Isaías

Isaías 52 – Jesus Cristo, o santo braço do Senhor desnudado perante às nações

O Senhor revelará plenamente Sua força, desnudando Seu braço diante de todas as nações, ao restaurar o reino de Israel. Nesse momento, todas as nações contemplarão o triunfo divino na redenção de Jerusalém.


Isaías 52 – Jesus Cristo, o Santo Braço do Senhor Desnudado Perante às Nações

“Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do SENHOR?” (Isaías 53:1)

Introdução

O capítulo 52 do livro de Isaías é uma fonte rica de profecias sobre o Messias, entrelaçando aspectos tanto de Sua primeira vinda como Servo do Senhor quanto de Sua segunda vinda como Rei de Israel. Neste capítulo, o leitor deve estar atento, pois, ao descrever a vida do Messias prometido, o profeta também aborda a apostasia da nação, a correção divina através do exílio na Babilônia e a futura restauração de Israel.

Além de entrelaçar essas promessas de restauração com a volta do Messias, Isaías também destaca o ministério redentor do Messias para o mundo. Este é um capítulo que convida a uma leitura cuidadosa e reflexiva.

 

A Restauração de Sião

1. Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza, ó Sião; veste-te das tuas roupas formosas, ó Jerusalém, cidade santa, porque nunca mais entrará em ti nem incircunciso nem imundo.
2. Sacode-te do pó, levanta-te, e assenta-te, ó Jerusalém: solta-te das cadeias de teu pescoço, ó cativa filha de Sião.

A mensagem do profeta Isaías aos filhos de Israel é de restauração da cidade de Jerusalém, a cidade do grande rei (Salmo 48:2). O Senhor anuncia boas novas de alegria, ecoando sobre Jerusalém, ordenando que a cidade se levante e vista seus adornos. Este é um tempo de festa, e a cidade é chamada a se vestir com roupas de gala.

O profeta não apenas fala de uma grande alegria, mas prevê que Jerusalém não será mais pisada por gentios e injustos. Ele vê a restauração do reino a Israel, que ocorrerá quando o Messias for entronizado. O grito de “desperta” parece ser dirigido a alguém que precisa ser acordado, mas, no caso de Sião, ela estava prostrada, humilhada perante as nações. Agora, a cidade é chamada a se levantar e ocupar sua posição de direito. Sião estava cativa sob o jugo da servidão, uma condição que agora está sendo revertida.

Para entender como a grandiosa cidade foi abatida, basta ler Isaías 5, onde os pormenores de sua humilhação são descritos através da parábola da vinha (Isaías 5:1-30). A cidade agiu de maneira traiçoeira para com Deus, e Ele a puniu com todas as maldições anunciadas anteriormente por Moisés (Daniel 9:9-11; Deuteronômio 28:15-68).

 

Existe Maldição sem Causa?

3. Porque assim diz o Senhor: Por nada fostes vendidos; também sem dinheiro sereis resgatados.
4. Porque assim diz o Senhor DEUS: O meu povo em tempos passados desceu ao Egito, para peregrinar lá, e a Assíria sem razão o oprimiu.
5. E agora, que tenho eu que fazer aqui, diz o Senhor, pois o meu povo foi tomado sem nenhuma razão? Os que dominam sobre ele dão uivos, diz o Senhor; e o meu nome é blasfemado incessantemente o dia todo.

Ao continuar a análise de Isaías 52, é essencial considerar o seguinte provérbio:

“Como ao pássaro o vaguear, como à andorinha o voar, assim a maldição sem causa não virá.” (Provérbios 26:2).

Assim como é natural para os pássaros voarem, é natural que uma maldição tenha uma causa. Esse provérbio reflete o princípio estabelecido por Deus em relação à obediência à lei. A maldição jamais alcançaria os filhos de Israel se eles obedecessem às ordens de Deus, mas, como desobedeceram, a maldição sobreveio. A causa da maldição é a desobediência às ordens divinas.

“Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do Senhor teu Deus, para não cuidares em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que hoje te ordeno, então virão sobre ti todas estas maldições, e te alcançarão: Maldito serás tu na cidade, e maldito serás no campo. Maldito o teu cesto e a tua amassadeira…” (Deuteronômio 28:15-17).

