Após os três primeiros animais: leão (babilônia), urso (medo/persa) e leopardo (grego), Daniel viu um quarto animal terrível que será substituído pelo reino de Cristo, portanto, este animal não se refere a Roma.
As bestas do campo nas visões de Daniel
Conteúdo do artigo
Introdução
Por que Abraão habitou em tendas na terra da promessa?
As visões de Daniel contêm várias figuras de animais do campo e as suas respectivas interpretações, o que nos auxiliará na interpretação das visões que constam do livro do Apocalipse. Através das figuras de bestas feras do campo foi apontado, cronologicamente, a sucessão dos reinos da terra.
Observe esta passagem do livro do profeta Jeremias que destaca três bestas feras do campo: “Por isso um leão do bosque os feriu, um lobo dos desertos os assolará; um leopardo vigia contra as suas cidades; qualquer que sair delas será despedaçado; porque as suas transgressões se avolumam, multiplicaram-se as suas apostasias” ( Jr 5:6 ).
Oseias profetizou: “Serei, pois, para eles como leão; como leopardo espiarei no caminho. Como ursa roubada dos seus filhos, os encontrarei, e lhes romperei as teias do seu coração, e como leão ali os devorarei; as feras do campo os despedaçarão” ( Os 13:7 -8). As feras do campo anunciadas pelos profetas referem-se às nações inimigas que Deus haveria de incitar contra Israel.
Por causa das explicações contidas no livro de Daniel é possível afirmar que as figuras do leão, do lobo e do leopardo elencadas pelo profeta Jeremias fazem referência respectivamente às nações gentílicas: babilônia, medos/persas e grega.
Quando Deus explica através do profeta Jeremias o motivo pelo qual a nação de Israel seria levada cativa e pisada pelos gentios, utilizou a figura de três bestas feras do campo para fazer referencia às três primeiras grandes nações que dominaram o mundo da antiguidade, e elas foram apresentas em uma ordem cronológica.
As feras do campo são figuras utilizadas para ilustrar as nações gentílicas quando utilizada por Deus para punir a nação de Israel, como se lê:
“E devastarei a sua vide e a sua figueira, de que ela diz: É esta a minha paga que me deram os meus amantes; eu, pois, farei delas um bosque, e as feras do campo as devorarão“ ( Os 2:12 );
“Vós, todos os animais do campo, todos os animais dos bosques, vinde comer” ( Is 56:9 ).
O sonho da estátua de Nabucodonosor
Nabucodonosor sonhou com uma estátua que tinha uma cabeça de ouro, e Daniel informou ao rei que a cabeça da estátua representava a Babilônia dos caldeus, cujo esplendor representava o próprio reino de Nabucodonosor ( Dn 2:37 -38). O peito e os braços da estátua eram de prata simbolizando os reinos dos medos persas, que subjugaram o reino Babilônico ( Dn 2:39 ). O ventre e os quadris da estátua eram de bronze representando o reino dos Gregos ( Dn 2:29 ), e, por fim, as pernas confeccionada em ferro, representado o domínio dos Romanos.
Nabucodonosor viu que os pés e os dedos da estatua era feito de uma mescla de ferro e barro que não se misturam, o que aponta para um reino formado por alianças politicas (casamento), mas que continuarão a coexistir separadamente ( Dn 2:43 ).
A visão demonstra que os pés e dedos da estátua, compostos de ferro e barro, refere-se ao final dos tempos, quando Cristo virá e estabelecerá o seu reino sempiterno que jamais será destruído, pois permanecerá para sempre ( Dn 2:44 ).
O reino de Cristo é representado por uma pedra cortada sem auxilio de mãos humanas ( Dn 2:45 ), que será arremessada contra os pés e os dedos da estátua, destruindo a estatua sem deixar vestígios ( Dn 2:34 -35). A visão do impacto da pedra arremessada contra os pés da estátua demonstra que o domínio dos reinos da terra passará a pertencer ao Verbo de Deus, o Criador dos céus e da terra “Ó SENHOR dos Exércitos, Deus de Israel, que habitas entre os querubins; tu mesmo, só tu és Deus de todos os reinos da terra; tu fizeste os céus e a terra” ( Is 37:16 ).
