Salmos IV

Salmo 91 – Aquele que Habita no esconderijo do Altíssimo

O Salmo 91 é uma profecia repleta de promessas de proteção e livramento direcionadas ao Cristo. Esse salmo faz alusão à encarnação, ao sofrimento, à morte e à ressurreição de Jesus, aquele que, antes de ser introduzido no mundo dos homens, habitava no esconderijo do Altíssimo. Neste estudo completo do Salmo 91, você terá a oportunidade de compreender essa magnífica profecia em toda a sua profundidade.


Salmo 91 – Aquele que Habita no esconderijo do Altíssimo

Obs.: O Salmo 91 evangélico é idêntico ao Salmo 90 da Bíblia católica.

  1. AQUELE que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
  2. Direi do SENHOR: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.
  3. Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.
  4. Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel.
  5. Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia,
  6. Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia.
  7. Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti.
  8. Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.
  9. Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação.
  10. Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.
  11. Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.
  12. Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.
  13. Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.
  14. Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.
  15. Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei.
  16. Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.

 

Leia também: Salmo 23

 

Introdução

Em muitos lares, empresas, repartições públicas e escolas, é comum encontrar uma Bíblia aberta no Salmo 91. Com o passar do tempo, essa página frequentemente fica empoeirada e amarelada. Da mesma forma, é habitual ver quadros em residências exibindo cópias do Salmo 91.

Muitos recorrem ao Salmo 91 para suas preces, enquanto outros citam trechos dele em suas orações. No entanto, será que compreendem o seu verdadeiro significado? Há também aqueles que, sem nunca tê-lo lido, adotam o Salmo como um amuleto por recomendação alheia.

Há muito tempo, o Salmo 91 tem sido usado como um talismã. Os seguidores de religiões espiritualistas acreditam em seu poder e o utilizam em momentos de necessidade para pedir e agradecer a proteção divina para si e para os outros. Contudo, além dessas concepções místicas, surge a pergunta: como devemos realmente entender e interpretar o Salmo 91?

Quadro do Salmo 91 para imprimir
Salmo 91 – Bíblia Sagrada

 

Antes de iniciar a leitura dos salmos, é essencial que o leitor reconheça que eles não são apenas cânticos, mas sim profecias. A natureza profética dos salmos se evidencia pelo fato de que Davi, além de ser rei, era também profeta, e designou os levitas para profetizarem, utilizando toda a sorte de instrumentos musicais.

“E DAVI, juntamente com os capitães do exército, separou para o ministério os filhos de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum, para profetizarem com harpas, com címbalos, e com saltérios; e este foi o número dos homens aptos para a obra do seu ministério:” (1 Crônicas 25:1 );

“Sendo, pois, ele (Davi) profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono,” (Atos 2:30).

O livro das Crônicas de Israel deixa claro que a função primordial de um salmista era profetizar. O rei Davi comissionou os músicos a registrar suas profecias em forma de poesia, para que pudessem ser cantadas ao som de instrumentos musicais.

Essa iniciativa de Davi tinha como objetivo suprir a deficiência de leitura da população, que em sua maioria era analfabeta. Escrever as profecias em textos formais não facilitava a memorização do povo, enquanto a poesia e a música cumpriam esse propósito de maneira eficaz.

Portanto, ao analisar um salmo, é fundamental compreender que eles são composições de natureza profética, e não meramente expressões da alma ou produtos da psique humana. Em uma análise dos salmos, deve-se priorizar o conteúdo da mensagem, buscando desvendar seu significado profético. As questões poéticas e musicais devem ser consideradas secundárias.

Os Salmos foram escritos como profecias para revelar aos judeus quem seria o Cristo quando Ele estivesse entre seus irmãos. No entanto, muitas pessoas acabam utilizando os Salmos como amuletos para enfrentar as questões do dia a dia, esquecendo-se de que essas profecias testemunham acerca de Cristo, e não das preocupações ou dificuldades cotidianas.

Certa vez, o Senhor Jesus questionou os fariseus sobre o Salmo 110, e eles não puderam responder de quem o Messias era filho.

“Dizendo: Que pensais vós do Cristo? De quem é filho? Eles disseram-lhe: De Davi. Disse-lhes ele: Como é então que Davi, em espírito, lhe chama Senhor, dizendo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, Até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés? Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como é seu filho? E ninguém podia responder-lhe uma palavra; nem desde aquele dia ousou mais alguém interrogá-lo” (Mateus 22:42 -46).

A abordagem que Jesus fez revela que os Salmos, como parte das Escrituras, têm o propósito de testemunhar sobre o Cristo. O Salmo 110, por exemplo, mostra que o Messias não seria apenas descendente de Davi, mas também Senhor de Davi, apontando claramente para Sua divindade.

É importante destacar que a grande maioria dos Salmos faz referência ao Messias, mas cada um se foca em um aspecto específico de Sua vida, como Seu reino, humanidade, divindade, missão, morte, ressurreição, entre outros.

Alguns Salmos até mencionam as relações estabelecidas na eternidade entre as pessoas da Trindade (como em Hebreus 1:5 e Salmo 2:7). O autor da epístola aos Hebreus demonstra, utilizando os Salmos, que os acordos firmados na eternidade entre as pessoas da divindade foram cumpridos quando o Primogênito de Deus foi introduzido no mundo.

O Salmo 110, verso 1 diz:

“Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés” (Salmo 110:1).

Aqui vemos o ‘Senhor’ Deus estabelecendo um prazo para que o ‘Senhor’ do salmista permanecesse assentado à Sua direita. Essa passagem levanta uma pergunta crucial: o salmista estava profetizando acerca de si mesmo ou do Cristo? (Atos 8:34). E o que devemos pensar sobre o Cristo nesse contexto? (Mateus 22:42).

Antes de avançarmos, recomendo a leitura cuidadosa dos Salmos 56 e 57, pois eles contêm elementos essenciais para a interpretação do Salmo 91. Note que os Salmos 56 e 57 descrevem profeticamente uma realidade que não corresponde à vida do salmista Davi ou de seus cantores, sugerindo que os eventos narrados podem se referir a outra pessoa.

Outro ponto importante ao abordar os Salmos é reconhecer que, em sua maioria, eles são composições proféticas recheadas de enigmas, parábolas, figuras, adágios, provérbios, entre outros. Antes de interpretar qualquer frase, é fundamental desvendar o enigma ou a parábola subjacente. Por exemplo: por que Jesus chamou os escribas e fariseus de “raça de víboras”? Para entender essa figura de linguagem, é necessário compreender a origem dessa expressão e seu significado ao aplicá-la aos escribas e fariseus.

Não é possível afirmar categoricamente quem é o autor do Salmo 91. Alguns sugerem que o profeta Moisés seja o escritor, baseando-se em certas evidências internas, como expressões idiomáticas. Outros apontam para o salmista e rei Davi como autor, mas não há como determinar com precisão quem redigiu o Salmo 91.

