Não há como alcançar uma nova vida sem antes não morrer para o mundo, para lei e para o pecado. Um dos erros do calvinismo está em alegar que a regeneração promove a fé, mas estes esquecem que a necessidade do homem é dupla: primeiro é preciso morrer para depois ocorrer a Regeneração (renascer). Se a fé só ocorre depois da Regeneração, de que maneira o homem toma a sua cruz e segue após Cristo? Como o homem torna-se digno de Cristo sem a fé necessária para tomar a cruz, e seguir após Jesus? Como comer da carne e beber do sangue de Jesus sem antes crer nele, uma vez que argumentam que a fé só é possível após a regeneração.
Visão panorâmica da história dos reformadores
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Uma visão panorâmica da História
A principal figura dos reformadores foi Martinho Lutero (1483- 1546) teólogo alemão, que se insurgiu contra o papado ao defender que a salvação em Cristo é por meio da graça. Ao comentar a carta de Paulo aos Gálatas, Lutero assim escreveu:
“Mas a doutrina da justificação é esta: somos pronunciados justos e somos salvos exclusivamente pela fé em Cristo, e sem obras (…) Segue-se, imediatamente, que não somos pronunciados justos, nem pôr meio de monasticismo nem mediante votos nem mediante missas ou quaisquer outras obras”.
João Calvino (1509-1564), teólogo cristão francês continuou a reforma protestante defendendo a salvação pela graça. Calvino foi além quando defendeu a doutrina da salvação pela graça. Ele passou a demonstrar que Deus escolhe (elege) alguns para a salvação através da sua soberania. Calvino no afã de defender a salvação pela graça, em oposição a salvação pelas obras, criou outro seguimento teológico, onde a salvação decorre da soberania de Deus, ante a inabilidade do homem em fazer algo para ser salvo.
Após Calvino estabelecer que a salvação decorre da eleição divina (Deus escolhe alguns dos perdidos), um dos seus seguidores, Jacobus Armínios (1560 – 1609), teólogo holandês, acabou por discordar de que a eleição decorre da soberania divina. Armínios defendia que a eleição se dá através da ‘presciência’ de Deus.
Desde então varias contradições persistem: se a salvação decorre da soberania divina, onde está a responsabilidade humana? Se a salvação é pela presciência, continua sendo por ‘obras previstas’? Como resolver este entrave?
Calvinismo: Posição teologia que afirma que o Espírito Santo é o único agente na regeneração. Para estes pensadores a vontade humana não possui nenhuma inclinação à santidade até ser regenerada e não pode decidir-se pela salvação. Dizem que para o homem ser salvo é necessário Deus transmitir poder a alma caída capacitando a pessoa que será salva a receber a oferta da redenção. Ou seja, antes da Regeneração é necessário o homem ser capacitado espiritualmente a se ligar a Cristo. A capacitação para a graça transforma-se em uma fé viva, onde o pecador se arrepende dos seus pecados e passa a amar a Deus. O calvinismo fundamenta-se principalmente sobre a soberania divina reforçada com a tese da inabilidade humana. Para explicar os entraves e questionamentos acerca da justiça de Deus, surgiram às explicações da eleição incondicional ou predestinação, a redenção particular (ou expiação limitada), a graça irresistível (chamada eficaz) e a perseverança dos santos.
Arminianismo: Outro posicionamento teológico afirma que a vontade humana e o Espírito de Deus são dois agentes na Regeneração. Esta teoria sustenta que a alma não perdeu na queda o livre-arbítrio, e é responsável perante Deus em aceitar e rejeitar a oferta de salvação. Para os arminianistas Deus elege ou reprova as pessoas com base na fé ou na incredulidade prevista. Para defenderem este posicionamento alegam que Cristo morreu por todos os homens, mesmo que seja necessário crer para serem salvos. Por intermédio da graça divina o homem alcança fé, mas tal graça é plenamente resistível.
Desde o século XV criou-se uma dicotomia entre os protestantes: os calvinistas e os arminianistas. As discussões sobre a salvação centram-se sobre a soberania divina e a responsabilidade humana.
Porém, sobre uma questão ‘doutrinária’ os calvinistas e os arminianistas concordam: Deus escolhe dentre os perdidos aqueles que haverão de ser salvos. A divergência entre estes dois posicionamentos teológicos surge quando apresentam as teorias para sustentar a argumentação de que Deus escolhe dentre a humanidade quem haverá de ser salvo.
Tanto os calvinistas quanto os arminianistas defende que Deus escolhe dentre os homens aqueles que haverão de ser salvos. Estes apontam a presciência como base para a escolha e aqueles a soberania divina.