Na visão a pedra cortada sem auxilio de mão tornou-se uma grande montanha (reino) que encheu toda a terra, demostrando que o domínio do reino do Cristo englobará todos os reinos da terra ( Is 2:1 -4; Dn 7:13 -14).
A estátua possui dois membros superiores para ilustrar o império Medo-Persa, dois membros inferiores que representam os dois impérios romanos (oriente e ocidente) e os pés com dez dedos, que apontam para um reino e dez reis que antecederão o reinado do Messias ( Dn 7:7 ; Ap 17:12 ).
É significativo que o reino de Cristo não é representado por um dos membros da estátua, evidenciando que o reino do Cristo não é deste mundo. O reino de Cristo não faz parte da estátua, por conseguinte, a visão apresenta uma pedra arremessada sem auxilio de mãos “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” ( Jo 18:36 ).
Vale destacar que a Igreja de Cristo aqui na terra não é a pedra cortada sem auxilio de mãos que é arremessada contra os pés da estatua, antes a pedra representa o reino milenar de Cristo em que Ele se assentará sobre o trono de Davi para reinar sobre toda a terra. Antes de iniciar-se o reino milenar, Cristo se assentará no seu trono e julgará as nações separando uma das outras assim como os pastores separam os bodes das velhas ( Mt 25:31 -33; Dn 2:44 ).
Nesta visão fica claro que a cabeça que será restaurada de um ferimento mortal e que maravilhará os moradores do mundo não é Roma, porque Roma é representada somente pelas pernas da estátua “As pernas de ferro…” ( Dn 2:33 e 40). Antes de vir o reino sempiterno do Messias, haverá o reino representado pelos pés e artelhos, pois os pés e os artelhos representam um reino diferente do representado pelas pernas “… os seus pés em parte de ferro e em parte de barro” ( Dn 2:33 ).
A pedra será arremessada sem auxilio de mãos contra os pés e artelhos da estátua, e não contra as pernas da estátua (Roma). O reino de Cristo substituirá o reino representado pelos pés e os artelhos ( Ap 13:3 ; Dn 2:33 e 41-44).
As quatro bestas feras que subiram do mar
Na visão do capítulo 7 de Daniel as nações e reinos da terra são representados por figuras de animais do campo. Daniel viu os ‘quatro ventos’ agitarem o ‘grande mar’ e subiram do mar quatro animais grandes e diferentes uns dos outros ( Dn 7:3 ; Dn 7:17 ; Ap 13:1 ).
O primeiro animal que ele viu subir do mar foi um leão com asas como de águia, símbolo do reino babilônico. Enquanto Daniel contemplava, as asas do leão foram arrancadas e, em seguida o leão se firmou sobre dois pés como um homem e passou a ter mente (ou coração) de homem ( Dn 7:4 ).
Moisés já havia profetizado acerca desta nação que viria com asas como de águia quando o povo de Israel se distanciasse das ordenanças de Deus, e os filhos de Jacó seriam levados cativos por povos de terras longínquas “O SENHOR levantará contra ti uma nação de longe, da extremidade da terra, que voa como a águia, nação cuja língua não entenderás; Nação feroz de rosto, que não respeitará o rosto do velho, nem se apiedará do moço” ( Dt 28:49 -50; Jr 21:7 ).
Os caldeus foi o primeiro povo a ser enviado por Deus contra Israel conforme avisou o profeta Habacuque ( Hc 1:7 ). Mas, após dominarem a nação de Israel conforme estabelecido por Deus ( Dn 5:18 ), Nabucodonosor se ensoberbeceu ( Dn 5:20 ). Belsazar, Filho de Nabucodonosor, apesar de saber o que ocorrera ao seu pai, não atribuiu ao Deus de Israel a magnificência do reino Babilônico ( Dn 5:23 ; Dn 2:37 ), o que trouxe ruína a Babilônia.
Babilônia era representada por um leão com asas de águia. As asas significam que Babilônia era uma nação estabelecida por Deus para executar uma obra específica: a punição de Israel ( Dn 5:18 ; Hc 1:5 -6). Por causa da grandeza, glória e majestade concedidas por Deus aos caldeus para que desempenhassem a missão, envaideceram-se e “ergueram-se sobre os seus pés”. Por sua suposta autossuficiência, Babilônia se ensoberbeceu (soberba é sentimento afeto aos homens), desprezou o Deus de Israel.