O esconderijo do Altíssimo

“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará”(Salmo 91:1).

O primeiro passo para interpretar o Salmo 91 é responder à seguinte pergunta: Quem habita no esconderijo do Altíssimo? É possível para os homens mortais residirem no recôndito do Altíssimo? A resposta se encontra no próprio Salmo:

“Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação” (Salmo 91:9).

Quando escreveu essa profecia, o salmista estava se referindo a alguém que, naquele exato momento, estava residindo no esconderijo (lugar oculto) do Altíssimo, e que, em um momento futuro, haveria de deixar essa habitação. Quando deixasse o esconderijo do Altíssimo, seria necessário que essa pessoa se refugiasse à sombra do Onipotente (João 16:28).

Ao analisar a primeira questão: “Quem é Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo?” e “Onde fica o esconderijo do Altíssimo?”, entendemos que o salmista não se refere a homens mortais, mas sim ao Cristo, que na eternidade era o Verbo. O esconderijo do Altíssimo representa a presença íntima e secreta de Deus, um lugar reservado para o Filho, antes de Sua encarnação. O salmista, portanto, profetiza sobre o Cristo que, no devido tempo, deixaria essa morada celestial para assumir a forma humana e habitar entre os homens.

“Os pecadores de Sião se assombraram, o tremor surpreendeu os hipócritas. Quem dentre nós habitará com o fogo consumidor? Quem dentre nós habitará com as labaredas eternas? (Isaías 33:14).

Essa interpretação nos leva a considerar que o Salmo 91 é uma profecia messiânica, revelando aspectos profundos da missão de Cristo. O esconderijo do Altíssimo simboliza a comunhão eterna que Cristo tinha com o Pai antes de vir ao mundo, e a sombra do Onipotente refere-se à proteção divina durante Seu ministério terrestre e Sua obra redentora.

O ‘esconderijo do Altíssimo’ não se encontra na Terra; ele refere-se a um ‘lugar’ na eternidade, inacessível aos homens mortais. Esse esconderijo se refere à eternidade quando o Verbo eterno estava com Deus antes de Sua encarnação.

Ao considerar essa perspectiva, entendemos que o Salmo 91 não está tratando de uma morada terrena, mas de uma realidade espiritual e eterna, um lugar onde apenas o Verbo eterno poderia estar antes de deixar a eternidade para cumprir Sua missão redentora na Terra na condição de o unigênito de Deus. Ao descer ao mundo, o Verbo eterno deixaria a sua habitação, e como em tudo seria semelhante aos homens, dependeria da proteção e do cuidado do Onipotente.

“Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.” (Isaías 57:15).

“Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém” (1 Timóteo 6:16);

“Para o entendido, o caminho da vida leva para cima, para que se desvie do inferno em baixo” (Provérbios 15:24);

“Trovejou desde os céus o SENHOR; e o Altíssimo fez soar a sua voz” (2 Samuel 22:14);

“Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu” (João 3:13).

Considerando que o esconderijo do Altíssimo é o céu, e que ninguém subiu ao céu, exceto Aquele que de lá desceu (João 3:13), conclui-se que Jesus é aquele que habitava no esconderijo do Altíssimo antes de ser introduzido no mundo.

Jesus habitava no céu quando o Salmo 91 foi escrito, e o salmista prediz que Aquele que habitava no céu haveria de descansar sob a proteção do Onipotente. Em outras palavras, o Salmo 91 fala de Cristo no momento em que Ele se esvaziaria de Sua glória e seria introduzido no mundo como o Unigênito de Deus.

Não há registro nas Escrituras de qualquer outro que tenha habitado no esconderijo do Altíssimo, exceto Aquele que havia de vir, o Filho do Homem. As Escrituras testemunham que Ele, na eternidade, habitou o recôndito da divindade (Salmo 45:6; Isaías 7:14; Isaías 8:17; Provérbios 30:3). O próprio Jesus falou acerca de Sua glória preexistente:

“E agora me glorifica tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse” (João 17:5).

Os santos apóstolos de Cristo também falaram da glória de Cristo (João 1:1 e 1 João 1:1-3; Hebreus 1:5 e 8), mostrando que Jesus é aquele que habitava no esconderijo de Deus, pois Ele é o Verbo Eterno que estava com Deus (João 1:1).

A sombra do Onipotente refere-se à proteção divina que Deus estabeleceu sobre o Messias durante Sua encarnação. Enquanto Jesus estava no mundo, Ele confiava plenamente na proteção e no cuidado de Deus, como evidenciado nas Escrituras. Essa proteção não apenas garantia Sua segurança física, mas também assegurava o cumprimento de Sua missão redentora. Assim, o Salmo 91, ao ser interpretado à luz da encarnação de Cristo, revela o profundo mistério da união entre o divino e o humano, onde o Filho de Deus, por estar esvaziado de Sua glória celestial, permaneceu sob a constante e poderosa proteção do Pai.

“O SENHOR é quem te guarda; o SENHOR é a tua sombra à tua direita” (Salmo 121:5);

“Guarda-me como à menina do olho; esconde-me debaixo da sombra das tuas asas” (Salmo 17:8);

“Porque foste a fortaleza do pobre, e a fortaleza do necessitado, na sua angústia; refúgio contra a tempestade, e sombra contra o calor; porque o sopro dos opressores é como a tempestade contra o muro” (Isaías 25:4).

Analisando a segunda questão do primeiro verso: Como Jesus descansou à sombra do Onipotente? A resposta reside na Sua obediência à palavra de Deus. Obedecer à palavra de Deus é o verdadeiro significado de descansar à sombra do Onipotente. Confiar na palavra de Deus se manifesta através da obediência, e foi assim que Jesus, ao entregar Sua alma na morte, estava em perfeito descanso, pois confiava plenamente na salvação provida pelo Onipotente.

Essa verdade é refletida nas palavras de Jesus:

“A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra” (João 4:34).

A satisfação, o desejo, e a alegria de Cristo estavam em obedecer à palavra de Deus, a ponto de Isaías profetizar que a palavra de Deus estaria na boca do Cristo. Como a boca fala daquilo que o coração está cheio, isso indica que a palavra de Deus é a essência do próprio Cristo.

Essa obediência total à palavra de Deus e o descanso na vontade divina mostram que Jesus não apenas cumpriu Suas obrigações como o Messias, mas também demonstrou como deve ser o relacionamento entre o homem e Deus: um relacionamento de confiança absoluta e obediência, que traz verdadeiro descanso e segurança. Jesus, ao viver e morrer em obediência à vontade de Deus, exemplificou o que significa viver sob a sombra do Onipotente, onde a confiança e a submissão à palavra divina resultam em paz e segurança eternas.