A vida humana é marcada por vicissitudes, mas não devemos confundir esses infortúnios com maldições. Na vida cristã, os desafios do dia a dia não decorrem de maldições, como propagam os defensores da doutrina da maldição hereditária. O bem e o mal podem ocorrer tanto com justos quanto com ímpios.

“Ainda há outra vaidade que se faz sobre a terra: que há justos a quem sucede segundo as obras dos ímpios, e há ímpios a quem sucede segundo as obras dos justos. Digo que também isto é vaidade.” (Eclesiastes 8:14);

“Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.” (Eclesiastes 9:2).

Como consequência da desobediência de Israel, Deus cumpriu Sua palavra predita por Moisés: sem dinheiro, o povo foi tornado escravo e, da mesma forma, sem dinheiro seria resgatado.

Quando esse evento ocorreu? Moisés previu este acontecimento nos mesmos termos profetizados por Isaías:

“E o SENHOR te fará voltar ao Egito em navios, pelo caminho de que te tenho dito; nunca jamais o verás; e ali sereis vendidos como escravos e escravas aos vossos inimigos; mas não haverá quem vos compre.” (Deuteronômio 28:68).

Após ser resgatado do Egito por Moisés, Israel nunca mais retornou a essas terras como nação. Contudo, após a deportação, um remanescente do povo de Israel permaneceu em Jerusalém por permissão do rei da Babilônia, e alguns ousaram voltar ao Egito após consultarem ao Senhor por meio do profeta Jeremias. A nação de Israel estava no exílio, e aqueles que se refugiaram no Egito não retornaram (Jeremias 42:1-22).

“De maneira que da parte remanescente de Judá, que entrou na terra do Egito, para lá habitar, não haverá quem escape e fique para tornar à terra de Judá, à qual eles suspiram voltar para nela morar; porém não tornarão senão uns fugitivos.” (Jeremias 44:14);

“Porém ele não multiplicará para si cavalos, nem fará voltar o povo ao Egito para multiplicar cavalos; pois o SENHOR vos tem dito: Nunca mais voltareis por este caminho.” (Deuteronômio 17:16).

Quando Isaías menciona que o povo de Israel desceu ao Egito para peregrinar, ele não se refere ao evento em que Jacó e sua família entraram no Egito (Êxodo 1:5). Ao contrário, Isaías usa o Egito como uma figura para se referir à servidão imposta por Deus ao povo de Israel por intermédio dos assírios (Isaías 52:4).

“E o rei da Assíria transportou a Israel para a Assíria; e os fez levar a Hala e a Habor, junto ao rio de Gozã, e às cidades dos medos;” (2 Reis 18:11);

“Naquele mesmo dia rapará o Senhor com uma navalha alugada, que está além do rio, isto é, com o rei da Assíria, a cabeça e os cabelos dos pés; e até a barba totalmente tirará.” (Isaías 7:20).

Deus fala ironicamente por meio de Isaías, questionando o que Ele poderia fazer, sendo que Seu povo foi levado cativo sem motivo (Isaías 52:5). Seria impotência da parte de Deus que o povo fosse levado cativo? Se os filhos de Israel analisassem sua condição e comparassem com o predito por Moisés, perceberiam que foram entregues aos assírios por causa de seus pecados, mas agiam como se fossem injustiçados.

“Que pensais, vós, os que usais esta parábola sobre a terra de Israel, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram?” (Ezequiel 18:2).

Os dominadores de Israel comemoravam a conquista da cidade como lobos após a caça. O fato de os inimigos de Israel verem que Deus não os protegeu da invasão levava os gentios a blasfemar de Deus. O povo de Israel, em cativeiro, era motivo de blasfêmia incessante contra o poderio de Deus, pois os inimigos de Israel não compreendiam que Deus estava punindo a nação.

Como Deus estabeleceu diversas maldições como sinal para os filhos de Israel se arrependerem, ao cumprir Sua palavra, as nações vizinhas não compreendiam, resultando em blasfêmia.

O apóstolo Paulo, ao escrever aos cristãos em Roma, cita este versículo:

“Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós.” (Romanos 2:24).

Paulo usa essa citação para mostrar que as próprias Escrituras apontam os judeus como motivo da blasfêmia dos gentios, embora se considerassem superiores por serem guardiões da lei (Romanos 2:17). E por que o nome de Deus era blasfemado entre os gentios? Porque os próprios judeus eram transgressores da lei! (Romanos 2:23; Gálatas 3:19). A punição dos transgressores era inevitável, e os gentios consideravam que o Deus de Abraão não era poderoso para impedir a conquista de Israel.