Enquanto besta, a babilônia serviu de Vara de repreensão contra Israel ( Jr 27:6 ) e, ao considerar que por sua própria força sobrepujou os reinos da terra obteve coração (arrogância e soberba) de homem, perdeu as asas como de águia, perdeu a aprovação de Deus ( Is 47:10 ; Jr 51:17 ; Is 13:11 ).
Em seguida, Daniel vê uma besta fera do campo semelhante ao urso. O urso é figura que representa o império da Média e da Pérsia, que é visto erguendo-se sobre um dos seus lados (Medos) e com três costelas (Lídia, Babilônia e Egito) e em sua boca ( Dn 7:5 ).
O leopardo representa o império dos gregos. A visão do capítulo 7 comparada com a visão do capítulo 11 permite inferir que as quatro asas e as quatro cabeças que possuía faz referencia aos quatro generais de Alexandre Magno (quatro asas), que rapidamente dominaram o mundo antigo ( Dn 7:6 ). Após a morte de Alexandre o império foi dividido e passou aos seus quatro generais ( Dn 11:3 -4).
O quarto animal diz de uma fera (besta= em grego ‘therion’, e significa um grande e feroz animal) impossível de ser comparado a qualquer animal terrestre. A quarta besta vista nesta visão foi descrita como muito forte, terrível e espantosa, possuía dentes de ferro, unhas de bronze e dez chifres. A fera devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobrava ( Dn 7:7 ).
Cada besta teve o seu ciclo de atuação e foram substituídas, o que nos remete a ideia de que os reinos subsistiram por um período de tempo e tiveram um fim após o surgimento da próxima fera ( Dn 7:12 ). O quarto animal, porém, representa um reino que ainda não existiu e, quando existir, será o reino que será substituído pelo reino milenial de Cristo ( Dn 7:26 -27).
Após os três primeiros animais: leão (babilônia), urso (medo/persa) e leopardo (grego), Daniel viu um quarto animal terrível que será substituído pelo reino de Cristo, portanto, este animal não se refere a Roma.
Embora saibamos pela visão da estátua e pela história que existiram quatro grandes impérios: babilônico, medo-persas, grego e romano, a visão do capítulo 7 de Daniel difere da visão de Nabucodonosor.
Enquanto a estátua é uma visão panorâmica da história das nações gentílicas revelada a um gentil, as visões das bestas representando nações apontam para o papel que as nações gentílicas desempenham na punição do povo de Israel, e foi revelada a um judeu: Daniel.
O capítulo 7 contém figuras de bestas que representam as nações gentílicas enviadas para castigar a apostasia dos judeus (leão, lobo, leopardo e a besta indescritível= quatro nações), já a visão do capítulo 2 só apresenta um quadro panorâmico dos reinos da terra sem conexão com a missão que desempenham. O profeta Jeremias aponta três nações descritas através das figuras do leão, do lobo e do leopardo ( jr 5:6 ), as mesmas nações que constam dos capítulos 2 e 7.
O império Romano só é representado na visão da estátua (pernas de ferro) que Nabucodonosor viu em sonho. A estátua representa todos os reinos gentílicos. Já as outras nações (Babilônia, Medo Pérsia, Gregos), além de serem representadas na visão da estátua, também são representadas nas demais visões como bestas feras do campo (vara de punição contra Israel) que subiram da agitação do mar grande.
A agitação do mar representa a amotinação das nações gentílicas contra o Ungido de Deus e o povo que Deus escolheu ( Sl 2:1 ; Sl 46:3 ).
Observando com acuidade as visões de Daniel, não encontramos os romanos representados como uma besta fera do campo, significando que o império romano não recebeu a missão de punir o povo de Israel por sua apostasia. O império Romano contempla o período bíblico singular denominado de ‘plenitude dos gentios’, ou seja, Roma não faz parte do tempo que corresponde às setenta semanas de Daniel.
Roma estabeleceu o que se denomina em nossos dias de ‘PAX ROMANA’, pois Augusto em 29 a. C. declarou o fim das guerras civis, o que perdurou até o ano da morte de Marco Aurélio, em 180 d.C.
