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Através da alegoria de Sara e Agar, o apóstolo Paulo destaca que, da mesma forma que no passado houve rivalidade entre a livre (Sara) e a escrava (Agar), e entre o filho da livre (Isaque) e o filho da escrava (Ismael), o mesmo ocorria no presente: os nascidos segundo a carne (a nação de Israel) perseguiam os nascidos segundo o Espírito (a igreja).


Sara e Agar

“O que se entende por alegoria; porque estas são as duas alianças; uma, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar” (Gálatas 4:24).

Ismael e Isaque, ambos filhos de Abraão

Na alegoria apresentada pelo apóstolo Paulo aos cristãos nas regiões da Galácia, é fundamental lembrar que ela se concentra em Sara e Agar, personagens cruciais para compreender a dinâmica das duas alianças estabelecidas por Deus.

Quando prometeu a Abraão que ele seria pai de uma grande nação e que todas as famílias da terra seriam abençoadas por meio dele, Deus iniciou uma história que evidencia o seu poder, imutabilidade e fidelidade (Gênesis 12:2-3).

Abraão, como a Escritura relata, teve dois filhos: Ismael, nascido da escrava Agar, e Isaque, nascido da livre Sara. Os judeus, descendentes de Isaque, consideravam-se os filhos de Deus por serem descendentes diretos de Abraão através de Isaque, o filho da promessa divina. Entretanto, não consideravam a Escritura que diz:

“Porém Deus disse a Abraão: Não te pareça mal aos teus olhos acerca do moço e acerca da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada a tua descendência.” (Gênesis 21:12).

A promessa da descendência feita a Abraão estava destinada a se cumprir através de Isaque, o filho da livre. Se o leitor das Escrituras não reconhecer que a promessa de uma descendência é algo grandioso e específico, centrado na figura singular de Cristo como o Descendente prometido, corre o risco de interpretar erroneamente que os descendentes de Isaque segundo a carne era o cumprimento cabal da promessa.

“Irmãos, como homem falo; se a aliança de um homem for confirmada, ninguém a anula nem a acrescenta. Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo.” (Gálatas 3:15-16).

Os filhos de Israel não perceberam que a descendência prometida a Abraão seria chamada através de Isaque. Além disso, ignoraram a repreensão de Deus, que diz:

“Corromperam-se contra ele; não são seus filhos, mas a sua mancha; geração perversa e distorcida é.” (Deuteronômio 32:5).

No entanto, o apóstolo Paulo revela um profundo mistério nessa narrativa ao destacar que Abraão gerou filhos tanto por sua própria vontade quanto pelas circunstâncias humanas.

“Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre.” (Gálatas 4:22);

“Os filhos de Abraão foram: Isaque e Ismael.” (1 Crônicas 1:28).

Ismael, um dos filhos de Abraão, representa a tentativa humana de alcançar as promessas divinas por meios naturais, tendo sido concebido segundo a carne. Devido ao vínculo sanguíneo de Ismael com Agar, a escrava, ele estava ligado à condição de servidão.

Isaque, por outro lado, nasceu conforme a promessa divina feita a Sara (Hebreus 11:11), um milagre que demonstra o poder e a fidelidade de Deus em cumprir suas promessas, superando as limitações humanas (Gálatas 4:23). Ao contrário de Abraão, Sara, sua esposa, era estéril e de idade avançada, incapaz de conceber naturalmente. Essa distinção é crucial. Abraão, por sua vez, apesar da avançada idade, era plenamente fértil.

Isaque foi, portanto, filho de Abraão segundo a carne, embora tenha sido concebido conforme a promessa que Deus fez a Sara (Gênesis 17:16). Após a morte de Sara, Abraão gerou filhos e filhas com Quetura, como registrado em Gênesis 25:1-7.

É importante observar que tanto Ismael quanto Isaque foram filhos de Abraão através da carne do patriarca. Isaque, o filho da promessa, também era filho de seu pai Abraão, concebido pela vontade humana, pela linhagem sanguínea de Abraão e atuação miraculosa de Deus.

