Salmos I

Salmo 33 – Cristo é a alegria do Senhor

O salmista espera em Deus, pois Ele é salvação (auxilio e escudo), ou seja, alegria, força (v. 21). Somente os retos, os justos, podem cantar este cântico novo e alegrar-se no Senhor ( Sl 32:11 ), pois a alegria do Senhor, que é Cristo, é a nossa salvação ( Ne 8:10 ), pois o Pai dele disse: “Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o” ( Mt 17:5 ).


Salmo 33 – Cristo é a alegria do Senhor

O leitor das Escrituras só se apercebe da grandeza que este Salmo de Davi apresenta quando considera que, em sua grande maioria, os salmos são previsões acerca do Messias prometido.

Se o leitor não considerar que o rei Davi separou alguns homens para profetizarem com harpas ( 1Cr 25:1 ), e que em suas previsões falavam de Cristo ( At 2:30 ) e, que o próprio Cristo deixou claro que as Escrituras testemunhavam acerca d’Ele ( Jo 5:39 ), não fará uma boa leitura e interpretação, pois o salmista não deu testemunho de si mesmo, antes pelo Espírito falou do Descendente.

 

1 REGOZIJAI-VOS no SENHOR, vós justos, pois aos retos convém o louvor.

Quando o salmista anuncia que o homem deve regozijar-se, alegrar-se, ele demonstra que a ‘alegria do Senhor’ é a força, a salvação, do homem ( Ne 8:10 ; Is 35:10 ). Alegrar-se é o mesmo que confiar no Senhor, pois todos quanto s n’Ele confiam são salvos e, há alegria nos céus por um pecador que se arrepende ( Lc 15:10 ).

Somente os justos, os resgatados pelo Senhor, podem alegra-se n’Ele. É necessário estar n’Ele, unido a Ele para ser participante da salvação, da alegria, ou seja, da bem-aventurança “E os resgatados do SENHOR voltarão; e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido” ( Is 35:10 ).

Quando o salmista diz que ‘somente aos retos convém o louvor’, ele apresenta implicitamente a ideia do verdadeiro adorador, pois só os retos, os justos, podem louvar a Deus em espírito e em verdade ( Jo 4:23 ).

Os retos foram de novo criados para louvor e glória da graça de Deus ( Ef 1:12 ). Somente aos retos convém o louvor a Deus, visto que o louvor, a adoração, só é aceitável quando se é justo, visto que tudo o que é pertinente ao injusto é inaceitável. A própria existência do justo constitui-se em louvor a Deus que os criou de novo em verdadeira justiça e santidade “A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do SENHOR, para que ele seja glorificado” ( Is 61:3 ; Is 61:11 ; Hb 3:3 ).

Só é possível glorificar ao Senhor quando se é plantado por Ele. Qualquer que não for gerado de novo através da semente incorruptível, que é a palavra de Deus, jamais poderá glorificá-lo “Ele, porém, respondendo, disse: Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou, será arrancada” ( Mt 15:13 ); “…plantações do SENHOR, para que ele seja glorificado” ( Is 61:3 ).

 

2 Louvai ao SENHOR com harpa, cantai a ele com o saltério e um instrumento de dez cordas. 3 Cantai-lhe um cântico novo; tocai bem e com júbilo.

Só é possível louvar a Deus quando de posse de instrumentos musicais? O que entender por louvar a Deus com harpa, saltério e instrumentos de corda? Qual é o cântico novo?

Só toca ‘bem’ e com ‘alegria’ aquele que anuncia o Cristo de Deus, pois Ele é a ‘aliança do povo’ e a ‘luz dos gentios’ ( Is 42:6 ), Cristo é o que ‘abre os olhos aos cegos’ e ‘tira da prisão os encarcerados’. Cristo é o Senhor e não dará a sua glória a outrem, e foi Ele que anunciou as novas coisas que havia de criar ( Is 42:8 -12).

