Apocalipse

Por que Abraão habitou em tendas na terra da promessa?

Se os filhos de Jacó admitissem que eram estrangeiros e peregrinos como fez o pai Abraão que habitou em tendas na terra da promessa, automaticamente estariam demonstrando que estavam desejosos de uma pátria melhor, isto é, a celestial.


Por que Abraão habitou em tendas na terra da promessa?

Continuação do artigo: O mistério da ‘Babilônia’ do Apocalipse

A origem da Jerusalém terrena

A Grande Cidade do Apocalipse diz da cidade que abrigará os filhos de Israel após o arrebatamento da Igreja. Para compreendermos a condição da Grande Cidade faz-se necessário analisar o surgimento da cidade de Jerusalém.

Conforme o profeta Ezequiel, o surgimento de Jerusalém se deu na terra dos cananeus “E dize: Assim diz o Senhor DEUS a Jerusalém: A tua origem e o teu nascimento procedem da terra dos cananeus. Teu pai era amorreu, e tua mãe hetéia” ( Ez 16:3 e 45).

O ‘pai’ da cidade de Jerusalém é identificado como amorita ou amorrita ou amorreus (nomes dado aos antigos babilônios), povos semitas vindos do deserto sírio-árabe que se estabeleceram na cidade da Babilônia tornando-se importante centro comercial na mesopotâmia devido a sua localização privilegiada.

Por amorreu entende-se o indivíduo que pertencente aos amorreus, um povo semita seminômade do Oriente antigo, que migrou da Península Arábica até à Palestina. Os amorreus estão arrolados entre os primeiros habitantes da terra de Canaã, mas o termo também é utilizado para fazer referência a um dos filhos de Sidon, primogênito de Canaã, sendo Canaã descendente de Cão, e Cão de Noé ( Gn 10:6 e 15-16 ; 1Cr 1:13 -14).

A ‘mãe’ da cidade de Jerusalém foi identificada como hetéia, o filho mais novo de Canaã, Hete, portanto, um descendente de Cão, o filho mais novo de Noé. Abraão comprou a sepultura de Macpela de um heteu (Gn 23.10), e as duas mulheres de Esaú também pertencia aos heteus (Gn 26.34).

Por que é necessário observarmos quais foram os primeiros habitantes das terras onde se firmou a cidade de Jerusalém? Porque através desta releitura da história bíblica identificamos o motivo pelo qual Abraão é identificado nas Escrituras como o pai da fé de todos os que creem e, os seus descendentes, segundo a carne, rejeitados diante de Deus.

Terá, pai de Abraão, gerou Harã, o irmão caçula de Abraão na cidade de Ur dos caldeus “E morreu Harã estando seu pai Terá ainda vivo, na terra do seu nascimento, em Ur dos caldeus” ( Gn 11:28 ), o que sugere que Abraão também nasceu na cidade de Ur dos caldeus (Gn 11:31 ; Gn 15:7 ; Ne 9:7 ).

Após a morte de Harã, Abraão casou-se com Sara. Naor, irmão de Abraão, casou-se com Milca. O pai de Abraão, Terá, reuniu os seus filhos e saiu de Ur dos caldeus em direção a Canaã, porém, parou na cidade de Harã, e habitaram ali.

Quando Abrão estava com setenta anos, saiu de Harã, terra onde os seus parentes habitavam, juntamente com Ló, filho de seu irmão, para uma terra que ainda seria revelada por Deus ( Gn 12:1 -4 ).

De Harã Abraão peregrinou juntamente com Ló até chegar a cidade de Canaã ( Gn 12:5 ), terra que pertencia aos cananeus, descendentes de Cão ( Gn 12:6 ), e que Deus prometeu dar a descendência de Abraão ( Gn 12:7 ).

