As parábolas do sal da terra e da luz do mundo tem por objetivo demonstrar que, assim como o sal insípido perde o seu valor e função, tal é a condição daqueles que deixam de ser discípulos…
Sal da terra e luz do mundo
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“Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte” (Mateus 5:13 -14).
Introdução
Invariavelmente, os comentaristas das parábolas ‘Sal da terra’ e ‘Luz do mundo’, que fazem parte do Sermão do Monte, procuram mensurar o valor do sal à época de Jesus, e destacam que o valor do sal era considerável, contrastando com o valor do sal nos dias de hoje, que pela grande oferta do produto do mercado passou a ter um valor quase irrisório.
No decurso da análise, os comentaristas bíblicos, geralmente, enfatizam que o sal e a luz referem-se ao caráter, à moral dos discípulos de Jesus ou, que os seguidores de Jesus têm que praticar boas ações, fazer ações caridosas, ajudar as pessoas carentes, influenciar a sociedade, etc.
Há aqueles comentaristas que, a partir das funções essenciais do sal (dar gosto e conservar os alimentos), enfatizam que os verdadeiros seguidores de Cristo devem lutar por questões humanitárias, envolver-se na luta por direitos iguais, abraçar a causa dos direitos sociais e garantias legais, etc.
Agora pergunto: foram essas questões, ou outras semelhantes a essas, que Jesus buscou evidenciar aos seus ouvintes no Sermão da Montanha? Qual é a essência de um verdadeiro seguidor de Cristo?
O público da mensagem
Logo após escolher os doze apóstolos, dentre os seus discípulos (Lucas 6:13), Jesus desceu para um ponto plano na montanha, onde todos passaram a noite e grande número de seguidores e uma multidão de pessoas das cidades circunvizinhas se reuniram para ouvi-Lo (Lucas 6:17).
É nesse cenário que Jesus proferiu aos seus discípulos as bem-aventuranças:
“E, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus” (Lucas 6:20).
Quando o evangelista Lucas narra que Jesus fitou os seus discípulos, ele identifica o público alvo das bem-aventuranças: os seus seguidores. A quantidade de discípulos era considerável, embora alguns que diziam crer em Cristo se escandalizavam com a mensagem anunciada (João 6:66 e 8:31).
Durante o anuncio das beatitudes os seguidores de Jesus são classificados por Ele como ‘pobres’, ‘famintos’, ‘pranteadores’, etc. (Lucas 6:20-21; Mateus 5:3-9).
Ao olhar para os seus discípulos, Jesus anunciou as beatitudes, mas após contar as parábolas do Sal e da Luz, o público alvo da mensagem muda, e passa a ser a grande multidão das cidades circunvizinhas. Ao destacar que a multidão necessitava de justiça superior a dos escribas e fariseus para ter direito ao reino dos céus (Mateus 5:20), Jesus evidenciou que tanto os líderes religiosos quanto a multidão não tinham direito ao reino dos céus, criando no discurso elementos que proporcionasse aos seus ouvintes a mudança de concepção (arrependimento/metanoia) necessária.
Enquanto os seguidores de Cristo são apresentados à multidão como detentores do direito de entrarem no reino dos céus (Mateus 5:3), a multidão carecia de justiça, e tinha que ser justiça superior a dos seus líderes do judaísmo.
“Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” (Mateus 5:20).
Os discípulos de Cristo
Jesus tinha muitos discípulos e, dentre eles, teve doze apóstolos. Durante o ministério de Jesus, muitos dos seus seguidores se desviaram, pois estavam interessados tão somente em pão e milagres, mas não aceitavam o discurso de Jesus (João 6:60 e 66; 8:31). Até mesmo dentre os apóstolos escolhidos, um se perdeu, como predito nas Escrituras (Salmo 69:25).
Mas, antes de ser crucificado, Jesus deixou sublinhado a principal característica de um discípulo para que os não crentes conhecessem os Seus seguidores:
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros“ (João 13:35).
