Se os Salmos são profecias, certo é que quem intercede por livramento, no verso 1, do Salmo 70, não é Davi, mas, outra pessoa.
Salmo 70 – Apressa-te, ó Deus
Conteúdo do artigo
Introdução
Encontramos na Web, inúmeras explicações para o Salmo 70. Para muitos, o Salmo 70 é a oração dos desesperados, que deve ser utilizada em momentos de dificuldade. Outra parcela de comentaristas entende que é um Salmo para superar humilhações, que visa proporcionar uma melhora na autoestima, ou dá suporte à confiança e força moral.
É comum as pessoas utilizarem o Salmo 70 para fazer anedotas, acerca daqueles que aguardam um pretendente para casar. Há quem imprime o Salmo 70 e o coloca na carteira, outros tatuam o corpo, como mantra para proteção de maldades. Emolduram em quadros para proteção de comércios ou, recitam antes de negociarem.
Mas, de todas as leituras equivocadas do Salmo 70, a mais perniciosa é aquela que aponta para o rei Davi, como aquele que rogou a Deus por livramento urgente, por estar em aperto por causa dos seus inimigos. É desse equivoco que surgem as outras leituras equivocadas, principalmente, o titulo que colocam no Salmo. Exemplo: ‘Na sua aflição, Davi suplica a Deus que se apresse em livrá-lo’.
Antes de interpretarmos o Salmo 70, faz-se necessário considerar e/ou lembrar o leitor que o rei Davi era profeta e que os Salmos são profecias.
O historiador do Livro de Segundo Crônicas, nos informa que o rei Davi, juntamente com os capitães dos seus exércitos, separou os filhos de Asafe, Jedutum e Hemã, para profetizarem, utilizando instrumentos musicais (1 Cr 25:1-3).
O apóstolo Pedro afirma que o rei Davi era profeta e o que ele deixou registrado nos Salmos eram previsões acerca do Cristo (At 2:30-31). O apóstolo Pedro, também, afirmou que, nos Salmos, estava predito acerca de Judas Iscariotes, uma predição de Davi (At 1:16).
Jesus disse aos discípulos, no caminho de Emaus, que a Lei, os Profetas e os Salmos eram previsões acerca d’Ele (Lc 24:44). Essa mesma observação, acerca dos Salmos, foi feita por Jesus aos fariseus, quando não souberam responder-Lhe, porque os Salmos apresentavam Davi, chamando o seu próprio Filho de Senhor (Mt 22:42-46).
Enquanto os Salmos são profecias que apontavam para Cristo, para permitir aos homens que O identificassem na plenitude dos tempos, uma má leitura dá a falsa impressão de que os Salmos se tratam de canções poéticas, com o objetivo de aplacar os sentimentos e as emoções dos homens, frente às vicissitudes da vida.
É má leitura entender os Salmos como cânticos, para superar humilhações, que proporcionam autoestima, confiança e força moral, pois, na verdade, os Salmos são profecias que retratam o Cristo em seus vários aspectos: homem, rei, Deus, servo, cordeiro, sacerdote, messias, salvador, mártir, filho, etc.
Salmo 70 – Apressa-te, ó Deus, em me livrar
1 APRESSA-TE, ó Deus, em me livrar; SENHOR, apressa-te, em ajudar-me.
2 Fiquem envergonhados e confundidos os que procuram a minha alma; voltem para trás e confundam-se os que me desejam mal.
3 Virem as costas, como recompensa da sua vergonha, os que dizem: Ah! Ah!
4 Folguem e alegrem-se em ti todos os que te buscam; e aqueles que amam a tua salvação digam, continuamente: Engrandecido seja Deus.
5 Eu, porém, estou aflito e necessitado; apressa-te por mim, ó Deus. Tu és o meu auxílio e o meu libertador; SENHOR, não te detenhas.
“APRESSA-TE, ó Deus, em me livrar; SENHOR, apressa-te em ajudar-me” (v. 1).
Caro leitor, se você tem lido os Salmos como canções ou, poemas compostos pelo rei Davi, como forma de extravasar as suas frustrações, medos, anseios, vitórias, etc., considere as seguintes perguntas: Se Davi era profeta, onde estão registradas as suas profecias?
