O medo ocorre ao desobediente em vista da pena, da punição, diferentemente de que é perfeito em amor, ou seja, obedece perfeitamente.
O perfeito amor lança fora o temor
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“No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor” (1 João 4:18).
Introdução
O que aprenderemos ao interpretar esses três versos escritos pelo apóstolo João?
Em primeiro lugar, se faz necessário entender a perspectiva do apóstolo ao utilizar os termos ‘temor’, ‘medo’, ‘amor’ e ‘pena’, e qual a relação entre eles.
Em segundo lugar, analisaremos o Sermão ‘O Perfeito amor lança fora o temor’, de Robert Murray M’Cheyne (1813 – 1843), de modo a evidenciar como não se deve fazer a leitura destes versos.
No amor não há temor
É essencial à interpretação entender o significado da palavra grega ‘ágape’ empregada no texto.
O equivoco mais comum é entender o termo traduzido por amor como sentimento, afeição, como o afeto e carinho que a mãe nutre pelo seu filho enquanto embala o berço. Ou, o sentimento preferencialista do pai para com o seu filho, se considerarmos os demais garotos de uma comunidade.
O sentido do termo ‘ágape’[1] no contexto bíblico refere-se à obediência que o servo deve ao seu Senhor. Isto porque o termo, na antiguidade, raramente era utilizado na literatura grega, antes era um termo comumente utilizado nas relações cotidianas, como ser caridoso, oferecer hospitalidade, demonstrar gentileza aos estrangeiros, etc.
Por que era um termo que era utilizado na relação senhor e servo? Por causa da leitura deste verso:
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar ao outro, ou se dedicará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mateus 6:24).
Observe que o evangelista Mateus faz uso do termo ‘ágape’ para evidenciar a sujeição do homem a Deus. Quando o evangelista disse que “No amor não há temor”, o ‘amor’ em comento diz da obediência devida a Deus.
Ora, quem obedece a Deus não fica amedrontado, receoso, temeroso, isto porque o amor funcionalmente exclui o medo. O termo grego traduzido por ‘perfeito’ é τέλειος [teleios], que indica perfeição funcional[2], e não perfeição do ponto de vista moral.
O medo decorre da possibilidade da pena, da punição, de modo que quem tem medo é porque não obedeceu a contento, ou seja, perfeitamente.
O evangelista João geralmente utiliza o termo traduzido por ‘temor’ significando somente ‘medo’, ‘receio’, porém, dependendo do contexto, o temo se reveste de outro significado, observe:
“E disse Moisés ao povo: Não temais, Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós, afim de que não pequeis.” (Êxodo 20:20);
Na fala de Moisés temos o verbo ‘temer’ יָרֵא (yare) e o substantivo ‘temor’ יִרְאָה (yirah), este significando a palavra de Deus e aquele o medo. Em uma mesma frase, o verbo significa não ter medo, e o substantivo significa mandamento, ensino.
No verso:
“Vinde, meninos, ouvi-me; eu vos ensinarei o temor do SENHOR.” (Salmos 34:11).
O termo ‘temor’ refere-se à palavra de Deus, e não ao medo. Diz do princípio da sabedoria, e não de um receio: “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria; bom entendimento têm todos os que cumprem os seus mandamentos; o seu louvor permanece para sempre.” (Salmos 111:10).
O sermão de M’Cheyne
Com base na primeira epístola de João, capítulo 4, verso 18, o Rev. M’Cheyne, calvinista convicto, apresenta dois tipos de temor na Bíblia, opostos entre si, de modo que um temor é a atmosfera do céu, e o outro, a atmosfera do inferno.
“O estado de uma alma despertada. ‘O temor tem consigo a pena’. Há dois tipos de temor mencionados na Bíblia em oposição um do outro. Um é a real atmosfera do céu, o outro é a genuína atmosfera do inferno”. M’Cheyne, Robert Murray, ‘O Perfeito amor lança fora o temor’ < www.poesias.omelhordaweb.com.br >.
Em seguida, M’Cheyne aponta que ali está o temor de amor, o verdadeiro temperamento próprio a uma criança: o temor do Senhor é o princípio da sabedoria, um entendimento que era próprio de Jó e o entendimento de Cristo.
“Aqui está o temor de amor. Este é o verdadeiro temperamento de uma pequena criança: o temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Este era o entendimento de Jó: ‘Ele temia o Senhor e aborrecia o mal’. Mas do que isso, este é o real espírito do Senhor Jesus Cristo. Sobre Ele repousava ‘o espírito de temor do Senhor, e deleitar-se-á no temor do Senhor’” (idem).