O louvor é segundo o ministério da profecia, ou seja, segundo a palavra que Deus anuncia antes que as coisas vêm à existência ( Is 42:9 ), o cântico novo ( Is 42:10 ), porque em anunciar a palavra de Deus dá-se glória, louvor ao Senhor “Deem glória ao Senhor, e anunciem o louvor nas ilhas” ( Is 42:12).

Para louvar ao Senhor segundo a convocação do salmista, ou seja, com harpa, saltério e instrumento de dez cordas, é necessário ter o ministério da profecia, pois segundo este ministério alguns homens profetizarem sob a direção do rei ( 1Cr 25:2 ).

O louvor é proveniente do exercício do ministério da palavra, que produz ações de graças e louvores, e não dos instrumentos musicais. É por isso que o apóstolo Paulo recomenda: “Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” ( Ef 5:19 ).

Todos que compreendem que a grandeza dos salmos está no fato de que eles são profecias, predições, e que o som de harpas, alaúdes e saltérios não é a essência dos Salmos ( 1Cr 25:1 ), e que através dos Salmos se anuncia o Cristo, produz ações de graças e louvores ao Senhor ( 1Cr 25:3 ).

Falar salmos, hinos e cânticos é produzir o fruto exigido por Deus, pois Deus só é glorificado em que se dê muito fruto “Eu crio os frutos dos lábios: paz, paz, para o que está longe; e para o que está perto, diz o SENHOR, e eu o sararei” ( Is 57:19 ); “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos” ( Jo 15:8 ).

Ora, para glorificar o Pai é necessário o fruto, ou seja, professar a Cristo ( Hb 13:15 ), e só é possível tal fruto quando se está ligado na Oliveira verdadeira ( Jo 15:4 ), pois o fruto, a palavra, é proveniente de Deus ( Os 14:2 ).

 

4 Porque a palavra do SENHOR é reta, e todas as suas obras são fiéis. 5 Ele ama a justiça e o juízo; a terra está cheia da bondade do SENHOR. 6 Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca. 7 Ele ajunta as águas do mar como num montão; põe os abismos em depósitos.

O verso 4 contextualiza os versos anteriores. O louvor a Deus, o cântico novo, só é possível através da palavra do Senhor.

A palavra do Senhor não é um ente impessoal, antes diz de Cristo, o Verbo que se fez carne e habitou entre os homens ( Jo 1:1 ). Cristo fez os céus e a terra ( Jo 1:3 ), conforme atesta o escritor aos Hebreus ao citar o Salmo 102, verso 5 “E: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, E os céus são obra de tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; E todos eles, como roupa, envelhecerão, E como um manto os enrolarás, e serão mudados. Mas tu és o mesmo, E os teus anos não acabarão” ( Hb 1:10 -12).

Observe que, de tudo que o salmista relata tem por objetivo apresentar Cristo aos seus compatriotas. Por ter sido concedido aos homens o privilegio de ser-lhes manifesto a palavra da vida, que é justiça e juízo, a terra esta plena da bondade de Deus.

O verso seis demonstra que os céus foram criados por Cristo e, que pelo Espírito (palavra) da sua boca, todos os anjos de uma só vez vieram a existência, ou seja, foram criados ( Cl 1:16 ; Ap 4:11 ).

Mas, de toda obra realizada por Cristo, a obra que Cristo realizou na terra é a maior, pois dela advém o louvor a sua graça e misericórdia. Cristo é a plenitude da bondade de Deus demonstrada aos homens “Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer” ( Jo 17:4 ).

 

8 Tema toda a terra ao SENHOR; temam-no todos os moradores do mundo. 9 Porque falou, e foi feito; mandou, e logo apareceu.

Nestes dois versos temos a ordem e o motivo da ordem. Temam ao Senhor, ou seja, obedeçam-No.

Temer é obedecer, o que não tem relação com medo, pois o amor lança fora o medo. Cristo é o amor de Deus demonstrado aos homens e, foi Ele quem falou e mandou e o mundo foi criado, portanto, necessário é obedecê-lo ( 1Jo 4:18 ).

