou dez pragas sobre os egípcios, em função da recalcitrância de Faraó.

“Porém o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o SENHOR tinha falado. Então disse o SENHOR a Moisés: O coração de Faraó está endurecido, recusa deixar ir o povo.” (Êxodo 7.13-14).

Deus tratava com as nações utilizando pragas, fome e mortes, quando ensinava uma lição. Com Israel não foi diferente. Deus avisou os filhos de Israel que, caso eles fossem rebeldes, como sinal seriam consumidos por pragas, fome e guerras.

“E se andardes contrariamente para comigo, e não me quiserdes ouvir, trar-vos-ei pragas sete vezes mais, conforme os vossos pecados.” (Levítico 26.21);

“E todas estas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruído; porquanto não ouviste à voz do SENHOR teu Deus, para guardares os seus mandamentos, e os seus estatutos, que te tem ordenado; E serão entre ti por sinal e por maravilha, como também entre a tua descendência para sempre.” (Deuteronômio 28.45-46).

Mas, apesar do aviso solene, quanto mais eram assolados e punidos, ainda mais os filhos de Israel se desviavam. O que serviria por sinal e maravilha para os filhos de Israel se arrependerem dos seus maus caminhos, eles não compreendiam.

“Ai, nação pecadora, povo carregado de iniquidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores; deixaram ao SENHOR, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás. Por que seríeis ainda castigados, se mais vos rebelaríeis? Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo.” (Isaías 1.4-6).

Com a igreja, o tratamento é diferente, pois é constituída de homens e mulheres obedientes, de todas as tribos e línguas, e não somente de uma nação (descrita por Deus), como de dura cerviz.

Com Israel, Deus punia para fazer com que compreendessem os seus erros e se voltassem para Deus obedecendo-O; já, com relação à Igreja, é diferente, pois, a igreja é o corpo de Cristo, composta de homens obedientes, portanto, não estão sujeitos a punições.

Deus estabeleceu as setenta semanas de anos, para dar descanso à terra prometida, que os filhos de Israel não quiseram obedecer, e por isso foram dispersos entre os gentios. Por causa da rebeldia dos filhos de Israel, Deus teve que puni-los, segundo a sua palavra, e por isso o nome de Deus era blasfemado todo o dia entre os gentios, que não compreendiam que o povo de Israel foi disperso pelos seus erros, e não porque Deus não fosse poderoso para livrá-los.

“E agora, que tenho eu que fazer aqui, diz o SENHOR, pois o meu povo foi tomado sem nenhuma razão? Os que dominam sobre ele dão uivos, diz o SENHOR; e o meu nome é blasfemado incessantemente o dia todo.” (Isaías 52.5; Romanos 2.24).

As visões de pragas, mortes, prantos e fome que constam do Livro do Apocalipse, na verdade, se referem aos dias que antecedem a visitação de Deus sobre seu povo, Israel. Será dia de trevas e de ira. Será o dia da vingança de Deus sobre o seu povo.

“Aquele dia será um dia de indignação, dia de tribulação e de angústia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas,” (Sofonias 1.15).

Semelhantemente ao profeta Isaías, que dirigiu a palavra de Deus aos filhos de Israel, chamando os seus líderes de poderosos de Sodoma e povo como povo de Gomorra, o evangelista e profeta João teve uma visão, na qual o povo de Israel é denominado de a Grande Babilônia.

“Ouvi a palavra do SENHOR, vós poderosos de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo de Gomorra.” (Isaías 1.10);

“Portanto, num dia virão as suas pragas, a morte, e o pranto, e a fome; e será queimada no fogo; porque é forte o Senhor Deus que a julga.” (Apocalipse 18.8).

A derrocada dos filhos de Israel é patente, quando são deportados para a Babilônia e os filhos de Jacó consideravam a Babilônia o grande inimigo de Israel, entretanto, o próprio povo de Israel era o seu grande inimigo, por não obedecer a Deus e, por isso, o povo de Israel é chamado de ‘Babilônia’, na visão do Apocalipse.

Foi o povo de Israel que matou os profetas e o Messias, não o povo babilônico, por isso, o sangue que se achou na Babilônia do Apocalipse, é uma referência a Israel.