“Porque tu tens sido o meu auxílio; então, à sombra das tuas asas me regozijarei” (Salmo 63:7);

“E ponho as minhas palavras na tua boca, e te cubro com a sombra da minha mão; para plantar os céus, e para fundar a terra, e para dizer a Sião: Tu és o meu povo” (Isaías 51:16);

“E fez a minha boca como uma espada aguda, com a sombra da sua mão me cobriu; e me pôs como uma flecha limpa, e me escondeu na sua aljava” (Isaías 49:2).

Na profecia de Isaías, encontramos um enigma que revela a profundidade da filiação divina do Messias, quando ele é descrito como uma “flecha limpa” escondida na aljava do Todo-poderoso. A flecha, nesse contexto, simboliza a descendência divina, refletindo a ideia de que o Messias é o Filho de Deus. Isso se alinha com o que é descrito no Salmo 127:4:

“Como flechas na mão de um homem poderoso, assim são os filhos da mocidade.”

O Messias, então, não apenas representa a descendência divina, mas também se torna uma proteção para aqueles que confiam n’Ele. Essa ideia é reforçada em Isaías 32:2:

“E será aquele homem como um esconderijo contra o vento, e um refúgio contra a tempestade, como ribeiros de águas em lugares secos, e como a sombra de uma grande rocha em terra sedenta.”

Aqui, Aquele que habitava na eternidade, por ser o Altíssimo (Isaías 57:15), ao ser introduzido no mundo na condição de Servo do Senhor, cumpriu exatamente o que o salmista profetizou: Ele confiou inteiramente no Pai.

Essa confiança é explicitamente demonstrada nas palavras de Jesus em João 11:42:

“Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste.”

E no Salmo 22:8, vemos a confiança do Messias no Senhor: “Confiou no SENHOR, que o livre; livre-o, pois nele tem prazer,” o que encontra paralelo na cena da crucificação, em Mateus 27:43: “Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus.”

Esses textos apontam para a realidade de que o Messias, desde a eternidade, estava preparado e escondido como uma flecha na aljava de Deus, pronto para ser revelado ao mundo no momento exato. Sua confiança no Pai foi absoluta, mesmo diante da adversidade e da morte, cumprindo plenamente as profecias e demonstrando que Ele é, de fato, o Filho de Deus, o Salvador prometido.

O Salmo 91 é, de fato, uma profecia messiânica. O salmista registra ali promessas específicas para o Verbo de Deus, que haveria de se fazer homem. O Altíssimo, sendo Senhor de tudo, escolheu deixar Sua glória e assumir a condição de Filho sobre Sua própria casa, conforme expressado em Salmo 47:2 e Hebreus 3:6.

Essa mudança de posição reflete o acordo estabelecido entre as pessoas da Trindade na eternidade, um pacto divino que determinou que o Verbo se tornaria homem para cumprir o plano redentor. Essa aliança é o fundamento das promessas registradas no Salmo 91, onde o cuidado e a proteção de Deus sobre o Messias são assegurados enquanto Ele realiza Sua missão na Terra.

“Porque, a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, Hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?” (Hebreus 1:5).

Na eternidade, as pessoas da Trindade fizeram um acordo em que uma delas assumiria a condição de Filho ao ser introduzida no mundo dos homens. Por isso, as Escrituras referem-se a Cristo como aquele que criou todas as coisas:

“Mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim” (Hebreus 3:6; João 1:3; Colossenses 1:16).

No Salmo 110, outra profecia sobre Jesus, o Cristo é descrito como o Senhor do salmista, sendo visto assentado à destra da Majestade nas alturas. Esse salmo retrata o Cristo ressuscitado retornando ao lugar que é Seu por direito, enquanto o Salmo 91 profetiza a renúncia de Cristo à Sua glória, ao deixar o céu para habitar entre os homens.

Os fariseus, entretanto, relutavam em admitir que o Pai celestial tivesse um Filho, pois falhavam em perceber o que as Escrituras revelavam. Eles não reconheciam as profecias que apontavam para a filiação divina de Cristo e Sua missão redentora, como evidenciado nos salmos e em outras passagens do Antigo Testamento. Essas profecias, quando corretamente entendidas, mostram claramente que o Cristo, o Filho de Deus, é central no propósito eterno de Deus, e que Sua glória e divindade foram temporariamente veladas enquanto Ele cumpria Sua obra na Terra.

“Quem subiu ao céu e desceu? Quem encerrou os ventos nos seus punhos? Quem amarrou as águas numa roupa? Quem estabeleceu todas as extremidades da terra? Qual é o seu nome? E qual é o nome de seu Filho, se é que o sabes? (Provérbios 30:4).

O Salmo 91 complementa outros salmos ao oferecer uma visão mais profunda e específica sobre a identidade e a missão do Messias. O Salmo 15, por exemplo, questiona:

“Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?” (Salmo 15:1).

A resposta, quando lida em conjunto com outros Salmos, aponta exclusivamente para Jesus. Somente Ele andou em sinceridade, praticou a justiça e falou a verdade segundo o Seu coração (Salmo 15:3). Apenas o Cristo de Deus tem a capacidade de desprezar o réprobo e honrar aqueles que temem ao Senhor (Salmo 15:4).

De maneira similar, o Salmo 24 faz uma pergunta essencial:

“Quem subirá ao monte do Senhor? Quem estará no seu tabernáculo?” (Salmo 24:3).

A resposta novamente direciona a atenção para uma pessoa específica:

“Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente. Este receberá do Senhor a bênção e a justiça do Deus da sua salvação” (Salmo 24:4-5; Isaías 33:14-16).

Entre todos os filhos dos homens, apenas Jesus foi limpo de mãos e puro de coração, a essência da lei, recebendo a bênção e a justiça de Deus.

O uso do pronome demonstrativo “aquele” nos Salmos 15, 24 e 91 é significativo, pois o salmista não está falando de qualquer pessoa, mas especificamente do Cristo de Deus. Somente Ele nunca foi abalado (Salmo 15:5) e cumpre perfeitamente as condições estabelecidas para habitar no santo monte do Senhor.

Embora o convite do evangelho seja universal, oferecendo a vida eterna a “todo aquele que crê” ou a “qualquer que crê”, os Salmos, em sua maioria, são profecias que revelam e apresentam o Cristo de Deus aos homens. Eles descrevem o Messias em Suas várias características, ações e qualidades únicas, mostrando que Ele é o único que cumpre plenamente as exigências de Deus e é digno de receber a bênção e a justiça do Pai. Dessa forma, os Salmos não apenas ensinam sobre o caráter de Deus, mas também preparam o caminho para a revelação de Jesus como o Messias prometido.

“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam;” (João 5:39)

Como parte das Escrituras, os Salmos anunciam o Cristo, tornando possível reconhecê-Lo mesmo em meio à aparição de muitos falsos cristos. Somente por meio de Cristo os homens podem alcançar o verdadeiro “conhecimento” de Deus, que se refere à união íntima e espiritual que permite aos homens tornarem-se participantes da natureza divina (2 Pedro 1:4).

