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Os conflitos em Israel são prenuncio do fim dos tempos?

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Os membros do corpo de Cristo não devem ficar tentando prever o arrebatamento da igreja através dos tempos e suas estações, posto que somente sobre o povo de Israel foi estabelecido ‘tempos’ nas profecias.


Os conflitos em Israel são prenuncio do fim dos tempos?

“Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão” (Mateus 24:32).

Introdução

Todas as vezes que se inicia um novo conflito em Israel surge no meio evangélico certa expectativa acerca do fim dos tempos por causa da parábola da figueira, daí a pergunta: Essa expectativa possui fundamento bíblico? Qual o significado da parábola da figueira no contexto?

Em função da parábola da figueira registrada em Mateus 24, versos 32 à 35, muitos estudiosos acreditavam que a Guerra dos Seis Dias entre árabes e israelenses em 1967, era prenuncio do “começo do fim”.

Outros teólogos apontam a proclamação da criação do Estado de Israel em 14 de maio de 1948[1], uma República Democrática e, o primeiro governo autônomo judaico após quase dois mil anos desde o governo de Herodes, como sendo os ‘ramos tenros’ e o ‘brotar das folhas’ da figueira, por causa da Parábola da Figueira narrada por Cristo.

Durante a minha infância, ouvi inúmeras mensagens e sermões que diziam que a nação brasileira estava sob a bênção e proteção de Deus porque o brasileiro Oswaldo Aranha, como presidente da Assembleia das Nações Unidas, em 29 de novembro de 1947, votou pela partilha das terras palestinas, que estabeleceu o Estado Judeu e o Estado Árabe.

Em função do versículo 34, que diz: “Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam”, muitos pregadores faziam e fazem cálculos matemáticos para determinar o tempo de uma geração, e afirmam que a vinda de Cristo está próxima.

 

A parábola da figueira estéril

“E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente?”  (Lucas 13:7).

A figueira da parábola refere-se à nação de Israel? Como ler e interpretar a parábola?

Ao demonstrar que era necessário aos judeus mudarem a concepção de como entrar no reino dos céus, Jesus utilizou em algumas parábolas a ‘figueira’ como figura para representar a nação de Israel.

Em outra parábola, Jesus fala de uma figueira plantada em uma vinha que, apesar do cuidado dispensado pelo vinhateiro, ela não produzia fruto:

“E dizia esta parábola: Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando.” (Lucas 13:6).

O proprietário da vinha propôs ao vinhateiro cortar aquela figueira, pois durante três anos procurou fruto e não encontrou. O vinhateiro, por sua vez, propôs ao dono da vinha cavar e adubar a figueira por mais um ano, e caso não produzisse fruto até o final do período, que fosse cortada (Lucas 13:8-9).

A parábola da figueira na vinha ilustra a necessidade de mudança de concepção (arrependimento), assim como o exigido na mensagem de João Batista, que na sua conclusão aponta através de uma parábola certa expectação de juízo: o machado posto à raiz das árvores.

“E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo” (Mateus 3:10).

Qual o fruto esperado da figueira plantada na vinha? Qual o fruto digno de arrependimento que os ouvintes de João Batista tinham que produzir?

Analisando a parábola da figueira na vinha e a pregação de João Batista, conclui-se que o fruto esperado de Israel durante os três anos do ministério de Cristo era o fruto dos lábios, que confessassem que Cristo é o Filho de Deus.

Apesar de João Batista ser ‘a voz que clamava no deserto’, o percursor do Messias, que clamava no deserto da Judeia a necessidade de mudança de concepção (Mateus 3:3), os líderes de Israel que iam ao batismo de João Batista continuavam fiados que eram salvos por serem descendentes da carne de Abraão (Mateus 3:8-9).

Como João Batista ouviu os escribas e fariseus que vinham ao batismo dizerem ‘Temos por pai a Abraão’, ele os repreendeu dizendo: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mateus 3:8). Se era chegado o reino dos céus, o motivo do anuncio do arrependimento (Mateus 3:2), achar que era filho de Abraão não traria salvação, sendo certo que o machado estava posto à raiz das árvores.

“Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.” (Hebreus 13:15).

Embora a parábola da figueira estéril seja uma referência à nação de Israel que não produziu o fruto esperado ao rejeitarem o Cristo (Lucas 13:6 -9), o mesmo não pode ser dito da parábola da figueira cujos ‘ramos se tornam tenros e brotam folhas’.