Um problema de linguagem
É correto dizermos que Jesus veio ao mundo salvar os pecadores? Sim! A linguagem evangelística admite esta colocação “Fiel é esta palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” ( 1Tm 1:15 ). Quando Paulo prefaciou a primeira carta a Timóteo, ele se ocupou em fazer uma defesa do evangelho de Cristo ( 1Tm 1:3 e 11). Logo após afirmar que a palavra do evangelho é fiel e digna de toda aceitação, Paulo descreve em linhas gerais os elementos principais do evangelho: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores.
Esta é uma linguagem exclusivamente evangelística, e está em conformidade com que Cristo proclamou aos seus ouvintes: “Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento” ( Mc 2:17 ). A mensagem do evangelho é um convite universal: Jesus oferece a todos os pecadores os seus cuidados.
Porém, a linguagem evangelística difere da linguagem teológica.
Ao falar da obra redentora de Cristo, que é promovida através da mensagem do evangelho ( Rm 1:16 ), Paulo ao escrever aos Romanos registrou: “Pois sabemos isso, que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de não servirmos mais o pecado” ( Rm 6:6 ). De acordo com a linguagem teológica utilizada por Paulo, Jesus veio ao mundo salvar o ‘velho homem’ ou salvar a ‘nova criatura’?
Se Jesus veio ao mundo salvar o ‘velho homem’ (pecador), por que a necessidade do novo nascimento? Por que é necessário que a velha criatura seja crucificada com Cristo? Por que é importante ser uma nova criatura?
Linguagem evangelística: “Jesus veio ao mundo salvar os pecadores” – Plenamente aceitável.
Linguagem teológica: “Jesus veio ao mundo salvar a velha criatura” – É inaceitável.
Aceitamos que Jesus veio salvar os pecadores, mas não é aceitável a ideia de que ele veio salvar o velho homem. É possível perceber a diferença gritante entre estas duas colocações.
Por questões que envolvem a compreensão de quem não conhece a Cristo e precisa ouvir a mensagem do evangelho (fé), é plenamente aceitável anunciarmos que Jesus veio ao mundo salvar os pecadores. Mas, se quisermos falar de temas como a Regeneração é necessário utilizarmos uma linguagem específica.
Quando falou a Nicodemos sobre a Regeneração, Jesus utilizou uma linguagem específica. Na Regeneração ocorre o nascer da água e do Espírito, ou o novo nascimento. A vida eterna, ou a salvação só é alcançada por aqueles que de novo nascem da água e do Espírito ( Jo 3:5 e 16).
Quando unimos a linguagem evangelista com a teológica temos o seguinte: A posse da vida eterna só será alcançada pelo pecador quando este crer no Filho unigênito de Deus, por meio do evangelho, que é poder de Deus ( Rm 1:16 ). O pecador que Jesus veio ao mundo salvar recebe poder para ser feito (criado) filho de Deus, ou seja, torna-se uma nova criatura ( Jo 1:12 -13).
É certo que Jesus veio ao mundo salvar os pecadores, porém, para que esta salvação aconteça, é necessário ao pecador (velha criatura) morrer com Cristo ( Rm 6:3 -8 ), e só então, ressurgirá com Cristo ( Ef 2:5 ), passando a ser uma nova criatura.
Enquanto pecador, o homem é filho da ira, filho da desobediência e está morto em delitos e pecados. Somente após a Regeneração, onde o velho homem dá lugar à nova criatura, podemos dizer que ‘o pecador’ está salvo.
Como o nosso estudo depende da linguagem especifica à teologia, para prosseguirmos em nosso estudo, devemos ter em mente que Deus não salva o homem quando no pecado (na condição de pecador), antes Ele é salva a nova criatura, que deixa de ser pecador (stricto senso).
Neste sentido Paulo disse: “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” ( Rm 5:8 ). Quando ele diz que éramos AINDA pecadores, isto demonstra qual é a nova condição em Cristo. Podemos ser achados pecadores mesmo após sermos justificados em Cristo? ( Gl 2:17 ). Se admitirmos que somos pecadores, temos que admitir também que Cristo é ministro do pecado. Cristo não é ministro do pecado!
Um abismo chama outro
É de conhecimento geral que João Calvino cometeu vários erros na sua vida política, mas isto não será alvo de nossa análise.
A nossa análise recai sobre um equívoco de interpretação bíblica do teólogo Calvino, que acabou por influenciar o seu discípulo, o teólogo holandês Armínio, induzindo-o também ao erro. Este erro persiste na história, e tem causado inúmeras discussões.
O erro não está em afirma a soberania de Deus, tampouco está em afirmar a onisciência de Deus. Deus é onisciente e soberano, diferente do que querem afirmar, de que Deus é ‘presciente’! O termo teológico ‘presciência’ utilizado para dizer que Deus antevê eventos futuros é um equivoco, pois Deus sabe todas as coisas igualmente bem, quer seja do passado, do presente, ou do futuro. A presciência jamais deve ser vista como um aspecto da onisciência.
