Parábolas

A parábola dos dois caminhos

Tanto a porta larga quanto a porta estreita são ‘acessadas’ por meio de um nascimento: o nascimento natural dá acesso à porta larga, enquanto o nascimento espiritual dá acesso à porta estreita. Cada uma dessas portas conduz a um caminho distinto: o caminho largo e o caminho estreito, respectivamente.


A parábola dos dois caminhos

“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem” (Mateus 7:13 -14).

Duas portas, dois caminhos

O Senhor Jesus, ao proferir o Sermão do Monte, deu uma ordem clara aos seus ouvintes: “Entrem pela porta estreita.” Ele então explicou a razão dessa instrução:

“Pois larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição…” (Mateus 7:13).

Diante dessa ordem de Jesus, surgem perguntas essenciais:

O que é a porta estreita? Como podemos entrar por ela? E por que entrar pela porta estreita é o único meio de o homem escapar da perdição?

Neste contexto, surgem também outras perguntas pertinentes:

O que representa a porta larga? Como se dá o acesso por ela? E em que momento e de que maneira se entra pela porta larga que leva à perdição?

 

Conclusão do Sermão da Montanha

O ‘Sermão do Monte’ é frequentemente percebido como um conjunto de ideias desconexas ou um manual de normas de conduta para a vida em sociedade. No entanto, a proposta do Sermão do Monte vai além das regras sociais, apontando o caminho para a vida eterna.

Jesus, ao anunciar as ‘Bem-aventuranças’ (Mateus 5:1-12), primeiro capturou a atenção de seus ouvintes. Em seguida, Ele enfatizou a nova condição dos seus discípulos, chamando-os de “Bem-aventurados” (Mateus 5:13-16).

A multidão que se reuniu ao pé da montanha para ouvir a mensagem de Cristo não compreendia plenamente a missão de Jesus. Ele aproveitou a ocasião para destacar pontos cruciais de sua missão:

  • Jesus não veio abolir nem descumprir a Lei e os Profetas (Mateus 5:17);
  • Jesus mostrou aos seus ouvintes que é impossível entrar no reino dos céus seguindo a doutrina dos escribas e fariseus, pois a justiça deles estava aquém da justiça de Deus – “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” (Mateus 5:20);
  • Jesus apresentou exemplos práticos para demonstrar como é impossível ao homem entrar no reino dos céus através do cumprimento da lei mosaica, ao revelar o espírito inatingível da lei – “Eu, porém, vos digo que qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, já cometeu adultério em seu coração…” (Mateus 5:21-7:11);
  • Jesus resumiu a Lei e os Profetas em uma proposta essencial – “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também vós” (Mateus 7:12).

Após mostrar a impossibilidade de se alcançar o reino dos céus pela doutrina dos escribas e fariseus (Mateus 5:20), Jesus apresentou a parábola das ‘Duas Portas e dos Dois Caminhos’ como uma ilustração do único meio de salvação (Mateus 7:13).

A exposição de Jesus deixa claro que, por meio da doutrina ensinada pelos escribas e fariseus, ninguém entraria no reino dos céus. Seguir as mesmas práticas dos escribas e fariseus não garantiria aos seguidores do judaísmo o direito de entrar no reino dos céus. Por isso, Jesus propôs ações que diferiam das ensinadas pelos mestres do judaísmo, a fim de mostrar à multidão a impossibilidade de alcançar a salvação através das obras da lei.

Somente através da ‘Porta Estreita’ é que o homem alcança uma ‘justiça superior’ à dos escribas e fariseus.

 

Porta estreita e novo nascimento

A mensagem que o Senhor Jesus trouxe no Sermão do Monte é coesa, concisa e precisa em sua proposta. Em essência, a ideia apresentada no Sermão do Monte é a mesma que Jesus discutiu com Nicodemos; a diferença está na forma de exposição. No Sermão do Monte, o público-alvo era misto, composto principalmente por leigos, enquanto no diálogo com Nicodemos, o ensino era direcionado a um mestre e juiz em Israel.

Tudo o que foi revelado no Sermão do Monte, Jesus também compartilhou com Nicodemos:

  • Era impossível para Nicodemos entrar no reino dos céus, apesar de ele representar o melhor da religião, do conhecimento, do comportamento e da moral humana;
  • A religião que Nicodemos seguia, sendo fariseu, não podia conceder salvação; ao contrário, ele precisava nascer de novo;
  • Assim como era necessário que um mestre, juiz e fariseu nascesse de novo, também para o povo leigo era essencial entrar pela porta estreita;
  • A multidão precisava de uma justiça superior à dos seus líderes para entrar no céu, e Nicodemos, como um desses líderes, precisava nascer de novo se desejava entrar no reino dos céus.