 

O verão e o brotar da figueira

“Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão” (Mateus 24:32).

Diferentemente da parábola da figueira estéril, a figura da figueira de ramos tenros serve para ilustrar a questão do tempo em que os eventos previstos por Cristo aconteceriam, e não que a figueira representava a nação de Israel.

Jesus estava anunciando aos seus discípulos eventos futuros, quando destacou que após a aflição daqueles dias, o sol haveria de escurecer e não haveria o brilho da sua luz. Que as estrelas cairiam dos céus, e então haveria o sinal do filho do homem nos céus, de modo que todas as tribos se lamentariam e veriam o Cristo vindo sobre as nuvens dos céus com poder e grande glória.

Para esclarecimento, a ‘aflição daqueles dias’ se refere a um período de grande perseguição ao povo judeu como nunca houve, período de tempo que se dá o nome de ‘grande tribulação’. Esta intensa perseguição se dará após três anos e meio do arrebatamento da igreja, e persistirá por exatos três anos e meio.

Mas, como será possível aos seguidores de Cristo saberem que é Ele que está voltando em glória, e não um anticristo se passando pelo Messias? (Mateus 24:26) Que paramento os seguidores de Cristo devem utilizar para saber se é o Messias se manifestando em glória, se é impossível saber o dia e a hora em que ele virá? (Mateus 24:36)

Como a parábola da figueira diz de eventos após a grande aflição daqueles dias (período da grande tribulação), certo é que não se trata de uma parábola para a igreja. Que fique claro: a parábola da figueira não contém elementos para prever quando se dará o arrebatamento da igreja, e tem serve para alertar a igreja de Cristo.

O que a Igreja deve aprender com a parábola da figueira? Quem é que deve aprender a parábola da figueira?

Quando contou a parábola, Jesus estava falando aos discípulos, que naquele momento estavam curiosos acerca da redenção de Israel. Até mesmo quando Jesus estava para ser assunto aos céus, os discípulos queriam saber qual era o tempo no qual seria restaurado o reino de Israel (Atos 1:6).

Embora a parábola da figueira não tenha aplicação prática para a Igreja, certo é que ao saber de eventos futuros, temos consciência da nossa condição em Cristo: amigos de Deus.

“Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.” (João 15:15).

A parábola da figueira ensina que, assim como é possível determinar que a estação do verão está próxima pelo simples fato de surgirem os ramos tenros e brotarem as folhas da figueira, também será possível determinar que o Cristo estava prestes a se manifestar em glória quando vissem os eventos descritos no verso 29:

“E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas.” (v. 29).

A figueira foi utilizada somente para demonstrar que o tempo da volta do filho do homem em glória e visível a todos os povos será previsível, assim como é previsível determinar a estação do verão quando se vê as folhas da figueira brotarem em seus ramos tenros.

“Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão. Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas (Mateus 24:32-33).

Os povos da antiguidade tinham várias meios e formas para determinar as estações do ano. Era plenamente possível determinar os tempos e as estações através de uma figueira, ou de qualquer outra árvore, como se lê:

“Ainda lhes propôs uma parábola, dizendo: Vede a figueira e todas as árvores. Quando começam a brotar, vendo-o, sabeis, por vós mesmos, que o verão está próximo. Assim também, quando virdes acontecerem estas coisas, sabei que está próximo o reino de Deus. Em verdade vos digo que não passará esta geração, sem que tudo isto aconteça” (Lucas 21:29-32).

Observe que o evangelista Lucas deixa claro que a figueira não se trata da nação de Israel como figura, pois também é possível fazê-lo com qualquer (todas) às árvores.

 

O Estado de Israel

O fato de a nação de Israel ter conquistado um território e voltar a se organizar como Estado em 14 de maio de 1948, não possui conexão alguma com a parábola da figueira. Na verdade, não há nas Escrituras nenhuma profecia que faça referência ao povo de Israel durante o tempo denominado de plenitude dos gentios.

No Livro de Daniel temos algumas profecias e visões que retrataram as grandes nações da antiguidade como os Babilônios, os Medos, os Persas, os Gregos e os Romanos, como o sonho da grande estátua de Nabucodonosor, ou as visões dos quatro animais vista por Daniel (Daniel 2:26 e 7:3).

Em uma de suas visões, Daniel foi informado que Deus estabeleceu setenta semanas de anos sobre o povo de Israel para consumação de todas as coisas, sendo que desde a ordem para se reedificar a cidade de Jerusalém até a vinda do Messias seria contado sessenta e nove semanas. No final das sessenta e nove semanas, o Cristo seria morto, e a profecia silencia acerca do povo de Israel.