No mesmo dia em que Deus anunciou que daria um filho a Abraão, foi feita uma aliança, e Deus estabeleceu as terras que pertenciam aos descendentes de Canaã, o filho mais novo de Cão, como herança dos descendentes de Abraão. Foi especificado que as terras desde o rio do Egito até o rio Eufrates pertenceriam à descendência de Abraão, e dentre os povos que habitavam as terras constava os amoreus e os heteus “Naquele mesmo dia fez o SENHOR uma aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates; E o queneu, e o quenezeu, e o cadmoneu, E o heteu, e o perizeu, e os refains, E o amorreu, e o cananeu, e o girgaseu, e o jebuseu” ( Gn 15:18 -21; Sl 135:10 -12).

Quando Deus aponta as abominações de Jerusalém, deixa claro que inicialmente o território que deu origem à cidade era habitado pelos cananeus e heteus, povos que foram expulsos por serem ímpios “Quando, pois, o SENHOR teu Deus os lançar fora de diante de ti, não fales no teu coração, dizendo: Por causa da minha justiça é que o SENHOR me trouxe a esta terra para a possuir; porque pela impiedade destas nações é que o SENHOR as lança fora de diante de ti” ( Dt 9:4 ).

O povo hebreu (O termo hebreu significa “gente do outro lado do rio”, ou seja, do rio Eufrates) foi introduzido na terra prometida, não porque eram mais justos que os povos que estava sendo expulsos, antes por causa da promessa que Deus fez aos pais “Não é por causa da tua justiça, nem pela retidão do teu coração que entras a possuir a sua terra, mas pela impiedade destas nações o SENHOR teu Deus as lança fora, de diante de ti, e para confirmar a palavra que o SENHOR jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó” ( Dt 9:5 ).

Para confirmar a promessa feita aos pais, Deus estendeu a aba do seu manto sobre Jerusalém, porém, o coração da nação de Israel que estava sendo introduzido na terra era idêntico ao dos povos que foram expulsos de suas terras e cidades ( Ez 16:8 ).

O povo que foi expulso da terra era ímpio, condição atrelada ao coração, já os descendentes da carne de Abraão por circuncidarem o prepúcio da carne consideravam que eram mais justos que os povos que foram lançados fora da terra, porém, a impiedade só é lançada foram quando ocorre a circuncisão no coração.

Quando Abraão recebeu o sinal da circuncisão na carne, aos noventa e nove anos, bem antes já havia circuncidado o seu coração , visto que Abraão foi declarado justo antes de receber o selo da circuncisão na carne.

“E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que creem, estando eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhes seja imputada” ( Rm 4:11 ).

Em Gênesis 15, verso 6, Abraão foi justificado porque creu em Deus, e só no capítulo 17, verso 10 à 14 é estabelecida uma aliança entre Deus e Abraão, tendo a circuncisão do prepúcio por sinal.

 

Os desvios dos filhos de Israel

Os descendentes da carne de Abraão, ao oitavo dia, eram circuncidados, um modo de serem identificados como povo descendente da carne de Abraão, porém, quando estavam a caminho da terra prometida, a ordem de Deus era especifica: “Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz” ( Dt 10:16 ).

A circuncisão da carne somente identificava os membros da nação de Israel, no entanto, o que confere a filiação de Abraão, ou o selo da justiça da fé é a circuncisão do coração, que não é feita por mão dos pais terrenos, antes pela mão do Pai celeste. A circuncisão do coração é incisão que somente Deus pode fazer, pois ele tira o coração de pedra é dá um novo coração ( Ez 11:19 ).

Por isso Deus alerta que, apesar de estarem sendo introduzidos na terra, os filhos de Jacó não eram mais justos do que os povos que estavam sendo expulsos da terra ( Dt 9:4- 5 ).

Quando Deus anunciou, por meio de Moisés que Israel adentraria a terra dos heteus, girgaseus, amorreus, cananeus, perizeus, heveus e jebuseus, foi determinado que exterminassem completamente aqueles povos, bem como destruíssem todos os seus ídolos, estatuas e altares para que não se contaminassem com os seus ídolos “E, destruindo a sete nações na terra de Canaã, deu-lhes por sorte a terra deles” ( At 13:19 ; Dt 7:1 ).

