A mulher vestida de sol representa a estabilidade da promessa feita aos pais ( Dt 9:5 ), já a meretriz refere-se aos filhos de Jacó que se mostraram aleivosos desde que foram arrancados do Egito
A meretriz assentada sobre muitas águas
Conteúdo do artigo
Apocalipse 17, versos 1 à 18
1 E VEIO um dos sete anjos que tinham as sete taças, e falou comigo, dizendo-me: Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas; 2 Com a qual se prostituíram os reis da terra; e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua prostituição. 3 E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres. 4 E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição; 5 E na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra.
Introdução
O objetivo da visão do capítulo 17 é apresentar como será a punição da ‘grande cidade’ que reina sobre os reis da terra. O grande desafio para o leitor é descobrir a identidade da ‘grande cidade’ que está fadada à destruição “E a mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reis da terra” ( Ap 17:18 ).
A ‘grande cidade’ foi condenada e será punida e não haverá quem a livre da ira de Deus “Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta…” (v. 1); “Portanto, num dia virão as suas pragas, a morte, e o pranto, e a fome; e será queimada no fogo; porque é forte o Senhor Deus que a julga” ( Ap 18:8 ).
Entender o motivo pelo qual Deus condenará a ‘grande cidade’ nos permitirá identifica-la e entender o motivo pelo qual ela é vista como uma meretriz vestida de púrpura e de escarlata ( Ap 17:16 ).
A mulher vestida de sol
Iniciamos no artigo “A mulher e o dragão” a análise das figuras do livro do Apocalipse através da figura da mulher vestida de sol e com a lua debaixo dos pés e que estava com uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça < http://www.estudosbiblicos.org/a-mulher-e-o-dragao >. Demonstramos que a lua debaixo dos pés da mulher simboliza a promessa de Deus feita aos pais: Abraão, Isaque e Jacó. A lua significa que a nação de Israel se sustém na promessa imutável de Deus “Assim diz o SENHOR, que dá o sol para luz do dia, e as ordenanças da lua e das estrelas para luz da noite, que agita o mar, bramando as suas ondas; o SENHOR dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas ordenanças de diante de mim, diz o SENHOR, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre” ( Jr 31:35 -36; Jr 33:25 -26); “Não quebrarei a minha aliança, não alterarei o que saiu dos meus lábios. Uma vez jurei pela minha santidade que não mentirei a Davi. A sua semente durará para sempre, e o seu trono, como o sol diante de mim. Será estabelecido para sempre como a lua e como uma testemunha fiel no céu. (Selá.)” ( Sl 89:34 -37; Dt 9:5 ; Lv 26:44 -45).
A mulher vestida de sol diz da nação de Israel, pois como nação escolhida para trazer o Cristo ao mundo sofreu dores ( Ap 12:2 ). A vestimenta simboliza a justiça de Deus manifesta a todos os povos por intermédio de Cristo, o descendente prometido a Abraão ( Lc 1:78 -79).
Cristo é o sol da justiça, pois o seu esplendor alcançou os que habitavam as regiões das trevas. O sol não faz acepção de pessoas, de modo que Cristo é luz para todos os povos “LEVANTA-TE, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR vai nascendo sobre ti; Porque eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o SENHOR virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti. E os gentios caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te nasceu” ( Is 59:1 -3; Is 9:2 ; Gn 22:18 ; 2Sm 23:3 -4; Is 40:5 ).
Da mulher vestida de sol disse o apóstolo Paulo: “Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Deus contra Israel, dizendo: Senhor, mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma? Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal” ( Rm 11:2 -4).
O advento da Igreja não significa que Deus rejeitou o povo de Israel, antes foram eles que rejeitaram o autor da vida, pois Ele veio para os que eram seus, e eles o rejeitaram ( Jo 1:11 ; Rm 10:21 ). Apesar da rejeição, há um remanescente segundo a graça, ou seja, qualquer homem dentre os judeus que crerem na mensagem do evangelho, será salvo ( Rm 11:23 ).
Após o arrebatamento da Igreja de Cristo, se encerrará a plenitude dos gentios e começará a ser contada a última semana de Daniel sobre o povo de Israel, de modo que os cristãos não podem ignorar que o ‘endurecimento’ de Israel se dará até que se encerre a ‘plenitude dos gentios’ “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades” ( Rm 11:25 -26; Is 6:9 -12).
Como foi estabelecido nas Escrituras que de Sião virá o libertador e retirará todas as impiedades de Jacó, a aliança entre Deus e Israel permanece, porque o que foi dado aos pais (dons) é irrevogável ( Rm 11:26 -29), pois dos verdadeiros israelitas é a adoção, a glória, as alianças, a lei, o culto, as promessas, os pais, e deles é o Cristo segundo a carne ( Rm 9:3 -4).
A promessa de Deus feita aos pais não falhou, por isso o evangelista João viu a lua debaixo dos pés da mulher, uma vez que a nação de Israel jamais deixará de ser nação diante de Deus e o descendente prometido a Abraão se assentará sobre o trono de Davi como rei e sacerdote e regerá as nações com vara de ferro ( Gn 49:8 -11); “Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus fez com nossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra” ( At 3:25 ); “Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai” ( Lc 1:32 ).
O povo de Israel, mesmo quando deportado, não deixou de ser a nação escolhida por Deus e a promessa do Cristo assentado sobre o trono de Davi se cumprirá após o término da plenitude dos gentios. Cristo permanece à destra da majestade nas alturas até que seja enviado a Sião como o libertador das transgressões da casa de Jacó, o que ocorrerá após o período de grande tribulação “DISSE o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés. O SENHOR enviará o cetro da tua fortaleza desde Sião, dizendo: Domina no meio dos teus inimigos” ( Sl 110:1 -2).
As promessas se cumprem em Cristo, e para Israel há a promessa de que o Cristo se assentará sobre o trono de Davi, seu pai, e regerá todas as nações da terra a partir de Sião com vara de ferro ( Sl 2:8 ; Gn 15:18 ; Is 60:14 ).
O povo de Israel foi introduzido na terra que de Canaã por causa da promessa feita aos pais, e não porque eram de fato justos aos olhos de Deus, como se lê: “E, porquanto amou teus pais, e escolheu a sua descendência depois deles, te tirou do Egito diante de si, com a sua grande força” ( Dt 4:37 ); “Não é por causa da tua justiça, nem pela retidão do teu coração que entras a possuir a sua terra, mas pela impiedade destas nações o SENHOR teu Deus as lança fora, de diante de ti, e para confirmar a palavra que o SENHOR jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó” ( Dt 9:5 ).
Por causa da promessa feita aos pais vemos a mulher vestida de sol e com os pés sobre a lua, mas como o povo era rebelde e de dura servis, surge uma nova figura: a meretriz, visto que a ‘cidade fiel’ se fez prostituta ( Is 1:21 ).
Para compreendermos a figura da meretriz que representa a grande cidade no Apocalipse, temos que lembrar que desde o dia em que foi tirado do Egito a casa de Israel é denominada casa rebelde ( Dt 9:24 ), mas, para confirmar a palavra dada aos pais, Deus introduziu a casa rebelde na terra da promessa ( Dt 8:18 ; Dt 9:6), e os filhos de Jacó foram habitar a terra dos cananeus.