O equívoco de Calvino, e que o seu discípulo Armínio seguiu, está em afirmar que Deus escolhe dentre os pecadores aqueles que serão salvos. Para justificar a afirmativa anterior, Calvino criou uma concepção acerca do que é predestinação e eleição no afã de enfatizar a salvação pela graça.
Afirmar que Deus escolhe aqueles que serão salvos demonstra que Calvino não entendeu a eleição e tão pouco a predestinação, e a tese defendida por ele acaba por ofuscar a verdade da salvação pela graça ( Ef 2:8 ).
O que a Bíblia diz?
Da mesma forma que a salvação é algo pertinente a nova criatura, a eleição e a predestinação também são.
A salvação só é alcançada por aqueles que nasceram da semente incorruptível, a palavra de Deus ( 1Pe 1:23 ). Estes são gerados de novo através da ressurreição em Cristo, sendo certo que estes possuem uma herança incorruptível guardada nos céus. O homem regenerado é guardado pelo poder de Deus para a salvação ( 1Pe 1:3 -5), pois é Deus quem os conserva irrepreensíveis “Fiel é o que vos chama, o qual também o fará” ( 1Ts 5:23 e 24).
O evangelho é poder de Deus, e nele temos as garantias da fidelidade de Deus em conceder a salvação. Conclui-se que a salvação é daqueles que foram ‘gerados de novo’ ( Jo 3:3 ).
Em momento algum a Bíblia afirma que a salvação é concedida a quem não é nascido de novo. Os que permanecem ou permanecerem no pecado jamais verão a Deus. Jesus veio salvar a humanidade que se encontra no pecado, mas aqueles que não aceitarem a luz de Deus enviada ao mundo, estes permanecem no pecado ( Jo 3:19 ), compare com ( Jo 3:16 e 17).
Sobre a salvação a Bíblia é específica: o evangelho é para a salvação. O evangelho é descrito como sendo poder de Deus para salvação “Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos” ( Cl 2:12 ).
O apóstolo Paulo demonstra de maneira enfática que o evangelho é poder de Deus, que faz o homem ressurgir ‘uma nova criatura’. Mas a regeneração não se dá, sem antes o homem tornar-se participante da morte de Cristo “Sepultados com ele no batismo…”. Primeiro o pecador tem um encontro com a cruz de Cristo, através do convite do evangelho, e após morrer, será sepultado com Cristo ( Rm 1:16 ; 1Co 1:18 ; 1Co 1:24 ; 1Co 2:5 ). Não há como ressurgir, sem antes tornar-se participante da carne e do sangue, por meio da fé “Pois morrestes…” ( Cl 3:3 ).
A ordenança da ceia representa o que de fato ocorre com o velho homem ao ter um encontro com Cristo. Este deve ser crucificado com Cristo. A morte da velha natureza é o principal motivo do convite de Jesus: “E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim” ( Mt 10:38 ).
O novo homem (a nova criatura) só ressurgirá (virá à existência) após a velha criatura ter sido crucificada e sepultada com Cristo.
Não há como alcançar uma nova vida sem antes não morrer para o mundo, para lei e para o pecado. Um dos erros do calvinismo está em alegar que a regeneração promove a fé, mas estes esquecem que a necessidade do homem é dupla: primeiro é preciso morrer, para depois ocorrer a Regeneração (renascer). Se a fé só ocorre depois da Regeneração, de que maneira o homem toma a sua cruz e segue após Cristo? Como o homem torna-se digno de Cristo sem a fé necessária para tomar a cruz, e seguir após Jesus? Como comer da carne e beber do sangue de Jesus sem antes crer nele, uma vez que argumentam que a fé só é possível após a regeneração.
Antes de alcançar a regeneração, primeiro é preciso tornar participante da carne e do sangue de Cristo ( Jo 6:53 -58).
Só terá nova vida aqueles que comerem da carne e beberem do sangue. Se a fé só é possível aos regenerados, como o homem participará da oferta de Jesus: “Se alguém comer deste pão, viverá para sempre…” ( Jo 6:51 ). Muitos se perguntaram: “Como nos pode dar este homem a sua carne a comer?” Eles não sabiam como Jesus podia dar a sua carne a comer, mas mesmo a quem não é regenerado, Jesus diz: “Se creres, verá a glória de Deus”. Tudo o que Jesus disse foi por causa da humanidade, para que cressem. Em momento algum Jesus controlou a vontade dos seus ouvintes ( Jo 11:40 -42). Em momento algum na história Deus mostrou uma graça ‘especial’, ou favoreceu um grupo em particular (vide a serpente erguida na haste de metal).
