O resultado do arrependimento e da conversão é a salvação, o resgate do ser humano do domínio do pecado. Nesse contexto, não há necessidade de dizer “vai e não peques mais”, pois aquele que é libertado do pecado não pode mais servi-lo e, portanto, não peca mais. Quem comete pecado é servo do pecado, mas aquele que é liberto e se torna servo da justiça já não vive em pecado.
“Vá e não peques mais” e “Vai, a tua fé te salvou”: Uma Análise Detalhada
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As expressões “Vá e não peques mais” e “Vai, a tua fé te salvou” ecoam nos Evangelhos, proferidas por Jesus em contextos semelhantes, porém carregando mensagens profundamente distintas. Compreender a essência de cada uma é essencial para desvendar as nuances do milagre e da salvação em Cristo.
A ordem ao enfermo de Betesda: Vá e não peques mais
Em João 5:14, Jesus se dirige a uma pessoa enferma deitado nas proximidades do tanque de Betesda, concedendo-lhe a cura. Jesus sabia do longo tempo que aquele enfermo aguardava uma cura junto ao tanque de Betesda e, ao vê-lo deitado, perguntou se ele queria ser curado.
No episódio junto ao tanque de Betesda, conforme registrado em João 5:14, Jesus se aproxima de um homem enfermo deitado nas proximidades. Consciente do longo tempo que aquele enfermo havia passado aguardando uma cura junto ao tanque, Jesus o questiona sobre seu desejo de ser curado.
“E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se achava enfermo. E Jesus, vendo este deitado, e sabendo que estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são?” (João 5:5-6).
Após ouvir a pergunta de Jesus, o homem enfermo lamentou que não havia ninguém para ajudá-lo a entrar no tanque, mostrando que ele não reconhecia Jesus. Em resposta, Jesus o curou com as palavras “Levanta-te, toma o teu leito, e anda.” O homem foi imediatamente curado, pegou seu leito e começou a andar.
Os judeus, ao verem o homem carregando sua cama, o repreenderam por estar violando as regras do sábado. Ele defendeu-se, explicando que foi Jesus quem o curou e ordenou que ele carregasse o leito. No entanto, quando questionado sobre quem era aquele que o curou e mandou carregar o leito, o homem não soube responder (João 5:10-13).
Mais tarde, Jesus encontrou o homem novamente e disse:
“Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior.” (João 5:14).
Embora muitos considerem que a doença do homem a beira do tanque de Betesda fosse paraplegia, o texto apenas menciona que era uma enfermidade e que o homem tentava chegar ao tanque para ser curado.
“O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.” (João 5:7).
Sabemos que as doenças não têm sua origem no pecado do doente ou de seus pais, conforme Jesus afirmou aos seus discípulos durante a discussão sobre um homem cego de nascença.
“E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” (João 9:2).
Se o homem junto ao tanque de Betesda fosse enfermo desde o nascimento, nem ele nem seus pais teriam pecado para que ele permanecesse enfermo, ao contrário do cego de nascença. Isso se deve ao fato de que o pecado é uma consequência do ato de Adão, segundo o qual o julgamento de Deus trouxe condenação a todos os homens, resultando na morte de todos, sendo assim dito que todos pecaram (Romanos 3:23; 5:12 e 18-19).
Nesse contexto, percebe-se que a enfermidade que afligiu o homem que ficou deitado ao lado do tanque de Betesda por trinta e oito anos foi resultado de alguma falha dele, não sendo necessariamente atribuível à condição humana de sujeição ao pecado. Por isso, a ordem de Jesus: “Não peques mais”, para evitar que algo pior aconteça (João 5:14).
O verbo traduzido como “pecar” significa originalmente “errar o alvo”, indicando um erro que pode ser comportamental, moral, ou conceitual, e também pode ser utilizado para se referir à condição daqueles que estão sujeitos ao pecado.
