O apóstolo se preocupava com a mensagem que os cristãos estavam retransmitindo. Além de serem cuidadosos em transmitir a verdade do evangelho, eles deviam estar atentos à sociedade em que estavam inseridos. Na época de Paulo, a sociedade era composta por diversos povos, culturas e etnias, e, portanto, a preocupação com a mensagem a ser retransmitida precisava ser redobrada.
Perseverar confiante
O apóstolo Paulo preocupa-se em recomendar que a união em Cristo refletisse mudanças nas relações sociais dos cristãos.
1- Vós, senhores, fazei o que for de justiça e equidade a vossos servos, sabendo que também tendes um Senhor nos céus.
A base utilizada por Paulo para exortar os senhores é a mesma utilizada para exortar os servos. Os senhores deveriam ter em mente que tinham um Senhor nos céus e o servos deviam servir aos senhores temendo a Deus.
Paulo não busca mudar a ordem socioeconômica da sua época, antes exorta de maneira que as relações humanas da época fossem reguladas com justiça e equidade.
Para nós, hoje, é inconcebível a ideia de uma sociedade escravocrata. Muitos questionam por que o apóstolo Paulo não se empenhou em fazer uma revolução social. Porém, estes esquecem que o discípulo não pode ser maior que o mestre. Basta ao discípulo ser igual ao mestre “Não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor” ( Mt 10:24 ).
Cristo veio trazer boas novas de salvação, ou seja, resgatar o homem da perdição eterna estabelecida no Éden. Ora, se Cristo não veio desfazer as injustiças sociais, esta não é e nem deve ser a bandeira do cristianismo.
Se estiver ao alcance dos cristãos fazer algo para melhorar a vida em sociedade, nada há que impeça que faça, porém, utilizar alguma nuance do evangelho como sendo um tipo de modelo sócio-econômico-cultural não coaduna com a proposta de Cristo.
2- Perseverai em oração, velando nela com ação de graças;
Os cristãos deveriam manter-se confiantes em Deus, ou seja, em oração. Todo aquele que expressa a sua confiança em Deus, que se aplique em agradecer. O ‘perseverar em oração’ não implica passar longas horas de joelhos, antes, que o cristão deve confiar em Deus ‘sem cessar’, continuamente.
O cristão não deve socorrer-se da oração como um amuleto do mesmo modo que os gentios aplicam-se as rezas ( Mt 6:7 ). A confiança do cristão deve apoiar-se inteiramente em Deus, que atenderá as suas necessidades mesmo quando não conseguir pronunciá-las ( Mt 6:8 ).
A oração do profeta Jonas é um exemplo típico de oração. Embora não fosse possível pronunciar palavras, ou assumir uma posição de reverência, ele confiou em Deus e expressou a sua confiança: “Quando desfalecia em mim a minha alma, lembrei-me do SENHOR; e entrou a ti a minha oração, no teu santo templo. Os que observam as falsas vaidades deixam a sua misericórdia. Mas eu te oferecerei sacrifício com a voz do agradecimento…” ( Jn 2:8 -10).
Basta lembrar-se de Deus que a sua lembrança será contada como oração. Basta lembrar-se de Deus que, a sua lembrança será como um grito, e Deus te ouvirá, mesmo que das profundezas do abismo. Deus não é como o injusto juiz, que precisa ser importunado para atender quem o chamar ( Lc 18:2 )
Ademais, o melhor sacrifício é a voz do agradecimento (ação de graças)! ( Hb 13:15 ).
3- Orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso;
Paulo pede aos irmãos que orassem por ele, para que ele pudesse evangelizar. Paulo não buscava bênção materiais ou qualquer tipo de lucro, antes queria abertura para falar de Cristo. Por causa deste afã ele estava preso.
4- Para que o manifeste, como me convém falar.
Paulo queria que Deus manifestasse a maneira mais acertada e conveniente de expor a verdade do Evangelho. Esta deve ser a preocupação constante do cristão.
5- Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo.
Paulo preocupava-se com o comportamento (andar) dos cristãos. A maneira como eles se comportava era de grande importância para a propagação do evangelho de Cristo, visto que ele não podia dar escândalo a judeus, a gregos e nem a igreja de Deus.