A figura do novo nascimento, no diálogo entre Jesus e Nicodemos, corresponde à figura da porta estreita no Sermão do Monte. A equivalência entre a porta estreita e o novo nascimento decorre da ordem de Jesus, pois entrar pela porta estreita ocorre através do novo nascimento. Não há outro meio de acessar a porta estreita senão pelo novo nascimento (João 3:16).

Por que é necessário nascer de novo? Por que se deve entrar pela porta estreita? Porque ao nascer de novo, da água e do Espírito, o homem entra pela porta estreita. Esse novo nascimento faz com que o homem deixe de trilhar o caminho espaçoso que todos os descendentes de Adão percorrem, caminho esse que conduz à perdição (João 3:16; Mateus 7:13).

Ao enfatizar a Nicodemos a necessidade de nascer de novo, Jesus estava demonstrando a impossibilidade de alcançar a vida eterna seguindo a doutrina dos fariseus. O maior problema de Nicodemos não residia em sua religiosidade ou na prática da Lei, mas em ter entrado por uma porta larga que dava acesso a um caminho que leva à perdição.

 

Porta larga e nascimento natural

Por que era necessário que Nicodemos nascesse de novo, ou seja, entrasse pela porta estreita? Será que ele escolheu entrar pela porta larga? E quando isso aconteceu? Quem é a porta larga?

Sabemos que Jesus é a ‘Porta Estreita’ e que Ele é o ‘Caminho Apertado’ que conduz o homem à salvação. Mas, o que representa a porta larga? A resposta pode ser deduzida a partir do seguinte versículo:

“Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão, em espírito vivificante” (1 Coríntios 15:45).

Analisando o que o apóstolo Paulo escreveu aos cristãos de Corinto, percebemos que Adão é a ‘Porta Larga’, enquanto Cristo, o último Adão, é a ‘Porta Estreita’. A porta é larga porque todos os homens entram no mundo por meio de Adão, e a porta é estreita porque poucos são os que entram por meio de Cristo, ou seja, aqueles que nascem de novo.

O maior problema de Nicodemos estava na porta pela qual ele havia entrado quando veio ao mundo: Adão. Por isso, ele precisava nascer de novo, ou seja, entrar por Cristo, o último Adão.

O nascimento natural é a porta larga que dá acesso ao caminho espaçoso da perdição, enquanto o novo nascimento é a porta estreita que dá acesso ao caminho apertado que conduz à salvação. É através dos nascimentos — natural e espiritual — que o homem entra por essas portas, tanto a porta larga quanto a porta estreita.

O homem entra pela porta larga através do nascimento natural, ao nascer de uma semente corruptível, a semente de Adão. Somente é possível entrar pela porta estreita quando o homem nasce da semente incorruptível, que é a Palavra de Deus.

Tanto a porta larga quanto a porta estreita são ‘acessadas’ por meio do nascimento. A porta larga é acessada quando os homens vêm ao mundo, ao nascerem da semente de Adão (a semente corruptível), e a porta estreita é acessada através do novo nascimento, quando o homem nasce da Palavra de Deus (a semente incorruptível) (1 Pedro 1:23).

Portanto, conclui-se que é impossível ao homem entrar pela porta estreita sem antes ter entrado pela porta larga. Daí a afirmação:

“Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual.” (1 Coríntios 15:46).

Compreendendo que o homem entra pela porta larga ao nascer de Adão, fica claro que nenhum homem escolheu ou escolhe entrar pela porta larga. E, entendendo que Jesus é a porta estreita, e que para entrar por Ele é necessário um novo nascimento, conclui-se que entrar pela porta estreita é uma decisão consciente do homem em resposta à mensagem do evangelho, e não uma escolha entre duas opções: porta estreita e porta larga.

 

Nicodemos e a porta estreita

Nicodemos precisava nascer de novo, pois ele havia nascido segundo Adão, tornando-se um filho da ira e da desobediência — a desobediência de Adão. Apesar de seus esforços para cumprir os requisitos da lei, o caminho que Nicodemos seguia era de perdição, porque a porta pela qual ele havia entrado era larga, e o caminho em que estava era de destruição.

A humanidade, como um todo, entra pela porta larga, pois todos os homens, sem exceção, são gerados segundo Adão e seguem por um caminho amplo que os conduz à perdição. Muitos estão no caminho largo, e, independentemente de suas decisões baseadas na consciência e na moral, a perdição é o destino inevitável desse caminho. Vale destacar que Jesus não vincula o destino de perdição diretamente ao homem, mas sim ao caminho em que ele se encontra. A perdição não é uma condição inerente ao indivíduo, mas uma consequência do caminho que ele está por ter nascido.