Enquanto as outras nações são identificadas através de bestas feras do campo, não é atribuído ao império Romano nenhuma figura de alimária do campo. Nas visões que consta do livro de Daniel, Roma é representada somente através das pernas de ferro da estatua que Nabucodonosor viu em sonho.
‘Besta’ ou ‘animais ferozes do campo’ são figuras utilizadas para fazer referencia às nações gentílicas que executariam o juízo e a ira de Deus contra o povo de Israel por não darem ouvidos à palavra de Deus.
Vale destacar novamente que as figuras construídas através das alimárias do campo representam as nações instituídas para punir a apostasia de Israel, porém, ao Império Romano não é atribuído nenhuma figura de fera do campo. Esta distinção se dá porque no período que foi estabelecido o Império Romano, inaugurou-se o tempo denominado de ‘a plenitude dos gentios’, período de tempo que abrange da morte do Cristo ao arrebatamento da Igreja e a contagem de tempo estabelecida sobre os judeus suspenso.
As perseguições ao povo de Israel durante a plenitude dos gentios não são previstas nas profecias e nem nas visões. Portanto, a diáspora dos judeus após a destruição de Jerusalém pelos Romanos não está representado nas profecias bíblicas, visto que a contagem de tempo que está determinada sobre o povo de Israel foi suspensa na sexagésima nona semana.
De acordo com a profecia, até o nascimento de Cristo foi estabelecido sessenta e nove semanas de anos sobre o povo de Israel, e o Ungido foi cortado da terra dos viventes (morto) após as sessenta e nove semanas.
“Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias” ( Dn 9:25 -26).
A contagem das setenta semanas (tempo dos Judeus) foi suspensa com o nascimento de Cristo ( Dn 9:24 -25), como também as profecias para Israel e, após a morte de Cristo iniciou-se a plenitude dos gentios ( Lc 16:16 ).
Desde a ordem dada por Ciro para restaurar e edificar o templo em Jerusalém, tempo em que parte do povo de Israel saiu da Babilônia e voltou para Israel até o nascimento de Cristo, transcorreram sessenta e nove semanas, que corresponde à soma de sete semanas e sessenta e duas semanas “Que digo de Ciro: É meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz, dizendo também a Jerusalém: Tu serás edificada; e ao templo: Tu serás fundado” ( Is 44:28 ; Ed 1:1 ).
A última semana que resta para completar as setenta semanas profetizadas pelo Jeremias somente voltará a ser computada após o arrebatamento da Igreja, quando se encerrará a plenitude dos gentios ( Rm 11:25 ).
Não há na Bíblia nenhuma figura de besta relacionada ao tempo em que a Igreja de Cristo permanecer na face da terra, mas, quando a Igreja for arrebatada a contagem de tempo da ‘última semana de Daniel’ terá início, quando a besta apocalíptica que subirá do mar surgirá e fará guerra aos santos e será dado besta vencê-los ( Ap 13:1 ).
Para muitos interpretes o quarto animal apontado na interpretação da visão como o quarto reino da terra seria o Império Romano. Mas, se considerarmos:
- as características do animal: diferente de todos os animais que apareceram antes dele, grandes dentes de ferro, as unhas de bronze e os dez chifres ( Dn 7:19 );
- a interpretação da visão: ‘devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços’ ( Dn 7:23 ), e;
- as características do Império Romano, que impunha o seu domínio pela escravidão sem destruir completamente a cultura e o modo de existência daqueles que eram conquistados.
Chegaremos à seguinte conclusão: o quarto animal não pode ser o Império Romano.
Por causa das características do quarto animal, Daniel ficou curioso para saber:
- a verdade acerca do quarto animal ( Dn 7:19 );
- a verdade acerca dos dez chifres que o animal possuía ( Dn 7:20 );
- a verdade acerca do chifre que surgiu entre os dez e fez com que caísse três chifres, e;
- e a guerra que o chifre fez contra os santos e os vencia.
O quarto animal que Daniel viu refere-se à besta do Apocalipse, ou seja, um reino diferente de todos os outros reinos que existiram.
Em determinado tempo (na metade da última semana) se levantará deste reino dez reis conforme representado pelos dez chifres que o animal possui ( Dn 7:19 -20).