Todo homem que deseja habitar com o Altíssimo precisa crer em Cristo, conforme ensinam as Escrituras, para receber de Deus o poder de ser feito filho de Deus (João 1:12). Aqueles que são recriados em verdadeira justiça e santidade se tornam, ainda aqui neste mundo, tal como Cristo é (1 João 4:17; 1 Coríntios 15:48). E, se os que creem são semelhantes a Ele neste mundo, certamente habitarão onde Ele habita, pois onde Cristo estiver, ali também estarão Seus seguidores.

“Quando eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também” (João 14:3).

Através da desobediência de Adão, a geração dos ímpios foi estabelecida, mas, por meio de Cristo, o último Adão, a geração dos justos é firmada (Salmo 24:6). Todos aqueles que são gerados de novo em Cristo Jesus são limpos de mãos e puros de coração, estando assim aptos a residir no lugar santo, pois os irmãos conduzidos à glória são como o Primogênito, co-herdeiros de Deus (Romanos 8:29; Hebreus 2:10).

O Salmo 91 é uma profecia que revela dois “momentos” distintos relacionados ao Verbo de Deus. No tempo em que o salmista profetizou, o Verbo de Deus habitava no esconderijo do Altíssimo, uma posição de glória e compartilhamento da divindade com o Pai. No entanto, quando o Verbo se fez carne, Ele precisou abrigar-se sob a sombra do Onipotente, pois estava despido de Sua glória celestial. Essa transição revela a humilhação voluntária de Cristo, que, ao assumir a natureza humana, confiou completamente na proteção e provisão do Pai enquanto cumpria Sua missão redentora.

O refúgio do Messias

“Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei” (Salmo 91:2).

Aquele que habita no lugar secreto do Altíssimo haveria de anunciar o nome de Deus aos homens, dizendo:

“Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e n’Ele confiarei” (Salmo 91:2).

O escritor da epístola aos Hebreus cita o Salmo 18 para demonstrar que o próprio Filho, por intermédio do salmista, afirmou que colocaria Sua confiança em Deus:

“E outra vez: Porei n’Ele a minha confiança” (Hebreus 2:13; Salmo 18:1-2; Salmo 56:4).

Nos Salmos 103 e 104, o salmista expressa sua confiança em Deus, bendizendo-O por Sua grandeza e por tudo o que realizou em prol dos homens. No entanto, o Salmo 91 utiliza o verbo “confiar” no futuro (“nele confiarei”), o que sugere que o salmista ainda não estava falando de si mesmo quando escreveu esse Salmo.

Na glória, o Verbo eterno não precisava confiar, pois habitava em perfeita comunhão com o Pai. Mas, ao ser introduzido no mundo como participante da carne e do sangue, sujeito às mesmas paixões que os homens, embora sem pecado, Ele também precisaria confiar inteiramente em Deus (Hebreus 4:15).

O verso 2 do Salmo 91 é equivalente à introdução do Salmo 31, onde o salmista registra as palavras que o Messias pronunciaria:

“Em ti, ó Senhor, me refugio; nunca seja eu envergonhado; livra-me pela tua retidão (…) Nas tuas mãos encomendo o meu espírito…” (Salmo 31:1-5).

O Verbo de Deus encarnado, o Filho de Davi, haveria de declarar: “Ele é meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza.” O salmista previu que o Messias confiaria plenamente em Deus, até mesmo no momento mais doloroso de Sua existência entre os homens, buscando refúgio em Deus e entregando Seu espírito nas mãos do Pai.

Se o próprio salmista estivesse bendizendo ao Senhor, não haveria necessidade de utilizar o verbo “dizer” no futuro (“direi”). Normalmente, os salmistas, ao referirem-se a eventos que lhes dizem respeito, utilizam expressões no presente, como:

“Bendize, ó minha alma, ao Senhor” (Salmo 103:1).

O cântico de Davi é:

“No SENHOR confio; como dizeis à minha alma: Fugi para a vossa montanha como pássaro?” (Salmo 11:1).

Jesus Cristo, desde menino, ao ouvir as Escrituras nas sinagogas e em Sua família, juntamente com os sinais e maravilhas que cercaram Seu nascimento, compreendeu, pelas Escrituras, que Ele era o Messias, o Filho de Deus encarnado. Jesus precisou crer no testemunho que Deus havia estabelecido nas Escrituras e descobrir por Si mesmo que era o Cristo.

Diante das promessas que o Pai havia deixado registradas nas Escrituras, Ele creu, para que se tornasse o Autor e Consumador da fé:

“Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” (Hebreus 12:2);

“Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu” (Hebreus 5:8).

Essa confiança total em Deus e a obediência perfeita de Jesus, mesmo diante do sofrimento, revelam Sua completa submissão à vontade do Pai. O Salmo 91, portanto, não é apenas uma promessa de proteção, mas uma profecia que aponta para o relacionamento íntimo de confiança e obediência entre o Messias e Deus, demonstrando que Jesus, em Sua humanidade, confiou plenamente no Pai para cumprir Sua missão redentora.

Laços e pestilências

“Porque Ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa. Ele te cobrirá com as Suas penas, e debaixo das Suas asas te confiarás; a Sua verdade será o teu escudo e broquel. Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia, Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia. Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará próximo de ti. Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios” (Salmo 91:3 -8).

Nestes versos do Salmo 91, encontramos promessas específicas de Deus para Seu Filho, o Primogênito, que seria introduzido no mundo como o Unigênito de Deus. Essas promessas garantem que certos eventos e perigos não atingiriam o Messias durante Sua missão na Terra.

“Porque Ele te livrará do laço do passarinheiro…”

O Filho do homem não seria capturado nas armadilhas engenhosamente planejadas pelos homens ímpios utilizando-se de palavras. Mesmo quando tentaram pegá-Lo em questões difíceis, como se era lícito pagar tributo a César (Mateus 22:17) ou quando apresentaram a mulher pega em adultério (João 8:5), essas armadilhas não o enredaram. Como o salmista expressa:

“Armaram uma rede aos meus passos; a minha alma está abatida. Cavaram uma cova diante de mim, porém eles mesmos caíram no meio dela” (Salmo 57:6; Salmo 56:5).

O profeta Jeremias também descreve quem são os ‘passarinheiros’:

“Porque ímpios se acham entre o meu povo; andam espiando, como quem arma laços; põem armadilhas, com que prendem os homens. Como uma gaiola está cheia de pássaros, assim as suas casas estão cheias de engano; por isso se engrandeceram, e enriqueceram” (Jeremias 5:26-27).

“…e da peste perniciosa”

O Filho de Davi era livre do pecado, que é a verdadeira peste perniciosa, pois Ele foi gerado de Deus (Salmo 2:7; 2 Samuel 7:14). Todos os descendentes da carne de Adão, que entraram pela porta larga, foram contaminados pelo pecado e vendidos a ele como escravos. Contudo, Jesus, o último Adão, é a porta estreita pela qual todos os homens que desejam ser libertos do pecado precisam entrar.