Ora, vale destacar que ‘o temor do Senhor’ não diz do temperamento de uma criança, e sim, da palavra de Deus:
“O temor do SENHOR é limpo, e permanece eternamente; os juízos do SENHOR são verdadeiros e justos juntamente.” (Salmos 19:9);
“Mas a palavra do SENHOR permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada.” (I Pedro 1:25).
Com relação a Jó, quando é dito que ‘ele temia’, o texto demonstra que ele obedecia a Deus, e não que este era o entendimento de Jó.
O espírito que repousou sobre Cristo não diz do temperamento de uma criança pequena, e sim, a palavra de Deus. Na condição de Servo do Senhor, a comida de Cristo (deleite) era o temor do Senhor, ou seja, fazer a Sua vontade.
“Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra.” (João 4:34).
O espírito de temor que repousou sobre Cristo diz das boas novas de salvação que trouxe justiça aos gentios, de modo que Cristo apregoou o ano aceitável do Senhor por causa da palavra de Deus que é espírito.
“EIS aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele; ele trará justiça aos gentios” (Isaías 42:1; 61:1 -3; Zc 4:6; Is 30:1; Pv 1:23).
Para apresentar o segundo tipo de temor, o Rev. M’Cheyne aponta para um suposto ‘temperamento’ dos demônios, alegando que eles creem e estremecem, uma inferência decorrente de um verso da carta de Tiago.
Quando Tiago diz que os demônios creem e estremecem, ele o faz no seguinte contexto: “Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o creem, e estremecem” (Tiago 2:19). Havia judeus que cria na existência de Deus, o que é correto, no entanto, tal crença não é a essência da salvação, visto que é além de crer em Deus, é imprescindível crer em Cristo (João 14:1).
Se não queriam crer em Cristo, a crença deles em nada era diferente da dos demônios, pois eles também creem e se submetem.
O Rev. M’Cheyne identifica o tal ‘temor do terror’ como sendo o que ocorreu com Adão e Eva após a queda, que, ao ouvir a voz de Deus, fugiram e se esconderam; ou, o que ocorreu com o carcereiro, quando indagou ao apóstolo Paulo o que seria necessário fazer para se salvar.
“Aqui está o temor do terror. Este é o verdadeiro temperamento dos demônios: “os demônios creem e estremecem”. Isto foi o que ocorreu com Adão e Eva após a queda; eles fugiram da voz de Deus, e tentaram se esconder em uma das árvores do jardim. Este foi o estado do Carcereiro, quando trêmulo, saltou dentro e os trouxe para fora, e prostrou-se aos seus pés, dizendo: “Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?”. Este é o temor aqui exposto; temor penoso. “O temor tem consigo a pena”. Alguns de vocês sentiram este temor que tem consigo a pena. Muitos mais podem senti-lo neste dia; vocês estão dentro do alcance disto. Deixem-me explicar esta elevação na alma” (Idem).
Tremenda falácia, pois de não impõe medo a ninguém, como se lê:
“Ao Todo-Poderoso não podemos alcançar; grande é em poder; porém a ninguém oprime em juízo e grandeza de justiça.” (Jó 37:23).
Ao dizer que o homem natural ‘lança fora o temor’, percebe-se que o Rev. M’Cheyne não compreendeu os significados possíveis ao termo. Ao comparar o homem natural a uma terra que está à espera de plantio, portanto, cheia de ervas daninhas por ainda não ser arada, percebesse que o reverendo apregoa o ‘temor’ como medo de Deus.
“Primeiro. Um homem natural lança fora o temor, e restringe a oração diante de Deus. “Eles estiveram descansados desde a sua mocidade, eles não foram mudados de vasilha para vasilha, e por isso, conservaram o seu sabor, e o seu cheiro não se alterou” [Jeremias 48:11]. Eles são como pousio, que nunca foi quebrado pelo arado, mas está cheio de sarças e de espinheiros. Não há aqui alguns dentre vós que nunca temeram por vossas almas? Você imagina que é tão bom quanto os seus vizinhos. Ah! bem, o seu sonho será interrompido, um dia, em breve.” (Idem).
Ao dizer que, quando o Espírito de Deus abre os olhos do pecador e o faz temer, a ideia de temor que o reverendo expressa é tão somente medo. Enquanto as Escrituras aponta que temer a Deus é sabedoria, no sentido de obedece-lo, a exposição do reverendo considera temor somente da perspectiva do medo.