Os judeus se auto intitulavam israelitas, porém, não passavam de casa de Jacó (tomar pelo calcanhar, suplantador), diferente do patriarca Jacó, que de fato passou a ser chamado por Deus de ‘Israel’ quando Deus reitera a promessa que foi feita a Abraão e Isaque ( Gn 32:28 ; Gn 35:10 -12 ; Is 48:1 ).
Não é pela força ou pela violência que se alcança a benção de Deus, antes se dá pela palavra do Senhor. Qualquer que busque a face do Senhor alcançará de Deus a bênção: a salvação “E respondeu-me, dizendo: Esta é a palavra do SENHOR a Zorobabel, dizendo: Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos” ( Zc 4:6 ); “E Jacó lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali. E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva” ( Gn 32:29 -30; Os 5:15 ).
Havia uma ordem especifica para que os filhos de Jacó destruíssem todos os povos que estavam na terra que herdaram, mandamentos que visava a proteção da nação foram desconsiderados. Por exemplo: ( Dt 20:16 -17), mas não obedeceram e passaram a compartilhar a terra com os povos nativos “E não expulsaram aos cananeus que habitavam em Gezer; e os cananeus habitam no meio dos efraimitas até ao dia de hoje; porém, sendo-lhes tributários” ( Js 16:10 e 17:13 ).
Como o povo não atendia a ordem do Senhor, Deus enviou seus profetas que clamavam contra as cidades do povo de Israel: “E VEIO a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o SENHOR: Lembro-me de ti, da piedade da tua mocidade, e do amor do teu noivado, quando me seguias no deserto, numa terra que não se semeava. Então Israel era santidade para o SENHOR, e as primícias da sua novidade; todos os que o devoravam eram tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz o SENHOR” ( Jr 2:1 -3).
Para falar ao povo, os profetas fizeram parábolas e alegorias utilizando-se do nome das cidades em que a nação de Israel habitava. Por exemplo: Ezequiel clamou contra a cidade de Jerusalém e fez uma alegoria descrevendo-a como uma menina abandonada no deserto que, após ser acolhida pelo Senhor, tornou-se uma moça muito bonita que Deus entrou em aliança e ela passou a ser d’Ele. A menina que foi cuidada pelo Senhor tornou-se formosa e, por causa da sua beleza, deixou o seu marido, se fez pérfida e saiu após amantes “E, passando eu junto de ti, vi-te, e eis que o teu tempo era tempo de amores; e estendi sobre ti a aba do meu manto, e cobri a tua nudez; e dei-te juramento, e entrei em aliança contigo, diz o Senhor DEUS, e tu ficaste sendo minha. Então te lavei com água, e te enxuguei do teu sangue, e te ungi com óleo” ( Ez 16:8 -9).
Através das profecias verifica-se que Deus fez uma promessa incondicional aos pais que jamais será quebrada, pois Deus mesmo ungiu o seu Santo Rei sobre o monte Sião ( Sl 2:6 ), e o estabeleceu como sacerdote eterno ( Sl 110:4 ). No entanto, a aliança que Deus fez com o povo que foi tirado do Egito é condicional, pois a alma que fizesse o prescrito na lei viveria por ela, e este foi o trato que o povo fez: “Então todo o povo respondeu a uma voz, e disse: Tudo o que o SENHOR tem falado, faremos. E relatou Moisés ao SENHOR as palavras do povo” ( Êx 19:8 ; Ez 20:21 ); “Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, observando-os o homem, viverá por eles. Eu sou o SENHOR” ( Lv 18:5 ).
Assim como Deus deu a sua palavra a Abraão, Isaque e a Jacó, Deus reuniu o povo de Israel no monte Sinai para que o povo ouvisse a voz de Deus, mas quando foi provado, o povo se pôs ao longe e não quis ouvir a voz de Deus ( Ex 20:18 -20).
Jacó pelejou com Deus e não teve medo de morrer, de modo que foi abençoado e Deus mudou o seu nome. Os filhos de Jacó se auto intitulavam filhos de Israel e que fariam tudo o que Deus mandasse, no entanto quando viram que o monte fumegava e havia trovões, relâmpagos, tiveram medo de ouvirem a voz do Senhor e morrer, quando na verdade a palavra do Senhor é que dá vida. Atitude do povo se por ao longe demonstra a falta de confiança em Deus. Imagine se a prova fosse semelhante a de Jacó, pelejar com Deus “E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos. E disse Moisés ao povo: Não temais, Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós, afim de que não pequeis” ( Ex 20:19 -20).
O povo precisava ouvir diligentemente a voz do Senhor. Ouvir a voz do Senhor os tornaria apto a cumprir a aliança ( Ex 19:5 ), porém, o povo antes de ouvir a voz do Senhor se propôs a fazer o que Deus mandasse ( Ex 19:8 ), mas, quando Deus ia falar-lhes de modo que cressem eternamente ( Ex 19:9 ), rejeitaram ouvir a palavra de Deus.
A aliança foi feita, mas o povo corrompeu a aliança, pois passaram a confiar na força dos seus braços e deixaram de confiar n’Aquele que fez a aliança, se fizeram filhos rebeldes e sujeitos aos ‘ais’ “Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos fizestes tropeçar na lei; corrompestes a aliança de Levi, diz o SENHOR dos Exércitos” ( Ml 2:8 ; Zc 11:10 ; Jr 11:10 ); “Não segundo a aliança que fiz com seus pais No dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; Como não permaneceram naquela minha aliança, Eu para eles não atentei, diz o Senhor” ( Hb 8:9 ).
Os filhos de Jacó se ‘cobriram’ com a força do braço, com a violência, mas não do Espírito do Senhor ( Is 30:1 ; Zc 4:6 ; Mt 11:12 ).
O evangelista João viu em visões distintas duas mulheres: uma parturiente e outra meretriz. O profeta Jeremias também profetizou acerca de duas mulheres, e nos chama a atenção o fato de que essas duas mulheres apontam para Israel ( Jr 4:30 -31).
A figura da mulher parturiente foi utilizada pelo profeta Jeremias para fazer referencia à nação de Israel, como se lê: “Porquanto ouço uma voz, como a de uma mulher que está de parto, uma angústia como a de que está com dores de parto do primeiro filho; a voz da filha de Sião, ofegante, que estende as suas mãos, dizendo: Oh! ai de mim agora, porque já a minha alma desmaia por causa dos assassinos” ( Jr 4:31).
Quando foi previsto através da figura de um leão (Babilônia) que Deus enviaria do norte uma nação sanguinária que assolaria as cidades de Israel ( Jr 4:7 ), o profeta descreveu a voz da filha de Sião ofegante como a que está de parto.
Por causa da iniquidade dos filhos de Jacó Deus determinou que uma nação sanguinária viesse do norte para assolar a nação de Israel ( Jr 4:6 ), e, por mais que a nação de Israel se posicionasse como rainha (vestida de carmesim) e se fizesse bela (enfeites e adornos) para atrair o apoio das nações vizinhas (amantes), o mal já estava determinado “Agora, pois, que farás, ó assolada? Ainda que te vistas de carmesim (escarlata), ainda que te adornes com enfeites de ouro, ainda que te pintes em volta dos teus olhos, debalde te farias bela; os amantes te desprezam, e procuram tirar-te a vida” ( Jr 4:30 ).