“Ele te cobrirá com as Suas penas, e debaixo das Suas asas te confiarás”

O Messias seria protegido e abrigado em segurança na palavra de Deus. Como o salmista expressa:

“TEM misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia de mim, porque a minha alma confia em ti; e à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades” (Salmo 57:1).

Cristo, mesmo em Sua condição humana, confiou plenamente na proteção do Pai.

“A Sua verdade será o teu escudo e broquel”

A Palavra de Deus, que é a verdade, seria a defesa de Cristo em todos os ataques de Seus adversários. Diante dos escribas, fariseus e saduceus, Jesus sempre citou as Escrituras. E na tentação pelo diabo no deserto, Ele utilizou a verdade das Escrituras como escudo e broquel, repelindo cada tentação com a Palavra de Deus.

“Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia, nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia”

O ‘terror de noite’, a ‘seta lançada durante o dia’, a ‘peste que se move na escuridão’ e a ‘mortandade que acomete ao meio-dia’ não amedrontaram o Messias. Ele estava confiante na proteção do Pai e não foi abalado por esses perigos.

Esses versos contêm alguns enigmas, como as referências à noite, escuridão e mortandade. A noite e a escuridão simbolizam a ausência da palavra de Deus, a ausência de luz espiritual que guia os homens (Isaías 9:2). Refere-se ao engano que mantém os homens na morte espiritual:

“Entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração” (Efésios 4:18).

Jesus, embora tivesse se despojado de Sua glória e majestade e se tornado semelhante aos Seus irmãos em tudo (Hebreus 2:17), não foi atingido pelo medo da morte ou do pecado, pois nunca esteve sujeito à escravidão do pecado e não se deixou enganar por falsas doutrinas (Hebreus 2:15).

As palavras dos escribas e fariseus eram, de fato, armadilhas e laços (Salmo 119:110), destinadas a desviar Cristo de fazer a vontade do Pai. O ‘laço do passarinheiro’ são essas palavras cheias de engano e malícia que tentam afastar o homem do mandamento de Deus. Cristo, no entanto, permaneceu firme, confiando na verdade de Deus como Sua defesa, cumprindo assim as profecias e promessas registradas no Salmo 91.

“Também os que buscam a minha vida me armam laços e os que procuram o meu mal falam coisas que danificam, e imaginam astúcias todo o dia” (Salmo 38:12);

“Firmam-se em mau intento; falam de armar laços secretamente, e dizem: Quem os verá?” (Salmo 64:5; Provérbio 13:14 ).

Desde o Éden, a ‘peste perniciosa’ tem assolado a humanidade, pois, como um pecou, todos pecaram; como um morreu, todos morreram (1 Coríntios 15:21-22), e a partir daí, os homens passaram a falar segundo os seus corações mentirosos (Salmo 58:3). Essa peste perniciosa não se assemelha à peste negra que dizimou a Europa, nem se refere a agentes químicos ou armas biológicas; trata-se do pecado, a corrupção espiritual que se alastrou por toda a humanidade.

Os filhos do povo do Messias, na tentativa de apanhar Cristo em alguma contradição, armaram várias armadilhas, mas, no final, foram eles mesmos que ficaram enlaçados.

“Armaram uma rede aos meus passos; a minha alma está abatida. Cavaram uma cova diante de mim, porém eles mesmos caíram no meio dela” (Salmo 57:6; Salmo 56:5; Mateus 22:17; João 8:5).

Isso reflete o que as Escrituras dizem:

“Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; E quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, A pedra que os edificadores reprovaram, Essa foi a principal da esquina, E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados” (1 Pedro 2:6-8; Romanos 9:33).

Desde o ventre de Maria, o Filho de Davi estava livre do pecado, a peste perniciosa, pois Ele foi lançado na madre por Deus (Salmo 22:10) e gerado pelo Espírito Eterno (Salmo 2:7; 2 Samuel 7:14). Todos os descendentes da carne de Adão, a porta larga pela qual todos os homens entram ao virem ao mundo, foram contaminados pelo pecado, ou seja, vendidos ao pecado como escravos. Contudo, Jesus, o último Adão, é a porta estreita pela qual todos os homens que creem tornam-se livres do pecado.

A proteção de Deus para o Messias era específica:

“Ele te cobrirá com as Suas penas, e debaixo das Suas asas te confiarás” (Salmo 91:4).

Assim como a galinha protege seus pintainhos debaixo de suas asas, o Cristo estava seguro sob as asas do Onipotente:

“TEM misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia de mim, porque a minha alma confia em ti; e à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades” (Salmo 57:1; Salmo 63:7; Salmo 61:4).

A verdade e a fidelidade de Deus foram constituídas como o escudo e broquel do Messias. Todos os adversários vieram contra Ele usando palavras de engano, mas na Palavra de Deus (verdade e fidelidade) estava a defesa de Cristo. Diante dos religiosos judeus, Jesus se defendeu apresentando as Escrituras, e quando foi tentado pelo diabo no deserto, Ele usou as Escrituras para se proteger.

Muitas pessoas ficam arrepiadas ao ler o verso seguinte, por falta de compreensão:

“Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia, nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia” (Salmo 91:5).

Este verso resume o que é exposto profeticamente pelo Salmo 64:

“Ouve, ó Deus, a minha voz na minha oração; guarda a minha vida do temor do inimigo. Esconde-me do secreto conselho dos maus, e do tumulto dos que praticam a iniquidade, que afiaram as suas línguas como espadas; e armaram por suas flechas palavras amargas, para de lugares ocultos atirarem sobre o que é reto; disparam sobre ele repentinamente, e não temem” (Salmo 64:1-4).

Aqui, vemos que o terror da noite, a seta que voa de dia, a peste que anda na escuridão e a mortandade que assola ao meio-dia representam as palavras de engano, as tentações e as ameaças que os adversários do Messias usaram contra Ele. No entanto, Cristo não foi abalado por esses ataques, pois confiava plenamente na proteção e nas promessas de Deus. Sua vitória sobre esses perigos serve como um exemplo de obediência que nós, como Seus seguidores, também devemos imitar.

“OUVE, ó Deus, a minha voz na minha oração; guarda a minha vida do temor do inimigo. Esconde-me do secreto conselho dos maus, e do tumulto dos que praticam a iniquidade. Que afiaram as suas línguas como espadas; e armaram por suas flechas palavras amargas, A fim de atirarem em lugar oculto ao que é íntegro; disparam sobre ele repentinamente, e não temem. Firmam-se em mau intento; falam de armar laços secretamente, e dizem: Quem os verá? Andam inquirindo malícias, inquirem tudo o que se pode inquirir; e ambos, o íntimo pensamento de cada um deles, e o coração, são profundos” (Salmo 64:1 -6).