A advertência de Jesus não estabelece uma ligação direta entre pecado e sofrimento. O pecado é um senhor da humanidade gerado pela semente corruptível de Adão, resultando no aguilhão da morte. O sofrimento, por sua vez, é uma consequência da punição imposta por Deus: à mulher, dores no parto, e ao homem, a obrigação de ganhar o sustento com o suor do rosto.
A ordem à mulher adultera: vai-te e não peques mais
No episódio descrito em João 8:11, Jesus é confrontado pelos escribas e fariseus que trazem diante dele uma mulher flagrada em adultério. Eles questionam se ela deveria ser apedrejada conforme a lei de Moisés, como uma tentativa de armar uma armadilha para Jesus, seja para acusá-lo junto aos judeus, seja para incriminá-lo perante as autoridades romanas.
Se Jesus concordasse com a aplicação da pena de apedrejamento, estaria em desacordo com a lei romana, que reservava o direito de punir crimes capitais exclusivamente ao Império Romano. Isso poderia ser interpretado como um ato de sedição contra o domínio romano, colocando-o em conflito com as autoridades locais.
Por outro lado, se Jesus ignorasse a lei de Moisés e se recusasse a condenar a mulher, os escribas e fariseus teriam material para acusá-lo de não respeitar as tradições religiosas judaicas, o que poderia ser usado contra ele perante o sinédrio.
Além disso, os acusadores da mulher não trouxeram o homem envolvido no adultério, o que revela uma aplicação seletiva da lei e uma tentativa de desonrar tanto a lei quanto a mulher. Esse contexto torna a situação ainda mais complexa e demonstra as intenções maliciosas dos adversários de Jesus.
“Quando um homem for achado deitado com mulher que tenha marido, então ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher, e a mulher; assim tirarás o mal de Israel.” (Deuteronômio 32:32).
Diante da insistência dos seus interlocutores, Jesus disse a eles:
“Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.” (João 8:7).
Após Jesus escrever no chão, os acusadores da mulher se retiraram um a um, deixando apenas Jesus e a mulher. Ele então pergunta à mulher se alguém a acusa e ela responde que não há ninguém.
Então, Jesus a libera com estas palavras: “Nem eu te condeno; vai e não peques mais.” Este momento reflete a essência da missão de Jesus, que não veio para condenar os já condenados pela ofensa de Adão, mas para salvar.
“Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” (João 3:17);
“Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” (João 3:18).
Jesus concedeu livramento à mulher de seus acusadores e orientou-a a não pecar mais. Essa recomendação de Jesus à mulher ecoa a mesma feita ao enfermo do tanque de Betesda, para que ela evitasse cometer erros.
É importante destacar que mesmo se aquela mulher nunca tivesse cometido adultério, ela ainda seria pecadora, e mesmo se nunca mais adulterasse, continuaria a ser pecadora. Jesus enfatiza que aquele que peca é escravo do pecado e só pode deixar de pecar sendo libertado por Cristo.
“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.” (João 8:34).
Jesus libertou aquela mulher orientando-a a não incorrer novamente em erros que pusessem sua vida em risco. Se a questão fosse relacionada à salvação eterna, Jesus teria orientado a mulher a se submeter a Ele como Senhor, pois somente assim alguém pode ser liberto do domínio do pecado.
“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” (Mateus 11:29).
Para alcançar a salvação, o que também se aplica àquela mulher, é imprescindível experimentar o novo nascimento. Isso significa mais do que simplesmente abandonar comportamentos considerados errados pela moral humana ou pensar que é possível abandonar a condição de pecador. Ser salvo requer o extermínio do corpo do pecado, conhecida como “morrer para o velho homem”, conforme descrito em Romanos 6:6, através do batismo na morte de Cristo.
A única forma de alguém se libertar do pecado é ao morrer para ele, e somente Jesus pode proporcionar essa morte, que é a circuncisão de Cristo.
“No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de Cristo; Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos.” (Colossenses 2:11-12).