Mesmo após ser justificado por crer em Deus, Abraão teve todos os seus filhos gerados segundo a carne. Apenas o Descendente, que é Cristo, nasceu de acordo com a vontade de Deus e através do Espírito de Deus. Isaque, embora nascido segundo a promessa e pelo poder de Deus, ainda era filho segundo a carne e conforme a vontade de Abraão.

 

As duas alianças

Isaque era descendente biológico de Abraão, mas para se tornar verdadeiramente filho de Abraão — isto é, filho de Deus — ele também teve que demonstrar a mesma fé que seu pai. Assim como Abraão, Isaque alcançou a filiação divina ao confiar plenamente na palavra de Deus. Mesmo enfrentando fome na terra, semelhante à época de Abraão, Isaque permaneceu onde Deus o designou e não foi ao Egito, mostrando sua confiança em Deus (Gênesis 26:1-6).

Nesse contexto, é importante destacar que a promessa de Deus de abençoar todas as famílias da terra tinha como objetivo o Descendente de Abraão, que é Cristo, o Filho Unigênito de Deus. No entanto, os descendentes de Abraão segundo a carne não eram automaticamente filhos de Deus. Para se tornarem verdadeiramente filhos de Abraão, precisavam lembrar e confiar na aliança que Deus fez com Abraão e no juramento que fez a Isaque.

“Lembrai-vos perpetuamente da sua aliança e da palavra que prescreveu para mil gerações; Da aliança que fez com Abraão, e do seu juramento a Isaque; O qual também a Jacó confirmou por estatuto, e a Israel por aliança eterna.” (Crônicas 16:15-17).

Com a vinda do Descendente na plenitude dos tempos, uma nova aliança foi estabelecida, uma vez que os filhos de Israel quebraram a aliança que Deus fez com eles em Horebe, após tê-los resgatado do Egito.

E chamou Moisés a todo o Israel, e disse-lhes: Ouve, ó Israel, os estatutos e juízos que hoje vos falo aos ouvidos; e aprendê-los-eis, e guardá-los-eis, para os cumprir. O Senhor nosso Deus fez conosco aliança em Horebe. Não com nossos pais fez o Senhor esta aliança, mas conosco, todos os que hoje aqui estamos vivos.” (Deuteronômio 5:1-3; 1 Reis 8:9)

Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” (Jeremias 31:31-33).

 

Sara e Agar

A alegoria de Sara e Agar apresentada pelo apóstolo Paulo representa as duas alianças: uma em Horebe, que corresponde à lei, e outra na pessoa do Descendente, Jesus Cristo, que representa a graça.

A promessa que Deus cumpriu a Sara, como mencionada em Gênesis 17:16 e 18:10, é parte integrante da promessa feita por Deus a Abraão. É nesse ponto que o apóstolo Paulo apresenta os elementos que compõe a alegoria:

Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa.” (Gálatas 4:22-23).

Entendendo a alegoria centrada em Sara e Agar, conforme mencionado no início deste estudo bíblico, Abraão, o detentor da promessa, é brevemente mencionado como o pai dos filhos das duas mulheres. Durante a exposição da alegoria, o foco recai sobre o papel significativo das mulheres.

As promessas feitas por Deus a Abraão são essencialmente direcionadas para um futuro distante, indicando que seriam cumpridas ao longo do tempo. Aqui estão os pontos principais das promessas:

  1. Deus prometeu a Abraão que ele se tornaria uma grande nação e que todas as famílias da terra seriam abençoadas através de seu descendente (Gênesis 12:2-3).
  2. Abraão receberia a terra das suas peregrinações como uma herança para sua descendência, que seria numerosa como o pó da terra e as estrelas do céu (Gênesis 12:7; 13:15-16; 15:5; 18).
  3. Deus assegurou que o herdeiro de Abraão seria um descendente natural seu (Gênesis 15:4).
  4. Além disso, Deus estabeleceu que Abraão seria pai de muitas nações e que haveria uma aliança com sua descendência depois dele (Gênesis 17:2-12; 19).