A profecia só trata da última semana, dividindo-a em duas partes iguais, que seriam três anos e meio, sendo que surgirá um príncipe que durante aa primeira metade da semana fará um acordo com o povo do Messias, mas na segunda metade quebrará o pacto e haverá grande perseguição (Daniel 9:24-27).

Com a morte e ressureição de Cristo, sabemos que foi inaugurado o tempo chamado de plenitude dos gentios, tempo esse compreendido entre a sessenta e nove semanas e a última semana de anos de Daniel. No intervalo de tempo entre a sessenta e nove semanas e a última semana, a Bíblia não faz referencia ao povo de Israel.

“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.” (Romanos 11:25).

A Bíblia só volta a falar do povo de Israel após o arrebatamento da Igreja, como se depreende dos dedos da estátua de Nabucodonosor e da pedra lançada sem auxílio de mão que se refere a última semana de Daniel.

A única exceção é a previsão que Jesus faz acerca da destruição do Templo de Herodes, a destruição de Jerusalém pelo general Tito e o evento da segunda diáspora dos judeus.

“Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada.” (Mateus 24:2);

“E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.” (Lucas 21:24).

Durante o transcurso dos ‘tempos dos gentios’, nenhum evento político-social entre os judeus deve ser levado em conta como sinal ou prenuncio de algo para a Igreja de Cristo.

 

Mateus 24 e 25

Os capítulos 24 e 25 de Mateus contêm profecias e parábolas que só se cumprirão quando houver acabado o tempo denominado por Jesus de ‘tempos dos gentios’ e pelo apóstolo Paulo de ‘plenitude dos gentios’.

“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado” (Romanos 11:25);

“E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.” (Lucas 21:24).

No evangelho de Lucas Jesus trata dos conflitos que subverteriam o povo de Israel até o termino dos tempos dos gentios, que será o arrebatamento da Igreja, e o apóstolo Paulo fala da conversão do povo de Israel que se dará após o arrebatamento da Igreja.

O tempo compreendido entre o pós-arrebatamento da Igreja e a conversão do povo de Israel será a última semana de Daniel, e na metade final desse tempo se dará a ‘grande aflição daqueles dias’, quando haverá grande perseguição aos judeus e o êxodo dos filhos de Israel para o deserto como nunca houve na sua história antiga ou recente.

No capítulo 24 e 25 de Mateus, Jesus só aborda os eventos da segunda metade da última semana de Daniel, sendo que na primeira metade da semana haverá um acordo de muitos com o príncipe do povo que há de vir, período que é descrito no Livro do Apocalipse através de uma prostituta assentada sobre a besta.

“E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.” (Daniel 9:26-27).

A besta representa o reino do Anticristo e a prostituta a nação de Israel, que em função do acordo com o Anticristo reina segura de si, pensando que está em paz e segurança.

“E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres. E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição;” (Apocalipse 17:3-4).

A nação de Israel se assentará a reinar e achará que está segura, porém, os reinos se rebelarão na segunda metade da semana, quando se dará a grande aflição daqueles dias.

“E disse-me: As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, e multidões, e nações, e línguas. E os dez chifres que viste na besta são os que odiarão a prostituta, e a colocarão desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo.” (Apocalipse 17:15-16).

É por isso que Jesus alerta os judeus através dos seus discípulos, pois quando virem a abominação da desolação que falou o profeta Daniel no lugar santo (Mateus 24:15), a instrução para aqueles que estiverem na Judéia é para fugirem com urgência para os montes (Mateus 24:16).

A fuga dos filhos de Israel naquele dia será bem mais urgente se comparada à fuga do Egito. Na fuga do Egito foi possível os filhos de Israel prepararem pães para a viagem, já a fuga daqueles dias não dará tempo nem para quem estiver no telhado descer e entrar em casa para levar algo da sua casa, ou quem estiver no campo retornar e buscar vestimentas.

“E fugireis pelo vale dos meus montes, pois o vale dos montes chegará até Azel; e fugireis assim como fugistes de diante do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá. Então virá o SENHOR meu Deus, e todos os santos contigo” (Zacarias 14:5; Mateus 24:17 -18).