A ordem a mulher pecadora: A tua fé te salvou; vai-te em paz
Em Lucas 7:48-50, Jesus estava na casa de Simão, um fariseu que o convidara para uma refeição. Durante a refeição, uma mulher soube que Jesus estaria ali e trouxe um vaso de alabastro com unguento, entrando no recinto.
A mulher se colocou atrás de Jesus, aos seus pés, chorando, e começou a molhar seus pés com lágrimas, enxugando-os com seus cabelos. Ela beijou os pés de Jesus e os ungiu com o unguento. O fariseu criticou Jesus por permitir que aquela mulher, conhecida como pecadora na cidade, o tocasse. Ele argumentou que se Jesus fosse um profeta verdadeiro, saberia quem ela era.
Em resposta, Jesus ensinou ao fariseu que ele não observou os preceitos básicos de hospitalidade ao receber Jesus em sua casa, como oferecer água para lavar os pés de Jesus, saudá-lo com um beijo de boas-vindas e ungir sua cabeça com óleo (Lucas 7:44-46).
Depois de esclarecer ao fariseu que os muitos pecados da mulher haviam sido perdoados, Jesus declarou a ela: “Os teus pecados te são perdoados.” Os demais convidados ficaram surpresos com o poder de Jesus de perdoar pecados e perguntaram entre si quem ele era para fazer tal coisa.
Para dissipar qualquer dúvida, Jesus disse à mulher: “A tua fé te salvou; vai em paz.” Este gesto revela que a mulher não veio em busca de cura física, mas da pessoa: Jesus. Embora não tenha pedido nada, ela demonstrou completa submissão a Cristo como seu Senhor, reconhecendo sua própria indignidade, assim como João Batista, que disse não ser digno de desatar as sandálias de Jesus.
O ato daquela mulher se assemelha a de outros que adoraram a Jesus pedindo socorro, pois somente alguém sendo Senhor e Cristo poderia prestar o socorro pretendido (Mateus 15:25). O ato de submissão daquela mulher pecadora foi um reconhecimento de Jesus como Senhor e Salvador, o que lhe rendeu o perdão dos pecados e a redenção.
A ordem à mulher curada do fluxo de sangue: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz.
A mulher do fluxo de sangue, assim como a mulher do vaso de alabastro, procurou Jesus, mas com propósitos distintos. Enquanto a mulher do vaso de alabastro veio reverenciar Jesus, a mulher com o fluxo de sangue buscava sua cura.
A mulher do fluxo de sangue acreditava firmemente que, se tocasse apenas nas vestes de Jesus, seria curada. Confiando nas histórias que ouvira sobre Cristo, ela desafiou as normas sociais da época, que proibiam uma mulher com fluxo de sangue de tocar outras pessoas para evitar a contaminação. Ela atravessou uma multidão para alcançar Jesus.
Depois de tocar nas vestes de Cristo, foi imediatamente curada. Ela tentou se esconder na multidão, mas Jesus percebeu e perguntou quem o havia tocado. A mulher, temerosa, se apresentou e explicou seus motivos e a cura que recebera. Jesus a confortou, dizendo: “Tem bom ânimo, filha; a tua fé te salvou; vai em paz.”
“Então, vendo a mulher que não podia ocultar-se, aproximou-se tremendo e, prostrando-se ante ele, declarou-lhe diante de todo o povo a causa por que lhe havia tocado, e como logo sarara.” (João 8:47).
A mulher se entregou completamente a Cristo e se prostrou, pois havia sido curada e não podia mais se esconder. Isso evidencia que Jesus não era apenas um profeta, mas divino. A confiança profunda que ela depositou em Jesus, como evidenciado na frase “a tua fé te salvou”, resultou não apenas na sua cura, mas também na sua salvação.
A ordem ao leproso agradecido: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou
Em outro evento registrado nos evangelhos, dez leprosos pediram misericórdia a Jesus sem se aproximarem dele, devido à proibição social existente para portadores daquela doença. Jesus instruiu-os a irem mostrar-se aos sacerdotes, e enquanto estavam a caminho, foram purificados.