Mesmo após o nascimento de Isaque, essas promessas foram reiteradas, demonstrando que seu cumprimento seria alcançado em um futuro distante, através das gerações que se seguiriam. Essas promessas não foram totalmente realizadas durante a vida de Abraão, mas apontaram para o cumprimento futuro, que incluiu não apenas a multiplicação física de sua descendência, mas também a bênção espiritual através de Cristo, o Descendente prometido.

“E disse: Por mim mesmo jurei, diz o SENHOR: Porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho, o teu único filho, que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos; E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.” (Gênesis 22:16-18);

“Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.” (Hebreus 11:13).

Ao contrário das promessas anteriores feitas a Abraão, porém ligada a elas, Deus mudou o nome de Sarai para Sara e revelou a Abraão que a abençoaria, assegurando-lhe que ela lhe daria um filho (Gênesis 17:16). Esta foi a primeira vez que Deus especificamente prometeu a Abraão que teria um filho, enquanto as promessas anteriores se concentravam na descendência de Abraão e no futuro nascimento de um herdeiro. Quando Abraão hesitou sobre a promessa de um filho por meio de Sara e apresentou Ismael a Deus, este reiterou que lhe concederia um filho por intermédio de Sara após um ano (Gênesis 17:19-21).

Quando a promessa a respeito de Sara foi reiterada, ela riu, mas Deus assegurou que no tempo determinado ela teria um filho (Gênesis 18:13-14). Após o período estipulado, Deus visitou Sara, e a promessa de que ela daria um filho a Abraão se cumpriu conforme registrado em Gênesis 21:1-2.

Considerando-se descendentes diretos de Abraão por meio de Isaque, os judeus se julgavam filhos de Deus. No entanto, falharam em compreender que Isaque, o herdeiro prometido a Abraão, nasceu especificamente da promessa feita a Sara e que seu nascimento ocorreu no tempo determinado por Deus. Eles não perceberam que as promessas feitas por Deus a Abraão, embora incluíssem o nascimento de Isaque, visavam principalmente os bens futuros que se cumpre no Descendente de Abraão e nas suas gerações seguintes.

As promessas feitas a Abraão e a alegoria de Sara e Agar estão relacionadas aos eventos destacados pelo apóstolo Pedro, que menciona os profetas da Antiga Aliança que profetizaram sobre as bem-aventuranças da Nova Aliança:

“Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar.” (1 Pedro 1:10-12).

 

Os dois filhos de Abraão

É significativo que Abraão teve dois filhos, um com sua escrava Agar e outro com sua esposa livre Sara. No entanto, o filho da escrava nasceu segundo a carne, enquanto o filho da livre nasceu por promessa. Isso reflete o que foi dito:

“O Senhor visitou a Sara, como tinha dito, e lhe fez como havia prometido.” (Gênesis 21:1).

O apóstolo Paulo utiliza Sara e Agar para ilustrar a diferença entre a aliança da lei (representada por Agar e seu filho Ismael) e a aliança da graça (representada por Sara e seu filho Isaque). A aliança da lei foi dada no Monte Sinai (Horebe), enquanto a aliança da graça é cumprida em Cristo.

A promessa de Deus a Sara é notável por ter lhe sido concedido o poder de conceber um filho, apesar de sua idade avançada. É importante observar que Sara foi “visitada” por Deus para poder conceber um filho, ao passo que Abraão, apesar de sua idade avançada, não recebeu essa visita para gerar filho.

“Pela fé, até mesmo Sara recebeu poder para conceber um filho, mesmo além da idade, porque considerou fiel aquele que lhe havia feito a promessa” (Hebreus 11:11).

Mas, o cumprimento da promessa feita a Sara não resulta na filiação divina como os judaizantes acreditavam, pois Deus declarou a Abraão: “… em Isaque será chamada a tua descendência.” (Gênesis 21:12), que se refere a Cristo.