Jesus não apresentou exigências éticas e morais que variam com o tempo e de sociedade para sociedade como elemento para que os de fora reconheçam os seus seguidores, antes apresentou uma questão objetiva: amar uns aos outros!
Um verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que permanece no Seu ensino sem se demover.
“Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos;” (João 8:31).
Basta fazer a vontade de Deus, que é crer que Jesus é o Cristo, para se fazer discípulo de Jesus, e será membro da família de Jesus (Lucas 8:21; João 6:29; João 1:12-13). Embora a palavra da fé que os discípulos de Jesus apregoam seja uma doutrina objetiva, confessar que o Senhor Jesus é salvador e crer que Deus O ressuscitou dentre os mortos é algo subjetivo (Romanos 10:9-10), ou seja, próprio ao indivíduo. Permanecer na palavra de Jesus torna alguém discípulo, e é possível aos demais discípulos identificá-lo em função do que professa (fruto dos lábios), mas os de foram só conseguirão identificar um discípulo de Jesus se amar uns aos outros.
Para tornar possível aos não crentes identificarem os seus discípulos (João 13:35), Jesus ordenou:
“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós que, também, vós, uns aos outros, vos ameis” (João 13:34).
Além possibilitar aos não crentes saberem quem é discípulo de Cristo, não trará escândalo ao evangelho da graça de Deus.
“Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo.” (1 João 2:10).
Qual a aplicabilidade prática do mandamento para amar uns aos outros? Considerando que qualquer que faz a vontade de Deus é irmão, irmã e mãe de Jesus, um nascido de Deus, um verdadeiro discípulo não pode fazer acepção de pessoas, ou seja, escolher quem amar segundo preferências pessoas, tais como: nacionalidade, idioma, sexo, etc. Como membro do corpo de Cristo, um discípulo convertido dentre os judeus deveria aceitar um gentio que fez a vontade de Deus como seu irmão, e como membro do corpo de Cristo, pois, todos, pela fé em Cristo, se tornaram filhos de Abraão.
O Senhor Jesus e o evangelista João são enfáticos quanto ao dever de amar uns aos outros, a marca registrada de um discípulo de Cristo, pois esse cuidado deriva da seguinte verdade:
“Porque todos sois filhos de Deus, pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um, em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão e herdeiros, conforme a promessa” (Gálatas 3:26-29).
Se todo que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus (Marcos 3:35 com João 5:1), um cristão convertido dentre os romanos não podia se achar superior aos demais por causa da sua nacionalidade, ou um cristão convertido dentre os gregos não podia se arrogar o direito de desprezar os demais por questões ligadas ao idioma, e o mesmo se aplicava as cristãos convertidos dentre os judeus, e por isso o mandamento: amai uns aos outros.
A abordagem do apóstolo Paulo é muito prática e objetiva:
“Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.” (Filipenses 2:3).
Em vários momentos o apóstolo Paulo procura evidenciar que, no corpo de Cristo, não há diferença entre os seus membros:
“Porventura, o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é, porventura, a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão” (1 Coríntios 10:16-17).
Se um crente em Cristo compreende a essência do corpo de Cristo e anda conforme essa verdade, além de ser um discípulo verdadeiro porque permanece no ensino de Cristo, os não crentes poderão identificá-lo como discípulo de Cristo.
“Se alguém diz: Eu amo a Deus e odeia a seu irmão é mentiroso. Pois, quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão. TODO aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou, também, ama ao que dele é nascido. Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados” (João 4:20-21 e 5:1-3).
Poucos na nossa sociedade conseguem visualizar os problemas decorrentes da barreiras socioculturais existentes na igreja primitiva. Socorrer os mais pobres tinha a sua importância na igreja primitiva, tanto que os apóstolos recomendavam assisti-los (Gálatas 2:10), mas a administração desse serviço era algo palpável somente para os cristãos (2 Coríntios 9:13), diferentemente das questões ligadas as barreiras socioculturais. Derrubar as barreiras socioculturais era essencial ao evangelho, pois só assim a mensagem de Cristo que promove as beatitudes a todas as famílias da terra poderia alcançá-los, e só o amor uns pelos outros poderia revelar ao mundo quem era discípulo de Cristo.