Mas, como obedecer (temer) a Cristo? Obedecendo a palavra do Evangelho “Vinde, meninos, ouvi-me; eu vos ensinarei o temor do SENHOR” ( Sl 34:11 ). O temor do Senhor não é um sentimento, antes é conhecimento que deve ser transmitido aos homens.

 

10 O SENHOR desfaz o conselho dos gentios, quebranta os intentos dos povos. 11 O conselho do SENHOR permanece para sempre; os intentos do seu coração de geração em geração.

Cristo é o que desfaz o conselho dos povos ( Sl 2:1 -11), pois Ele é o Ungido do Senhor, mas, o conselho do Senhor é Eterno.

Estes dois versos contrapõe o conselho dos povos, que é efêmero, com o propósito eterno de Deus, que é para a eternidade, e foi estabelecido em Cristo ( Ef 1:9 ).

 

12 Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o SENHOR, e o povo ao qual escolheu para sua herança.

Este verso é muito significativo, pois apresenta Israel como a nação de Deus, mas que há um povo bem-aventurado escolhido por possessão peculiar.

Este verso contrapõe Israel e a Igreja. Enquanto a igreja é o povo do Senhor ( 1Pe 2:9 ), a herança adquirida ( Ef 1:11 ), Israel é a nação escolhida para trazer o Cristo ao mundo.

 

13 O SENHOR olha desde os céus e está vendo a todos os filhos dos homens. 14 Do lugar da sua habitação contempla todos os moradores da terra. 15 Ele é que forma o coração de todos eles, que contempla todas as suas obras.

Este verso demonstra que todas as coisas são patentes aos olhos de Cristo e, foi Ele que as trouxe a existência. Porém, este mesmo olhar constatou que não havia quem O buscasse ( Sl 53:2 ), pelo que o seu próprio braço foi desnudado perante os povos, trazendo salvação ( Is 53:1 ; Is 59:15 -17).

 

16 Não há rei que se salve com a grandeza dum exército, nem o homem valente se livra pela muita força. 17 O cavalo é falaz para a segurança; não livra ninguém com a sua grande força.

Estes versos demonstram que nem a realeza com grande exército pode conquistar a salvação e, nem o valente pela sua força, pois a salvação não se dá pela força, violência, mas pelo Espírito ( Zc 4:6 ).

Fica demonstrado que o homem possui uma visão distorcida de salvação, pois confiam em cavalos, exércitos e reis, mas não confiam em Deus “Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR nosso Deus” ( Sl 20:7 ; Sl 33:20 ).

 

18 Eis que os olhos do SENHOR estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia; 19 Para lhes livrar as almas da morte, e para os conservar vivos na fome.

Os versos 18 e 19 demonstram que o zelo do Senhor é para os que o obedecem (temem), ou seja, que se refugiam em sua misericórdia.

Os olhos do Senhor fixam-se sobre os que O temem, do mesmo modo que o Anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem ( Sl 34:7 ), portanto, não há diferença entre os olhos do Senhor e o Anjo do Senhor: ambas as referencias diz de uma única pessoa: Cristo, o mensageiro do Senhor que está com os que creem até a consumação dos séculos.

Por que é Cristo? Porque é Ele quem livra a alma da morte, separação, alienação e conserva o homem vivo perante Deus ( Sl 34:22 ).

 

20 A nossa alma espera no SENHOR; ele é o nosso auxílio e o nosso escudo. 21 Pois nele se alegra o nosso coração; porquanto temos confiado no seu santo nome. 22 Seja a tua misericórdia, SENHOR, sobre nós, como em ti esperamos.

O salmo volta a abordar o tema do verso 1: “REGOZIJAI-VOS no SENHOR, vós justos, pois aos retos convém o louvor” (v. 1).

O salmista espera em Deus, pois Ele é salvação (auxilio e escudo), ou seja, alegria, força (v. 21). Somente os retos, os justos, podem cantar este cântico novo e alegrar-se no Senhor ( Sl 32:11 ), pois a alegria do Senhor, que é Cristo, é a nossa salvação ( Ne 8:10 ), pois o Pai dele disse: “Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o” ( Mt 17:5 ).

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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