A filiação divina é resultado da promessa feita a Abraão, vinda através do Descendente, não de Isaque. Somente através do Descendente, que é Cristo, é possível gerar filhos para Deus. Esses filhos não nascem da carne, nem do sangue, nem da vontade do homem, mas da vontade de Deus (João 1:12). Para que os filhos de Deus sejam gerados, é necessário nascer da palavra e do Espírito de Deus. O novo nascimento em Deus só é possível através da pregação do evangelho, que é a semente incorruptível e o poder de Deus pela fé em Cristo.

 

A alegoria das duas alianças

“O que se entende por alegoria; porque estas são as duas alianças; uma, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar.” (Gálatas 4:24)

O registro de que Abraão teve dois filhos, sendo que o filho da escrava nasceu segundo a carne e o filho da livre nasceu por promessa, é esclarecido pelo apóstolo Paulo como uma alegoria das duas alianças nas Escrituras. Nesse sentido, através da alegoria, entende-se que a aliança do monte Sinai, que resultou na lei, gera filhos para a servidão, o que remete a Agar.

O apóstolo Paulo destaca a alegoria ao conectar Agar ao monte Sinai na Arábia, que corresponde à Jerusalém terrena atual. Isso se deve ao fato de Agar e Ismael terem habitado no deserto de Parã, como mencionado em Gênesis 21:21. Em contraste, Paulo associa Sara à Jerusalém celestial. Isso se deve ao fato de que Isaque, assim como Abraão, peregrinaram na terra prometida, sem fixar residência, conforme descrito em Hebreus 11:9-10.

A Jerusalém celestial simboliza a Nova Aliança, que gera filhos livres, à semelhança de Sara. Na Nova Aliança, esses filhos são gerados livres porque se fundamenta na promessa do Evangelho, que se refere ao Descendente prometido a Abraão. Portanto, a Jerusalém celestial é a mãe de todos aqueles que creem na promessa de Deus, da mesma forma que Abraão creu.

Para enriquecer a abordagem, o apóstolo Paulo cita o profeta Isaias, a essência da alegoria:

Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é mãe de todos nós. Porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz; Esforça-te e clama, tu que não estás de parto; Porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido.” (Gálatas 4:26-27);

Canta alegremente, ó estéril, que não deste à luz; rompe em cântico, e exclama com alegria, tu que não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da mulher solitária, do que os filhos da casada, diz o SENHOR.” (Isaías 54:1).

Diante dessa profecia, para evidenciar que os cristãos são filhos da “solitária” (ou “desolada”, dependendo da tradução), o apóstolo Paulo concluiu que a Jerusalém celestial é a mãe espiritual daqueles que creem em Cristo. Essa conclusão se baseia na analogia de Sara, que era estéril e incapaz de ter filhos naturalmente, mas que pela promessa de Deus tornou-se mãe de uma multidão de descendentes espirituais. Assim como Sara, que gerou Isaque por meio da promessa divina, os cristãos são gerados espiritualmente pela promessa do Evangelho, superando em número os descendentes naturais da antiga aliança representados por Israel.

“Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque.” (Gálatas 4:28).

Através da alegoria de Sara e Agar, o apóstolo Paulo destaca que, da mesma forma que no passado houve rivalidade entre a livre (Sara) e a escrava (Agar), e entre o filho da livre (Isaque) e o filho da escrava (Ismael), o mesmo ocorria no presente: os nascidos segundo a carne (a nação de Israel) perseguiam os nascidos segundo o Espírito (a igreja). Agar, de fato, desprezou sua senhora, e o filho de Agar zombava de Isaque, mostrando que não há comunhão entre aqueles nascidos da carne e os nascidos do espírito, como narrado em Gênesis 16:4 e 21:9.

Independentemente das importunações e perseguições dos judaizantes contra os cristãos, conforme as Escrituras afirmam: ‘Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre’, fica claro que os seguidores do judaísmo jamais herdarão junto à igreja (Gálatas 4:30).