Nota: alguns alegam que Deus escolheu Israel para a salvação. Ledo engano. Deus escolheu Israel para uma missão: tornar conhecido o nome de Deus aos homens. Mas, aos israelitas em particular, todos precisavam circuncidar o coração para alcançar a salvação ( Rm 9:7 -8). Nascer judeu nunca salvou ninguém, pois para ser filho de Deus é preciso morrer (circuncidar o coração), para nascer de novo ( Ez 36:25 ). Deus escolhe homens para missões, mas isto não lhes garantiu a salvação. Ex: Faraó, Ciro, Gideão, Jeroboão, etc. Missão, ou ser comissionado difere de salvação. Para a salvação sempre houve uma mensagem: “Ouve, ó Israel…”, ou “Circuncidai os vossos corações…”.
Sabemos que: “A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus (ora, quem passou a ouvir, está vivo)! Ou seja, primeiro o homem tem contato com a mensagem do evangelho (fé), e diante das garantias divinas, o homem descansa (adquire fé). Somente após ter fé na mensagem do evangelho é que o homem passa a ter vida através do poder de Deus contido no evangelho “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé” ( Rm 1:17 ).
Uma das evidências clara de que o homem passou a viver através da palavra de Deus é a audição. Primeiro o homem ouve o evangelho e adquire fé concedida pelo ‘autor e consumador da fé’. Como o evangelho é poder de Deus, ele produz nova vida no homem, e Paulo faz referência a vida que o evangelho produz através do sentido da audição.
Se alguém procura alcançar a salvação, basta ter um encontro com o evangelho, que nele contém o poder necessário para uma nova vida.
A graça de Deus é a presenteada por meio do evangelho. É dom gratuito de Deus as abundantes riquezas da graça. A benignidade de Deus é revelada em Cristo, tema central do evangelho, que para os cristãos é poder de Deus e sabedoria de Deus ( 1Co 1:24 ). Ou seja, ao anunciar a Cristo, anuncia-se o evangelho.
A Fé
A regeneração se dá por intermédio do poder de Deus, porém se alcança pela fé “…nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus…” ( Cl 2:12 ). As questões que envolvem a fé são cheias de misticismo, mas Jesus apresentou um argumento a Nicodemos que bem ilustra as nuances da verdadeira fé.
“Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, da mesma forma importa que o Filho do homem seja levantado” ( Jo 3:14 ). Jesus estabeleceu um comparativo entre o ato de Moisés e a sua morte. O comparativo que Jesus estabeleceu foi quanto a forma e a importância. Com relação a forma Cristo foi crucificado e erguido da terra. Quanto a importância, o que Cristo representa para o mundo, a serpente de metal representava para os picados pelas serpentes ‘mortos’ em Israel.
Para os picados pelas serpentes ardentes não havia o que ser feito. Não havia meios naquela época para se salvarem. Não havia obra realizável que os livrasse da morte. Porém, Deus anunciou por intermédio de Moisés que se alguém olhasse para a serpente de metal, este ficaria livre da morte. Todos quantos olhassem para a serpente de metal (mensagem universal e graciosa) haveriam de ser salvos.
Deus foi o autor da mensagem ordenada a Moisés. Moisés tornou-se o mensageiro. A mensagem determinada a se anunciar era universal e graciosa. A condição dos destinatários da mensagem era morte. O que restava aos picados pelas serpentes? Como repercutiu a mensagem de Moisés? As pessoas já tinham por certo a morte, e bastava apenas olhar na direção de uma haste?
Eles precisavam confiar na mensagem apregoada, e depois, bastava tão somente olhar na direção da haste de metal erguida. A confiança que Deus exigiu do povo que estava ‘morto’ no deserto é a mesma que Deus exige dos homens hoje com relação a salvação: Fé na salvação que Deus providenciou.
Aos pecadores perdidos alcançados pela mensagem do evangelho resta somente crer na salvação poderosa o bastante que Deus providenciou. A confiança demonstrada na promessa divina não é e nem será contada como mérito humano. Se assim fosse, seria o mesmo que considerar que um simples olhar dos ‘mortos’ no deserto para a haste de metal erguida por Moisés, foi o que os livrou da morte certa, e não Deus. Seria o mesmo que dizer que ao olhar para a haste erguida, eles auxiliaram Deus na nova oportunidade de vida alcançada.
Ao considerar que a fé é uma obra, ou que há algum mérito em crer na salvação providenciada por Deus, por que a necessidade de se anunciar o evangelho? Antes a fé significa descansar, estar plenamente seguro que Deus é fiel para cumprir com o prometido. Se Deus diz: “Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra…” ( Is 45:22 ), por confiar em Deus é que o homem direcionará os olhos ao seu Criador. Esta ação de ‘direcionar os olhos para Deus’ não é a de auxiliar Deus na salvação do homem. Antes demonstra a total incapacidade do homem e promover a sua própria salvação.