Deus utilizou duas figuras para anunciar a deportação de Israel para babilônia:
a) mulher com dores de parto, e;
b) prostituta em busca dos seus amantes.
As mesmas figuras utilizadas pelo profeta Jeremias foram vistas pelo apóstolo amado, sendo que:
- a figura da mulher com dores de parto no Apocalipse retrata a nação de Israel
- e a figura da grande meretriz retrata a cidade dos filhos de Israel.
A promessa de Deus é imutável quanto à nação, visto que o remanescente será salvo (mulher vestida de sol), já as cidades de Israel, por causa da infidelidade do povo (meretriz que se assenta como rainha), serão destruídas e ficará deserta.
A mulher prostituta vestida como rainha
A figura da mulher meretriz vestida de púrpura e escarlate representa a ‘grande cidade’ que abrigará a nação de Israel antes do período descrito por Cristo como ‘aflição daqueles dias’ (grande tribulação) ( Ap 17:18 ; Mt 24:21 ).
O nome escrito na testa da meretriz é um símile (enigma), portanto, não deve ser interpretada com uma referência à antiga cidade dos caldeus. Os caldeus já foram apenados e destruídos pelos medos ( Jr 51:11 e 28; Dn 7:5 ), e, conforme as profecias, Babilônia foi destruída e nunca mais será povoada, assemelhando-se às cidades de Sodoma e Gomorra ( Jr 50:39 -40).
Foi determinado por Deus que a cidade de Babilônia seria uma desolação perpétua ( Jr 51:26 ), portanto, a figura da mulher assentada sobre muitas águas não diz da cidade dos caldeus, apesar da inscrição na testa da mulher.
Por causa da inscrição, que diz: “Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra”, os reformadores entendiam que a visão fazia referencia ao papado (Igreja Católica Apostólica Romana).
“A quem ou a que se refere esta mulher? A maior parte dos comentadores, desde o tempo da Reforma, identificam-na com o papado, tal como o fizeram Lutero, Tyndale, Knox, Calvino (Institutes, IV, 2.12), Alford, Elliott, Lange, e muitos outros. A Igreja Católica Romana identifica esta mulher com Roma – mas com a Roma pagã, é claro, já no passado” Moody, Pág. 59.
Este sentido também foi apresentado por Barclay.
“A mulher é Babilônia, quer dizer, é Roma. Há uma dificuldade que se expõe no princípio do capítulo, mas pode ser esclarecida de maneira imediata. Afirma-se que a mulher está assentada sobre “muitas águas” (v. 1). Esta é uma imagem de Roma representada mediante o simbolismo que corresponde a Babilônia, segundo os ditos dos antigos profetas de Israel. Em Jeremias 51:13 faz-se referência a Babilônia, precisamente, como uma cidade “assentada sobre muitas águas”” Barclay, Pág. 370.
Há quem ateste que a grande cidade será a cidade de Babilônia reedificada:
“… em Apocalipse 17 João descreve a visão em duas partes. A primeira parte fala de uma mulher identificada como Babilônia. Simboliza uma cidade de extrema riqueza que controla – “povos, multidões, nações e línguas” (Ap 17.15). Ela é literalmente a cidade de Babilônia reconstruída” Dyer, Charles H., The Rise of Babylon: Is Iraq at the Center of The Final Drama? Edição Revisada, Chicago: Moody Press, [1991], 2003, pág. 162.
Especulações não faltam acerca do tema:
“As profecias referentes à cidade de Babilônia nunca se cumpriram no passado, o que qualquer enciclopédia pode testificar. Para que as profecias bíblicas se cumpram, é necessário que a cidade de Babilônia seja reconstruída na mesma área de outrora. A antiga Babilônia é o atual Iraque” Fruchtenbaum, Arnold, The Footsteps of the Messiah: A Study of the Sequence of Prophetic Events, (Tustin, Califórnia: Ariel Ministries Press, 1982), pág. 192.
Ora, o interprete deve ler o livro de Apocalipse cônscio de que ele contém inúmeras figuras e símbolos. Os símbolos e figuras possuem um significado específico que remetem a um único evento ou realidade, e o interprete precisa ter a perspicácia de verificar que as profecias apresentam enigmas amalgamados às figuras e símbolos.
Os enigmas precisam ser desvendados antes da interpretação das figuras e dos símbolos, portanto, não é porque consta na visão o nome ‘Babilônia’ que a civilização Babilônica e as cidades dos caldeus serão reconstruídas.
A visão da mulher meretriz assentada sobre a besta diz de uma cidade nomeada ‘A grande cidade’ ( Ap 17:18 ), e todos os reis da terra se prostituíram com ela ( Ap 17:2 ).
O evangelista João verificou que a meretriz estava prestes a cair (embriagada) por ter matado os santos e as testemunhas de Jesus ( Ap 18:24 ). A embriagues simboliza a ‘queda’ iminente, que no texto em comento é a meretriz ser devorada pela besta na qual se assenta como rainha.
A visão do evangelista aponta qual é a concepção da grande cidade que se assentou sobre a besta do Apocalipse como se fosse rainha. A grande cidade tem a concepção de que jamais será despojada de seus habitantes e riquezas ao dizer: – ‘Jamais serei viúva’, por estar exercendo domínio sobre sete montes ( Ap 18:7 ), no entanto, o domínio da grande cidade foi proporcionado pelo dragão que deu o seu poder à besta ( Ap 13:4 ).
A grande cidade acredita que reina por causa da aliança firmada com sete montes, no entanto, os sete montes foram atraídos pela formosura da ‘meretriz’. A aliança estabelecida que faz a cidade confiante tem por base uma ficção arquitetada pelo dragão, pois a besta juntamente com dez reis se levantará contra a grande cidade e a devorará.
A mulher vestida de sol sofreu dores de parto até que o descendente prometido a Abraão veio ao mundo dos homens, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo ( Ap 12:5 ; Is 26:17 -18). A meretriz será destruída e os prevaricadores em Israel exterminados ( Dn 8:23 ). Será um tempo de aflição como nunca houve sobre os filhos de Jacó até que o Cristo se revele novamente em glória sobre o monte das Oliveiras ( Zc 14:4 ; Mt 23:39 ), e o restante do povo de Israel olhe para aquele a quem trespassaram ( Zc 12:10 ).
Diversas nações serão ajuntada e pelejarão contra Israel colocando em aperto a grande cidade onde se achou (culpa) o sangue dos profetas e dos santos ( Zc 14:2 ; Ap 18:24 ). Quando os que restarem dos filhos de Jacó se puserem em fuga, o Cristo que se manifestará em glória destruirá as nações que se opõe a Israel, porém, a grande cidade estará desolada e nua a vista das nações “Orai, pois, para que a vossa fuga não suceda no inverno” ( Mc 13:18 ; Mt 24:20 ; Zc 12:9 ; Mt 24:30 ).
Após dar à luz o filho homem que há de reger todas as nações da terra com vara de ferro, iniciou a contagem do tempo dos gentios ( Ap 12:5 ), e quando iniciar a contagem da última semana de Daniel a mulher fugirá para o deserto onde será alimentada por Deus ( Ap 12:6 e 14). Ora, o deserto é o lugar onde os que escaparem da grande tribulação encontrará o favor do Senhor “Assim diz o SENHOR: O povo dos que escaparam da espada achou graça no deserto. Israel mesmo, quando eu o fizer descansar” ( Jr 31:2 ).