“Segundo. Quando o Espírito de Deus abre os olhos, ele faz o pecador arrogante temer. Ele mostra a ele a quantidade de seus pecados, ou melhor, que eles não podem ser numerados. Antes, ele tem uma memória que facilmente esquece seus pecados, juramentos deslizam sobre a sua língua e ele não os conhecia; a cada dia adicionava novos pecados às suas páginas no livro de Deus, ainda que não se lembrasse. Mas agora, o Espírito de Deus coloca todos os seus pecados explícitos diante dele. Todos não perdoados, enormidades há muito esquecidas, erguidas atrás dele. Então, ele começa a temer. “Males sem número me têm rodeado”” (Idem).
Ora, a Bíblia não diz que Deus coloca explicitamente os pecados perante o pecador, pois a condenação do homem não vem de pecados, e sim da ofensa de Adão. O que o homem visualiza através do evangelho é tão somente que é pecador por causa da morte decorrente da ofensa de Adão que passou a todos os homens, não importando se tal pecador é a Madre Tereza ou se é Adolf Hitler.
Definir que o temor que traz consigo a pena diz de um sentimento imposto pelo Espírito é má leitura do texto do evangelista João. O que se percebe da descrição que o reverendo faz é inferências, e não interpretação do texto bíblico.
“Terceiro. O Espírito o faz sentir a grandeza do pecado, a excedente pecaminosidade disto. Antes, isto parecia [como] nada; mas agora, isto se ergue como um dilúvio sobre a alma. A ira de Deus, sente permanecendo sobre ele; um terrível som está em seus ouvidos. Ele não sabe o que fazer; seu temor traz consigo a pena. O pecado é compreendido agora como cometido contra um santo Deus, cometido contra um Deus de amor, cometido contra Jesus Cristo e Seu amor. (…) Quarto. Uma terceira coisa que terrivelmente atormenta a alma é: a corrupção operando no coração. Com frequência pessoas sob convicção são capacitadas a sentir as terríveis obras de corrupção em seu coração. Frequentemente a tentação e convicção de pecado encontram-se juntas, e terrivelmente atormentam a alma, rasgando-a em pedaços. A convicção de pecado está trespassando o seu coração, levando-o a fugir da ira vindoura, e assim, no mesmo momento alguma atroz lascívia, ou inveja, ou horrível malícia, está fervendo em seu coração, conduzindo-o em direção ao inferno. Então, um homem sente um inferno junto a ele. No inferno, ali será esta horrenda mistura; ali haverá um devastador terror da ira de Deus, e ainda, junto com corrupção fervendo, conduzirá a alma mais e mais [para] dentro das chamas. Isto é frequentemente sentido na terra. Alguns de vocês podem estar sentindo isto. Este é o temor que tem consigo a pena” (Idem).
A exposição é contraditória, pois diz que o Espírito convence a alma da sua inabilidade de ajudar a si mesmo, mas ao ser ‘despertado’, resolve se livrar de sua condição por meios próprios. Mas, piora, quando diz que o pecador tem o temor que traz consigo a pena quando ouve o evangelho e fica temeroso de que não será um seguidor de Cristo.
“Quinto. Outra coisa de que o Espírito convence a alma é, a sua inabilidade de ajudar a si mesma. Quando um homem é primeiramente despertado, ele diz: eu brevemente livrarei a mim mesmo desta triste condição. Ele recorre a muitos artifícios para justificar a si mesmo. Ele muda a sua vida, ele tenta arrepender-se, orar. Ele é logo ensinado que as suas “justiças são como trapos de imundície” [Isaías 64:6]; que ele está tentando cobrir trapos com trapos imundos; ele é levado a sentir que tudo o que pode fazer significa simplesmente nada, e que ele nunca pode tornar algo puro a partir do impuro. Isto afunda a alma em escuridão. Este temor tem consigo o pesar. (…) Sexto. Ele sente que nunca esteve em Cristo. Alguns de vocês talvez sabem que este temor tem consigo a pena. O livre oferecimento de Cristo é a própria coisa que despedaça vocês no coração. Você ouve que Ele é totalmente desejável, que Ele convida pecadores a virem até Ele, que Ele nunca lança fora aqueles que vêm. Mas, você teme que nunca será um destes. Você teme que tenha pecado por muito tempo, ou tanto, [que] você pecou para além de seu dia de graça! Ah! Este temor tem consigo a pena” (Idem).
Diferente dos demais calvinistas que alegam que Deus não tem um método com relação à eleição, o Rev. M’Cheyne o método da escolha de Deus é fazer com que a pessoa tenha um sentimento de que precisa de Cristo, antes que o homem se achegue a Cristo.