Deus é o autor da salvação. Para este propósito Cristo é o Cordeiro de Deus morto desde a fundação do mundo. Cristo é o tema do evangelho, a graça de Deus. Resta àqueles que ouvem a mensagem do evangelho crer e descansar. Nada é exigido por Deus, basta olhar na direção da cruz de Cristo.
A Bíblia nos apresenta o autor da salvação, o autor da fé e quem é o alvo da salvação. Os pecadores na condição de velha criatura são alvos da graça de Deus por meio do evangelho, porém, a salvação só é efetivada sobre aqueles que creem na mensagem anunciada, após serem gerados de novo.
A Graça de Deus
Qual o contato que o pecador (enquanto velha criatura), tem com Deus? Desde a queda de Adão Deus sempre demonstrou a sua maravilhosa graça a humanidade.
Quando Adão percebeu que estava nu, a primeira ação de Adão foi tentar cobrir-se. Na viração do dia, ao ouvirem a voz de Deus, esconderam-se Gn 3: 8. Deus providenciou as vestes adequadas para o homem se cobrir desde Adão. Isto demonstra que Deus não abandonou a sua criação à própria sorte. Somente Deus pode cobrir o homem de retidão e justiça, uma vez que Ele é justo e justificador daqueles que tem fé nele. Deus continuou anunciando por intermédio de seus profetas que a sua mão estava encolhida, para que não pudesse salvar, etc.
O que é oferecido ao pecador enquanto filho da ira, filho da desobediência, e na condição de velha criatura? É ofertado ao pecador salvação, ou seja, será anulado o escrito de dívida, e não pesará sobre o pecador a condenação de Adão.
Deus misericordioso, santo, justo e bom oferece ao pecador (ao homem perdido) salvação graciosa. Na salvação contém livramento do presente século, livramento do pecado, livramento da condenação e adquire-se uma nova vida.
Todos os homens estão encerados debaixo do pecado para que Deus soberanamente use de misericórdia para com todos. O homem enquanto na condição de velha criatura somente tem contato com a graça de Deus. A velha criatura é vetada a comunhão com Deus, a filiação divina, a paz com Deus, a herança dos santos, etc. Para que o homem seja participante das bênçãos do mundo vindouro, primeiro precisa nascer de novo, e então terá direito a inúmeras bênçãos ( Cl 1:12 -13).
Agradecendo a Deus
Para entendermos a eleição é necessário um exercício de interpretação das cartas do Novo Testamento. Há três aspectos essenciais a ser observado no texto abaixo:
“…dando graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz, e que nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, em quem temos a redenção pelo seu sangue…” ( Cl 1:12 -14).
a) agradecimento – O contexto é de agradecimento a Deus pelo que foi concedido: a nova criatura foi criada idônea para participar da herança pertencente aos santos.
b) pronome – Ao agradecer, percebemos que Paulo se inclui no rol de pessoas agraciadas pela idoneidade;
c) verbo – Tudo que foi concedido refere-se ao passado: Deus fez os cristãos idôneos; Deus tirou do poder das trevas; Deus transportou para um novo reino.
Qual a real condição dos Cristãos enquanto liam a carta de Paulo? Já eram idôneos! Ou seja, foram criados em plena condição de serem participantes da herança dos santos na luz. Livres do poder das trevas e em um novo reino. Efetivamente os cristãos estavam de posse da redenção e da remissão.
Verifica-se que ter a redenção, estar em um novo reino, estar livre das trevas e ser idôneo é uma característica própria da nova criatura. Em momento algum o pecador, enquanto velha criatura, pode estar de posse destas bênçãos. Estas bênçãos refere-se a nova criatura, que foi feita, criada, idônea para participar da herança dos santos.
Esta abordagem do apóstolo Paulo aos Colossenses, em nada difere da carta aos Efésios:
O apóstolo Paulo escreveu aos cristãos, pessoas que já eram participantes das bênçãos divina. Ou seja,a carta não foi escrita aos incrédulos, aos pecadores, antes os destinatários da carta são identificados com sendo santos e fiéis em Cristo ( Ef 1:1 ). Ao escrever a Cristãos, o objetivo principal da carta não era o de evangelizar, antes era alertar quanto a possíveis erros e relembrar o que foi ensinado anteriormente.
O apóstolo Paulo continua a carta bendizendo a Deus por bênçãos recebidas “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor…” ( EF 1:3 ). A quem Deus abençoou? Aos pecadores (incrédulos), ou os cristãos? Vemos que Deus abençoou os cristãos, uma vez que Paulo se inclui no rol dos abençoados através do pronome na primeira pessoa do plural: “NOS abençoou”.
Por Deus ter abençoado os Cristãos com todas as bênçãos espirituais (passado), agora, eles (Paulo e os cristãos) estavam de posse das bênçãos (presente).
Observe quão similar é a ideia do apóstolo Paulo transmitida aos Colossenses da que foi transmitida aos cristãos de Efésios.