Aqueles povos seriam destruídos gradativamente para que as feras dos campos não se multiplicassem e atacassem o povo de Israel “E o SENHOR teu Deus lançará fora estas nações pouco a pouco de diante de ti; não poderás destruí-las todas de pronto, para que as feras do campo não se multipliquem contra ti” ( Dt 7:22 ).

Entretanto, quando passassem a habitar a terra prometida, ao tomar da terra as primícias dos frutos, os filhos de Jacó deveriam confessar (admitir) que eram filhos de um arameu, visto que Jacó saiu de Canaã para não tomar por mulher uma das filhas da terra e foi a Padã-Arã, à família de Betuel, o arameu, pai de Rebeca “Então testificarás perante o SENHOR teu Deus, e dirás: Arameu, prestes a perecer, foi meu pai, e desceu ao Egito, e ali peregrinou com pouca gente, porém ali cresceu até vir a ser nação grande, poderosa, e numerosa” ( Dt 26:5 ); “E ISAQUE chamou a Jacó, e abençoou-o, e ordenou-lhe, e disse-lhe: Não tomes mulher de entre as filhas de Canaã; Levanta-te, vai a Padã-Arã, à casa de Betuel, pai de tua mãe, e toma de lá uma mulher das filhas de Labão, irmão de tua mãe” ( Gn 28:1 -2).

Em Harã, Deus promete a Jacó o mesmo que foi prometido a Abraão, seu pai “E eis que o SENHOR estava em cima dela, e disse: Eu sou o SENHOR Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que estás deitado, darei a ti e à tua descendência; E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra; E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado” ( Gn 28:13 -15).

Quando Jacó retornou à terra das peregrinações de Abraão, seu pai, Raquel, sua mulher, furtou os ídolos do seu pai, Labão, e os trouxe consigo para Salém, cidade de Siquém, que fica em Canaã “E chegou Jacó salvo à Salém, cidade de Siquém, que está na terra de Canaã, quando vinha de Padã-Arã; e armou a sua tenda diante da cidade” ( Gn 33:18 ).

Quando Deus fala a Jacó para subir a Betel, foi necessário ele concitar a sua família que tirassem do meio deles os ídolos ( Gn 35:2 ), e todos os deuses estranhos que foram retirados, Jacó os escondeu debaixo de um carvalho que ficava junto a Siquém ( Gn 35:4 ). É significativo o fato de que Siquém, onde os ídolos foram enterrados, fica na terra de Canaã.

Mas, quando os filhos de Israel adentraram a terra prometida, cobiçaram as filhas dos povos que habitavam na terra, desejaram os seus ídolos, o ouro e a prata que cobriam os seus ídolos e não confessaram que eram filhos de um arameu ( Dt 26:5 ).

Por serem descendentes da carne de Abraão e por residirem nas terras de Canaã, o povo de Israel se ensoberbeceu ( Sf 3:1 e 11). Desde Canaã multiplicou-se as prostituições dos filhos de Jacó na cidade de Jerusalém, sendo que as prostituições se estenderam ao Egito (vizinhos) e até os confins da Caldeia e da Assíria ( Ez 16:26 -29).

Enquanto a Babilônia diz de um império que estendeu os seus domínios por todas as nações que ocupavam as regiões férteis dos rios Tigre, Eufrates e Nilo, a ‘grande Babilônia’ diz da ‘grande cidade’ que estendeu as suas prostituições e abominações a todos os povos que habitaram as regiões férteis do mediterrâneo.

Já no Egito a nação deixou que fossem apalpados os seios de sua virgindade ( Ez 23:3 e 8).

Antes de se auto intitular filhos de Abraão, o povo de Israel deveria lembrar que eram filhos de um amorreu. Antes de se declararem filhos de Israel (Jacó), deveriam lembrar que eram descendentes de um heteu. Deveriam lembrar que a terra de Jerusalém remonta a Cão e ao filho mais novo de Cão, Canaã, e que Canaã foi amaldiçoado por Noé “E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos. E disse: Bendito seja o SENHOR Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo” ( Gn 9:25 -27).