“Alguns dirão: “Então, não é bom ser despertado”. Resposta 1: Esta é o caminho da paz que excede o entendimento. Este é o método de escolha de Deus, levar você a sentir que necessita de Cristo antes que você venha até Cristo. No presente a sua paz é como um sonho; quando você desperta encontrá-la-á. Pergunte às almas despertadas se elas gostariam de voltar às suas letargias. Ah! Não; seu eu morrer, deixe-me morrer ao pé da cruz; não me deixe perecer não despertado” (Idem).
No inferno não haverá ‘tementes’. Temer é obedecer, e no inferno não há mandamento a se sujeitar. “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem” (Eclesiastes 12:13).
“Resposta 2: Você deve ser despertado um dia. Se não agora, você o será posteriormente, no inferno. Após a morte, o temor virá sobre as suas almas seguras. Não há nenhuma alma não despertada no inferno; todos estão temendo ali. Os demônios estremecem; os espíritos condenados estremecem. Não seria melhor tremer agora, e correr para Jesus Cristo, para refugiar-se? Agora, Ele está esperando para ser gracioso para você. Depois, Ele zombará quando o seu temor vier. Você saberá por toda a eternidade que o “temor tem consigo a pena.”” (Idem).
Enquanto o apóstolo João aponta o amor como exigência a ser satisfeita pelo homem, o Rev. M’Cheyne troca os fatores e aponta para o amor de Deus.
A perfeição do crente
No afã de negar perfeição ao homem, o Rev. M’ Cheyne torna-se parcial como os amigos de Jó, que falavam do que não entendiam. Deus não precisa de ninguém sendo parcial por Ele.
“Porventura por Deus falareis perversidade e por ele falareis mentiras? Sereis parciais por ele? Contendereis por Deus?” (Jó 13:7 -8).
O obediente como o crente Abraão é perfeito, assim como perfeito é o Pai celeste. O perfeito em amor diz do obediente, daquele que se fez servo, pois anda na presença de Deus.
“Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 5:48);
“O discípulo não é superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito será como o seu mestre.” (Lucas 6:40).
“II. A mudança em crer. “No amor não há temor”. “O Perfeito amor lança fora o temor”. 1. O amor aqui exposto não é o nosso amor a Deus, mas o Seu amor por nós; por isso é chamado de perfeito amor. Tudo o que é nosso é imperfeito. Quando nós fizermos tudo, devemos dizer: “Somos apenas servos inúteis”. O pecado se mistura com tudo o que fazemos. Não haveria consolo algum em contar-nos que, se nós amássemos perfeitamente a Deus, isto lançaria fora o temor; pois como nós podemos operar este amor em nossas almas? É o amor do Pai por nós que lança fora o temor. Ele é o Único Perfeito. Todas as Suas obras são perfeitas. Ele não pode fazer nada, senão o que é perfeito. Seu conhecimento é perfeito conhecimento; sua ira é perfeita ira; seu amor é perfeito amor. É o perfeito amor que lança fora o temor. Assim como os raios de sol lançam fora a escuridão aonde que incidam, assim este amor lança fora o medo” (Idem).
Por desconhecer a essência do amor bíblico, o Rev. M’ Cheyne aponta para Cristo como alvo do amor de Deus. Deus se compraz em Cristo, mas Ele também amou perfeitamente o mundo, pois deu o seu único Filho para redenção de muitos. O amor de Deus é exclusivamente perfeito para com Cristo, e não igualmente para com os que creem?
“2. Mas, aonde cai este amor? Em Jesus Cristo. Por duas vezes Deus falou do céu, e disse: “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo”. Deus ama perfeitamente o seu próprio Filho. Ele vê beleza infinita em Sua pessoa. Deus vê a Si mesmo manifestado. Ele se agrada infinitamente em Sua obra finalizada. O infinito coração do infinito Deus flui em direção ao nosso Senhor Jesus Cristo. E não há temor no seio de Cristo. Todos os Seus temores passaram. Uma vez Ele disse: “os pavores que me causas me destruíram”; mas agora Ele está em perfeito amor, e o perfeito amor lança fora o temor. Ouçam, almas temerosas! Aqui vocês podem encontrar descanso para as suas almas. Vocês não precisam viver outra hora sob os seus temores atormentadores. Jesus Cristo tem suportado a ira, a qual vocês temem. Ele, agora, oferece um refúgio para o oprimido, um refúgio em tempo de tribulação” (Idem).
Já pelos idos de 1800, as pessoas consideravam o termo ‘amor’ do ponto de vista afetivo, sendo que o amor bíblico diz de uma relação entre senhor e servo.