Quais foram as bênçãos auferidas por Deus aos cristãos e que o apóstolo Paulo procura enumerar? Eleição, Predestinação, Redenção e Herança. Estas bênçãos enumeradas foram concedidas aqueles que foram regenerados ou aos pecadores? Descobriremos a seguir.
A redenção
Quem tem a Redenção? A velha ou a nova criatura?
“Nele temos a redenção pelo seu sangue…” ( Ef 1:7 ). Para estar de posse da redenção primeiro é preciso estar em Cristo (Nele temos…). Estar n’Ele, estar em Cristo é o mesmo que ser uma nova criatura “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é…” ( 2Co 5:17 ). Ou seja, a redenção é algo pertinente a nova criatura, uma vez que é preciso estar em Cristo para estar de posse da redenção.
Quem é liberto do pecado? Somente a nova criatura é remida do pecado. Observe que somos redimidos e remidos, ou seja, comprados por bom preço, e livres do senhor que nos prendia ( Cl 1:14 ). Passamos a estar em Cristo e pertencemos ao Senhor.
Em uma linguagem evangelística dizemos que o pecador é redimido e remido. Mas, se observarmos melhor as escrituras, e utilizarmos a linguagem de Paulo, somente àquele que nasceu de novo, que foi tirado do poder das trevas e transportado para o reino de Cristo é redimido e remido.
Sem estar em Cristo o homem não tem a redenção, visto que permanece no pecado, e continua sendo uma velha criatura sob o domínio das trevas ( Cl 1:13 ).
Segue-se que a redenção é pertinente a nova criatura e não ao velho homem. Deus nos redimiu (passado), hoje temos a redenção. Deus nos remiu, hoje somos remidos. Livres no reino do Filho do seu amor. Podemos agradecer a Deus pelas bênçãos recebidas “Bendito seja o Deus…” ( Ef 1:3 ; Cl 1:2 ).
Observe que Paulo agradece pelas bênçãos recebidas ( Ef 1:3 -12), e ora para que Deus concedesse o que os irmãos ainda não haviam alcançado ( Ef 1:17 -18 ; Cl 1:9 ).
A Herança
Por estar em Cristo, sendo uma nova criatura, os cristãos também foram feitos herança, propriedades exclusiva de Deus Compare ( Ef 1:11 com Cl 1:12 ). Em Colossenses os Cristãos têm direito a uma herança, e em Efésios, o Cristãos são a herança.
Somente aqueles que esperam em Cristo são propriedades de Deus. Não há como a velha criatura ser propriedade de Deus, uma vez que os pecadores não são servos de Deus, mas do pecado. Somos propriedade de Deus (herança) por termos nos tornados servos da justiça. Se ‘somos’ servos de Deus somos propriedade dele, e por tanto, somos feitos herança.
Ser herança (propriedade) é uma das bênçãos para os que estão em Cristo. Paulo diz que ele e os cristãos também foram feitos herança. A carta foi escrita a cristãos, e, portanto, esta bênção não é destinada aos pecadores sem Cristo, e sim, para os nascidos de novo.
A Eleição
“Pois nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele” ( Ef 1:4 ).
O que é a eleição?
A primeira ideia que vem a cabeça do leitor é a de uma escolha. Ora, Deus escolheu dentre os pecadores aqueles que serão salvos? Esta foi a leitura que Calvino e Armínio fizeram há pelos menos 500 anos.
Para uma leitura correta precisamos observar os elementos que traçamos anteriormente: os verbos no passado (elegeu), o pronome na primeira pessoa do plural (nos), agradecimento por algo recebido e a nova condição dos destinatários da carta: santos e fiéis em Cristo (nele).
Qual a finalidade da eleição: a ‘salvação’ ou a ‘santidade e irrepreensibilidade diante de Deus’?
O que Deus destina ao pecador é a mensagem graciosa do evangelho. No evangelho está presente o poder de Deus que cria filhos para Si ( Jo 1:12 -13). Para salvação somente o evangelho ( Rm 1:16 ).
Após crer no evangelho o pecador morre com Cristo e é agraciado com uma nova vida (regeneração), passando a estar em Cristo. O novo homem em Cristo passa a ser santo e irrepreensível ( Ef 4:24 ). Ou seja, a eleição não é para a salvação, e sim, a benção de ser santo e irrepreensível diante de Deus.
Somente é possível alcançar a santidade e a irrepreensibilidade depois de ser uma nova criatura. O velho homem (o pecador) jamais será santo e irrepreensível diante de Deus. Antes o pecador precisa crer no evangelho seguindo Jesus na sua morte e ressurreição. Somente a nova criatura é santa e irrepreensível.