 

Tempos e estações

A apreensão que surge por causa dos conflitos em Israel não deve preocupar os membros da Igreja de Cristo, como se tais conflitos fosse um sinal do arrebatamento da Igreja ou que o fim estivesse próximo. Os membros do corpo de Cristo não devem ficar tentando prever o arrebatamento da igreja através dos tempos e suas estações, posto que somente sobre o povo de Israel foi estabelecido ‘tempos’ nas profecias.

Quando Deus falou com Abraão acerca do povo de Israel, estabeleceu quatrocentos anos de servidão no Egito.

“Então disse a Abrão: Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos” (Gênesis 15:13);

“O tempo que os filhos de Israel habitaram no Egito foi de quatrocentos e trinta anos” (Êxodo 12:40).

Israel peregrinou no deserto por quarenta anos, isto segundo o número de dias que os espias observaram a terra prometida.

“Segundo o número dos dias em que espiastes esta terra, quarenta dias, cada dia representando um ano, levareis sobre vós as vossas iniquidades quarenta anos, e conhecereis o meu afastamento” (Números 13:25 e 14:34).

Posteriormente, Deus estabeleceu que, conforme o número de dias que os filhos de Israel deixaram de descansar a terra na qual entraram a possuir, que ficariam desterrados em terras inimigas. Por cauda da desobediência em fazer a terra descansar, o profeta Jeremias previu para os filhos de Israel setenta anos de cativeiro na Babilônia.

“Então a terra folgará nos seus sábados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; então a terra descansará, e folgará nos seus sábados. Todos os dias da assolação descansará, porque não descansou nos vossos sábados, quando habitáveis nela” (Levítico 26:34-35);

“Porque assim diz o SENHOR: Certamente que passados setenta anos em Babilônia, vos visitarei, e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando a trazer-vos a este lugar” ( Jeremias 29:10; 2 Crônicas 36:21; Jeremias 24:12).

Com a ordem do imperador persa, Ciro II, no ano 539 a.C., é ordenado o repatriamento de alguns judeus cativos na Babilônia, bem como a reconstrução do templo em Jerusalém. Participaram ativamente da reconstrução da cidade e do segundo templo Esdras, Zorobabel e os profetas Zacarias e Ageu, no entanto, mesmo com o cumprimento da profecia de Jeremias com a deportação de alguns judeus para Jerusalém, a justiça eterna prometida por Deus não se estabeleceu.

O profeta Daniel, por sua vez, entendeu pelos livros que, em função da rebeldia do seu povo, o número de anos que Jerusalém ficaria desolada era somente setenta anos (Daniel 9:2), e Deus enviou o anjo Gabriel para notificar a Daniel que não era somente setenta anos, mas que estava determinado sobre Israel setenta semanas de anos até a restauração de todas as coisas (Daniel 9:24).

Novamente Deus estabeleceu um período de tempos sobre Israel: setenta semanas. Sessenta e nove semanas compreendem o período de tempo desde a ordem dada por Ciro II para reedificar o templo em Jerusalém (539 a.C.), até a vinda de Cristo, o Ungido. Após as sessenta e nove semanas o Príncipe Ungido de Deus seria morto (Daniel 9:26), restando uma semana por se cumprir (Daniel 9:27).

Observe que após o retorno à Jerusalém por ordem de Ciro, os filhos de Israel continuaram vivendo sob domínio dos gentios: persas, gregos e romanos, prova clara de que, apesar de os setenta anos previstos por Jeremias terem se cumprido, eles ainda estavam sob o peso do Senhor.

Lembrado que, além de os filhos de Israel não terem guardado os sábados das semanas, também não guardaram o ano sabático, vilipendiando os pobres do povo.

“Também seis anos semearás tua terra, e recolherás os seus frutos; Mas ao sétimo a dispensarás e deixarás descansar, para que possam comer os pobres do teu povo, e da sobra comam os animais do campo. Assim farás com a tua vinha e com o teu olival” (Êxodo 23:10 -11; Levítico 25:1-4).

A contagem da última semana de Daniel sobre o povo de Israel não teve início por causa da plenitude dos tempos (Romanos 11:25). A contagem da última semana de Daniel só voltará a ser contada sobre Israel quando a plenitude dos gentios acabar quando ocorrer o arrebatamento da Igreja e a ressurreição dos salvos.

A última semana estabelecida sobre Israel será o período em que muitos dirão que há paz e segurança, mas serão surpreendidos pela grade tribulação.