Se o único legado que ele deixou registrado são os seus Salmos, conclui-se que os Salmos são, eminentemente, proféticos. Se os Salmos são profecias, certo é que quem intercede por livramento, no verso 1, do Salmo 70, não é Davi, mas, outra pessoa. Isso, depreendemos da pergunta que o etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, fez a Felipe:
– “Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro?” (At 8:34).
Na condição de profeta, Davi estava rogando auxilio para si mesmo, ou, pelo espírito, estava anunciando o anseio por livramento da parte de Deus, que o seu Descendente prometido haveria de fazer?
“Disse-lhes ele: Como é, então, que Davi, em espírito, lhe chama Senhor, dizendo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, Até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés? Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como é seu filho?” (Mt 22:43-45).
A oração: – “Apressa-te, ó Deus, em me livrar”, é do Descendente que Deus prometeu a Davi –Cristo – e não de Davi. Cristo, o Filho de Davi, é quem roga ao Pai que apresse em ajudá-Lo!
Salmos sabidamente messiânicos, como o Salmo 22, 40 e 69, repetem essa mesma oração:
“Mas tu, SENHOR, não te alongues de mim. Força minha, apressa-te em socorrer-me” (Sl 22:19);
“Digna-te, SENHOR, livrar-me: SENHOR, apressa-te em meu auxílio” (Sl 40:13);
“E não escondas o teu rosto do teu servo, porque estou angustiado; ouve-me depressa” (Sl 69:17).
No Salmo 69, quando Cristo roga a Deus que o ouça depressa (Sl 69:17), Ele enumera aqueles que O odeiam sem causa, numerosos como o cabelo da sua cabeça (Sl 69:4; Jo 15:25). Quem são estes inimigos inúmeros, que odiaram a Cristo?
“Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai. Se eu, entre eles, não fizesse tais obras, qual nenhum outro tem feito, não teriam pecado; mas agora, viram-nas e me odiaram, a mim e a meu Pai. Mas é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem causa” (Jo 15:23-25; Sl 69:4).
Ao fazer referência à previsão de que O odiariam sem causa, como registrado no Salmo 69, verso 4, Jesus aponta os Salmos com a lei de Deus!
Castigo para os desprezadores
“Fiquem envergonhados e confundidos os que procuram a minha alma; voltem para trás e confundam-se, os que me desejam mal. Virem as costas, como recompensa da sua vergonha, os que dizem: Ah! Ah!” (vs. 2 e 3).
A oração do Salmo 70 não foi feita por Davi, para se ver livre de Saul, Absalão ou das nações inimigas em redor! Essa oração diz do Cristo, em vista dos seus inimigos: os da sua própria casa, ou seja, os seus concidadãos, que O rejeitaram: “Porque o filho despreza ao pai, a filha se levanta contra sua mãe, a nora contra sua sogra, os inimigos do homem são os da sua própria casa” (Mq 7:6); “E assim os inimigos do homem serão os seus familiares” (Mt 10:36; Sl 69:8; Jo 1:11).
Quem foram os que menearam a cabeça e zombaram de Cristo, dizendo: – ‘Ah! Ah!’? Não foram os que o crucificaram? (At 2:23)
“E os que passavam, blasfemavam dele, meneando as cabeças e dizendo: Tu, que destróis o templo e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo. Se és Filho de Deus, desce da cruz. E da mesma maneira, também, os príncipes dos sacerdotes, com os escribas, anciãos e fariseus, escarnecendo, diziam: Salvou os outros e a si mesmo não pode salvar-se. Se és o Rei de Israel, desça, agora, da cruz e creremos em ti. Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus” (Mt 27:39-43).
Os filhos de Israel, por perseguirem e matarem o Cristo, seriam confundidos e envergonhados! Eles procuraram o Cristo para matá-Lo (procuram minha alma) (Jo 7:25; Jo 11:53). Que batessem em retirada (virem as costas), os que zombaram do Filho de Deus (Sl 71:13)!
O profeta Miqueias profetizou, acerca do dia da confusão dos filhos de Israel, quando disse:
“O melhor deles é como um espinho; o mais reto é pior do que a sebe de espinhos; veio o dia dos teus vigias, veio o dia da tua punição; agora será a sua confusão. Não creiais no amigo, nem confieis no vosso guia; daquela que repousa no teu seio, guarda as portas da tua boca. Porque o filho despreza ao pai, a filha se levanta contra sua mãe, a nora contra sua sogra, os inimigos do homem são os da sua própria casa” (Mq 7:4-6).