 

As Boas Novas

6. Portanto o meu povo saberá o meu nome; pois, naquele dia, saberá que sou eu mesmo o que falo: Eis-me aqui.
7. Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus reina!
8. Eis a voz dos teus atalaias! Eles alçam a voz, juntamente exultam; porque olho a olho verão, quando o Senhor fizer Sião voltar.

Observe que a profecia começa alertando o povo de Israel de que o cativeiro estava sendo revogado e que, dali em diante, a cidade santa haveria de reinar (v. 1). A ordem era para Jerusalém lançar de si as suas cadeias (v. 2), pois ela foi vendida sem preço e estava sendo resgatada da mesma forma (v. 3). Israel havia sido levado ao cativeiro (Egito) e os assírios oprimiram a nação (v. 4). Mas qual era o papel de Deus em tudo isso, se a nação foi levada ao cativeiro sem motivo? Em função do cativeiro, a nação coatora bradava triunfalmente, o que resultava em ultraje ao nome do Senhor todos os dias (v. 5).

Após revisitar eventos passados, Deus anuncia boas novas para o futuro. Quando Jerusalém reinar livre de seus algozes, ela conhecerá o nome do Senhor. O próprio Senhor, que fala pela boca de Isaías, naquele dia se apresentará aos moradores de Jerusalém, e eles reconhecerão o Senhor que disse: “Eis-me aqui”.

Naquele dia, os filhos de Israel reconhecerão que o Cristo crucificado, que se apresentou aos gentios, era o Messias prometido pelas Escrituras.

“Fui buscado dos que não perguntavam por mim, fui achado daqueles que não me buscavam; a uma nação que não se chamava do meu nome eu disse: Eis-me aqui. Eis-me aqui.” (Isaías 65:1).

A palavra anunciada no verso 6 refere-se ao reconhecimento dos moradores de Jerusalém de quem é o Senhor que se apresentará a eles. Não será outro Senhor, mas aquele que fala por intermédio de Isaías, que dirá naquele dia: “Eis-me aqui”.

Será formoso os pés daqueles que, naqueles dias, proclamarem às nações (montes) que haverá paz em Sião, que ela será venturosa e livre, pois o Deus de Sião reina. Naquele dia, se ouvirá o brado das atalaias de Israel, ou seja, dos profetas, que exultarão de alegria ao verem o Senhor voltar a Sião (v. 8).

Esta profecia é citada pelo apóstolo Paulo aos Romanos:

“E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas.” (Romanos 10:15).

Considerando o contexto da profecia de Isaías e a citação de Paulo, a abordagem do apóstolo é argumentativa, usando a passagem de Isaías para conduzir seus leitores a uma conclusão, enquanto Isaías faz uma previsão futura da restauração do reino a Israel.

Ao ler um texto, é crucial que o leitor esteja atento a elementos de ambiguidade informal, como equívoco, ênfase, anfibologia, composição, divisão, entre outros, que podem gerar falácias. Em particular, a ênfase pode sugerir uma interpretação diferente daquela que o texto expressa diretamente.

No caso do capítulo 10 de Romanos, a ênfase está direcionada para a apostasia da nação de Israel, e as citações do Antigo Testamento são usadas com o objetivo de evidenciar essa condição. É importante perceber como essa ênfase molda a interpretação do texto e a mensagem que Paulo deseja transmitir sobre a rejeição de Israel ao evangelho de Cristo.

A primeira citação de Paulo em Romanos 10 foi uma passagem de Deuteronômio:

“Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e tampouco está longe de ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Nem tampouco está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires.” (Deuteronômio 30:11-14).

Ao citar esta passagem, Paulo introduz algumas argumentações, mostrando que o mandamento dado por Deus não está longe, de modo que as pessoas da Antiga Aliança não precisam perguntar quem irá até o céu e trará o mandamento necessário para ser cumprido, pois Deus enviou o Cristo (Romanos 10:6). E da mesma forma, não está no além-mar ou abismo, pois Cristo ressuscitou dentre os mortos e trouxe as boas novas a serem obedecidas (Romanos 10:7).

Paulo parafraseia Deuteronômio 30:14-15, dizendo: “Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração;”, e conclui: “esta é a palavra da fé, que pregamos, a saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.”