Os líderes de Israel confiavam que estavam na terra prometida aos pais, porém, se esqueceram de observar que os habitantes das terras dadas a Israel jamais seriam livres, antes para sempre seriam servos porque foram amaldiçoados por Noé por causa do atrevimento de Cão, pai de Canaã.

A maldição que caiu sobre Canaã, o filho mais novo de Cão, atingiu todos os termos dos cananeus, ou seja, desde Sidon, Gerar, Gaza, Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim até Lasa. A acusação de que a mãe de Jerusalém era hetéia e o pai amorreu demonstra que os termos da cidade pertenceram ao filho mais novo de Canaã “E Canaã gerou a Sidom, seu primogênito, e a Hete; E ao jebuseu, ao amorreu, ao girgaseu, E ao heveu, ao arqueu, ao sineu, E ao arvadeu, ao zemareu, e ao hamateu, e depois se espalharam as famílias dos cananeus. E foi o termo dos cananeus desde Sidom, indo para Gerar, até Gaza; indo para Sodoma e Gomorra, Admá e Zeboim, até Lasa” ( Gn 10:15 -19).

Embora o povo de Israel se sentisse bem-aventurados por habitar a região da palestina e que era melhor que as nações em redor por ser descendente de Abraão, a palavra do Senhor proferidas pelos profetas expunham as abominações e a verdadeira origem e o parentesco da cidade que habitavam: “Tu és filha de tua mãe, que tinha nojo de seu marido e de seus filhos; e tu és irmã de tuas irmãs, que tinham nojo de seus maridos e de seus filhos; vossa mãe foi hetéia, e vosso pai amorreu. E tua irmã, a maior, é Samaria, ela e suas filhas, a qual habita à tua esquerda; e a tua irmã menor, que habita à tua mão direita, é Sodoma e suas filhas” ( Ez 16:45 -46); “E dize: Assim diz o Senhor DEUS a Jerusalém: A tua origem e o teu nascimento procedem da terra dos cananeus. Teu pai era amorreu, e tua mãe hetéia” ( Ez 16:3 e 45).

Os habitantes de Jerusalém não atinaram que nem todos os que habitavam nos termos de Israel eram de fato israelitas, visto que ser descendente da carne de Abraão não é o que confere a filiação do patriarca, visto que somente os filhos da promessa são contatos como descendência ( Rm 9:6 -8).

Se ao entrar na terra da promessa os filhos de Israel confessassem que eram filhos de um arameu (filhos de Jacó), seriam obediente ao mandamento do Senhor e seriam justificados assim como o foi Abraão. Admitir que eram filhos de um arameu demonstrava que haviam compreendido que eram peregrinos na terra da promessa, assim como Abraão ( Gl 3:7 -9).

O que isto significa? Se Abraão, sendo o pai da fé, viveu na terra da promessa em cabanas juntamente com Isaque e Jacó dando a entender que eles não possuíam ali possessão permanente, antes buscavam uma cidade melhor ( Hb 11:8 -10), isto significa que todos os que compartilhavam da mesma fé de Abraão não deveriam se apossar da terra como possessão permanente, antes deveriam viver nela como em terra alheia, portanto, confessando que eram arameus e habitando em tendas.

Abraão habitou em tendas e não se esqueceu do Senhor, já os filhos de Israel passaram a habitar em casas que não edificaram e não observaram a palavra do Senhor.

“Quando, pois, o SENHOR teu Deus te introduzir na terra que jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó, que te daria, com grandes e boas cidades, que tu não edificaste, E casas cheias de todo o bem, que tu não encheste, e poços cavados, que tu não cavaste, vinhas e olivais, que tu não plantaste, e comeres, e te fartares, Guarda-te, que não te esqueças do SENHOR, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão” ( Dt 6:10 -12).

Se os filhos de Jacó admitissem (confessassem) que eram arameus, era um sinal claro de que compreenderam que não eram melhores do que as nações que habitaram as terras de Canaã e foram expulsos ( Dt 9:4 -7).