Miqueias, nessa profecia, descreve os filhos de Israel classificando os melhores do povo como espinhos e os mais retos (religiosos) como uma sebe (cerca) de espinhos, dando a entender que nenhum deles era justo diante de Deus (Dt 9:4-6; Sl 53:1-4; Rm 3:9-20). Que o dia apregoado pelos profetas (vigias) havia chegado: dia de punição e de confusão (Jr 6:17).
Quando seria esse dia? Diz de um tempo que os filhos de Israel não deveriam crer no amigo e nem confiar nos seus lideres (guia). Não deveriam crer nos filhos (repousa no teu seio), guardando a porta da boca, ou seja, não deveriam se alimentar dos seus manjares (doutrinas de homens) de mentira (Pv 23:1-3).
O dia de confusão e vergonha para os filhos de Israel se deu na primeira vinda de Cristo em carne e sangue (Mt 10:34-36; Jr 9:4; Jr 12:6). Pois, apesar de os filhos de Israel, continuamente, falarem em Deus, na verdade, Deus não estava em seus corações (Jr 12:2; Mt 15:7-9; Ez 33:31; Is 29:13).
Quando vissem o Cristo, não deveriam perguntar para os seus familiares (pai, mãe, irmãos): – “É esse o Cristo?”, antes, deveriam verificar nas Escrituras se Ele era o Cristo, pois as Escrituras testificam do Cristo (Jo 5:39; Jo 7:17).
Os versos 2 a 4, do Salmo 70, são repetidos no Salmo 40 e alguns versos do Salmo 35 replicam o Salmo 70, isso nos versos 4, 21, 26 e 27.
“Digna-te, SENHOR, livrar-me: SENHOR, apressa-te em meu auxílio. Sejam à uma confundidos e envergonhados os que buscam a minha vida para destruí-la; tornem atrás e confundam-se os que me querem mal. Desolados sejam em pago da sua afronta os que me dizem: Ah! Ah! Folguem e alegrem-se em ti os que te buscam; digam constantemente os que amam a tua salvação: Magnificado seja o SENHOR” (Sl 40:13-16).
O escritor aos Hebreus aplica o Salmo 40 à pessoa de Cristo, como Aquele que se apresentou para fazer a vontade do Pai (Hb 10:5-10).
O Salmo 71 faz a mesma abordagem do Salmo 70, acrescendo detalhes:
“Porque os meus inimigos falam contra mim e os que espiam a minha alma, consultam juntos, dizendo: Deus o desamparou; persegui-o e tomai-o, pois não há quem o livre. Ó Deus, não te alongues de mim; meu Deus, apressa-te em ajudar-me. Sejam confundidos e consumidos os que são adversários da minha alma; cubram-se de opróbrio e de confusão aqueles que procuram o meu mal. Mas eu esperarei continuamente e te louvarei, cada vez mais. A minha boca manifestará a tua justiça e a tua salvação todo o dia, pois não conheço o número delas” (Sl 71:10-15).
Bem-aventurança aos que buscam
“Folguem e alegrem-se em ti todos os que te buscam; e aqueles que amam a tua salvação digam, continuamente: Engrandecido seja Deus” (v. 4)
Enquanto os que afrontam o Cristo recebem em paga a desolação, os que buscam a Cristo são plenos de alegria! Os que obedecem (amam) a Cristo, a salvação de Deus manifesta a todos os povos, continuamente bendirão a Deus (Jo 14:23-24).
“Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e tornares a trazer os preservados de Israel; também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação, até à extremidade da terra” (Is 49:6).
A salvação que deve ser amada, no verso 4, do Salmo 70, diz de Cristo. Jesus Cristo é a salvação para todos os homens, a luz para os gentios. O Salmo 70 não trata de livramento de problemas pertinentes as vicissitudes desta vida, mas, da salvação da condenação eterna.
Qualquer que invoca a Cristo, o Senhor dos Exércitos, busca o Senhor em tempo oportuno (enquanto se pode achar), conforme o profetizado por Joel e Isaías:
“E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque, no monte Sião e em Jerusalém, haverá livramento, assim como disse o SENHOR e entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar” (Jo 2:32; Rm 10:13);
“Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Is 55:6).
O Senhor que está perto diz de Cristo, que foi dado por testemunha aos povos e líder e governador dos povos (Is 55:4), o Descendente (beneficência) prometido a Davi (Is 55:3; 2 Sm 7:11-14).