Através da explicação contida nos versos 21, 23 e 24 do capítulo 7 de Daniel, somos remetidos tanto à besta que subiu do mar que consta do Apocalipse, quanto aos pés e dedos da estátua vista por Nabucodonosor confeccionados em ferro e barro ( Dn 2:41 ; Ap 13:1 ; Dn 2:33 e 40).
Daniel observava bem os dez chifres da besta que tem aparência terrível quando surgiu um chifre pequeno e três dos dez chifres foram arrancados, ficando ao total 8 chifres ( Dn 7:8 ). O ‘chifre’ possuía olhos de homem e uma boca que proferia blasfêmias como é apresentado em Apocalipse 13, verso 5, pois era mais robusto que os outros chifres e fazia guerra aos santos e os vencia ( Dn 7:20 -21; Ap 13:7 ).
A profecia é clara ao estabelecer que o quarto reino da terra terá um período delimitado de tempo (tempo, tempos e metade de um tempo – três anos e meio), porém, o Império Romano se estabeleceu por um período de aproximadamente 1500 anos, período muito superior a uma semana de anos como o previsto por Deus a Daniel “E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo” ( Dn 7:25 ); “E ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, o qual levantou ao céu a sua mão direita e a sua mão esquerda, e jurou por aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, tempos e metade do tempo, e quando tiverem acabado de espalhar o poder do povo santo, todas estas coisas serão cumpridas” ( Dn 12:7 ).
Para a Igreja Apostólica Romana o leopardo refere-se aos gregos na figura de Alexandre Magno e as quatro asas aos reinos que surgiram após a morte de Alexandre. No entanto, os teólogos católicos identificam o quarto animal como sendo o reino dos Diádocos (sucessores de Alexandre), posicionamento diferente dos protestantes que consideram o quarto reino como sendo Roma ou o papado.
Enquanto Daniel continuava olhando, foi posto tronos e o Ancião de dias assentou-se para julgar ( Dn 7:9 -10), e os reinos da terra foram dados aos santos para sempre ( Dn 7:27 ).
O carneiro e o bode
Outra visão com relação às nações contendo figuras de animais foi vista por Daniel. Quando teve as visões do capítulo 8 Daniel estava na cidade de Susã, província de Elão, porém, na visão ele estava nas proximidades do rio Ulai “E vi na visão; e sucedeu que, quando vi, eu estava na cidadela de Susã, na província de Elão; vi, pois, na visão, que eu estava junto ao rio Ulai” ( Dn 8:2 ).
O profeta Daniel viu um carneiro com dois chifres altos, um maior que o outro, sendo que o chifre que subiu por último era maior que o primeiro. O carneiro dava marradas (chifradas) para o ocidente, norte e sul. Em seguida foi dada a interpretação da visão, e apontado os reis da Média e da Pérsia como sendo os chifres do carneiro ( Dn 8:3 e 20).
Em seguida foi visto um bode peludo que veio do ocidente planando no ar e possuía um chifre enorme na testa e arremeteu-se contra o carneiro, que não pode resistir. O bode tornou-se grande, mas o seu chifre quebrou-se e surgiram quatro em seu lugar ( Dn 8:5 ). O rei da Grécia é o bode peludo, sendo o chifre grande seu primeiro grande rei (Alexandre).
Com a queda do primeiro grande rei da Grécia surgiram quatro reinos em seu lugar, mas não possuíam a força do primeiro rei.
O reino de Alexandre, o Grande, foi dividido por seus quatro generais:
- Cassandro recebeu a Macedônia e a Grécia;
- Lisímaco ocupou a Trácia, a Bítínia e a maior parte da Ásia Menor;
- Seleuco assumiu a Síria e a área ao leste deste país, inclusive a Babilônia, e;
- Ptolomeu ficou com o Egito, e provavelmente a Palestina e a Arábia ( Dn 8:21 -22).
Na visão o grande chifre do bode quebrou-se e foi substituído por quatro chifres, que cresceram em direção aos quatro ventos ( Dn 8:8 ). Em seguida, Daniel destaca que, quando a medida dos prevaricadores for completa, um chifre pequeno surgirá e se desenvolverá para o sul, oriente e a terra formosa (joia).