Confessar ser arameu ao adentrar a terra era o mesmo que confessar que eram estrangeiros e peregrinos na terra ( Hb 11:13 ), pois se assim professassem, claramente estavam demonstrando que, como Abraão, buscavam uma pátria melhor ( Hb 11:14 ). Se os filhos de Jacó admitissem que eram estrangeiros e peregrinos como fez o pai Abraão, automaticamente estariam demonstrando que estavam desejosos de uma pátria melhor, isto é, a celestial.

Da mesma forma que Deus não se envergonhou de nomear-se como sendo o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, semelhantemente Deus não se envergonharia de chamar os israelitas que admitissem que eram filhos de um arameu, de ser o Deus deles “Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus” ( Êx 3:6 ; Hb 11:16 ).

 

A importância de ler as Escrituras

O povo de Israel não observou que os herdeiros da Jerusalém terrena eram escravos ( Gn 9:25 ) com os seus filhos por causa da maldição que o filho mais novo de Noé (Cão), trouxe sobre o seu filho Canaã, e que alcançou o filho caçula de Canaã, Hete.

Além da maldição que recaiu sobre Canaã, Cão gerou a Cuxe, e Cuxe gerou Raamá, e Raamá gerou Sebá e Dedã. Ninrode, por sua vez, descendeu de Cuxe, que edificou na mesopotâmia (terra de Sinar) o reino de Babel, Ereque, Acade e Calné. Foi na mesopotâmia que surgiu a Assíria, que teve por capital Nínive e as cidades de Reobote-Ir, Calá e Resen ( Gn 10:6 -12; Gn 11:2 e Gn 14:1 ).

Observe que os filhos de Cão fazem parte de todas as nações do passado que se tornaram grande império.

Vale destacar que os estudiosos de geografia bíblica consideram a terra de Sinar como a atual Mesopotâmia (do grego, meso = terra, potamos = rios – “terra entre rios”), sendo que ‘Sinar’ significa ‘terra dos rios’ em hebraico.

Abraão descendeu de Sem, bendito do Senhor ( Gn 9:26 ), já Canaã foi posto por servo de Sem e de Jafé. Jafé, por sua vez, encontraria abrigo nas tendas de Sem e também teria Canaã por servo ( Gn 9:26 -28).

O primogênito de Noé, Sem, gerou a Arfaxade, e Arfaxade gerou a Selá, e Selá gerou a Éber, e Éber gerou a Pelegue, e Pelegue gerou a Reú, e Reú gerou a Serugue, e Serugue gerou a Naor, e Naor gerou a Terá, e Terá gerou a Abrão, a Naor, e a Harã ( Lc 3:23  -38).

Abraão era sabedor de que Canaã havia sido posto por servo de Sem, isto dava a entender que as terras onde fica o monte Sinai, que corresponde a Jerusalém terrena, somente gerava filhos para a servidão, assim como Agar gerava para escravidão ( Gl 4:23 -26).

Foi por causa da maldição que estava sobre Canaã que Abraão passou pelas terras dos filhos de Cão sem tê-las como possessão permanente, esperando a cidade que tem fundamentos, a Jerusalém celestial.

Esta questão é facilmente observável quando Ló se apartou de Abraão, visto que Abraão franqueou ao seu sobrinho escolher onde habitar. Ló olhou para as campinas do Jordão que eram bem irrigada ( Gn 13:10 ), e Abraão resolveu permanecer ali mesmo, em Canaã, sem atentar para a aparência da terra, fazendo uso de tendas “Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa” ( Hb 11:9 -10; Gn 13:12 e 18).

Ademais, Abraão não fez caso das riquezas de Sodoma para que não se propagasse o dito de que o rei de Sodoma enriqueceu a Abraão ( Gn 14:22 -23).

Deus alertou a Abraão que os seus descendentes seriam peregrinos em terra alheia e reduzidos à escravidão. Muito tempo depois da morte de Abraão, Jacó adentrou ao Egito e a descendência de Abraão tornou-se escrava ( Gn 15:13 ).