O aflito de Deus
“Eu, porém, estou aflito e necessitado; apressa-te por mim, ó Deus. Tu és o meu auxílio e o meu libertador; SENHOR, não te detenhas” (v. 5)
O aflito e necessitado do Salmo 70, não é o salmista e rei Davi. O aflito e necessitado do Salmo 70 é o Cristo, na condição de Filho do homem, como se lê:
“Cri, por isso falei. Estive muito aflito” (Sl 116:10)
Quem creu e confessou? Quem esteve muito aflito? O Filho de Davi é quem creu e falou, pois Ele esteve muito aflito, a ponto de ser considerado verme, por ser opróbrio dos homens e desprezado do povo (Sl 22:6).
O Cristo roga por socorro (Sl 22:19), por causa da aflição (angústia) do Aflito do Senhor (Sl 22:24).
Através do Salmo 116, somos informados que Cristo é o Filho de Davi, por intermédio de Maria, a serva do Senhor, vez que a linhagem de José estava amaldiçoada (Mt 1:23-25; Lc 1:28; Jr 22:30 e Jr 36:30). É Deus quem soltou as ataduras de Cristo, o Seu Filho, ao trazê-Lo dentre os mortos (Sl 22:10; Sl 71:6).
“Ó SENHOR, deveras sou teu servo; sou teu servo, filho da tua serva; soltaste as minhas ataduras” (Sl 116:16).
Cristo, ao ser introduzido no mundo, tornou-se servo do Senhor, o filho de Davi, por intermédio de Maria, a serva do Senhor e foi declarado Filho de Deus, com poder, pela ressurreição dentre os mortos (Rm 1:3-4).
O Salmo 116 apresenta no que o Filho de Davi creu: que a sua alma voltaria a Deus, o Seu repouso (Sl 116:7). Deus haveria de livrá-lo da morte, das lágrimas e da queda, quando Ele ressurgisse dentre os mortos (Sl 71:20; Sl 16:10).
Quando levava sobre si as enfermidades e as dores dos homens sobre si, Cristo foi reputado como aflito, ferido de Deus e oprimido: “Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido” (Is 53:4).
Cristo esteve aflito e necessitado, pois foi do agrado do Senhor moê-Lo e faze-Lo enfermar (Is 53:10). A promessa de Deus para Ele não era livrá-lo da angústia, antes estar com Ele na angústia (Sl 91:15-16). Cristo, como aflito e necessitado, seria tirado da angústia e glorificado, herdando, assim, a eternidade (farto de dias).
O Salmo 109, ao fazer referência a Judas Iscariotes (At 1:20; Sl 109:8), faz referência a Cristo como pobre (aflito) e necessitado, pois os filhos de Jacó perseguiram a Cristo, para matá-Lo, o manso e humilde de coração (Sl 109:16; Mt 11:29).
Os Salmos que se seguem, fazem referência a Cristo, como o aflito (pobre) e necessitado:
“Os ímpios na sua arrogância perseguem furiosamente o pobre; sejam apanhados nas ciladas que maquinaram” (Sl 10:2);
“Clamou este pobre, o SENHOR o ouviu e o salvou de todas as suas angústias” (Sl 34:6);
“Mas eu sou pobre e necessitado; contudo o Senhor cuida de mim. Tu és o meu auxílio e o meu libertador; não te detenhas, ó meu Deus” (Sl 40:17).
Conclui-se, após a breve exposição acima, que os Salmos de Davi não têm relação com a fuga de Davi de Saul, ou com nenhuma das vicissitudes que atingiram a sua vida. Neste sentido, o Salmo 70 não é um mantra, uma oração ou, uma reza, que deva ser utilizado para proteção de maldades ou de problemas nos negócios, mas representam a oração do filho de Deus a seu Pai.
Me perdoe amado sua explicação não faz o menor sentido ,além de tentar diminuir o poder de Jesus Cristo,muito confuso sua explicação e não tem base , Jesus na cruz ele cumpriu seu chamado e sendo Deus e tendo o Poder que tem .me perdoe mas sua explicação vai confundir muita gente e não tem nada a ver .desculpe a sincerdade.
Olá, Alberto..
Gostaria que fosse preciso e apontasse onde no artigo o poder de Jesus é diminuído.
Att
O meu amado irmão Carlos, também gostaria que exemplificasse ou pontuasse a diminuição de Cristo na dissertação do nosso irmão.