Um dos leprosos, ao perceber que estava curado, não foi ao sacerdote como Jesus havia indicado, mas voltou glorificando a Deus em voz alta pelo caminho. Quando chegou diante de Jesus, prostrou-se aos seus pés com o rosto em terra, rendendo-lhe graças.
Jesus então fez três observações impactantes: perguntou onde estavam os outros nove que também haviam sido curados e não voltaram para agradecer a Deus, exceto aquele estrangeiro, um samaritano. Em seguida, dirigiu-se ao samaritano e disse: “Levanta-te e vai; a tua fé te salvou!”
A atitude desse samaritano, semelhante à da mulher do fluxo de sangue, demonstra sua completa rendição a Cristo como Salvador. Ele confiou em Jesus de tal maneira que sua fé superou as regras tradicionais da lei, que exigiam que os curados se apresentassem aos sacerdotes (conforme descrito em Levítico 14:1-25).
A ordem ao cego de Jericó: Vê; a tua fé te salvou.
O caso do cego de Jericó é notável, pois ao ouvir que Jesus passava próximo ao local onde ele mendigava, começou a gritar: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” (Lucas 18:38). As pessoas ao redor, incomodadas com o fato de o cego declarar publicamente que Jesus era o “Filho de Davi” — um título que reconhecia Jesus como o Messias prometido, o Filho de Deus e o rei de Israel — ordenaram que ele se calasse.
“Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, o qual sairá das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos de homens.” (2 Samuel 7:12-14).
O cego, convicto da verdade que gritava, não cessou de clamar por misericórdia, e Jesus o mandou chamar. Quando o trouxeram diante dele, Jesus perguntou: “Que queres que te faça?” O cego pediu algo que para um homem seria impossível, mas para Deus era possível: “Senhor, que eu veja.”
A resposta de Jesus ao cego de Jericó foi direta: “Vê; a tua fé te salvou.” E imediatamente o cego recuperou a visão. O homem curado começou a seguir a Cristo, glorificando a Deus, enquanto o povo ao redor também louvava a Deus.
O cego glorificava a Deus, produzindo fruto em seus lábios ao proclamar que Jesus é o Cristo. Fica evidente que, ao estar ligado a Cristo, a videira verdadeira, ele se tornou uma árvore de justiça. Sua confiança em Cristo resultou em salvação, e por isso ele próprio produzia o fruto que Deus requer (cf. Hebreus 13:15; Isaías 61:3; João 15:1-8).
Qual a diferença entre “Vá e não peques mais”, e “Vai, a tua fé te salvou”
Em ambos os casos em que Jesus disse “Vá e não peques mais” e “Vai, a tua fé te salvou”, a cura foi concedida. Jesus pode conceder a cura aos pecadores, e cabe a eles evitar cometer erros que possam piorar sua condição, daí a instrução ao serem liberados: “vai e não peques mais”.
O comando “não peques mais” não deve ser confundido com o chamado ao arrependimento, como “arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus”, ou “convertei-vos”.
Arrependimento, traduzido do grego metanoia, refere-se à mudança de entendimento em resposta à chegada de Cristo e ao reino dos céus. O arrependimento na Bíblia não se refere apenas a erros cotidianos de comportamento ou moralidade, mas à transformação fundamental na compreensão da salvação após a revelação do evangelho.
A conversão envolve voltar-se para Deus. Isso implica reconhecer que o homem está afastado de Deus e, ao ouvir o chamado do evangelho, responder com obediência e submissão. Em sua essência, a conversão é um ato de obediência a Deus.
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do SENHOR,” (Atos 3:19).
A mensagem do apóstolo Pedro aos judeus reunidos junto à Porta Formosa do templo, na hora da oração, às três da tarde, exigia uma mudança significativa de entendimento. Os judeus acreditavam que sua salvação estava garantida por serem descendentes de Abraão e por frequentarem o templo para ouvir a lei de Moisés. No entanto, com a chegada de Cristo, essa crença foi desafiada.