Jesus informou a Nicodemos que, para entrar pela porta estreita, que é Cristo, era necessário nascer de novo. Este novo nascimento não significava retornar ao ventre materno, mas sim ser gerado novamente pela palavra da verdade, o evangelho de Cristo. Bastava que Nicodemos cresse em Cristo, como o enviado de Deus, para que ele nascesse de novo e, assim, estivesse em Cristo, o caminho que conduz o homem a Deus.

Por meio da fé na mensagem do evangelho, o homem nasce da semente incorruptível, que é a palavra de Deus, e tem acesso ao caminho estreito. Comparado aos muitos que entram pela porta larga, são poucos os que encontram a porta estreita.

Conclui-se que a parábola das ‘Duas Portas’ e dos ‘Dois Caminhos’ refere-se à necessidade do novo nascimento. Apegar-se à religiosidade, legalidade, formalidade, ou ritualidade não produz salvação, contrariando o que muitos, na época de Cristo, acreditavam.

Se a lei fosse suficiente para a salvação, não teria sido necessário Moisés exortar o povo, logo após a entrega da lei, com a seguinte ordem:

“Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz.” (Deuteronômio 10:16).

Observe que o cumprimento da lei real — o amor — só tem valor após a obediência ao mandamento divino, que é crer em Cristo:

“Ora, o seu mandamento é este, que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo…” (1 João 3:23).

Ou seja, amar o próximo só é válido diante de Deus após o novo nascimento, conforme o mandamento que nos foi ordenado (v. 23):

“Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis.” (Tiago 2:8).

Ao compreender o que Jesus propôs na parábola das ‘Duas Portas’ e dos ‘Dois Caminhos’, fica claro que os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos estão em perfeita harmonia.

‘Entrar pela porta estreita’ é o mesmo que ‘nascer de novo’. Estar no ‘caminho apertado’ é o que conduz à vida, e equivalente a ‘andar em Espírito’, ou seja, viver como filhos da Luz (Gálatas 5:25 e Efésios 5:8).

 

Saiba mais: Duas portas, dois caminhos

Perguntas e Respostas:

1) Quem é a porta estreita? ( Jo 10:9 )
R. Jesus identificou-se como a porta estreita.

2) Quem é a porta larga? ( 1Co 15:45 )
R. Assim como Jesus, a porta estreita, é o último Adão, a porta larga é Adão.

3) Como entrar pela porta larga? ( Jo 1:13 )
R. É simples! Todos os homens ao nascerem neste mundo entraram pela porta larga, e seguem pelo caminho largo que conduz a perdição.

4) Como entrar pela porta estreita? ( 1Jo 3:23 )
R. É preciso nascer de novo, da água (palavra de Deus) e do Espírito (de Deus).

5) É possível entrar pela porta estreita antes de entrar pela porta larga? ( 1Co 15:46 )
R. Não! Primeiro vem a existência o homem carnal, para depois vir o homem espiritual.

6) Com base no que o texto ‘Os dois Caminhos’ expõe, que é a árvore que o Pai não plantou? ( Mt 15:13 )
R. Todos os homens que entraram pelo caminho largo que é nascer de Adão são as plantas que o Pai não plantou.

7) No Novo testamento é preciso nascer de novo. E o que era preciso no Velho testamento? ( Dt 10:16 )
No Antigo Testamento a recomendação era a circuncisão do coração, ou seja, era preciso fazer uma incisão no coração que levaria a morte da velha natureza, algo só possível pela fé em Deus.

8) No Novo Testamento o Novo Nascimento é através da Fé e a circuncisão do coração é pela _Fé___ e alcança tanto homens quanto __as mulheres___.

9) ‘Viver em Espírito’ decorre do __Novo Nascimento____, e ‘andar em Espírito’ equivale a __andar como Filhos da Luz_____ .

10) Basta amar o próximo para ser salvo? ( 1Jo 3:23 )
R. Não! É preciso nascer de novo pela fé em Cristo, o último Adão.

11) O que é preciso para ser salvo? Qual é a obra que o homem deve fazer? ( 1Jo 3:23 )
R. É preciso abandonar os antigos conceitos de como ser salvo (arrepender-se), e crer em Cristo Jesus como diz as Escrituras. Não há obra alguma a ser realizada para ser salvo, pois a obra é de Deus, que cria o novo homem em verdadeira justiça e santidade.

12) Qual o caminho estreito?
R. O caminho estreito é Cristo.

13) Como se dá o acesso ao caminho estreito?
R. Todos que nascem de novo estão trilhando o caminho estreito que conduz a salvação.

14) Qual o caminho largo?
R. É o caminho que a humanidade gerada em Adão trilha.

15) Qual o acesso ao caminho largo?
R. Adão é o acesso ao caminho largo.

16) É correto alegar que uma igreja de costumes liberais é uma porta larga?
R. Não. Ao adotar este posicionamento estaria distorcendo o verdadeiro significado da parábola dos dois caminhos.

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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