Em seguida o anjo apresenta a explicação da visão, de mostrando que, com a ruptura do grande chifre do carneiro, quatro chifres nasceriam em seu lugar, porém, sem terem o mesmo poder do chifre grande. Sabemos que o chifre grande refere-se a Alexandre, o grande, e que os quatro chifres representam os seus quatro generais. Ou seja, os quatro chifres ainda representam o domínio do carneiro, ou seja, dos gregos.
Após demonstrar que os quatro chifres substituíram o chifre grande, a visão especifica um tempo: quando for dada por completa a medida dos infiéis (judeus). Neste tempo um rei (chifre pequeno) surgira pleno de mentiras e de crueldade.
Há quem considere que o chifre pequeno do verso 9 refere-se a pessoa de Antíoco IV Epífânio (215 – 162 a.C.), rei da Dinastia Selêucida que governou a Síria entre 175 e 164 a.C., e que o chifre pequeno originou-se de um dos quatro chifres.
“De um dos chifres saiu um chifre pequeno e se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa” (v. 9) ARA;
No entanto, o chifre pequeno do capítulo 8 é o mesmo chifre pequeno do capítulo 7 ( Dn 7:24 -26), que é a boca dada à besta do Apocalipse ( Ap 13:5 ).
A confusão de estabelecer Antíoco Epifânio como o chifre pequeno do capítulo 8 se dá porque muitos entendem que o chifre pequeno surge de um dos quatro chifres do bode peludo. No entanto, o chifre pequeno surge do mar grande, uma vez que os quatro ventos é o que agita as nações gentílicas ( Ap 13:1 ; Dn 7:2 ).
“De um deles saiu um pequeno chifre que se desenvolveu consideravelmente para o sul, para o oriente e para a joia (dos países)” (v. 9) Bíblia Ave Maria.
No texto hebraico do capítulo 8 de Daniel não há o termo ‘chifres’ no verso 9.
Por inferência e sem colocar o termo ‘chifres’ entre colchetes os tradutores inseriram no texto o termo ‘chifres’, o que veta ao leitor a faculdade de analisar e concluir por si mesmo se é ou não plausível fazer a inferência do termo na leitura.
O chifre pequeno saiu dos quatro ventos, visto que há uma ruptura entre o reino do bode peludo e o surgimento do chifre pequeno (o rei de feroz catadura e entendido em intrigas que consta do verso 23). O chifre pequeno é descendente do povo do bode peludo como foram os quatro chifres (quatro generais) que subirarm em lugar do chifre grande que foi quebrado.
O anjo deixou claro que do povo do bode peludo haveria de se levantar quatro reinos (chifres), mas se considerarmos Etioco Epifânio como sendo o chifre pequeno, teríamos cinco chifres.
Se o chifre pequeno subiu de um dos quatro chifres do bode peludo, o texto necessariamente deveria apontar que o bode teria cinco chifres.
Nas visões que apresentam a figura de bestas, os chifres são vistos sobre as cabeças dos animais. As visões não apresentam um chifre surgindo de um chifre que já existe sem antes derrubá-lo. É possível que um chifre suba quando outro é arrancado ou se quebra, porém, um chifre subir sem o outro ter sido quebrado não ocorre nas Escrituras.
O texto não diz que um dos quatro chifres foi quebrado, antes que subiram do seu lugar para os quatro ventos do céu. Mas, se surgisse um chifre após os quatro, certo é que seria apresentado os quatro e, em seguida, narrado que após o quarto, surgiu um quinto chifre no mesmo animal.
A tradução que mais reflete o texto hebraico é: “E de um deles saiu um chifre muito pequeno, o qual cresceu muito para o sul, e para o oriente, e para a terra formosa” (v.9).
A expressão ‘de um deles’ contida no verso 10 induz o leitor a entender que o chifre pequeno sai de um dos quatro generais de Alexandre.
Mas, ao observar as Escrituras como um todo, percebe-se que as figuras de animais que representam as nações gentílicas surgem da agitação do mar grande ( Dn 7:2 ), que é agitada pelos quatro ventos do céu ( Ap 13:1 ). Como a última expressão do verso 8 é: ‘os quatro ventos do céu’, certo é que o chifre pequeno sobe do mar por causa da agitação dos quatro ventos (de um deles) “Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar grande” ( Dn 7:2 ; Ap 13:1).