O apóstolo Pedro sabia em eram os irmãos de Jesus, bem como quem eram discípulos de Cristo: aqueles que fazem a vontade de Deus, conforme se lê:
“Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Marcos 3:35).
Mas, há uma grande diferença entre saber e praticar o que se sabe. É por isso que o apóstolo Paulo recomenda: transformai-vos pela renovação do vosso entendimento (Romanos 12:2).
O apóstolo Pedro bem sabia que não se pode fazer acepção de pessoas, mas o apóstolo Paulo observou que o apóstolo Pedro comia com os gentios, mas quando chegaram cristãos convertidos dentre o judeus, foi se afastando dos cristãos gentios temendo os que eram da circuncisão. A atitude do apóstolo Pedro não era conforme a verdade do evangelho, e o seu cuidado para os que eram da circuncisão poderia afetas os que eram da incircuncisão. o comportamento reprovável do apóstolo Pedro deixou de ser segundo o mandamento de Cristo: amai uns aos outros.
Perseguidos
Uma das evidências dos verdadeiros discípulos de Cristo está nas perseguições.
“Os quais, também, mataram o SENHOR Jesus e os seus próprios profetas e nos têm perseguido; não agradam a Deus e são contrários a todos os homens” (1 Tessalonicenses 2:15);
“E, também, todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2 Timóteo 3:12).
As perseguições aos discípulos não decorrem dos negócios desta vida, e nem em função de algum mal praticado, mas, por causa da justiça quem vem por Cristo Jesus conforme o evangelho (Mateus 5:10). Não se pode entender a ‘justiça’, da qual Jesus fala, com luta por causas sociais, sistemas políticos, placa de igreja, filosofias de vida, etc.
À época dos apóstolos, os judeus foram perseguidos, entretanto, isso se deu porque eles não se sujeitavam a nenhuma instituição humana, pois, queriam a independência política do povo de Israel. Sobre os judeus insurgentes, disse o apóstolo Pedro:
“Mas, principalmente, aqueles que segundo a carne andam em concupiscências de imundícia e desprezam as autoridades; atrevidos, obstinados, não receando blasfemar das dignidades” (2 Pedro 2:10).
Quando veio a perseguição de Roma sobre os judeus, isso se deu por questões políticas, e não por causa da justiça que Jesus apregoou. Por isso, o alerta:
“Então, Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão” (Mateus 26:52).
A ‘justiça’ em voga, diz da justiça de Deus, que se descobre no evangelho:
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu e, também, do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus, de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé” (Romanos 1:16-17).
Jesus deixa claro que os seus discípulos eram bem-aventurados e que sofreriam perseguições por causa da justiça anunciada por Cristo; que eram bem-aventurados e seriam injuriados e perseguidos por causa de Cristo. A atitude de um discípulo, ao ser perseguido por causa de Jesus, deve ser exultar e se alegrar, por dois motivos: a) grande recompensa nos céus e; b) os profetas, também, foram perseguidos.
“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque, assim, perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mateus 5:10-12).
Sal da terra e luz do mundo
“Vós sois o sal da terra e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador e dá luz a todos que estão na casa. Assim, resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 5:13-16).
Após anunciar as bem-aventuranças, Jesus declarou que os seus discípulos eram o sal da terra e a luz do mundo. Por que sal da terra e luz do mundo? O que os discípulos fizeram para receberem esse predicativo? Percebe-se, pela leitura do texto bíblico, que os discípulos ainda não tinham feito nada em prol do reino dos céus, porém, já eram sal e luz.
A condição de sal da terra e luz do mundo é intrínseco a ser discípulo de Cristo. Ser um discípulo de Cristo é suficiente para tornar alguém sal da terra e luz do mundo.