“Quanto ela se glorificou, e em delícias esteve, foi-lhe outro tanto de tormento e pranto; porque diz em seu coração: Estou assentada como rainha, e não sou viúva, e não verei o pranto. Portanto, num dia virão as suas pragas, a morte, e o pranto, e a fome; e será queimada no fogo; porque é forte o Senhor Deus que a julga.” (Apocalipse 18:7-8).

Após a grande tribulação, quando se encerra a última semana de Daniel, Cristo se assentará no trono da sua glória, quando novamente iniciará a contagem de mil anos do reinado de Cristo sobre Israel e todas as nações.

“E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos” (Apocalipse 20:4);

“E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel” (Mateus 19:28).

A instrução para estar de sobreaviso é para os filhos de Israel (Marcos 13:33), pois a vinda do Filho do homem em glória será inesperada, semelhante ao homem que deixa os seus servos com a incumbência de cuidar de sua casa, e antes de viajar para longe, dá ordem ao porteiro para vigiar (Marcos 13:34).

Da mesma forma que é impossível aos servos e ao vigia saber quando o seu senhor retornará, se à tarde, à noite, de manhã, de madrugada, assim também será a vinda de Cristo para os filhos de Israel: inesperada. Daí a ordem: – “Vigiai” (Marcos 13:37).

 

Há sinais específicos para o arrebatamento da igreja?

Após analisar a parábola da figueira, ficou evidente que a figueira desta parábola não se refere à nação de Israel, antes é uma figura para alertar os filhos de Israel a prestarem atenção a alguns eventos que antecederão a vinda do Filho do homem.

“E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas. Homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto as virtudes do céu serão abaladas. E então verão vir o Filho do homem numa nuvem, com poder e grande glória” (Lucas 21:25 -27).

Os sinais da vinda de Cristo para assentar sobre o trono de Davi são imprescindíveis para os filhos de Israel se manterem vigilantes no tempo de grande tribulação, e a parábola da figueira simplesmente indica que os sinais descritos por Cristo evidenciam a sua vinda, assim como a figueira e as demais árvores quando florescem indicam a proximidade do verão.

E a Igreja de Cristo necessita de sinais? Não!

A igreja é o corpo de Cristo. Está no mundo, mas não é do mundo. Ela é preservada por Cristo sem mácula e sem ruga.

Cada cristão individualmente é membro do corpo de Cristo, e quanto a vinda de Cristo não precisa ficar receoso. Se morrer, o crente ressurgirá dentre os mortos para se encontrar com Cristo nos ares. Se estiver em vida, o corpo mortal do crente será transformado em um corpo glorioso e, juntamente com os que ressurgirem dentre os mortos, encontrará com Cristo nos ares e estará para sempre com Cristo.

O cristão deve estar vigilante, mas não com relação à volta de Cristo. A volta de Cristo jamais surpreenderá os que creram que Jesus é o Cristo e permanecem firmes confessando que Jesus é o Filho de Deus.

“Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus” (Atos 14:22);

“Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão;” (1 Tessalonicenses 5:4).

A vigilância do cristão é quanto a não se demover da palavra da verdade, cuidado sempre em manter preservada a mensagem do evangelho.

“Vigiai, estai firmes na fé; portai-vos varonilmente, e fortalecei-vos.” (1 Coríntios 16:13);

“Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado” (2 Pedro 2:20 -21).

O crente em Cristo não deve ficar sobressaltado quando ouvir acerca de guerras, rumores de guerras, conflitos, terremotos, catástrofes, pestes, fome, etc., pois nenhum destes eventos no mundo é sinal da volta de Cristo para levar a sua igreja.

Muitos cristãos estão cansados e temerosos quando veem a nação de Israel envolvida em guerras como se fosse um sinal da volta de Cristo, e se esquecem de perseverar crendo que Jesus é o Cristo.

“Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho” (2 João 1:9);

“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1Timoteo 4:16).

Basta surgir um líder de uma nação inimiga de Israel que muitos cristãos ficam apreensivos, e se esquecem de olhar somente para Jesus, que é o autor e consumador da fé.

“Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” (Hebreus 12:2).

Os conflitos em Israel não é um indicador da volta de Cristo, e a ocupação do crente deve centrar-se em permanecer ligado à videira verdadeira, que é Cristo.

“Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (João 15:5).

 

[1] “Uma interpretação alternativa é que a figueira representaria a nação de Israel sendo politicamente re-estabelecida em suas terras novamente. Assim, quando o estado moderno de Israel foi fundado em 14 de maio de 1948, Hal Lindsey concluiu que estaríamos na última geração.” Wikipédia.

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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