6- A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.
O apóstolo preocupava-se com a mensagem que os cristãos estavam retransmitindo. Além de serem cuidadosos em retransmitir a verdade do evangelho, eles deviam atentar para a sociedade onde estavam inseridos. A época de Paulo a sociedade era composta por vários povos, culturas e etnias, e, portanto, a preocupação com a mensagem a ser retransmitida devia ser redobrada.
Como a palavra é comparável ao alimento, segue-se que a palavra do crente, para ser agradável, precisa ser temperada com sal. A Palavra do Evangelho é única e imutável, porém, dependendo do público alvo da mensagem, a palavra anunciada deve ater-se a alguns aspectos específicos. Ex: A mensagem que Jesus anunciou a Nicodemos e a Samaritana são idênticas no conteúdo, porém, a abordagem é diferente por causa da necessidade dos ouvintes. Isto é temperar a palavra.
Na lei o sal representa o elemento humano quando da oferta ou do sacrifício, o que também é pertinente ao homem quando anuncia a mensagem do evangelho.
Deus produz o alimento, e o homem para degustá-lo, administra a porção de sal necessária para tornar o alimento saboroso, agradável ao paladar.
7- Tíquico, irmão amado e fiel ministro, e conservo no Senhor, vos fará saber o meu estado; O qual vos enviei para o mesmo fim, para que saiba do vosso estado e console os vossos corações;
O irmão Tíquico foi incumbido de levar noticias sobre as condições de Paulo na prisão, e de trazer notícias de como estava a igreja de Cristo.
9- Juntamente com Onésimo, amado e fiel irmão, que é dos vossos; eles vos farão saber tudo o que por aqui se passa.
Onésimo foi enviado para acompanhar Tíquico, com a missão de confirmar as notícias acerca de Paulo.
10- Aristarco, que está preso comigo, vos saúda, e Marcos, o sobrinho de Barnabé, acerca do qual já recebestes mandamentos; se ele for ter convosco, recebei-o;
Paulo não estava só na prisão. Aristarco também estava preso.
11- E Jesus, chamado Justo; os quais são da circuncisão; são estes unicamente os meus cooperadores no reino de Deus; e para mim têm sido consolação.
Para o apóstolo Paulo era consolador ver alguém de seu povo (da circuncisão) cooperando no evangelho, que é o caso de Jesus, também chamado justo.
Paulo enumera as pessoas que estavam exercendo o ministério com ele: Tíquico, Onésimo, Aristarco, Marco, Justo, Lucas, Demas e Epafras.
12- Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servo de Cristo, combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus.
Paulo manda os cumprimentos de Epafras, aquele que havia evangelizado os cristãos em Colossos.
Epafras estava sempre pedindo a Deus pelos cristãos para que eles fossem conservados firmes, prefeitos e consumados em toda a vontade de Deus. Compare este versículo com ( 1Co 1:8 ; Fl 1:10 ; 1Pe 5:10 e 1Ts 5:23 ).
13- Pois eu lhe dou testemunho de que tem grande zelo por vós, e pelos que estão em Laodiceia, e pelos que estão em Hierápolis.
Paulo confirma o zelo de Epafras, conforme foi dito no início da carta ( Cl 1:7 ).
14- Saúda-vos Lucas, o médico amado, e Demas. Saudai aos irmãos que estão em Laodiceia e a Ninfa e à igreja que está em sua casa. E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses, e a que veio de Laodiceia lede-a vós também.
Paulo lembra o nome de algumas igrejas e de algumas pessoas.
As cartas poderiam ser trocadas e lidas em Laodiceéia e Colossos.
17- E dizei a Arquipo: Atenta para o ministério que recebeste no Senhor, para que o cumpras.
Arquipo é alertado quanto ao exercício do seu ministério.
18- Saudação de minha mão, de Paulo. Lembrai-vos das minhas prisões. A graça seja convosco. Amém.
Paulo termina a carta saudando os cristãos e autenticando a sua escrita. Eles não podiam se esquecer das cadeias do amado servo do Senhor.