Enquanto um crente em Cristo for confrontado, injuriado e perseguido por causa da justiça que há em Cristo será sal da terra e luz do mundo. Se o crente não ama os seus irmãos em Cristo ou, se não permanecer nos ensinamentos de Cristo, deixa de ser discípulo, consequentemente, deixa de ser sal da terra e luz do mundo.
“Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos; E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” (João 8:31-32);
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.“ (João 13:35);
“Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e, assim, sereis meus discípulos.” (João 15:8);
Como o crente em Cristo produz fruto? Estando ligado à videira verdadeira, que é Cristo (Joao 15:4-5). E qual é o fruto que o crente ligado à videira verdadeira? Confessar que Jesus é o Filho de Deus é o fruto, segundo o escritor aos hebreus. O fruto dos lábios é o que procede do coração, de modo que quem confessa o nome de Cristo como Senhor e Mestre produz o fruto que o Pai é glorificado (Hebreus 13:15; Isaías 61:3). Os escribas e fariseus que iam ao batismo de João Batista não conseguiam produzir o fruto por não terem mudado de concepção, ou seja, precisavam deixar de dizer que tinham por pai Abraão e confessarem a chegada do reino de Deus.
É por isso que o apóstolo Paulo instruía os discípulos a permanecerem firmes na verdade do evangelho, a fé que foi dada aos santos:
“Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que, por muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus.” (Atos 14:22).
A parábola do sal da terra e da luz do mundo tem por objetivo demonstrar que, do mesmo modo que o sal insipido perde o seu valor e função, tal é a condição daqueles que deixam de ser discípulos de Jesus. Se deixar de ser discípulo, deixa de ter valor e função para o reino de Deus e só serve para ser lançado fora e pisado pelos homens.
Qualquer que diz estar em Cristo e volta às questões da lei, deixa de ser sal da terra. Os cristãos das cidades da Galácia, por estarem passando para outro evangelho, estavam deixando de serem sal da terra. Por causa do evangelho, que é poder de Deus para salvação de todo que crê, o seguidor de Jesus é sal da terra, mas, se voltar a lançar mão de rudimentos fracos e pobres como: guardar os Sábados, circuncidar-se, lavar as mãos, etc., torna-se insípido, para nada mais presta (Gálatas 4:9-10; Colossenses 2:20-22).
Um verdadeiro discípulo, aquele que permanece no ensino de Jesus, é liberto do Senhor, um filho da luz, portanto, é luz no Senhor (Efésios 5:8).
É impossível um discípulo de Jesus esconder a sua real condição dos que não creem, da mesma forma que é impossível esconder uma cidade edificada sobre um monte. Por que é impossível? Porque um discípulo confessa abertamente que Jesus é o Filho de Deus, e os homens poderão observar o amor que ele tem pelos seus irmãos em Cristo. Além de ouvirem o fruto dos lábios, verá que o discípulo de Jesus não faz acepção de pessoas quando outros discípulos convertidos de outras nações, condição social diferente, costumes diferentes, etc., são aceitos na mesa da comunhão.
Do mesmo modo que não se acende uma lamparina para colocá-la em um lugar oculto (alqueire), mas, sim, num lugar que a luz preencha todo o ambiente (velador), iluminando quem está no recinto, semelhantemente, a confissão e a não acepção de pessoas torna patente a condição de discípulos de Cristo a todos os homens.
Quais são as ‘boas obras’ que, se os homens observarem, torna possível glorificarem a Deus que está nos céus? Ações de caridade? Ações sociais? Engajamento em alguma passeata em favor da natureza? Trabalho voluntário em algum hospital? Acolher crianças abandonadas? Mitigar o sofrimento dos pobres, através de doações e esmolas?
Se considerarmos a passagem bíblica, onde o apóstolo Paulo evidencia que as questões elencadas acima não preenche o requisito do amor, vez que, de nada adianta alguém distribuir toda fortuna ou, até mesmo sacrificar a própria existência, quais seriam as ‘boas obras’?
“E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres e, ainda, que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” (1 Coríntios 13:3).