Observe que a mulher vestida de sol fugirá para o deserto. A ordem para os filhos de Israel no período descrito como grande tribulação é para que fujam da cidade para os montes, porque na cidade haverá grande mortandade “E fugireis pelo vale dos meus montes, pois o vale dos montes chegará até Azel; e fugireis assim como fugistes de diante do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá. Então virá o SENHOR meu Deus, e todos os santos contigo” ( Zc 14:5 ; Mt 24:16 -22).
A grande cidade ficará sob a mercê da besta, que com dez reis a queimará a fogo, deixando-a ‘viúva’: desolada (sem habitantes) e nua (envergonhada).
Elementos que compõe a visão
Um dos anjos que tinha um das sete taças (contendo as últimas pragas) convidou o evangelista João para acompanha-lo e em seguida mostrou uma visão contendo a figura de uma mulher assentada sobre uma besta ( Ap 17:3 ).
O anjo alerta que seria revelado qual a condenação da meretriz, e este deve ser o foco do interprete: a punição da grande cidade.
A condenação da ‘grande cidade’ também foi anunciada em outras duas visões no livro do Apocalipse, o que destaca o ponto de maior relevância da visão: a ira de Deus “E outro anjo seguiu, dizendo: Caiu, caiu Babilônia, aquela grande cidade, que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição” ( Ap 14:8 ); “E a grande cidade fendeu-se em três partes, e as cidades das nações caíram; e da grande Babilônia se lembrou Deus, para lhe dar o cálice do vinho da indignação da sua ira” ( Ap 16:19 ).
O evangelista João foi conduzido por um anjo em espírito a um lugar ermo (deserto), e o apóstolo viu uma mulher assentada sobre uma besta de cor vermelha. A vestimenta da mulher foi descrita pelas suas cores: roxa (púrpura) e vermelha (escarlate), e ela estava adornada com ouro e pedras preciosas ( Ap 17:4 ). As cores roxa e vermelha representam a realeza da mulher, que se assenta como rainha ( Ap 18:7 ).
Além do mais, a meretriz estava adornada de modo a chamar a atenção dos seus amantes (ouro, pedras preciosas e enfeites). A riqueza da mulher atrai os seus amantes que são participantes das abominações e da imundície da prostituição dela ( Ap 17:2 e Ap 18:3).
A meretriz segura na mão um cálice de ouro cheio de abominações e prostituições. As abominações da grande meretriz que está
sentenciada à destruição tem alcance mundial, pois tanto os reis (governos) da terra quanto os moradores do mundo (súditos) se prostituíram e se embriagaram com o vinho da sua prostituição.
O profeta Isaías ao falar dos filhos de Jacó, deixa claro que eles foram desamparados e abatidos por causa:
- da prata e do ouro que possuíam;
- dos cavalos e dos carros que adquiriram;
- dos deuses que reverenciavam, e;
- por associarem-se com os estranhos ( Is 2:6 -9), características que se amoldam a meretriz do Apocalipse.
A punição da meretriz
“E VEIO um dos sete anjos que tinham as sete taças, e falou comigo, dizendo-me: Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas (…) E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres” (v. 1 e 3).
O anjo explicou para o apóstolo que a figura da meretriz assentada sobre uma besta refere-se a uma ‘grande cidade’ que exerce domínio sobre reis e reinos da terra ( Ap 17:18 ). Na visão a mulher é apresentada como tendo domínio sobre a besta (assentada), e como foi dado à besta poder sobre toda a tribo, e língua, e nação ( Ap 13:7 ), segue-se que a mulher se assenta (exerce domínio) sobre muitas águas ( Ap 17:15 ).
A figura deixa claro que a mulher vestida de purpura não tem, por si só, poder para exercer domínio sobre tribos, línguas e nações, mas, exercerá domínio por intermédio da besta, que por sua vez receberá poder do ‘dragão’, a antiga serpente, que é Satanás ( Ap 13:7 ).
Apesar desta mulher se assentar como rainha sobre ‘muitas águas’ em função da autoridade que a besta franquiará à prostituta ( Ap 17:1 ; Ap 18:7 ), por estar embriagada no sangue dos santos e das testemunhas de Jesus, a meretriz desconhece que se assenta sobre a fera que irá devorá-la ( Ap 17:6 ; Ap 17:16 ).
A cegueira de Israel foi prevista pelo profeta Isaías, quando se apresentou a Deus: – ‘Eis-me aqui. Envia-me a mim’ ( Is 6:8 ). O profeta tinha que anunciar aos filhos de Jacó que eles ouviam, mas não entendiam; que viam, porém, não percebiam, e assim não se convertiam e nem eram sarados ( Is 6:10 ). O profeta perguntou ao Senhor até quando aquela cegueira e surdez persistiriam, e a reposta apontou o tempo do fim, quando sobrasse somente a santa semente “Então disse eu: Até quando Senhor? E respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, e as casas sem moradores, e a terra seja de todo assolada. E o SENHOR afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo. Porém ainda a décima parte ficará nela, e tornará a ser pastada; e como o carvalho, e como a azinheira, que depois de se desfolharem, ainda ficam firmes, assim a santa semente será a firmeza dela” ( Is 6:11 -13; Is 63:17 ).
Por esquecer-se de Deus, a nação, por mais que se esforçasse para crescer, no dia da tribulação, ou seja, das dores incuráveis do Apocalipse, as obras dela seriam completamente destruídas ( Is 17:10 -11). Dos filhos de Jacó sobreviverá somente os ‘rabiscos’ ( Is 17:6 ), antes da vinda do Messias para salva-los do bramido dos mares ( Is 17:12 -13 ; Sl 46:3 ).
O profeta Isaías, ao pronunciar o juízo que virá sobre Israel, fez referência às cidades de Israel como ‘cidade elevada’, ‘cidade fortificada’, ‘cidade vazia’, ‘cidade jubilosa’, etc. “Porque ele abate os que habitam no alto, na cidade elevada; humilha-a, humilha-a até ao chão, e derruba-a até ao pó” ( Is 26:5 ; Is 27:10 ; Is 24:10 ; Is 32:13 ).
Isaías descreve os habitantes da cidade como absortos pelo vinho, cambaleiam, mas não de bebia forte ( Is 28:7 ; Is 29:9 ). Os filhos de José (Efraim) descritos como bêbados aponta para o dia da vingança de Deus ( Is 27:2 ), dia que antecede o castigo que abaterá a serpente veloz e deslizante (leviatã) com a dura espada (juízo) e exterminará o dragão que está no mar ( Is 27:1 ).
O dragão que está no mar é Satanás, a antiga serpente ( Ap 12:9 ), e é Ele que inflamará a besta contra a ‘grande cidade’ para destruí-la e perseguirá até o deserto a mulher (Israel) que deu à luz o Filho varão – Jesus ( Ap 12:13 ; Is 43:20 ).
Como o dragão tem grande ira contra a mulher e propôs fazer guerra contra o remanescente da semente ( Ap 12:17 ; Ap 6:13 ), Satanás franqueou, através de sinais e prodígios de mentira, força e autoridade à besta que subiu do mar ( Ap 13:1 ; 2Ts 2:9 ).