O apóstolo Pedro lhes dizia que, após se arrependerem (mudarem de entendimento), deveriam voltar-se para Deus, crendo em Cristo, o enviado divino, pois somente assim seus pecados seriam perdoados. A conversão, portanto, trata-se da submissão a Cristo como Senhor.
“Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará.” (2 Coríntios 3:16).
O resultado do arrependimento e da conversão é a salvação, o resgate do ser humano do domínio do pecado. Nesse contexto, não há necessidade de dizer “vai e não peques mais”, pois aquele que é libertado do pecado não pode mais servi-lo e, portanto, não peca mais. Quem comete pecado é servo do pecado, mas aquele que é liberto e se torna servo da justiça já não vive em pecado.
“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.” (João 8:34);
“Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado.” (Romanos 6:6-7);
Para não restar dúvidas quanto ao afirmado acima, o evangelista João apresenta uma lógica incontestável: o verdadeiro arrependimento e a conversão conduzem à libertação do domínio do pecado. João argumenta que aquele que é nascido de Deus não comete pecado, porque a semente divina permanece nele. Dessa forma, quem é verdadeiramente liberto e servo da justiça não pode mais viver em pecado, pois está sob a graça e o domínio de Deus, diferente de quem comete pecado, que pertence ao diabo.
“Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo. Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.” (1 João 3:7-8).
Seria sem sentido Jesus dar uma ordem àqueles que foram salvos para “irem e não pecarem mais”, uma vez que eles já não estavam sob o domínio do pecado, tendo sido transportados para o reino de Cristo (Colossenses 1:13).
Aqueles que receberam a ordem “vai, a tua fé te salvou” ainda poderiam cometer erros, pois todos os cristãos tropeçam em muitas coisas. No entanto, apesar desses tropeços, não são filhos do diabo, mas sim filhos de Deus, e portanto, não podem estar a serviço do pecado.
“Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo.” (Tiago 3:2).
Quando é dito: a tua fé te salvou, a salvação foi proporcionada por Cristo visto que a pessoa creu que Jesus é o enviado de Deus. A crença da pessoa não tem poder para salvar, e sim, a pessoa de Cristo. É por isso que o apóstolo Paulo diz:
Quando é dito: “a tua fé te salvou”, a salvação foi proporcionada por Cristo, visto que a pessoa creu que Jesus é o enviado de Deus. A crença da pessoa, em si mesma, não tem o poder para salvar; é a pessoa de Cristo que proporciona a salvação.
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” (Romanos 1:16).
Observe que o enfermo do tanque de Betesda e a mulher adúltera não estavam à procura de Jesus. A mulher foi trazida a contragosto, e o enfermo foi abordado por Jesus. Ele recebeu a cura e ela, o livramento, mas ambos, pelo texto, parecem não conhecer quem era Jesus e, por isso, não exerceram confiança n’Ele, o que é essencial para a salvação, mas não para a dádiva da cura e do livramento concedido.
Já os demais eventos na qual Jesus anuncia a tua fé salvou, eles ouviram falar de Jesus e o procuraram. E ao se depararem com Ele creram e se renderam humildemente aos seus pés, e por isso, além de serem curados, receberam a salvação do pecado.
Por outro lado, nos eventos em que Jesus anuncia “a tua fé te salvou”, as pessoas ouviram falar de Jesus e o procuraram. Ao se depararem com Ele, creram e se renderam humildemente aos Seus pés. Por essa fé e entrega, além de serem curadas, essas pessoas receberam a salvação do pecado.
Esses exemplos ilustram a diferença entre a cura física e a salvação. A cura ou o livramento podem ser concedidos por Jesus como demonstração de Sua graça e poder, mesmo sem a pessoa ter crido em Cristo. No entanto, a salvação do pecado requer uma confiança e entrega a Cristo, reconhecendo-O como o enviado de Deus e Senhor da vida.