Ao introduzir a necessidade de crer na mensagem do evangelho que é anunciada (Romanos 10:11), Paulo cita Isaías:

“Portanto assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu assentei em Sião uma pedra, uma pedra já provada, pedra preciosa de esquina, que está bem firme e fundada; aquele que crer não se apresse.” (Isaías 28:16);

“E os reis serão os teus aios, e as suas rainhas as tuas amas; diante de ti se inclinarão com o rosto em terra, e lamberão o pó dos teus pés; e saberás que eu sou o SENHOR, que os que confiam em mim não serão confundidos.” (Isaías 49:23).

Em seguida, Paulo argumenta que Deus é generoso para com todos (Romanos 10:12), judeus e gentios, e cita o profeta Joel:

“E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o SENHOR, e entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar.” (Joel 2:32).

No contexto de Romanos 10, Paulo está abordando a rejeição do povo de Israel, e faz várias perguntas direcionadas aos judeus:

“Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?” (Romanos 10:14-15).

Paulo demonstra que é impossível para os judeus fazerem objeções a essas perguntas, e cita as Escrituras para mostrar que Deus enviou mensageiros a Israel (Romanos 10:15), mas o povo não obedeceu às boas novas anunciadas por aqueles que têm os pés formosos (Romanos 10:16).

A ênfase do apóstolo Paulo ao citar Isaías 52:7 é destacar que Deus envia mensageiros para proclamar Sua palavra, enfatizando o papel desses mensageiros no anúncio das boas novas. No contexto original de Isaías 52, a mensagem anunciada é “O teu Deus reina”, que se refere à restauração e reinado de Deus sobre Israel. Já no contexto do evangelho, a mensagem central é “Cristo é o Salvador”, que se foca na salvação oferecida através de Jesus Cristo.

Paulo utiliza a citação de Isaías para mostrar a continuidade do envio divino de mensageiros, mas o conteúdo específico da mensagem varia conforme o contexto: em Isaías, é o reinado de Deus; no evangelho, é a salvação em Cristo. Essa distinção é importante para entender como Paulo argumenta sobre a rejeição de Israel ao evangelho, ao mesmo tempo que reconhece a coerência na missão dos mensageiros enviados por Deus (Hebreus 1:1).

A temática de Romanos 10 é a rejeição do povo de Israel ao evangelho de Cristo, algo que reflete a história da nação em ser rebelde à voz do Senhor.

“E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas. Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: SENHOR, quem creu na nossa pregação? De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus. Mas digo: Porventura não ouviram? Sim, por certo, pois por toda a terra saiu a voz deles, E as suas palavras até aos confins do mundo. Mas digo: Porventura Israel não o soube? Primeiramente diz Moisés: Eu vos porei em ciúmes com aqueles que não são povo, Com gente insensata vos provocarei à ira. E Isaías ousadamente diz: Fui achado pelos que não me buscavam, Fui manifestado aos que por mim não perguntavam. Mas para Israel diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente.” (Romanos 10:15-21).

Paulo enfatiza que, desde os tempos antigos, os filhos de Israel têm ouvido boas novas por meio dos seus profetas (pés formosos) e rejeitaram a palavra do Senhor. Com relação ao evangelho de Cristo, a rejeição continuou. No entanto, a confusão na leitura de Romanos ocorre quando o tradutor interpreta o termo grego εὐαγγελίζω (os portadores de boas novas) na citação de Isaías, que usa o verbo hebraico בָּשַׂר (dar boas novas), como se referindo especificamente ao evangelho de Cristo.

Os versos 15 e 16 tratam das boas novas de Deus, e não especificamente do evangelho de Cristo. É uma interpretação forçada achar que o termo grego εὐαγγελίζω em Romanos 10:15 refere-se à mensagem da cruz, embora os judeus também tenham rejeitado essa mensagem.

 

O Santo Braço do Senhor

9. Clamai cantando, exultai juntamente, desertos de Jerusalém; porque o Senhor consolou o seu povo, remiu a Jerusalém.
10. O Senhor desnudou o seu santo braço perante os olhos de todas as nações; e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.