Após destruir a grande cidade, o mostro marinho (besta) perseguirá o remanescente da semente, selando o seu fim, pois será destruído através da dura espada do Senhor. Lembrando que a grande prostituta está assentada sobre muitas águas ( Ap 17:1 e 15), e que as muitas águas, nesta visão, significa povos, nações, tribos, e como a besta domina sobre as águas, dai o nome monstro marinho.
A meretriz, confiada em suas riquezas, assentou-se sobre a besta destinada por Deus à destruição, mas antes que a besta seja destruída, ela se insurgirá contra a meretriz para devorá-la.
A visão mostra que Satanás preparará todo um cenário para que a prostituta tenha a falsa sensação de que é rainha ( Ap 18:7 ). Através da besta, Satanás franqueará à meretriz domínio sobre povos, nações e tribos, domínio este angariado através de sinais e prodígios de mentiras. Quando a meretriz estiver sentindo-se em paz e segurança pela ilusão de ser rainha, a besta se levantará juntamente com dez reis e a deixarão desolada e nua.
- “E os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão poder como reis por uma hora, juntamente com a besta” ( Ap 17:12 );
- “E os dez chifres que viste na besta são os que odiarão a prostituta, e a colocarão desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo” ( Ap 17:16 )
A punição da ‘grande cidade’ será a desolação, o abandono. As vestes suntuosas que identificavam a meretriz como rainha, bem como seus adornos, serão substituídas pela vergonha da nudez por causa do vinho da ira de Deus. Os seus habitantes serão mortos (comerão a sua carne) e reduzidos a cinzas (humilhada).
A desolação da ‘grande cidade’ que consta do verso 16 foi prevista pelo profeta Isaías e essa desolação antecederá a vinda do Messias e a conversão de Israel, como se lê: “Então disse eu: Até quando Senhor? E respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, e as casas sem moradores, e a terra seja de todo assolada. E o SENHOR afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo” ( Is 6:11 -12); “Demolida está a cidade vazia, todas as casas fecharam, ninguém pode entrar. Há lastimoso clamor nas ruas por falta do vinho; toda a alegria se escureceu, desterrou-se o gozo da terra. Na cidade só ficou a desolação, a porta ficou reduzida a ruínas. Porque assim será no interior da terra, e no meio destes povos, como a sacudidura da oliveira, e como os rabiscos, quando está acabada a vindima” ( Is 24:10 -13).
A ordem na palavra da profecia para que saia da grande cidade é semelhante à ordem que foi dada a Ló e a sua família: “E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas” ( Ap 18:4 ; Is 52:11 ), porque os que ficarem em Jerusalém serão mortos ( Zc 14:5 ).
Após Jerusalém beber do cálice da ira de Deus, o cálice será tirado dela e dado aos que a perseguiram, quando o Cristo manifestar-se e borrifar as nações da terra “Desperta, desperta, levanta-te, ó Jerusalém, que bebeste da mão do SENHOR o cálice do seu furor; bebeste e sorveste os sedimentos do cálice do atordoamento. De todos os filhos que ela teve, nenhum há que a guie mansamente; e de todos os filhos que criou, nenhum há que a tome pela mão. Estas duas coisas te aconteceram; quem terá compaixão de ti? A assolação, e o quebrantamento, e a fome, e a espada! Por quem te consolarei? Os teus filhos já desmaiaram, jazem nas entradas de todos os caminhos, como o antílope na rede; cheios estão do furor do SENHOR e da repreensão do teu Deus. Portanto agora ouve isto, ó aflita, e embriagada, mas não de vinho. Assim diz o teu Senhor o SENHOR, e o teu Deus, que pleiteará a causa do seu povo: Eis que eu tomo da tua mão o cálice do atordoamento, os sedimentos do cálice do meu furor, nunca mais dele beberás. Porém, pô-lo-ei nas mãos dos que te entristeceram, que disseram à tua alma: Abaixa-te, e passaremos sobre ti; e tu puseste as tuas costas como chão, e como caminho, aos viandantes” ( Is 51:17 -23; Is 52:15 ).
A cidade que se fez meretriz
Através do profeta Isaías Deus fez a seguinte observação: “Como se fez prostituta a cidade fiel! Ela que estava cheia de retidão! A justiça habitava nela, mas agora homicidas” ( Is 1:21 ).
Como é possível uma cidade cheia de retidão, onde a justiça fez a sua habitação tornar-se promiscua? Causa espanto, admiração verificar que a cidade que se chamava fiel tenha homens de violência residindo nela.
Outra atalaia de Israel profetizou contra a cidade que se fez prostituta: “Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos: Cortai árvores, e levantai trincheiras contra Jerusalém; esta é a cidade que há de ser castigada, só opressão há no meio dela. Como a fonte produz as suas águas, assim ela produz a sua malícia; violência e estrago se ouvem nela; enfermidade e feridas há diante de mim continuamente. Corrige-te, ó Jerusalém, para que a minha alma não se aparte de ti, para que não te torne em assolação e terra não habitada” ( Jr 6:6 -8).
Quando nos deparamos com termos como violência, homicidas, meretriz, etc., a primeira ideia que vem a mente são questões de ordem moral e comportamental. Como é possível um povo extremamente religioso se deixar levar por comportamentos tão perniciosos?
Mas, se observarmos os provérbios, vê-se que a violência que Deus protesta contra os filhos de Israel não é de cunho comportamental, antes está atrelado a boca, ou seja, a doutrina que professavam. Observe: “Bênçãos há sobre a cabeça do justo, mas a violência cobre a boca dos perversos” ( Pv 10:6 ); “A boca do justo é fonte de vida, mas a violência cobre a boca dos perversos” ( Pv 10:11 ).
A religiosidade, o formalismo, o legalismo, o ritualismo, os sacrifícios, etc., era o que produzia violência diante de Deus, pois substituir a palavra de Deus por mandamento de homens produz morte, e não vida “Lembrai-vos disto, e considerai; trazei-o à memória, ó prevaricadores” ( Is 46:8 ); “Como o prevaricar, e mentir contra o SENHOR, e o desviarmo-nos do nosso Deus, o falar de opressão e rebelião, o conceber e proferir do coração palavras de falsidade” ( Is 59:13 ); “Do fruto da boca cada um comerá o bem, mas a alma dos prevaricadores comerá a violência” ( Pv 13:2 ).
Os judeus eram zelosos da lei, mas não com entendimento “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento” ( Rm 10:2 ). Eles tinham tanto zelo que não permitiam que as filhas do povo de Israel trouxessem ao templo oferta proveniente de prostituição, porém, não atinavam que os sacrifícios e oferendas que traziam ao templo era proveniente de prostituição, pois era filhos de prostituição e não de Deus “Mas chegai-vos aqui, vós os filhos da agoureira, descendência adulterina, e de prostituição” ( Is 57:3 ; Dt 31:16 ; Jr 5:21 e 23).
Os judeus estabeleciam preceitos sobre preceitos, inúmeros mandamentos de homens, uma religiosidade ritualista, formalista, doutrinas segundo o devaneio dos seus corações, além dos declaradamente idolatras “Não trarás o salário da prostituta nem preço de um sodomita à casa do SENHOR teu Deus por qualquer voto; porque ambos são igualmente abominação ao SENHOR teu Deus” ( Dt 23:18 ).