Dos quatro ventos que agitaram o mar grande surgiu quatro grandes animais, cada qual diferente um do outro representando respectivamente a babilônia, os medos persas, os gregos e o animal terrível ( Dn 7:3 ). Quando da visão do capítulo 8, a babilônia já havia caído diante dos medos, daí o motivo de não aparecer uma figura que representasse a Babilônia.
A visão do capítulo 8 apresenta os mesmos reinos do capítulo 7, exceto a babilônia, de modo que tanto o cordeiro com dois chifres, quanto o lobo peludo e os seus chifres e o chifre pequeno surgiram da da agitação do mar grande causada pelos quatro ventos, conforme narra o verso 2 e 3 do capítulo 7: “Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar grande. E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar” ( Dn 7:2 -3).
Ora, se o animal semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, e o outro semelhante um leopardo, o qual tinha quatro asas de ave nas suas costas e possuía quatro cabeças, surgiram da agitação do mar grande, certo é que o cordeiro de dois chifres e o bode com um chifre grande surgiram da agitação que os quatro ventos causaram ao mar grande.
As visões do capítulo 7 e do capítulo 8 são similares, de modo que a do capítulo 8 suprime a figura de um animal que representava a Babilônia e, por apontar eventos pertinente ao último tempo da ira, a figura do quarto animal terrível e espantoso (reino) foi suprimida, sendo evidenciado somente o chifre pequeno (rei) que surge após serem arrancados três de um total de dez ( Dn 7:8 ).
O chifre pequeno não é Epifânio porque do chifre pequeno é dito que ele ‘cresceu muito para o sul, e para o oriente, e para a terra formosa’. Do ponto de vista geopolítico, se compararmos a expansão do governo de Antíoco como rei da Síria, vê-se que ele não se fortaleceu nem no sul (Israel), nem no sudoeste (Egito), visto que Antíoco estava sujeito a Roma em virtude do tratado de Apaméia assinado por Antíoco III, o Grande, e viu-se obrigado a impor-se contra Jerusalém para honrar as suas obrigações para com Roma.
Quando é dada a explicação da visão a Daniel é dito pelo anjo que os eventos da visão referem-se ao último tempo da ira, que pertence ao tempo determinado do fim “E disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer no último tempo da ira; pois isso pertence ao tempo determinado do fim” ( Dn 8:19 ). Ora, os tempos dos reis da Média e da Pérsia, bem como dos reis da Grécia não foram o tempo do fim, pois quando Jesus veio, deixou claro que os inúmeros eventos de guerras e rumores de guerras ainda não era o fim, antes o ‘princípio de dores’.
Jesus explicou que rumores de guerras não é o fim, antes indica um período de tempo que precede as dores. Através da explicação de Cristo fica evidente que as ações de Antíoco não selaram o último tempo da ira e nem pertencem ao tempo determinado do fim “E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim“ ( Mt 24:6 ).
Ora, o reinado dos quatro reinos estabelecidos pelos generais de Alexandre findou-se muito antes do tempo chamado por Jesus de ‘princípio de dores’, tempo este apontado como aquele que antecede o tempo do fim, o que descarta Antíoco Epifânio como o chifre pequeno, pois à época de Jesus ainda não havia transcorrido o ‘princípio de dores’ apesar dos horrores perpetrados por Antíoco contra os judeus.
Observe os versos 22 e 23 de Daniel 8: “O ter sido quebrado, levantando-se quatro em lugar dele, significa que quatro reinos se levantarão da mesma nação, mas não com a força dele. Mas, no fim do seu reinado, quando acabarem os prevaricadores, se levantará um rei, feroz de semblante, e será entendido em adivinhações” ( Dn 8:22 -23), e compare com os versos 8 e 9: “E o bode se engrandeceu sobremaneira; mas, estando na sua maior força, aquele grande chifre foi quebrado; e no seu lugar subiram outros quatro também insignes, para os quatro ventos do céu. E de um deles saiu um chifre muito pequeno, o qual cresceu muito para o sul, e para o oriente, e para a terra formosa” ( Dn 8:8 -9).
Tanto o chifre insigne (grande) que foi quebrado, quanto os quatros chifres que surgiram no lugar do chifre grande pertenciam ao bode peludo. Isto significa que o chifre grande e os quatro reinos que surgiram e que cresceram em direção dos quatro ventos do céu pertencia aos gregos.