Qual o sentido da palavra ‘eleição’ que o contexto nos revela? Não é o de escolha de pecadores dentre pecadores para a salvação. Paulo estava simplesmente demonstrando que todos os cristãos na condição de nova criatura em Cristo tornaram-se santos e irrepreensíveis diante de Deus. Isto porque antes da fundação do mundo, aprouve Deus que as pessoas que cressem em Cristo haveriam de ser santas e irrepreensíveis. Isto porque a geração de Cristo é tal qual Ele é: filhos de Deus, santos, inculpáveis ( 1Jo 3:1 -2).
A salvação é por meio do evangelho, mas a santidade e a irrepreensibilidade diante de Deus decorrem da nova condição em Cristo. Na eternidade Deus elegeu ‘escolheu’ em Cristo, mas no presente os cristãos são os eleitos de Deus por terem sido de novo gerados em Cristo. Por serem novas criaturas geradas em Deus, os Cristãos foram predestinados a serem conforme a imagem de Cristo, e estão de posse de uma nova condição: a santidade e a irrepreensibilidade, pois para isso foram eleitos em Cristo antes da fundação do mundo
O propósito de Deus ao trazer muitos filhos à glória foi estabelecido em Cristo, e todos que n’Ele estão, são os eleitos de Deus. Estão de posse de uma nova condição em contraste com aquele que antes tinha no pecado: santidade e irrepreensibilidade ( 1Co 6:11 ).
Ao colocarmos o verbo do versículo seguinte no presente teremos: “Pois somos os eleitos em Cristo antes da fundação do mundo”. Ou seja, Paulo estava demonstrando que desde a eternidade Deus reuniu as condições necessárias para os homens em Cristo estivessem de posse de uma nova condição diante d’Ele. Estes são santos e irrepreensíveis.
A eleição não se refere a um processo de escolha, e sim, da posse de uma nova condição. Todos aqueles que estão em Cristo são os eleitos de Deus. Sobre este aspecto Jesus disse: “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos” ( Mt 22:14 ). Através do evangelho muitos são chamados à nova vida, porém, os escolhidos, aqueles de posse da nova condição em Cristo são poucos. Observe que Jesus não disse: poucos são os que ‘escolhi’, antes poucos são os escolhidos.
Neste sentido Paulo escreveu: “Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus (…) Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados” ( 1Co 1:24 e 26).
Aqueles que estão na condição de chamados são os pecadores, alvos da mensagem do evangelho. Por que os pecadores estão na condição de chamados? Por que a mensagem do evangelho destina-se aos pecadores.
Quando Paulo pede aos irmãos que observassem a vocação, ele refere-se a algo que os cristãos tinham posse (vossa vocação). Todos que aceitam a mensagem do evangelho este são os escolhidos, os que possuem a vocação. Se Deus escolhesse dentre os pecadores aqueles quem haveria de ser salvo, Paulo teria escrito que não são muitos os sábios segundo a carne que são ESCOLHIDOS para a salvação. Antes, o apóstolo Paulo diz que são poucos os poderosos e nobres que são CHAMADOS ( 1Co 1:26 ).
Por que são poucos os chamados dentre os poderosos? Os sábios, poderosos e nobres estão sendo protelado quanto à salvação? É certo que não. O que se observa é que para ‘OS CHAMADOS’ a mensagem do evangelho é poder de Deus e sabedoria de Deus ( 1Co 1:24 ). Porém os sábios, entendidos e nobres consideram a palavra do evangelho como sendo loucura I Co 1: 18. Desta maneira, conclui-se que são poucos os chamados dentre os sábios e entendidos deste mundo.
O diferencial entre os doutores e os não doutos não é quanto ao evangelho, pois a mensagem é a mesma, tanto para judeu quanto para grego, mas o diferencial está no comportamento de quem houve. Para os que perecem, a mensagem é loucura, para os que são salvos, a mensagem é poder de Deus e sabedoria de Deus.
A Predestinação
“Em amor nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito da sua vontade” ( Ef 1:5 ).
Predestinação: “Deus estabeleceu de antemão na eternidade que as novas criaturas (aquele que está em Cristo) seriam conforme a imagem do Seu Filho Jesus Cristo para que Cristo fosse primogênito entre muitos irmãos”
É impossível o velho homem, ou a velha criatura alcançar a posição de filho de Deus. A velha natureza primeiro deve morrer com Cristo para depois ressurgir uma nova criatura. Esta nova criatura será designada um dos filhos de Deus ( Jo 1:12 ).
A velha criatura jamais pode ser contada com um dos filhos de Deus, ou seja, jamais a velha criatura, o pecador sem Cristo será contado entre os filhos de Deus.
Neste contexto, como entender a predestinação? Paulo diz que os cristãos (nós) é que foram predestinados. Os que estão em Cristo (as novas criaturas) são os predestinados por Deus a serem filhos por adoção, e não alguns pecadores dentre outros. Paulo não escreveu a pecadores, e sim, a santos e fiéis em Cristo ( Ef 1:1 ). Estes santos e fiéis é que são os agraciados com a bênção de ser eleito e predestinado.