Os soldados no campo de batalha frequentemente enfrentam o tormento do medo do inimigo, especialmente à noite, quando o risco de um ataque sorrateiro é maior, e durante o dia, com o constante perigo representado pelas flechas inimigas. Esse medo é exacerbado pela escuridão, que simboliza a falta de entendimento da palavra de Deus. As setas representam os ataques com palavras mentirosas direcionados ao Messias enquanto Ele estava entre os homens (João 12:35-36).

No entanto, a confiança do Messias em Seu Pai é claramente expressa no Salmo 64: “Guarda a minha alma do temor do inimigo!” (v. 1). Mas quais seriam as armas dos inimigos do Messias? A resposta está na língua!

“A minha alma está entre leões, e eu estou entre aqueles que estão abrasados, filhos dos homens, cujos dentes são lanças e flechas, e a sua língua espada afiada” (Salmo 57:4).

“Aguçaram as línguas como a serpente; o veneno das víboras está debaixo dos seus lábios” (Salmo 140:3).

Enquanto os inimigos de Davi possuíam espadas afiadas, o Filho de Davi, o Messias, enfrentaria homens cujas línguas eram tão afiadas quanto espadas. As suas setas consistiam em palavras amargas! Eles secretamente engendravam planos para eliminar o Messias (João 11:53), mas com a Palavra de Deus como escudo e broquel, o Messias não seria atingido.

Ao desviarem-se da palavra do Senhor, os filhos de Israel tornaram-se como uma vinha que produz vinho venenoso:

“O seu vinho é ardente veneno de serpentes, e peçonha cruel de víboras” (Deuteronômio 32:33).

Esse veneno estava na língua dos filhos do povo de Jacó:

“Aguçaram as línguas como a serpente; o veneno das víboras está debaixo dos seus lábios. (Selá.)” (Salmo 140:3).

Mas Jesus, plenamente ciente dessa realidade, compreendia a natureza venenosa das palavras e das intenções de Seus inimigos.

Essa peculiaridade dos inimigos do Messias — a língua afiada e venenosa — é um símbolo do engano e da malícia que o Messias enfrentaria. As palavras afiadas como espadas, as setas amargas, e o veneno nas línguas de Seus opositores não eram meros insultos; eram tentativas de desviá-Lo de Sua missão e de minar Sua confiança no Pai. No entanto, a confiança de Jesus em Deus foi inabalável. Ele sabia que, mesmo em meio a essas traições e palavras envenenadas, a Palavra de Deus seria Sua defesa.

Jesus enfrentou esses ataques com a mesma confiança expressa nos Salmos, sabendo que a verdade de Deus o protegeria. Assim, Ele resistiu às armadilhas linguísticas e aos planos malignos, demonstrando que a Palavra de Deus, como escudo e broquel, é a proteção suprema contra as armas do inimigo.

“Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca” (Mateus 12:34).

Mil à direita e dez mil à esquerda

“Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará próximo de ti. Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios” (Salmo 91:7 -8).

Para evitar a queda de muitos, o precursor do Messias, João Batista, foi enviado com o propósito de preparar o caminho do Senhor, removendo os tropeços do caminho do povo para que não rejeitassem a Cristo. Como está escrito:

“E dir-se-á: Aplanai, aplanai a estrada, preparai o caminho; tirai os tropeços do caminho do meu povo” (Isaías 57:14).

O profeta Isaías havia predito que os moradores das duas casas de Israel — Judá e Israel — haveriam de tropeçar por se escandalizarem com o Cristo:

“Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo, às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de Jerusalém” (Isaías 8:14).

A queda de milhares estava prevista, pois tropeçariam na pedra de esquina, que é Cristo:

“E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados” (1 Pedro 2:8).

O Messias não precisaria agir diretamente contra os ímpios, pois Ele sabia que o juízo sobre eles seria inevitável. O Salmo 56:7 sugere que Cristo simplesmente observaria a recompensa dos ímpios: “Eles fugirão após os seus caminhos; os seus planos os trarão à ruína.” Por quê? Porque Cristo escolheu o Senhor como Seu refúgio, confiando no Deus que tudo executa em favor do Messias (Salmo 57:2-3).

Jesus deixou claro que Ele não veio ao mundo para condenar, mas para salvar. Ele não emitiu juízo sobre as pessoas durante Seu ministério terreno, conforme Ele próprio afirmou:

“E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo” (João 12:47).

E ainda:

“Vós julgais segundo a carne; eu a ninguém julgo” (João 8:15).

Portanto, o papel de Cristo era o de trazer salvação e não condenação. A rejeição do Messias por muitos foi, de fato, uma tragédia espiritual predita nas Escrituras, mas foi também um cumprimento profético que demonstrou a fidelidade de Deus ao realizar Seu plano redentor. Aqueles que tropeçaram fizeram isso por incredulidade, mas para os que creem, Cristo é o refúgio e a salvação.

Deus é refúgio

“Porque Tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a Tua habitação” (Salmo 91:9).

Todas as promessas do Salmo 91 são cumpridas porque o Messias fez do Altíssimo o Seu lugar de refúgio. Esse conceito está profundamente ligado ao primeiro verso do Salmo: o Verbo, que habitava o lugar oculto do Altíssimo, após ser introduzido no mundo como o Primogênito de Deus, passou a descansar na sombra do Onipotente (Salmo 57:1).

Aquele que fez do Altíssimo a Sua habitação, ou seja, que se refugiou no Altíssimo (v. 9), é o mesmo que reside no esconderijo do Altíssimo (v. 1). A pergunta, então, é: Quem fez a Sua morada no Altíssimo? A resposta aponta para o único homem que verdadeiramente fez do Altíssimo a Sua morada: o Descendente prometido a Davi, o Senhor que o salmista viu à mão direita de Deus.

Proteção perene

“Nenhum mal Te sucederá, nem praga alguma chegará próximo da Tua tenda. Porque aos Seus anjos dará ordem a Teu respeito, para Te guardarem em todos os Teus caminhos. Eles Te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o Teu pé contra uma pedra. Pisarás sobre o leão e a cobra; calcarás aos pés o leão jovem e o dragão” (Salmo 91:10 -13).

Quando Jesus nasceu, muitas crianças foram mortas por ordem de Herodes, mas nenhum mal O atingiu. Sua família mudou-se para o Egito, e nenhuma praga acometeu Sua família terrena (Mateus 2:16). Aos anjos foi dada a ordem de proteger o Messias em todos os Seus caminhos. Eles estavam encarregados de amparar Cristo e livrá-Lo de todo mal (Salmo 57:3; Salmo 56:13).

O diabo, sabendo que as promessas do Salmo 91 se referiam a Cristo, tentou usar essa profecia para testar Jesus. Ele disse:

“Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo. Pois está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e eles te tomarão nas mãos, para que não tropeces nalguma pedra” (Mateus 4:6).