Deus predisse que da descendência de Abraão viria a bem-aventurança a todas as famílias da terra. Há duas linhagens que procedem da carne de Abraão: a linhagem de Ismael e a linhagem de Isaque (apesar de Isaque ter nascido segundo a promessa, descendia da carne de Abraão), sem falar nos filhos que ele teve com sua concubina ( Gn 25:1 ), porém, a promessa não foi feita aos descendentes da carne de Abraão, e sim à sua descendência, que é Cristo.

“Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo” ( Gl 3:16 );

“Porém Deus disse a Abraão: Não te pareça mal aos teus olhos acerca do moço e acerca da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada a tua descendência. Mas também do filho desta serva farei uma nação, porquanto é tua descendência” ( Gn 21:12 -13).

Abraão era sabedor de que a Jerusalém que existia à sua época era escrava com os seus filhos em função de Cão. O apóstolo Paulo evidencia as duas alianças através da alegoria que há em Sara e Agar ( Gl 4:25 ), o mesmo que Abraão evidenciou ao habitar em tendas na terra da promessa. Ao habitar em tendas, Abraão deu a entender que buscava a Jerusalém que é de cima, e o evangelista João viu a GRANDE CIDADE que Abraão esperava – a santa Jerusalém – descer do céu como noiva ataviada para o seu marido em substituição a grande Babilônia que foi destruída “E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu” ( Ap 21:10 ; Gl 4:25 ).

Enquanto a santa Jerusalém é nomeada como a grande cidade, a prostituta que se assenta sobre a besta é nomeada a grande Babilônia, por causa da ‘confusão’ de rosto provocado por suas prostituições “Ó Senhor, a nós pertence a confusão de rosto, aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, porque pecamos contra ti” ( Dn 9:8 ); “O melhor deles é como um espinho; o mais reto é pior do que a sebe de espinhos; veio o dia dos teus vigias, veio o dia da tua punição; agora será a sua confusão” ( Mq 7:4 ).

A primeira babilônia edificada por um dos filhos de Cão, Ninrode, foi Babel, edificada na terra de Sinar com as cidades de Ereque, Acade e Calné ( Gn 11:10 ). Por causa da confusão de línguas efetuada por Deus na terra de Sinar, foi que a cidade que os homens construíram passou a ser chamada de Babel “Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o SENHOR a língua de toda a terra, e dali os espalhou o SENHOR sobre a face de toda a terra” ( Gn 11:9 ).

A grande prostituta – Cidade de Israel – prostituiu-se com os reis da terra e os habitantes da terra sorveram o vinho da sua prostituição. Consequentemente, despertou a ira de Deus, ou seja, chegou o momento da confusão de rosto dos filhos de Israel tal qual nunca houve na face da terra, de modo que a cidade de Israel é denominada Babilônia, a Babel, a confusão, visto que os seus habitantes serão espalhados por Deus sobre a face da terra.

A contaminação dos filhos de Jacó que percorreu a face da terra saíram dos profetas de Jerusalém, de modo que a intervenção divina fazendo com que os filhos de Israel fiquem confundidos e sejam espalhados na face da terra é o motivo pelo qual o nome da cidade de Jerusalém foi trocado para a grande Babilônia “Portanto assim diz o SENHOR dos Exércitos acerca dos profetas: Eis que lhes darei a comer losna, e lhes farei beber águas de fel; porque dos profetas de Jerusalém saiu a contaminação sobre toda a terra” ( Jr 23:15 ; Ap 17:2 ); “Acaso é a mim que eles provocam à ira? diz o SENHOR, e não a si mesmos, para confusão dos seus rostos?” ( Jr 7:19 ); “O SENHOR mandará sobre ti a maldição; a confusão e a derrota em tudo em que puseres a mão para fazer; até que sejas destruído, e até que repentinamente pereças, por causa da maldade das tuas obras, pelas quais me deixaste” ( Dt 28:20 ); “Porque dia de alvoroço, e de atropelamento, e de confusão é este da parte do Senhor DEUS dos Exércitos, no vale da visão; dia de derrubar o muro e de clamar até aos montes” ( Is 22:5 ).