Por serem filhos da agoureira, Deus não suportava os sacrifícios e as ofertas dos filhos de Israel, pois o que ofereciam era equivalente a oferta do salário de prostituta: abominação “Ai, nação pecadora, povo carregado de iniquidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores; deixaram ao SENHOR, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás (…) Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembleias; não posso suportar iniquidade, nem mesmo a reunião solene. As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer” ( Is 1:4 e 13 -14).
É por causa deste alerta que temos a observação paulina contra os judeus: “Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós” ( Rm 2:21 -24).
Esta era a crença dos judeus: “Disseram-lhe, pois: Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus” ( Jo 8:41 ), mas esta era a condição deles diante de Deus: “Já vi as tuas abominações, e os teus adultérios, e os teus rinchos, e a enormidade da tua prostituição sobre os outeiros no campo; ai de ti, Jerusalém! Até quando ainda não te purificarás?” ( Jr 13:27 ).
Embora os profetas demonstrassem continuamente que os filhos de Jacó eram filhos de prostituição, eles se arrogavam no direito de serem chamados filhos de Abraão. Jesus claramente acusou os escribas e fariseus de filhos do diabo “Vós tendes por pai ao diabo…” ( Jo 8:44 ), pois não aceitavam a Cristo, a verdade encarnada. Preferiram a mentira que os seus corações enganados aprenderam dos prevaricadores, homens que cuidavam da lei, mas não conheciam a Deus ( Jr 2:8 ; Is 46:8 ; Is 59:13 ).
O livro de Provérbios foi escrito para que possamos compreender os adágios, os símiles, as parábolas e os enigmas ( Pv 1:6 ).
O livro apresenta vários provérbios que instrui o filho para não se deixar levar pela mulher adultera ( Pv 5:3 ). Quem é esta mulher? A descrição da mulher adultera é surpreendente e causa admiração, assim como o evangelista João ficou admirado quando viu que a meretriz estava embriagada com o sangue dos santos e das testemunhas de Jesus ( Ap 17:6 ). Observe:
“O bom siso te guardará e a inteligência te conservará; Para te afastar do mau caminho, e do homem que fala coisas perversas; Dos que deixam as veredas da retidão, para andarem pelos caminhos escusos; Que se alegram de fazer mal, e folgam com as perversidades dos maus, Cujas veredas são tortuosas e que se desviam nos seus caminhos; Para te afastar da mulher estranha, sim da estranha que lisonjeia com suas palavras; Que deixa o guia da sua mocidade e se esquece da aliança do seu Deus; Porque a sua casa se inclina para a morte, e as suas veredas para os mortos. Todos os que se dirigem a ela não voltarão e não atinarão com as veredas da vida” ( Pv 2:11 -19).
Se observarmos o livro dos Provérbios segundo as premissas da sabedoria humana, vemos que o ensino do pai afastará o filho obediente do homem mau que fala coisas perversas e da mulher adúltera. Mas, a informação que a ‘mulher adultera’ deixou o guia da sua mocidade e se esqueceu da aliança do seu Deus, nos confere respostas que provocam admiração.
- Quem é esta mulher adultera?
- Quem são os homens maus?
- Por que a mulher adultera trás sacrifícios pacíficos consigo? ( Pv 7:14 )
A mulher adultera que deixou o Guia da sua mocidade e se esqueceu da aliança do seu Deus é uma alegoria à cidade de Israel, e os homens maus que falam perversidade que ‘entram’ a ela são os religiosos em Israel, pois os que ‘entram’ a ela são homens violentos, perversos e maus “Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca” ( Mt 12:34 ).
A nação tornou-se promiscua ( Os 2:1 -5), conforme a descrição que se segue:
“E eis que uma mulher lhe saiu ao encontro com enfeites de prostituta, e astúcia de coração. Estava alvoroçada e irrequieta; não paravam em sua casa os seus pés. Foi para fora, depois pelas ruas, e ia espreitando por todos os cantos; E chegou-se para ele e o beijou. Com face impudente lhe disse: Sacrifícios pacíficos tenho comigo; hoje paguei os meus votos. Por isto saí ao teu encontro a buscar diligentemente a tua face, e te achei. Já cobri a minha cama com cobertas de tapeçaria, com obras lavradas, com linho fino do Egito. Já perfumei o meu leito com mirra, aloés e canela. Vem, saciemo-nos de amores até à manhã; alegremo-nos com amores. Porque o marido não está em casa; foi fazer uma longa viagem; Levou na sua mão um saquitel de dinheiro; voltará para casa só no dia marcado Assim, o seduziu com palavras muito suaves e o persuadiu com as lisonjas dos seus lábios. E ele logo a segue, como o boi que vai para o matadouro, e como vai o insensato para o castigo das prisões; Até que a flecha lhe atravesse o fígado; ou como a ave que se apressa para o laço, e não sabe que está armado contra a sua vida. Agora pois, filhos, dai-me ouvidos, e estai atentos às palavras da minha boca. Não se desvie para os caminhos dela o teu coração, e não te deixes perder nas suas veredas. Porque a muitos feridos derrubou; e são muitíssimos os que por causa dela foram mortos. A sua casa é caminho do inferno que desce para as câmaras da morte” ( Pv 7:10 -27 ).
O provérbio que fala da mulher prostituta é uma descrição perfeita da cidade de Israel que, apesar de os seus moradores oferecerem sacrifícios e pagar os seus votos é um povo pérfido “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós” ( Mt 23:15 ).
A mulher descrita no livro dos Provérbios possui uma característica que a distingue das meretrizes, pois é ela que oferece benefícios a qualquer que passa. Em lugar de ser convidada por preço: – ‘Vem, deita-te comigo e te darei o teu preço’, ela faz o contrario: nada exige e mostra o que possui a fim de aliciar os seus amantes.
Vale salientar que o livro de Provérbios contém instruções específicas de Deus para o seu Filho, Jesus Cristo, aconselhando-o para não seguir o caminho indicado pela ‘mulher adultera’ (Israel) e seus filhos: geração de adúlteros ( Pv 5:3 -7; Pv 7:14 ; Pv 9:13 ).
Invariavelmente o termo ‘meretriz’ é aplicado às cidades dos filhos de Jacó, e o termo ‘amantes’ às nações vizinhas que Israel buscava proteção militar através de alianças políticas “Todos os teus amantes se esqueceram de ti, e não perguntam por ti; porque te feri com ferida de inimigo, e com castigo de quem é cruel, pela grandeza da tua maldade e multidão de teus pecados” ( Jr 30:14 ).
A única nação que Deus tomou por sua ‘mulher’ foi a nação de Israel, portanto, seria contra senso cobrar fidelidade das outras nações sem haver uma aliança, ou denomina-las infiéis ou prostitutas.
A condição da cidade de Jerusalém é diferente das cidades das nações vizinhas desde a sua origem. O ‘nascimento’ da cidade de Jerusalém foi descrita por Deus através de uma alegoria, comparando a cidade a uma criança que, logo após o nascimento, foi abandonada à própria sorte no deserto ( Ez 16:1 ).
O cuidado do Senhor fez com que aquela ‘criança’ se tornasse uma ‘mulher’ formosa, e no tempo determinado, Deus fez aliança com ela sob juramento, de modo que a cidade passou a pertencer Lhe ( Ez 16:8 ).