“Os quais, também, mataram o SENHOR Jesus e os seus próprios profetas, e nos têm perseguido; não agradam a Deus e são contrários a todos os homens,” (1 Tessalonicenses 2.15);

“Porém se obstinaram, e se rebelaram contra ti, e lançaram a tua lei para trás das suas costas, e mataram os teus profetas, que protestavam contra eles, para que voltassem para ti; assim fizeram grandes abominações.” (Neemias 9.26);

“E nela se achou o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na terra.” (Apocalipse 18.24).

A nação de Israel, pela sua infidelidade, era comparada por Deus com uma mulher adúltera,  que agia como uma prostituta e, ao ser proclamado o julgamento da prostituta do Apocalipse, proclama-se o julgamento de Israel como nação.

“Porque verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande prostituta, que havia corrompido a terra com a sua prostituição, e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos.”  (Apocalipse 19.2).

A mulher assentada sobre uma besta de cor escarlate, cujo nome na testa é: ‘Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra’, refere-se à nação de Israel, que ao longo das eras, vem se embriagando do sangue dos santos e do sangue das testemunhas de Jesus (Apocalipse 17.5-6).

Perceba que as descrições de guerras, pragas, pestes, fomes, etc., que sempre se abateram sobre os povos no mundo todo, no contexto bíblico, são utilizadas por Deus, especificamente, como elementos para corrigir a nação de Israel. Mas, como são incorrigíveis, resta sobre eles a indignação e a ira de Deus.

O profeta Ezequiel já havia apresentado a nação de Israel como prostituta:

“VEIO mais a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, houve duas mulheres, filhas de uma mesma mãe. Estas se prostituíram no Egito; prostituíram-se na sua mocidade; ali foram apertados os seus seios, e ali foram apalpados os seios da sua virgindade. E os seus nomes eram: Aolá, a mais velha, e Aolibá, sua irmã; e foram minhas, e tiveram filhos e filhas; e, quanto aos seus nomes, Samaria é Aolá, e Jerusalém é Aolibá.” (Ezequiel 23.1-4).

Neste ponto, tenho que deixar bem claro que não estou promovendo o antissemitismo e, embora não seja irmão na carne dos judeus, sinto a mesma dor que o apóstolo Paulo sentia.

“EM Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo): Que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia desejar ser anátema de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne; (…) IRMÃOS, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação.” (Romanos 9.1-3 e 10.1).

Dizer que a Igreja Católica Apostólica Romana é a Grande Babilônia e que o papado é o Anticristo são acusações levianas, sem o devido suporte bíblico.

Passagens bíblicas que apontam a queda da Babilônia, no Livro do Apocalipse, a tem como a grande cidade, que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição.

“E outro anjo seguiu, dizendo: Caiu, caiu Babilônia, aquela grande cidade, que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição.” (Apocalipse 14.8).

O primeiro anjo é visto anunciando uma mensagem (evangelho eterno) a todos os povos e línguas, para que temessem a Deus (Apocalipse 14.6-7). O povo de Israel, por não gotejar a doutrina de Deus sobre todos os povos (Isaías 40.6; Deuteronômio 32.2-3), antes, se fecharam em si mesmos, falhou em proclamar aos povos (erva, relva) a mensagem de obediência a Deus.

O segundo anjo, por sua vez, anuncia juízo sobre Israel e sobre todas as nações, pois, ao se prostituir com as demais nações, deu a beber às nações do vinho da ira das suas prostituições, pois, para punir Israel, Deus congregará as nações como sua vara contra Israel e as nações, por sua vez, receberão como paga a ira de Deus.

“E com grande indignação estou irado contra os gentios em descanso; porque eu estava pouco indignado, mas eles agravaram o mal.” (Zacarias 1.15).

O terceiro anjo anuncia, antecipadamente, um veredito àquelas nações que se curvarem à besta e à sua imagem, visto que, será destinado a elas o mesmo vinho dado a beber às nações pela Babilônia (Apocalipse 14.9-10).

A mulher cujo nome é a Grande Babilônia no Livro do Apocalipse, diz da mesma mulher do Livro de Provérbios, apresentada como adúltera, e que deixou o guia da sua mocidade, esquecendo-se da aliança com Deus: o povo de Israel.

“Para te afastar da mulher estranha, sim da estranha que lisonjeia com suas palavras; Que deixa o guia da sua mocidade e se esquece da aliança do seu Deus;” (Provérbios 2.17).

No Livro do Apocalipse, por estar assentada sobre as nações, a mulher se sente como rainha, e se sente amparada (não sou viúva), mas, ela será deposta e devorada pelas nações.