Quando o profeta Daniel confessou o pecado do seu povo, ele deixou registrado que a desolação que se abateu sobre a cidade de Jerusalém se deu em razão de, em baixo dos céus, nunca ter sido feito o que se fez em Jerusalém ( Dn 9:12 ). Daniel entendeu que tudo o que sobreveio sobre a nação (exílio babilônico) se deu conforme o profetizado por intermédio de Moisés ( Dn 9:11 e 13; Dt 31:14 -20).

O profeta Moisés deixou claro que, após a sua morte, os filhos de Jacó se voltariam a outros deuses e os serviriam, anulando a aliança ( Dt 31:20 ). Moisés também deixa evidenciado que Deus só não destruiu de todo a nação porque as nações vizinhas haveriam de se gloriar contra o Senhor dizendo que Deus nada havia feito em Israel ( Dt 32:26 -27).

Foi expressamente recomendado que os filhos de Israel não se desviassem do Senhor e fosse após os deuses de outras nações ( Dt 29:18 ), e, que ninguém que seguisse os seus próprios devaneios invocasse sobre si as benção estipuladas na lei ( Dt 29:19 ), pois Deus haveria de castiga-los  a ponto de se dizer entre as nações que Israel havia abandonado a aliança que fizera com Deus, e que por isso foram punidos ( Dt 29:24 -28).

Muito tempo depois o profeta Jeremias acusa os filhos de Jacó de terem multiplicado os seus ídolos segundo os números das cidades de Judá, e que segundo os números das ruas de Jerusalém criaram altares, isto porque não deram ouvidos a palavra de Deus ( Jr 11:10 ). De nada adianta erguer altares e oferecer sacrifícios se o homem é obstinado de coração e não dá ouvidos à palavra do Senhor ( Jr 11:8 ), de modo que os altares resultou em vergonha, confusão. O incenso que queimavam não era para Deus, e sim para os deuses das nações vizinhas, e por isso foram levados cativos para Babilônia ( Jr 11:13 ).

Como Deus já não suporta a iniquidade nos ajuntamentos solenes ( Is 1:13 ), os sacrifícios em Israel assemelhava-se a um culto a Baal, e foram deportados para a terra dos inimigos “Então irão as cidades de Judá e os habitantes de Jerusalém e clamarão aos deuses a quem eles queimaram incenso; estes, porém, de nenhum modo os livrarão no tempo do seu mal. Porque, segundo o número das tuas cidades, são os teus deuses, ó Judá! E, segundo o número das ruas de Jerusalém, levantastes altares à impudência, altares para queimardes incenso a Baal” ( Jr 11:12 -13).

Apesar da evidencias da prostituição de Israel, diante do protesto de Deus, os filhos de Jacó argumentavam que não haviam se desviado “Como dizes logo: Não estou contaminada nem andei após os baalins? Vê o teu caminho no vale, conhece o que fizeste; dromedária ligeira és, que anda torcendo os seus caminhos” ( Jr 2:23 ). Não há distinção entre os que andam após os seus corações e os que andam após os baalains “Antes andaram após o propósito do seu próprio coração, e após os baalins, como lhes ensinaram os seus pais” ( Jr 9:14 ).

Uns em Israel aprendiam doutrina de homens, mandamentos sobre mandamentos, e não atentavam para as palavras de Deus, outros seguiam após os deuses das nações vizinhas, mas tanto estes quanto aqueles serviam, a seu modo, aos ídolos. Faziam o que nenhuma outra nação fez: trocar seus deuses “Castigá-la-ei pelos dias dos Baalins, nos quais lhes queimou incenso, e se adornou dos seus pendentes e das suas joias, e andou atrás de seus amantes, mas de mim se esqueceu, diz o SENHOR” ( Os 2:13 ; Jr 2:11 ).

Continua: As bestas do campo nas visões de Daniel

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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