Com base na alegoria mencionada, os cristãos devem entender que são filhos da livre, não da escrava, como afirmado em Gálatas 4:31. Ismael serve como uma alegoria para aqueles que vivem sob a lei e estão em escravidão espiritual, enquanto Isaque representa os cristãos, conforme descrito em Gálatas 4:28.

Os cristãos são como Isaque, filhos da promessa, por várias razões:

  1. Ambos nasceram segundo a promessa: Isaque pela promessa feita a Abraão e Sara, e os cristãos pela promessa feita a Abraão, cumprida em seu Descendente;
  2. Isaque e os cristãos não possuem uma posse permanente nesta terra, pois vivem na esperança da pátria celestial;
  3. Assim como Isaque confessou que era peregrino e estrangeiro na terra, os cristãos também confessam essa condição;
  4. Tanto Isaque quanto os cristãos anseiam por uma pátria celestial melhor (Hebreus 11:13-16).

Em suma, os cristãos são filhos da promessa como Isaque, não em Isaque, como os que esperavam ser justificados pela lei compreendiam.

Enquanto os judaizantes se gloriam na lei, na cidade de Jerusalém e na descendência física de Abraão, Isaque e Jacó, é importante notar que o único entre os filhos de Abraão que teve uma possessão desde os pais foi Ismael, filho de Abraão com sua escrava, que viveu em Parã, uma região desértica na área nordeste da península do Sinai, entre o Arabá a leste e o deserto de Sur a oeste (conforme descrito em Gênesis 21:20-21).

Aqueles que estão sob a lei são considerados escravos, pois nascem segundo a carne e buscam uma herança terrena. Por outro lado, os que nascem da promessa são verdadeiramente filhos de Abraão pela fé em Cristo e anseiam por uma herança superior: a Jerusalém celestial e livre, conforme destacado em Gálatas 4:26.

Os judeus acreditavam erroneamente que eram automaticamente filhos de Deus por serem descendentes de Isaque, o filho da promessa. No entanto, eles falharam em compreender que Isaque nasceu da promessa específica feita a Sara. Embora a promessa feita a Abraão estivesse diretamente relacionada a Isaque, o verdadeiro propósito da promessa estava centrado nos bens futuros estabelecidos no seu Descendente.

Esta distinção é essencial para compreender a promessa divina a Abraão: enquanto Isaque foi o cumprimento imediato da promessa feita a Sara, o cumprimento final e completo da promessa estava reservado para o Descendente prometido, que é Jesus Cristo. Portanto, a verdadeira compreensão da filiação divina e da herança espiritual não se limita à linhagem física, mas se estende à fé na promessa de Deus realizada em Cristo.

A verdadeira filiação divina não é garantida pela descendência física, mas é possível apenas pela fé em Deus, que prometeu o seu Filho, o Descendente, a Abraão.

E o SENHOR visitou a Sara, como tinha dito; e fez o SENHOR a Sara como tinha prometido. E concebeu Sara, e deu a Abraão um filho na sua velhice, ao tempo determinado, que Deus lhe tinha falado.” (Gênesis 21:1-2).

Não podemos esquecer da comparação estabelecida: “Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque.” (Gálatas 4:28). Isaque nasceu da promessa feita a Sara, enquanto os cristãos nascem da promessa feita a Abraão. Assim, somos filhos da promessa como Isaque, entendido alegoricamente. Por quê? Porque Isaque nasceu mediante a fidelidade e o poder de Deus à sua promessa, e os cristãos nascem também pela união com o Descendente, cumprindo assim a promessa feita a Abraão. Deus é fiel à sua palavra, que é o poder de Deus para todos os que creem, tornando-os filhos de Deus (João 1:12; Romanos 1:16).

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

3 thoughts on “Sara e Agar

  • Não sei se o nobre amigo e evangelico, mas parabens foi muito gratificante para mim,
    esta bela explanação de Sarah e Agar…Deus lhe abençõe meu nobre amigo.

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