A cidade foi adornada e chegou à realeza, porém, a perfeição, a formosura e a fama dela atraíram os gentios. Jerusalém, por sua vez, confiou na sua formosura e esqueceu-se da aliança da sua mocidade “AI da rebelde e contaminada, da cidade opressora!” ( Sf 3:1 ; Pv 2:16 -17).
A cidade de Jerusalém passou a ser descrita como uma mulher promiscua e que saía no encalço de todos quantos passavam e se prostituía “E correu de ti a tua fama entre os gentios, por causa da tua formosura, pois era perfeita, por causa da minha glória que eu pusera em ti, diz o Senhor DEUS. Mas confiaste na tua formosura, e te corrompeste por causa da tua fama, e prostituías-te a todo o que passava, para seres dele. E tomaste dos teus vestidos, e fizeste lugares altos pintados de diversas cores, e te prostituíste sobre eles, como nunca sucedera, nem sucederá” ( Ez 16:14 -16).
Por causa das prostituições dos filhos de Israel, por intermédio de Ezequiel Deus estabeleceu outra alegoria: duas mulheres, filhas de uma mesma mãe: Oolá e Oolibá, sendo elas respectivamente as cidades de Samaria e Jerusalém “Filho do homem, houve duas mulheres, filhas de uma mesma mãe. Estas se prostituíram no Egito; prostituíram-se na sua mocidade; ali foram apertados os seus seios, e ali foram apalpados os seios da sua virgindade. E os seus nomes eram: Aolá, a mais velha, e Aolibá, sua irmã; e foram minhas, e tiveram filhos e filhas; e, quanto aos seus nomes, Samaria é Aolá, e Jerusalém é Aolibá” ( Ez 23:2 -4 ; Js 24:14 ).
A grande meretriz do Apocalipse que será apenada a ficar desolada é uma alegoria que faz referência ao local de habitação da nação rebelde que deixou o Deus da sua mocidade e passou a se suster da imundície das suas prostituições. Desde a antiguidade a nação de Israel é descrito como uma mulher desavergonhada que se vendia sem nada cobrar a qualquer estrangeiro que passasse “Mas confiaste na tua formosura, e te corrompeste por causa da tua fama, e prostituías-te a todo o que passava, para seres dele” ( Ez 16:15 ); “Foste como a mulher adúltera que, em lugar de seu marido, recebe os estranhos. A todas as meretrizes dão paga, mas tu dás os teus presentes a todos os teus amantes; e lhes dás presentes, para que venham a ti de todas as partes, pelas tuas prostituições. Assim que contigo sucede o contrário das outras mulheres nas tuas prostituições, pois ninguém te procura para prostituição; porque, dando tu a paga, e a ti não sendo dada a paga, fazes o contrário” ( Ez 16:32 -34).
Deus compara a casa de Israel a uma mulher que deixa o seu marido e recebe os estranhos, ou seja, a nação deixou de confiar em Deus e passou a confiar nas alianças politica que faziam com as nações vizinhas (outeiros e montanhas), como se lê: “Deveras, como a mulher se aparta aleivosamente do seu marido, assim aleivosamente te houveste comigo, ó casa de Israel, diz o SENHOR. Nos lugares altos se ouviu uma voz, pranto e súplicas dos filhos de Israel; porquanto perverteram o seu caminho, e se esqueceram do SENHOR seu Deus. Voltai, ó filhos rebeldes, eu curarei as vossas rebeliões. Eis-nos aqui, vimos a ti; porque tu és o SENHOR nosso Deus. Certamente em vão se confia nos outeiros e na multidão das montanhas; deveras no SENHOR nosso Deus está a salvação de Israel” ( Jr 3:20 -23).
A falta de compostura da cidade de Israel fez com que Deus enviasse diversas vicissitudes como pragas, guerras, secas, fome, roubos, etc., contra os seus habitantes, primeiro porque esta é uma consequência direta dos ciúmes (ira) do Senhor à vista das prostituições da cidade e, em segundo lugar, porque este era o indicativo de que Deus esperava que os filhos de Jacó diante das vicissitudes se voltassem para Ele ( Dt 4:25 -31).
O profeta Jeremias chegou a profetizar que Israel tinha posicionamento de prostituta, mas que não queria passar a vergonha decorrente de suas ações “ELES dizem: Se um homem despedir sua mulher, e ela o deixar, e se ajuntar a outro homem, porventura tornará ele outra vez para ela? Não se poluirá de todo aquela terra? Ora, tu te prostituíste com muitos amantes; mas ainda assim, torna para mim, diz o SENHOR. Levanta os teus olhos aos altos, e vê: onde não te prostituíste? Nos caminhos te assentavas para eles, como o árabe no deserto; assim poluíste a terra com as tuas fornicações e com a tua malícia. Por isso foram retiradas as chuvas, e não houve chuva serôdia; mas tu tens a fronte de uma prostituta, e não queres ter vergonha” ( Jr 3:1 -3 ; Is 1:5 ).
Deus havia protestado através do profeta Moisés, dizendo: “E disse o SENHOR a Moisés: Eis que dormirás com teus pais; e este povo se levantará, e prostituir-se-á indo após os deuses estranhos na terra, para cujo meio vai, e me deixará, e anulará a minha aliança que tenho feito com ele” ( Dt 31:16 ).
Ao descrer de antemão quais seriam as abominações do povo de Israel, Deus também enumerou quais seriam as maldições que paulatinamente sobreviriam sobre a nação para que voltasse para o Senhor que a resgatou do Egito. As maldições foram estabelecidas por sinal e por maravilha, mas se não dessem ouvidos e não considerassem o motivo pelo qual estava passando pelas vicissitudes, a maldição persistiria até que o povo fosse destruído “E serão entre ti por sinal e por maravilha, como também entre a tua descendência para sempre” ( Dt 31:46 ).
O cântico de Moisés constitui-se um memorial para os filhos de Israel se lembrar de quem os resgatou do Egito. A acusação é grave: “Corromperam-se contra Ele…” ( Dt 32:5 ). Por causa da transgressão, Deus deixa claro que já não eram filhos, antes uma geração perversa e depravada. Deus achou o povo de Israel no deserto, cercou e protegeu ( Dt 32:10 ), mas, quando as cidades se fez grande, esqueceu-se de Deus e foi após outros deuses e provocaram a Sua ira ( Dt 32:16 ). O povo de Israel provocou o ciúmes de Deus com aquilo que não era Deus (ídolos), e a ira de Deus se deu com o aperto das nações vizinhas ( Dt 28:36 e 49).
Por causa das abominações dos filhos de Jacó, a nação de Israel foi denominada ‘povo de Sodoma’ e ‘povo de Gomorra’. No verso 9 fica nítido o motivo pelo qual foram chamados de Sodoma e Gomorra, pois se Deus não preservasse um remanescente, o povo de Israel seria como Sodoma e semelhante a Gomorra, ou seja, estariam destruídos, extintos: “Se o SENHOR dos Exércitos não nos tivesse deixado algum remanescente, já como Sodoma seríamos, e semelhantes a Gomorra. Ouvi a palavra do SENHOR, vós poderosos de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo de Gomorra” ( Is 1:9 -10).