Observe que o diabo:

1. Conhecia as Escrituras;
2. Lançou dúvidas sobre a filiação divina do Messias;
3. Estabeleceu um teste para provar a filiação divina de Cristo;
4. Deu uma ordem com falso embasamento nas Escrituras;
5. Sabia que o cuidado de Deus estipulado no Salmo 91 visava proteger o Messias dos ataques diretos de anjos decaídos e homens maus (Salmo 56:5; Mateus 2:12-13).

O diabo estava ciente de que Deus não interfere nas decisões dos homens, e que, se Cristo escolhesse pular, Ele sofreria as consequências dessa decisão, assim como aconteceu com o primeiro Adão.

No entanto, Jesus respondeu com a verdade, que é o escudo e broquel mencionado no Salmo 91:

“Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus” (Mateus 4:7).

A confiança de Jesus derivava do amor e da fidelidade de Deus (Salmo 57:3), atributos imutáveis, pois, ao prometer, Deus Se interpôs com juramento, com base em Seu próprio conselho — duas coisas imutáveis (Hebreus 6:18).

O Messias descansava à sombra do Onipotente, plenamente ciente da proteção divina em todos os Seus caminhos e seguro de que não haveria de tropeçar. No entanto, essa proteção não incluía forçar Deus a agir contra Sua própria natureza.

Foi dado poder ao Filho do Homem para andar entre o leão e a cobra. Acerca da serpente, temos a profecia em Gênesis:

“E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e o seu descendente; este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênesis 3:15).

Além de ferir a cabeça da serpente, o Salmo 57 demonstra que os filhos do povo do Messias são comparáveis a bestas famintas, como leões:

“A minha alma está entre leões; estou deitado entre bestas famintas, homens cujos dentes são lança e flechas, e cuja língua é espada afiada” (Salmo 57:4).

Esses homens atacaram Cristo com palavras, mentiras forjadas em seus conselhos malignos, com o intento de matar o enviado de Deus (Salmo 1:1). No entanto, mesmo entre leões e áspides, o Messias permaneceu em paz (deitado), pois confiava plenamente em Deus.

Essa confiança não era uma confiança cega ou arrogante, mas uma confiança fundamentada no conhecimento da vontade de Deus e na certeza de Sua fidelidade. Jesus sabia que estava sob a proteção do Pai, mas também sabia que essa proteção não significava que Ele poderia agir de forma imprudente ou tentar a Deus. Sua vitória sobre as tentações do diabo não foi apenas uma demonstração de Sua obediência, mas também um exemplo para nós de como confiar em Deus e resistir ao mal, sabendo que Deus nos protege em todos os nossos caminhos quando seguimos Sua vontade.

Vida eterna ao Filho

“Porquanto tão encarecidamente Me amou, também Eu O livrarei; pô-Lo-ei num alto retiro, porque conheceu o Meu nome. Ele Me invocará, e Eu Lhe responderei; estarei com Ele na angústia; dela O retirarei, e O glorificarei. Fartá-lo-ei com longura de dias, e Lhe mostrarei a Minha salvação” (Salmo 91:14 -16).

Até o verso 13 do Salmo 91, o salmista profetiza sobre o Messias, descrevendo as promessas de proteção e livramento que seriam concedidas a Ele. A partir do verso 14, o discurso muda, e o salmista transcreve o que o Senhor diz, indicando uma mudança na pessoa do discurso.

O Messias descansou na confiança em Deus, e por isso, o Pai Eterno O livrou:

“Pois tu livraste a minha alma da morte, como também os meus pés de tropeçarem, para que eu ande diante de Deus na luz da vida” (Salmo 56:13).

Enquanto no Salmo 91 temos uma promessa de livramento que seria concedida ao Messias, no Salmo 56 temos o próprio Messias declarando que foi resgatado da morte.

Por ‘conhecer’ o Pai em uma união íntima, Cristo foi exaltado a um alto retiro, à destra de Deus nas alturas (Salmo 110:1; João 10:30). Na Bíblia, o termo ‘conhecer’ tem dois significados: ‘ter ciência de algo’ e ‘comunhão íntima’. No contexto do Salmo 91, ‘conhecer’ refere-se à comunhão íntima entre o Pai e o Filho. Do mesmo modo que o Pai e o Filho são pessoas distintas, mas são um (João 10:30), todos quantos crerem no Filho tornam-se um com o Pai e o Filho (João 17:21-23).

O Messias invocaria o Senhor (Salmo 56:1; Salmo 57:1), e Deus O responderia. Mas como Deus responderia? Não livrando Cristo da angústia, mas prometendo estar com Ele durante o período de angústia. Para que Deus estivesse presente na angústia, o Cristo deveria experimentar e de fato experimentou essa angústia:

“E tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, e começou a ter pavor, e a angustiar-se” (Marcos 14:33).

Cristo não foi abandonado na cruz; ao contrário, o Pai O ouviu e O atendeu (Salmo 22:24). A má interpretação de que Cristo foi abandonado ocorre quando não se reconhece que os Salmos são profecias (Salmo 22:1; Mateus 27:46).

Nos evangelhos, vemos que Jesus clamou ao Pai no Getsêmani, mas foi angustiado até a morte, e morte de cruz:

“Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar” (Mateus 26:36).

O Messias foi glorificado ao entregar Seu espírito ao Pai, momento em que o Pai O retirou da angústia:

“Em ti, ó Senhor, me refugio; nunca seja eu envergonhado; livra-me pela tua retidão (…) Nas tuas mãos encomendo o meu espírito…” (Salmo 31:1-5).

Cristo foi glorificado com a glória que Ele tinha antes de ser introduzido no mundo e entrou no descanso do Pai, até que Seus inimigos sejam postos por estrado dos Seus pés:

“E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (João 17:5).

A promessa do Pai para o Filho é abundância de dias, ou seja, vida eterna:

“Vida te pediu, e lha deste, mesmo longura de dias para sempre e eternamente” (Salmo 21:4).

O Filho do homem viu a salvação de Deus:

“Tu és o mais formoso dos filhos dos homens e os lábios foram ungidos com a graça, por isso Deus te abençoou para sempre. Cinge a tua espada à coxa, ó valente; cinge-te de glória e majestade” (Salmo 45:2-3).

Sobre o Verbo Eterno que assumiu a condição de Filho, o Salmo 45 declara:

“O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de equidade. Tu amas a retidão e odeias a impiedade; portanto Deus, o teu Deus te ungiu com o óleo de alegria, mais do que a teus companheiros” (Salmo 45:6-7; Hebreus 1:8).

Agora que você sabe que essas promessas foram feitas ao Filho do homem e dizem respeito a Cristo, creia no enviado de Deus, Jesus Cristo, que foi morto e glorificado (1 Timóteo 3:16; Romanos 1:2-4), para que você possa receber de Deus o poder de ser feito um de Seus filhos (João 1:12). Através da fé em Cristo, você se torna co-herdeiro de Deus e participante das promessas:

“Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o Amém, para glória de Deus por nós” (2 Coríntios 1:20; 2 Pedro 1:4).