Quando Jesus amou o jovem rico, de imediato deu-lhe um mandamento.
“E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me.” (Marcos 10:21).
Deus amou primeiro porque primeiro Ele deu um mandamento, um mandamento que possibilita aos homens amá-Lo, sendo servos. Primeiro Deus deu o seu único Filho, e por Ele um mandamento, pelo qual é salvo todo que crê.
“Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados.” (I João 5:3).
O Rev. Robert Murray M’Cheyne, já em 1800 havia se rendido ao amor romântico de Shakespeare, e se esquecido que o amor de Deus é que guardemos os seus mandamentos.
“IV. As consequências de estar no amor de Deus. “Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro”. Quando um miserável pecador vem para Jesus, encontra o amor perdoador de Deus, ele não pode senão amar a Deus em retribuição. Quando o pródigo voltou para casa e sentiu os braços de seu Pai em volta de seu pescoço, então ele sentiu o transbordar de afeições em direção ao seu pai. Quando o brilho do sol de verão incide plenamente sobre o mar, este atrai os vapores para cima, em direção ao céu. Assim, quando os raios de sol do Filho de Justiça incidem sobre a alma, eles atraem para fora as constantes elevações de amor a Ele, em retribuição” (Idem).
O amor do homem para com Deus não é retributivo, e sim, em sujeição. As alegorias utilizadas não acrescentam nada a asserção inicial de amar em retribuição.
“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele” (João 14:21).
A ideia equivocada de que Deus está inclinado a amar o homem afetuosamente é despautério de uma mente natural, pois Deus só ama aqueles que o amam, ou tem misericórdia de quem Ele aprouve ter misericórdia, ou seja, dos que o amam.
“E faço misericórdia a milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos.” (Deuteronômio 5:10).
[1] “Amor (gr. agape) (1 Pe 4.8; Rm 5.5, 8; 1 Jo 3.1; 4.7, 8,16; Jd 21) Esta palavra raramente era usada na literatura grega, antes do Novo Testamento. E quando isso acontecia, ela era usada para expressar um ato de gentileza aos estrangeiros, de oferecer hospitalidade e ser caridoso”. O novo comentário bíblico NT, com recursos adicionais — A Palavra de Deus ao Alcance de Todos, Editores Earl Radmacher, Ronald B. Allen e H. Wayne House, Rio de Janeiro, 2010, pág. 701.
[2] “A ideia grega de perfeição é funcional. Uma coisa é perfeita quando se realiza plenamente o propósito para o qual foi planejado, projetado e feito. Na verdade, esse significado está envolvido na derivação da palavra. O adjetivo teleios é formado a partir do substantivo telos. Telos significa um fim, um propósito, um objetivo, uma meta. Uma coisa é teleios, se realiza a finalidade para a qual foi planejado, um homem é perfeito se ele percebe o propósito para o qual foi criado, e enviado ao mundo. Tomemos uma analogia muito simples. Suponha que na minha casa há um parafuso solto, e eu quero apertar e ajustar esse parafuso. Eu saio para comprar uma chave de fenda. Acho a chave de fenda que se encaixa exatamente no aperto da minha mão, não é nem muito grande nem muito pequena, muito áspero, nem muito suave. Eu coloco a chave de fenda na ranhura do parafuso, e eu vejo que se encaixa exatamente. Eu, então, giro o parafuso e o parafuso é fixado. No sentido grego, e, especialmente, no sentido do Novo Testamento, a chave de fenda é teleios, porque cumpriu exatamente a finalidade para a qual eu desejava e a comprei. Assim, então, um homem será teleios se ele cumpre a finalidade para qual ele foi criado. Com que finalidade foi criado o homem? A Bíblia não nos deixa em dúvida quanto a isso. Na história da criação das Eras, encontramos Deus dizendo. “Façamos o homem à nossa imagem conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1:26). O homem foi criado para ser semelhante a Deus. A característica de Deus é esta benevolência universal, este agir invicto, esta constante busca do bem supremo de cada homem. A grande característica de Deus é o amor ao santo e ao pecador igualmente. Não importa o que os homens fazem a Ele, Deus procura nada, a não ser o bem mais elevado deles”. (Barclay, W: O Estudo Diário da Bíblia Series, Rev. ed Filadélfia:. A imprensa de Westminster ou Logos
Obrigado pelo estudo, aprendi bastante
Estou aprendendo muito nesse estudo… Estou agradecido muito de coração
É por isso que temos que examinar tudo retendo o bem. Graça e paz de Cristo Jesus