A abordagem sobre o carneiro e o bode não se refere ao tempo do fim, visto que os medos/persas e os gregos passaram e não chegou o fim.
É importante compreender que, apesar de ter sido revelado pelo anjo o significado do carneiro e do bode (urso e leopardo), o objetivo da visão era mostrar a Daniel os acontecimentos pertinentes ao tempo do fim “e disse: Eu te farei saber o que há de acontecer no último tempo da ira, porque ela se exercerá no determinado tempo do fim” ( Dn 8:17 ).
O tempo do fim fica vinculado ao tempo em que os prevaricadores completarão a medida de suas transgressões. Quem são os prevaricadores? Os prevaricadores são os judeus que se desviaram de seguir o seu Deus “Lembrai-vos disto, e considerai; trazei-o à memória, ó prevaricadores” ( Is 46:8 ); “Como o prevaricar, e mentir contra o SENHOR, e o desviarmo-nos do nosso Deus, o falar de opressão e rebelião, o conceber e proferir do coração palavras de falsidade” ( Is 59:13 ; 2Cr 28:19 ; Jr 2:8 ).
O verso deixa claro que, somente quando os ‘prevaricadores’ completarem a medida de suas transgressões se levantará o rei de semblante feroz e entendido de adivinhações “Quando acabarem os prevaricadores, se levantará um rei, feroz de semblante, e será entendido em adivinhações” ( Dn 8:23 ), ou “Quando os transgressores encherem a medida do seu pecado…”.
O anjo deixa claro que a visão se refere ao determinado tempo do fim, o que iria acontecer no último tempo da ira ( Dn 8:19 ). Ora, o tempo do fim refere-se à última semana de Daniel, período de tempo posterior ao parentese dos gentios.
É impossível o reinado de Antíoco Epifânio ser o reinado do rei feroz de semblante (chifre muito pequeno), porque muito tempo depois Jesus ensinou aos seus discípulos que o tempo do fim ainda estava por vir.
O reinado do chifre pequeno que consta da visão do verso 23 tem relação com o que há de acontecer no último tempo da ira, visto que a ira de Deus será exercida no determinado tempo do fim.
Com o advento da igreja é necessário considerar o tempo da plenitude dos gentios, que antecede a última semana de Daniel, visto que a contagem do tempo estabelecido por Deus sobre Israel (as setenta semanas) está suspensa até o arrebatamento da igreja.
No verso 23 é apontado a característica do rei de feroz semblante, as mesmas característica atribuídas ao reino da besta que subiu do mar do Apocalipse e ao animal do capítulo 7 do livro de Daniel ( Ap 13:1 ; Dn 2:34 ).
O governo da besta terá as principais características dos grandes reinos da antiguidade: será um reino semelhante ao leopardo (Grécia), pés como os de urso (Medos e Persas), e a sua boca como a de leão (Babilônia).
Observe que o governo representado pela besta apocalíptica crescerá por causa da força que o dragão (Satanás) concederá, assim como o rei de semblante feroz ( Ap 13:2 ). Mas, por fim o reino representado pela besta será quebrado, assim como os pés da estátua que teve os pés destruídos sem auxílio de mão ( Dn 8:24 -25). Tanto a visão de Daniel quanto a visão do apóstolo João refere-se ao tempo do fim ( Dn 8:26 ).
Continua…
Boa tarde !
Gostaria de saber onde está a continuação … ?
Boa tarde, muito bom os estudos, se desejar considerar em apenas olhar os versículos Jo 6.39-40,44,54; 11.24; 12.28 e tb Mt 13.36-43 e meditar neles, verá que 1 Ts 4.14-17 sobre arrebatamento (ato de ser tirado deste mundo para encontrar com o Senhor nas nuvens) está sempre de forma implicita em todos os textos sobre a única Segunda Vinda. 2 Ts 2.1-3 mostra por exemplo claramente que a vinda de Jesus virá depois da aparição do filho da perdição (compare a mesma palavra “vinda” de 1 Ts e 2 Ts).
Um abraço, em Cristo Jesus.
https://estudobiblico.org/o-arrebatamento-da-igreja/
Att