Se você creu em Cristo conforme as Escrituras (João 7:38) e é uma nova criatura (2 Coríntios 5:17), não se deixe levar por crendices, rezas ou orações com trechos de Salmos, ou de qualquer outra parte das Escrituras. Também não se deixe enganar por supostos ‘desafios de fé’, onde certas pessoas incitam seus ouvintes a doarem seus bens ou a se comprometerem com promessas vazias, como “Se você não for abençoado, rasgo a minha Bíblia!” ou “Se você tem fé, doe o melhor, ou doe tudo”.

A Bíblia garante que todos os que creem já receberam de Deus todas as bênçãos espirituais (Efésios 1:3; 2 Pedro 1:3). Se alguém promete bênçãos que não estejam listadas no capítulo 1 da carta de Paulo aos Efésios, ou nas enumeradas no Salmo 103, desconfie.

Assim como o Pai prometeu estar com o Filho na angústia, Jesus também prometeu estar com os que creem todos os dias (Mateus 28:20). Para que tivéssemos paz, Ele nos alertou que no mundo teríamos aflições (João 16:33). Qualquer um que prometa livrá-lo das aflições diárias não fala conforme a verdade do evangelho, pois o próprio Cristo não prometeu livrar os cristãos das aflições, mas nos avisou que seríamos suscetíveis a elas.

Os cristãos devem estar certos de que todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus e que, em todas as coisas, somos mais que vencedores:

“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8:28);

“Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Romanos 8:37).

Uma importante lição bíblica

O Salmo 91 é uma lição bíblica essencial a alguém que quer aprender a interpretar os salmos como profecias que apontam para Cristo. Este Salmo é uma importante lição bíblica para se aprender a interpretar os salmos como profecias acerca de Cristo. Os salmos não são apenas orações ou poemas, mas também contêm mensagens proféticas sobre o Messias. Ao ler os salmos, devemos estar atentos a estas profecias e buscar compreendê-las à luz da pessoa de Jesus Cristo.

O Salmo 91 destaca que Cristo, ao fazer do Altíssimo o Seu refúgio, foi protegido e guardado em todos os Seus caminhos. Mesmo diante de tentações e ataques, como a tentativa do diabo de usar as Escrituras para desafiá-Lo, Jesus permaneceu firme, confiando na fidelidade de Deus.

A interpretação correta dos salmos como profecias revela que essas promessas de proteção e livramento foram cumpridas em Cristo. Além disso, mostra que o conhecimento íntimo do Pai e a confiança absoluta em Sua proteção foram fundamentais para a missão de Jesus.

Os cristãos, ao entenderem que essas promessas se aplicam primeiramente a Cristo, podem se fortalecer no evangelho, sabendo que, ao crerem em Jesus, tornam-se co-herdeiros dessas mesmas promessas. Isso nos ensina a evitar interpretações superficiais ou aplicadas de forma errada e a confiar na proteção e na presença constante de Deus, mesmo em meio às aflições. Ao ver Cristo como o cumprimento dessas promessas, os crentes são encorajados a confiar plenamente em Deus, sabendo que, em Cristo, compartilham da proteção e da presença divina.

O Salmo 91, portanto, não é apenas uma promessa de segurança pessoal, mas uma profecia poderosa que aponta para Cristo, o autor e consumador da fé, bem como evidencia a fidelidade e imutabilidade Deus para com aqueles que confiam n’Ele.

 

Claudio Crispim

Link para imprimir o Salmo 91

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

17 thoughts on “Salmo 91 – Aquele que Habita no esconderijo do Altíssimo

  • Muito bom esse artigo. Esclareceu-me muitas dúvidas.

    Que Deus continue lhe dando inspiração.

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  • Parabéns! Enriquecedor Estudo…Deus continue lhe dando está graça para escrever… fui muito abençoado por vc!!!

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  • Extraordinário esse estudo, uma visão como nunca tinha ouvido falar deste Salmo. Vou me aprofundar nesse estudo.

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    • Durante toda a minha caminhada de fé eu nunca tinha encontrado uma explicação do salmos 91 com tanta graça e sabedoria,com tanta profundeza é lindo

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  • Tremendo estudo que nos direciona a entender melhor o que está explícito no contexto do capítulo.

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  • Parabéns ao autor deste excelente artigo que mostra a gloria suprema do Eterno e seu unigênito filho reveladas entre e a nós co-herdeiros das mansões celestiais em Cristo Jesus. Padeçamos as aflições deste presente século como um fiel soldado de Cristo Jesus, sendo seu imitador, pois nada é comparado a gloria que nos há de ser revelada.

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  • Que o senhor continue abrindo sua visão espiritual para compreendermos as escrituras.
    Deus abençoe sua vida um estudo muito esclarecedor.

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  • Coisa tremenda, sentimos a presença de Deus ao folhearmos esse estudo, parabéns ao autor, que Deus continue lhe abençoando .

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  • Enriquecedor este estudo nos ajuda a entendemos muito sobre apalavra de Deus

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  • Artigo que enriqueceu meus estudos acerca da Palavra! Deus abençoe!

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  • Eita coisa boa é compartilharmos a palavra do Senhor!!

    Estudo edificante s super bem feito.

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  • Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, eu entendo que é aquele que está em Cristo. Aquele que ja nasceu de novo. “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por intermédio de Jesus Cristo. O Esconderijo do Altíssimo tem nome: Jesus Cristo.

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    • Olá.. O salmo é messiânico. Embora estejamos em Cristo, o salmo fala de Cristo. É uma profecia que remete a Cristo, e não a nós.

      Att

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  • Ñ concordo q no salmo 91 diz sobre Jesus creio q fala sobre nós msm ( na vdd fala daquele q ainda ñ reconhecerem Jesus) e por estarem passando por algo q o temem o Senhor revelará essa palavra e aí sim se reconhecer será protegido e SALVO como diz no último versiculo!
    Pq Jesus ñ teve abundância de dias…morreu com 33 anos somente!(eternidade ñ se considera conta em de tempos, então ñ fala sobre lá) e mostrarei a salvação, é pq a pessoa inda ñ está salvo, simples assim!
    Só quis colocar meu achismo, refilitem e orem p o Espírito Santo mostrar realmente a revelação sobre esse versículo…Deus abençoe! Parabéns pelo site, visito sempre!

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  • Glorias a Deus pelo seu trabalho! Nao conseguia compreender a estrutura profunda desse Salmo. Sempre que eu o lia, sentia que faltava muitas coneccoes. As pessoas pronominais presentes deixava-me confusa, pois nao as identificava, a nao ser o salmista.
    Que bom ter encontrado esse Site! Parabens pelo trabalho!
    Que Deus abencoe cada dia mais a todos os envolvidos nesse maravilhoso trabalho de garimpar a Palavra e mostrar-nos os tesouros ocultos.

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