Através da citação do salmista Davi é possível dimensionar a extensão das expressões ‘justificar’ e ‘justificação’, resta que os cristãos deveriam considerar como sendo certa a morte deles com Cristo ( Rm 6:2 -3 e 7 e 11), e que, da mesma maneira é certa a justificação deles, visto que, aquele que está morto também está justificado.
Como Davi utilizou a palavra ‘justificação’
“Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares.” (Salmos 51:4)
A palavra ‘justificado’ é empregada pelo salmista Davi para dar a conhecer aos seus leitores que Deus é justo (justificado). Como o salmista sabe que Deus é justo, isto motiva o salmista a admitir a sua condição. Desta forma, verifica-se que a palavra ‘justificado’ (declarar justo) somente se aplica ao que é verdadeiro em essência.
Parece ser redundante, porém não é: Davi declara que Deus é justo porque Ele é verdadeiramente justo, e não por simplesmente o salmista entender que é deste modo.
O apóstolo Paulo ao declarar que ‘Deus é verdadeiro’ se fundamenta na declaração do rei Davi, ou seja, ao declararmos algo que diz respeito ao nosso Deus, temos plena consciência de que é a verdade, pois é o que a Escritura nos diz.
“Aquele que aceitou o seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro” ( Jo 3:33 )
Chegamos a um ponto crucial: se o apóstolo Paulo utiliza a palavra ‘justificado’ (declarar justo) para expressar algo a respeito dos cristãos, tal declaração também tem que ser verdadeira, ou seja, espelhar a realidade pertinente aos cristãos.
Não há como declarar que alguém está justificado sem que esta pessoa não é efetivamente justa, ou seja, os cristãos efetivamente morreram “Nós, que estamos mortos para o pecado…”, e foram declarados justos “… porque aquele que está morto está justificado do pecado”.
Quando o apóstolo Paulo escreve que os cristãos foram declarados justos, ele não faz referência a uma anistia, ou a uma absolvição, ou a uma concessão, ou a ter em conta ou a um faz de conta. Paulo faz referência a algo que é pleno de todo: aquele que está morto está justificado.
Quem não é cristão não faz jus a tal declaração, pois é certo que este não morreu para o pecado. É possível que alguma pessoa que não esteja inclusa no pronome da primeira pessoa do plural de Romanos seis, verso dois ‘Nós…’ ( Rm 6:2 ), receba a declaração de que é justa? Não! Por quê? Porque esta pessoa não esta morta para o pecado!
Quem não está morto para o pecado não pode ser justificado (declarado justo), pois tal afirmação não seria verdadeira.
Não há como aplicar a palavra ‘justificado’ a quem não morreu, visto que todo aquele que é nascido da carne, não é verdadeiro “… e todo o homem mentiroso como está escrito” ( Rm 3:4 ).
Todos os homens nascidos de Adão não são verdadeiros, porém Deus é verdadeiro.
A condição daquele que não esta em Cristo é mentira, em contrate com Deus, que é verdadeiro “Mas, se por causa da minha mentira sobressai a verdade de Deus para a sua glória…” ( Rm 3:7 ).
Ao citar o salmo 51, verso 4, o apóstolo Paulo estabelece o parâmetro necessário para compreendermos a extensão da palavra ‘justificar’ quando ela é empregada por ele.
O apóstolo Paulo só utiliza a palavra ‘justificar’ para algo que é categoricamente verdadeiro. Se houvesse uma sombra de dúvida, ou uma possibilidade daquele que está morto não estar justificado perante Deus, então Paulo não utilizaria a palavra ‘justificar’.
É certo que ‘justificar’ não se refere a uma conduta divina condescendente em declarar um injusto como sendo alguém justo.
É possível a Deus, que é verdadeiro, declarar justa uma pessoa não justa? Concluiremos de outro modo: Deus não justifica aquele que está vivo para o pecado.
Já que, através da citação do salmista Davi é possível dimensionar a extensão das expressões ‘justificar’ e ‘justificação’, resta que os cristãos deveriam considerar como sendo certa a morte deles com Cristo ( Rm 6:2 -3 e 7 e 11), e que, da mesma maneira é certa a justificação deles, visto que, aquele que está morto também está justificado.
Se Paulo recomenda aos cristãos que assumam efetivamente a condição de mortos para o pecado ( Rm 6:11 ), é porque precisavam estar cônscios de que estavam plenamente justificados perante Deus “Sendo, pois, justificados pela fé…” ( Rm 5:1 ).
Os cristãos são justos perante Deus pelos seguintes motivos:
a) É Deus quem nos justifica “É Deus quem os justifica” ( Rm 8:32 );
b) Temos paz com Deus, evidência real de que fomos justificados pela fé “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” ( Rm 5:1 ), e;
c) Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, pois fomos plenamente justificados “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus…” ( Rm 8:1 ).
Não está justificado aquele que pesa sobre ele condenação. Não está justificado aquele que ainda está em inimizade com Deus. Não está justificado aquele que não confia em Deus, que pode justificá-lo.
Se uma pessoa não crê no que Deus já lhe providenciou salvação gratuita, resta que esta pessoa não crê em Cristo Jesus, pois todas estas bênçãos foram providenciadas na cruz.
O apóstolo demonstra que só é justificado aquele que está efetivamente morto para o pecado, e recomenda aos cristãos que se conscientizassem de tal condição ( Rm 6:11 ).
Só aqueles que foram crucificados com Cristo, plantados com Ele, sepultados pelo batismo na morte e que ressurgiram com Ele, é que são justificados.