“Quanto ela se glorificou, e em delícias esteve, foi-lhe outro tanto de tormento e pranto; porque diz em seu coração: Estou assentada como rainha, e não sou viúva, e não verei o pranto.” (Apocalipse 18.7).

Se o leitor comparar o capítulo 6, do Livro do Apocalipse, com a predição de Jesus aos discípulos, quando mostraram a exuberância do templo de Herodes, verá que relatam os mesmos eventos e a pergunta dos discípulos é repetida na abertura do quinto selo:

“E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Apocalipse 6.10).

O capítulo 6 do Livro do Apocalipse expõe alguns detalhes do período nomeado princípio das dores (Apocalipse 6.8) e, embora toda a terra sofra calamidades, ainda não é o fim, pois todos esses eventos são prenúncio do dia da ira que ainda se abaterá sobre o povo de Israel.

“Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?” (Apocalipse 6.17).

 

A esperança da igreja

Para quem não compreende a essência do Livro do Apocalipse e a conexão que o livro possui com os demais livros da Bíblia, pensa que o Livro das Revelações constitui uma narrativa que prevê a luta final entre o bem e o mal, entre Deus e o diabo. Na verdade, o livro descreve como Deus tratará com o povo de Israel, a despeito das suas abominações.

“Quem mata um boi é como o que tira a vida a um homem; quem sacrifica um cordeiro é como o que degola um cão; quem oferece uma oblação é como o que oferece sangue de porco; quem queima incenso em memorial é como o que bendiz a um ídolo; também estes escolhem os seus próprios caminhos, e a sua alma se deleita nas suas abominações.” (Isaías 66.3);

“Já vi as tuas abominações, e os teus adultérios, e os teus rinchos, e a enormidade da tua prostituição sobre os outeiros no campo; ai de ti, Jerusalém! Até quando ainda não te purificarás?” (Jeremias 13.27).

E que após a ira demonstrada ao povo de Israel, o remanescente experimentará a misericórdia de Deus, vez que, como predito pelo profeta Moisés, no fim dos tempos os filhos de Israel se arrependeriam.

“Quando estiverdes em angústia, e todas estas coisas te alcançarem, então nos últimos dias voltarás para o SENHOR teu Deus, e ouvirás a sua voz.” (Deuteronômio 4.30).

O cristão que não compreende as premissas do evangelho e que Deus não destinou a igreja para a ira, acaba se tornando presa fácil dos falsos profetas e doutores que, em função da ignorância, controlam as pessoas, através do medo.

Para o crente em Cristo, as previsões bíblicas são consolação e segurança, de que a igreja não passará pelo período da Tribulação e da Grande Tribulação, pois, não é sujeita à ira de Deus.

O apóstolo Paulo, alertou e consolou os cristãos de Filipos dessa forma:

“Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas. Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.” (Filipenses 3.18-21).

Os inimigos da cruz de Cristo, ou seja, do evangelho, terão a perdição como fim, mas, o crente em Cristo tem esperança de habitar a cidade que lhe pertence nos céus e aguarda o Salvador, que tem poder de transformar o nosso corpo mortal para ser conforme o seu corpo glorioso, de modo que as tribulações do tempo presente não se comparam com o que nos será concedido.

“Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.” (Romanos 8.18).

O crente em Cristo, diante das calamidades que assolam o mundo, deve ter firme esse alerta:

“E, quando ouvirdes de guerras e sedições, não vos assusteis. Porque é necessário que isto aconteça primeiro, mas o fim não será logo.” (Lucas 21.9).

Não importa se estão sendo noticiadas guerras, pestes, fomes, terremotos, maremotos, desastres, etc., a palavra de ordem é: não vos assusteis!

O crente deve ter bem firme na sua mente que não há o que possa ser feito: é necessário que isto aconteça, mas, ainda, não é o fim.

Se você for orar, que seja para Deus abrir as portas para que você anuncie o evangelho (Colossenses 4.3), porque Deus não voltará a sua palavra atrás somente porque você fez imprecações para que os eventos preditos não aconteçam.

Ao instruir Timóteo, o apóstolo Paulo ordenou:

“ADMOESTO-TE, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador,” (1 Timóteo 2.1-3).

Se os cristãos fizessem orações por todos os homens, não seriam sediciosos como os filhos de Israel e fariam por onde terem uma vida quieta e sossegada, sujeitando-se a todos que estivessem em eminência.

“Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” (Romanos 12.18).

Que tipo de oração deveria ser feita por todos os homens? Que não ficassem doentes? Que o estado não os requisitasse para a guerra? Que não houvesse diferenças sociais?

Ora, o cristão tem de fazer imprecações segundo a vontade de Deus e a vontade de Cristo é que se vá a todas as nações ensinando os homens a guardar tudo o que foi ensinado. Ao rogar a Deus que se dê boa oportunidade para pregar o evangelho, o cristão ora segundo a vontade de Deus e será atendido e, ao mesmo tempo, estará cônscio de que não pode fazer acepção de pessoas.

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” (Mateus 28.19-20).

Não fique só na oração pelo seu vizinho, para que você tenha uma vida quieta e sossegada, antes, vá até ele e anuncie Cristo, a misericórdia de Deus manifesta a todos os homens. Não se esqueça de que Deus já providenciou, segundo a sua misericórdia, salvação poderosa na casa de Davi.

Em tempos de crise, cuidado com mensagens (julgais os espíritos) que apresentam o sofrimento do indivíduo como aliado ao amor divino, como se o sofrimento conduzisse o pecador à salvação. Frases, como: ‘quem não vem pelo amor, vem pela dor’, é adaptada e passa ser a tônica de muitas pregações.

Não há redenção no sofrimento humano, porque Deus não usa o sofrimento como catalisador do evangelho. O amor de Deus foi revelado na pessoa do Cristo e, por isso, Jesus é apresentado como o alimento que dá vida ao homem. O único ingrediente que se acrescenta ao evangelho é o pregador, o anunciador de boas novas, na qualidade de sal da terra e luz do mundo.

Outro grande erro que ronda os púlpitos cristãos são as mensagens de cunho conservacionista, que transmuta o evangelho de Cristo em ideologia político social e aponta as calamidades, naturais ou não, como decorrentes de um castigo divino direcionado a uma determinada sociedade ou, à humanidade, que não segue determinado conjunto de valores e normas, acerca de concepções do que é certo ou errado, proibido ou permitido.

Amados, a pandemia do novo coronavírus não é castigo de Deus em decorrência da depravação, do homossexualismo, do ateísmo, de leis pró-aborto, ou, mesmo, do comunismo. Por que não? Porque a Bíblia deixa claro que tudo sucede, igualmente, a todos!

“Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.” (Eclesiastes 9.2).

Ao repreender os filhos de Israel, Deus deixa claro que, apesar deles acharem que eram melhores que os gentios, na verdade, estavam em igual condição, e, por isso, seriam punidos:

“O melhor deles é como um espinho; o mais reto é pior do que a sebe de espinhos; veio o dia dos teus vigias, veio o dia da tua punição; agora será a sua confusão.” (Miqueias 7.4).

Não se deixe levar pelo pensamento de que, por ser salvo em Cristo, se estaria salvo dos percalços da vida, porque, da mesma forma que o mal chega na casa do vizinho não crente, o mal, também, pode chegar à tua casa. Não se fie em falsas promessas, ou, em discursos apoiados em versículos fora do contexto.

Lembre-se de que a promessa: “Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.” (Salmos 91.10), é personalíssima, pois se trata de um salmo messiânico.

Cristo é o único homem que esteve protegido por essa promessa, pois, somente Ele fez do Altíssimo a sua habitação (Salmos 91.9), e lhe foi dado o poder de calcar aos pés o filho do leão e a serpente (Salmo 91.13; Gênesis 3.15), passou pela angústia da morte e Deus o fez ressurgir dentre os mortos e foi glorificado e agraciado com fartura de dias.

“Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei. Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.” (Salmos 91.15-16).

Se mal nenhum chega na tenda do cristão, Jesus não teria dito aos seus discípulos que eles seriam perseguidos e mortos. Mesmo que você sofra reveses na vida, pois tudo nessa vida sucede, igualmente, a todos, creia que a nossa vida está escondida com Cristo, em Deus, e que por isso o maligno não tem poder de tirar a sua salvação.

“Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” (Colossenses 3.3);

“Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca.” (1 João 5.18).

Pois a promessa que Jesus fez é firme:

“E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna.” (1 João 2.25).

 

Correção ortográfica: Pr. Carlos Gasparotto

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

One thought on “A Covid-19 e as profecias bíblicas

  • Muito bom seus estudos ,parabens q Deus continui a lhe usar para melhor esclarecimento nosso .

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