O profeta ordena aos que restaram em Jerusalém que exultem de alegria e cantem em alta voz pelo consolo e redenção da cidade. O motivo é grandioso: o Senhor tornou conhecida a Sua força (desnudou o braço) perante todos os povos, e até os confins da terra, ou seja, todas as nações, contemplarão o triunfo do Senhor ao redimir Jerusalém.

Nesse tempo, a blasfêmia dos povos vizinhos cessará. Quando o Senhor intervier para restaurar e proteger Seu povo, a descrença e o desprezo que as nações têm demonstrado darão lugar ao reconhecimento do poder e da soberania de Deus.

Desnudar o santo braço neste verso difere de manifestar o braço do Senhor, mencionado em Isaías 53:1. O braço manifesto do Senhor refere-se ao Verbo encarnado, que seria anunciado como salvação a todos os povos (Romanos 10:20). Desnudar o santo braço, por outro lado, é o Messias revelado ao mundo como redentor de Israel.

“Fui buscado dos que não perguntavam por mim, fui achado daqueles que não me buscavam; a uma nação que não se chamava do meu nome eu disse: Eis-me aqui. Eis-me aqui.” (Isaías 65:1).

 

A Proteção de Deus para os Remanescentes

11. Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa imunda; saí do meio dela, purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor.
12. Porque vós não saireis apressadamente, nem ireis fugindo; porque o Senhor irá diante de vós, e o Deus de Israel será a vossa retaguarda.

Os remanescentes da nação de Israel que serão salvos naquele dia serão aqueles que se retirarem da cidade de Jerusalém. Nesse momento, a atitude necessária para a salvação será a fuga imediata da cidade, sem sequer voltar às suas residências para recolher qualquer pertences. A urgência e a total confiança na orientação divina serão fundamentais para a preservação daqueles que obedecerem.

Sobre esse evento, profetizou Jesus:

“Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; E quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa; E quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes. Mas ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias! E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado;” (Mateus 24:16-20).

A ordem para se retirar é dada aos moradores de Jerusalém, que serão salvos por obedecerem a essa ordem. Os que obedecerem a ordem de fuga serão os remidos de Israel da grande tribulação, e os que se apegarem a algum objeto da cidade, permanecerão em sua impureza.

O ato de fugir de Jerusalém naquele dia é um gesto de obediência à instrução divina. Diferente da fuga do Egito, onde o povo saiu apressadamente, essa retirada de Jerusalém não será feita às pressas. Pelo contrário, deve-se ter em mente que essa fuga é realizada sob a proteção e direção do Senhor, que estará tanto à frente quanto na retaguarda. Essa confiança na presença de Deus garante que, mesmo na fuga, há uma segurança e um cuidado providencial, distinguindo esse momento de outros atos de fuga na história de Israel.

“E fugireis pelo vale dos meus montes, pois o vale dos montes chegará até Azel; e fugireis assim como fugistes de diante do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá. Então virá o SENHOR meu Deus, e todos os santos contigo.” (Zacarias 14:5).

 

O Sofrimento do Servo do Senhor e a Sua Glória

13. Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime.
14. Como pasmaram muitos à vista dele, pois o seu parecer estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua figura mais do que a dos outros filhos dos homens.
15. Assim borrifará muitas nações, e os reis fecharão as suas bocas por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que eles não ouviram entenderão.

A profecia sobre a restauração de Jerusalém é interrompida para iniciar um novo tema: a ignomínia do Servo do Senhor, o Messias, e Sua glorificação.

Cristo, o Servo do Senhor, em meio aos homens, procederia com prudência e, por isso, seria exaltado, elevado e mui sublime. Contudo, essa descrição é insuficiente para o leitor compreender a ignomínia do Servo e Sua ascensão em glória. Deus, então, apresenta um comparativo.

A profecia descreve a ignomínia do Servo, que, por estar desfigurado, causaria espanto nas pessoas. Se comparado aos demais homens, Sua desfiguração seria evidente, deixando as pessoas pasmas (v. 14).

Mas, quando da exaltação do Servo do Senhor, Ele separará as nações, e os reis da terra ficarão pasmos e levarão a mão à boca. Eles verão e ouvirão aquilo que não lhes foi anunciado, e entenderão aquilo que não ouviram: a glória do Messias, que, em Sua primeira vinda, foi vilipendiado.

“Também o farei meu primogênito mais elevado do que os reis da terra.” (Salmo 89:27);

“E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.” (Mateus 25:31-33).

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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