A salvação é ação de Deus por meio do evangelho, e tão somente através do evangelho. Através do evangelho Deus chama os pecadores ao arrependimento e a filiação divina só ocorre após a regeneração, quando é criada a nova criatura em Cristo.
Observe que o apóstolo Paulo continua argumentando com o verbo no passado (predestinou), utilizando a primeira pessoa do pronome no plural (nos) e apresenta um objetivo bem definido: predestinados para serem filhos por adoção.
Em linhas gerais Paulo escreveu aos cristãos que, por eles estarem em Cristo não deviam esperar outro destino a não ser, ser um dos filhos de Deus. Não há outro destino designado para quem está em Cristo: este já é um dos filhos de Deus. Os cristãos já alcançaram a condição de filhos, e já podem clamar: “Aba, Pai” ( Gl 3:26 ). Este era um dos motivos pela qual Paulo estava agradecendo a Deus.
A predestinação diz de uma bênção alcançada em Cristo. Todos aqueles que estão em Cristo tornaram-se filhos de Deus, uma vez que Cristo conduz muitos filhos à glória ( Hb 2:10 ). Em outras palavras, caso alguém não tenha o desejo de ser contado entre os filhos de Deus, não deve aceitar o que é proposto no evangelho. Isto porque, todos aqueles que aceitarem o convite do evangelho e passaram a estar em Cristo, estes são filhos de Deus por adoção, pois para este fim a nova criatura é destinada.
A vontade de Deus é que Cristo tenha a preeminência em tudo, sendo Cristo o primogênito de toda a criação e o primogênito dentre os mortos. Na condição de segundo Adão, Cristo é o primeiro gerado de Deus, diferente do primeiro Adão, que foi criado do pó da terra.
Mas, para que Cristo alcançasse a posição de primogênito dentre os mortos ( Rm 8:29 ), houve a necessidade de que Deus gerasse mais filhos para si. Deus, em sua multiforme sabedoria, predestinou, estipulou um destino para aqueles que fossem gerados de novo em Cristo: seriam Filhos por Adoção.
Após Deus gerar filhos para si, Cristo tornou-se o primogênito dentre os mortos, uma vez que não há o que se falar em primogenitura, se não houver dois ou mais irmãos “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos“ ( Rm 8:29 ; Hb 2:10 ).
Conscientização
Qual foi o objetivo de Paulo ao descrever as bênçãos recebidas por Deus em meio a um momento de louvor? Conscientizar os cristãos do prêmio que haviam recebido. Paulo é enfático ao demonstrar que todos eles também estavam em Cristo, e se estavam em Cristo, estavam de posse das mesmas bênçãos enumeradas “É também nele que vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade…” ( Ef 1:13 ).
Tudo foi alcançado através do evangelho “…depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação” ( Ef 1:13 ). A salvação não é alcançada através da ‘eleição’ ou da ‘predestinação’, uma vez que a salvação só é alcançada por meio da mensagem do evangelho.
“Tendo nele crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa, o qual é o penhor da nossa herança…” ( Ef 1:13 ). Paulo precisava conscientizar os cristãos porque sabia que haveria de surgir alguém com a intenção de privar os cristãos do premio ( Cl 2:18 ).
“O prêmio da soberana vocação de Deus só é possível em Cristo”
Não há como ser participante desta vocação soberana quando se está no pecado ou quando se é uma velha criatura. A vocação de Deus é premio destinados a quem encontra em Cristo “…pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo” ( Fl 3:14 ).
‘Em Cristo’ é um recurso linguístico utilizado por Paulo para resumir o conceito de ‘nova criatura’. Ou seja, “…se alguém está em Cristo, nova criatura é…” ( 2Co 5:17 ). Para não repetir inúmeras vezes a palavra nova criatura, a contração “em Cristo” é utilizada por Paulo.
- Os cristãos precisavam saber que eles eram verdadeiramente filhos de Deus ( Gl 3:26 ).
- Precisavam saber que foram criados idôneos para participar da herança dos santos na luz ( Cl 1:12 ).
- Precisavam saber que estavam em Deus e Deus neles ( 1Jo 4:15 ).
- Da mesma forma que Cristo é, os cristãos também são neste mundo ( 1Jo 4:17 ).
- Precisavam estar cônscios de que haviam recebido a plenitude de Cristo ( Cl 2:10 ).
O apóstolo Paulo teve uma tarefa árdua ao tentar conscientizar os cristãos das características da nova criatura. Para isso ele procurou demonstrar que todos os cristãos, os que creram, receberam as mesmas dádivas de Deus: uma nova natureza, uma nova vida, tornando-se uma nova criatura, criada segundo Deus em verdadeira justiça e santidade.