Ao fazer referência ao povo de Israel no capítulo 11, no verso 8 do livro de Apocalipse, foram empregados os seguintes nomes: ‘Sodoma’ e ‘Egito’, pois Israel é a ‘grande cidade’ do Apocalipse onde as duas testemunhas serão mortas ( Ap 11:8 ), e é o mesmo lugar no qual Jesus foi morto e crucificado “E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde o seu Senhor também foi crucificado” ( Ap 11:8 ; Lc 24:18 ).
Quando Deus nomeia as cidades de Israel de Sodoma e Gomorra fica implícito que as cidades seriam punidas à vista da prostituição, da promiscuidade, da rebeldia e da abominação do povo de Israel ( Is 1:13 ).
A nação de Israel só não foi de toda exterminada por causa da promessa que Deus fez aos pais, e também porque as nações que foram utilizadas como vara nas mãos de Deus para a punição se gloriariam dizendo que por sua própria força triunfaram sobre Israel ( Dt 32:27 ).
Por diversas vezes o povo de Israel foi perseguido pelos seus inimigos, e Deus lhes dava a oportunidade de se reconciliarem, mas não atentavam para a punição que Deus lhes imporia ( Dt 32:28 ). Como não quiseram atender, Deus entregou a nação de Israel ao cativeiro.
Se tivessem atentado para o anunciado pelos profetas, o povo veria que Deus instituiu os caldeus como vara da Sua ira ( Dt 28:49 -50). O que levou Deus destruir as cidades de Samaria e Jerusalém, deportando os que restaram dos filhos de Jacó para a Babilônia foi a apostasia do povo de Israel, pois não atentaram para a punição que os aguardava ( Dt 32:29 ).
É em função da infidelidade dos filhos de Jacó que Jerusalém haveria de ser destruída pelos povos vizinhos, conforme o profeta Daniel leu e abstraiu das profecias de Moisés “Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se para não obedecer à tua voz; por isso a maldição e o juramento, que estão escritos na lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós; porque pecamos contra ele” ( Dn 9:11 ).
Após a morte de Josué, o povo de Israel seguiu após outros deuses, como Baal e Astarote, de modo que a mão de Deus era contra eles para o mal, conforme o que Deus havia juramentado ( Jz 2:15 ). À época dos juízes, inúmeras vezes Deus estendeu as mãos a um povo rebelde e contradizente, de modo que os livrava de seus inimigos em redor ( Jz 2:1 ), mas bastava morrer o juiz que Deus levantara para a nação ir após outros deuses ( Jz 2:19 ).
Por causa da infidelidade de Israel, Deus não desalojou as nações vizinhas, de modo que as nações se tornaram uma prova, para verificar se a nação se disporia ou não a servir a Deus ( Jz 2:22 ).
Até hoje, os que leem a Bíblia segundo uma visão humana, classificam a caldeia como inimiga do povo de Deus a ponto de demonizá-la, mas aqueles que veem segundo a revelação das Escrituras, entendem que os responsáveis pela deportação de Israel foram os próprios israelitas, ou seja, a deportação é a paga que o marido enciumado deu a mulher promiscua. Os próprios filhos de Jacó se privaram da herança prometida, de modo que foram postos por escabelo dos seus inimigos “Assim por ti mesmo te privarás da tua herança que te dei, e far-te-ei servir os teus inimigos, na terra que não conheces; porque o fogo que acendeste na minha ira arderá para sempre” ( Jr 17:4 ).
A Assíria foi uma vara na mão de Deus para punir a apostasia de Israel. Como a Assíria foi comissionada para roubar e despojar o povo de Israel segundo o estabelecido por Deus, a Assíria por sua vez sentiu-se poderosa a ponto de conquistar muitas nações, de modo que foi punida pela sua imaginação vã “Ai da Assíria, a vara da minha ira, porque a minha indignação é como bordão em suas mãos. Enviá-la-ei contra uma nação hipócrita, e contra o povo do meu furor lhe darei ordem, para que lhe roube a presa, e lhe tome o despojo, e o ponha para ser pisado aos pés, como a lama das ruas. Ainda que ele não cuide assim, nem o seu coração assim o imagine; antes no seu coração intenta destruir e desarraigar não poucas nações” ( Is 10:5 -7).
Observe que Deus anunciou de antemão que enviaria os Assírios contra uma nação hipócrita, ou seja, os israelitas. Embora não tivessem consciência (não sabiam) do papel que desempenhavam, os Assírios foram enviados para executar a indignação divina como vara de correção.
De igual modo Deus instituiu os babilônicos, sendo Nabucodonosor intitulado de ‘meu servo’, comissionado para punir a rebeldia da casa de Israel. Diante da invasão dos caldeus era para os filhos de Jacó se lembrarem do cântico de Moisés e das prescrições contidas na lei e se voltarem para Deus. No entanto, quanto mais eram castigados, mais eles se afastavam de Deus. Não consideravam as Escrituras como fez o profeta Daniel ( Dt 28:25 compare com Dn 9:11 ).
Quando os profetas protestavam contra os filhos de Israel, bastava eles se lembrarem do cântico de Moisés, ou das bênçãos e das maldições que contavam no livro do Deuteronômio, onde foi estabelecido que Deus enviaria nações que os levariam cativos “Porque eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcha sobre a largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas” ( Hc 1:6 ); “Portanto assim diz o SENHOR: Eis que eu entrego esta cidade na mão dos caldeus, e na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e ele a tomará” ( Jr 32:28 ); “Porque assim diz o SENHOR: Eis que farei de ti um terror para ti mesmo, e para todos os teus amigos. Eles cairão à espada de seus inimigos, e teus olhos o verão. Entregarei todo o Judá na mão do rei de Babilônia; ele os levará presos a Babilônia, e feri-los-á à espada” ( Jr 20:4 ); “Eis que eu enviarei, e tomarei a todas as famílias do norte, diz o SENHOR, como também a Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo, e os trarei sobre esta terra, e sobre os seus moradores, e sobre todas estas nações em redor, e os destruirei totalmente, e farei que sejam objeto de espanto, e de assobio, e de perpétuas desolações” ( Jr 25:9 ).
O veredicto de Deus contra a nação de Israel era serem castigados e repreendidos pela malicia dos lideres e apostasia do povo “A tua malícia te castigará, e as tuas apostasias te repreenderão; sabe, pois, e vê, que mal e quão amargo é deixares ao SENHOR teu Deus, e não teres em ti o meu temor, diz o Senhor DEUS dos Exércitos” ( Jr 2:19 ).
Vale destacar que os filhos de Israel sempre foram dados aos sacrifícios, votos e ofertas, porém as ofertas e sacrifícios de Israel eram o mesmo que abominação diante de Deus, uma violência, pois a iniquidade do povo comprometia o que era ofertado ( Is 1:28 ).
A vinda do Messias foi uma nova oportunidade para a nação de Israel, mas o povo rejeitou o autor da vida. Como a nação rejeitou o Cristo, a nação também foi rejeitada, e, após o termino do tempo dos gentios, iniciará a última semana prevista por Daniel, momento que se cumprirá a revelação da prostituta assentada sobre a besta.
O evangelista João viu duas figuras: uma mulher grávida e uma meretriz ( Ap 12:2 ; Ap 17:1 ). A mulher vestida de sol representa a estabilidade da promessa feita aos pais ( Dt 9:5 ), já a meretriz refere-se aos filhos de Jacó que se mostraram aleivosos desde que foram arrancados do Egito, e com as suas abominações quebraram a aliança ( Dt 9:7 ).