Tornando-se discípulo de Cristo, o crente se torna filho da luz, e a sua luz irradiará diante dos homens (Efésios 5:8; 1 Tessalonicenses 5:5). Ao crer em Cristo se faz a obra de Deus, ou seja, torna-se fez servo de Deus (João 6:29; Romanos 6:17). A boa obra realizada que os homens, ao verem, glorificarão a Deus, diz da sujeição a Cristo. Quem toma o jugo de Cristo é um verdadeiro discípulo, e se tornará manso e humilde de coração como Seu Senhor e mestre (Mateus 11:29-30). A obra de Deus é crer em Cristo e a obra má é obedecer a mandamentos de homens.
“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (Mateus 5:16);
“E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” (João 3:19-21).
Para compreender a essência da ‘obra’ destacada por Jesus, temos que analisar o termo ‘obra’ segundo a perspectiva do homem da antiguidade, onde predominava a relação senhor e servo.
Aristóteles deixou registrado a relação entre senhor e servo e a base da relação: obediência deste, e comando, daquele.
“… existe uma obra, desde que haja comando de uma parte e de outra, obediência” (ARISTÓTELES, 2011, p. 25).
Existe ‘boa obra’, desde que haja obediência por parte dos discípulos de Cristo ao mandamento dado por Deus, pois, diante da obra que resulta da obediência ao mandamento, Deus é glorificado. Mas, se a obediência se dá aos mandamentos de homens, que são maus, a obra será má e não renderá glória a Deus.
Jesus veio ao mundo, mas os homens à época rejeitaram-no, pois preferiram a condição deles do que crer em Cristo, a luz que ilumina o mudo. E por que rejeitaram a Cristo? Porque as suas obras eram más, ou seja, não obedeciam a Deus, e sim, mandamento de homens (Isaias 29:19). Se obedeciam mandamento de homens, se viessem a Cristo, o que faziam seria rejeitado.
Um discípulo se achega à luz porque praticou a verdade anunciada por Cristo, ou seja, se achegou à luz, que é Cristo, para que as suas obras sejam manifestas. Observe que que pratica a verdade está na luz e a suas obras são feitas em Deus. “Boas obras’ não pode ser vista como produto de filosofias, boas ações, bom costume, etc., pois se refere a algo que é realizado em Deus e só em Cristo é manifesta.
Se o crente em Cristo honra os seus irmãos em Cristo, considerando os outros superiores a si mesmo, nada deve a ninguém. Cumpriu o mandamento: a) creu em Cristo e; b) ama o seu irmão, conforme Deus ordenou:
“E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento” (1 João 3:23);
“Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo“ (Filipenses 2:3);
“Amai-vos, cordialmente, uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros“ (Romanos 12:10);
“A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor, com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Romanos 13:8).
Desde que o crente em Cristo permaneça crendo que Jesus é o Senhor e considere o outro em honra, é discípulo de Cristo, liberto do Senhor, portanto, sal da terra e luz do mundo.
“Por isso, ouvindo eu, também, a fé que entre vós há no Senhor Jesus e o vosso amor para com todos os santos” (Efésios 1:15).
Mas, enquanto houver cristãos que pensem que a missão da Igreja de Cristo é promover fraternidade entre as pessoas, respeito à natureza, justiça social, redistribuição de renda, etc., não são discípulos verdadeiros, pois, não deixam que os mortos enterrem os seus e se esquecem de que o Cristo não tinha onde reclinar a cabeça.
“E, aproximando-se dele um escriba, disse-lhe: Mestre, aonde quer que fores, eu te seguirei. E disse Jesus: As raposas têm covis e as aves do céu têm ninhos, mas, o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, permite-me que primeiramente vá sepultar meu pai. Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me e deixa os mortos sepultarem os seus mortos” (Mateus 8:19-22).
Correção ortográfica: Pr. Carlos Gasparotto
Gostei deste estudo era tudo que estava precisando,moro em Portugal e está palavra vou compartilhar a um grupo da igreja .
Obrigado ,continue ajudando o reino com suas postagens .