É relativamente fácil um seguidor do judaísmo mudar o seu comportamento reprovável em sociedade, porém, é mais fácil passar um camelo no fundo de uma agulha do que um rico mudar a sua concepção (arrependimento) acerca do Cristo.
O que pregar sobre arrependimento?
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Enviaram-me um trecho de uma mensagem por meio de uma rede social, do Pastor Rodrigo Mocellin, com a seguinte argumentação:
“Jesus não saiu dizendo: ‘Eu amo vocês’. Ele disse: ‘Parem de pecar porque o dia do juízo se aproxima’. Tô traduzindo para vocês. Traduzindo o que Ele falou: ‘Arrependei-vos porque o reino dos céus é chegado’. É isso: parem de pecar, arrependam-se, creiam, senão vocês serão punidos eternamente.” Não matarás, Pastor Rodrigo Mocellin,
Não sei qual era o contexto da mensagem completa, mas nesse pequeno trecho só a primeira frase é verdadeira e, o que se segue é um completo desatino.
Jesus não apregoava ‘eu te amo’
Não há no Novo Testamento qualquer registro de Jesus dizendo aos seus ouvintes ‘eu te amo’. Quem acha que somente dizer as pessoas ‘Jesus te ama’ é anunciar o evangelho está completamente equivocado. O evangelho tem por base outra premissa: um mandamento!
“Mas a seu tempo manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador;” (Tito 1:3);
“Mas que se manifestou agora, e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé;” (Romanos 16:26);
“E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento.” (1 João 3:23).
As boas novas do evangelho é o mandamento de Deus a todos os povos para que obedeçam a doutrina da pregação da fé, e não uma mensagem de cunho sentimental.
Que pregação deve ser feitas? Qual é a fé dada aos santos? Em poucas palavras, a mensagem que anuncia que Cristo, o Jesus de Nazaré, é o salvador do mundo, nascido de uma virgem, nasceu e viveu sem pecado, foi crucificado e morto e ressurgiu ao terceiro dia pelo poder de Deus.
A pregação da fé (evangelho) tem que ter essas premissas fundamentais:
“O qual antes prometeu pelos seus profetas nas santas escrituras, acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor,” (Romanos 1:2-4);
“Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, a saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido. Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.” (Romanos 10:9-12).
Jesus não saiu apregoando: eu amo vocês, ou expressando os seus sentimentos, antes a sua mensagem remetia a testemunho de Deus contido nas Escrituras, pois Ele demonstrava que era o descendente prometido a Abraão (Gênesis 22:18), o filho prometido a Davi (2 Samuel 7:12-14), portanto, o Filho de Deus e rei de Israel, e que para os homens serem salvos precisavam crer nas Escrituras, o testemunho de Deus acerca do seu Filho.
“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam;” (João 5:39);
“Se recebemos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior; porque o testemunho de Deus é este, que de seu Filho testificou. Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus.” (1 João 5:9-13).
Na verdade Jesus exigia dos seus ouvintes que O amassem:
“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.” (João 14:21).
E a exigência de Jesus não era de sentimento, afeto, e sim de submissão: só ama a Cristo quem tem os mandamentos de Cristo e obedece (guarda).
Sendo manso e humilde de coração, Jesus exigiu de seus ouvintes que se sujeitassem a Ele como Senhor e que tomassem sobre si o fardo de Jesus. Jesus não quer nada menos que se sujeitem a Ele como servos!
“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mateus 11:29-30).
O amor exigido por Cristo é serviço obediente:
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.” (Mateus 6:24).
É em função dessa exigência que Jesus questionou o apóstolo Pedro se ele tinha afeto (amizade), ou se amava (obedecia).
“Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.” (João 21:16).
Se aquele que guarda os mandamentos de Cristo é o que O ama, o apóstolo Pedro só amaria (ágape) de fato se estivesse obedecendo a Cristo, ou seja, apascentado as ovelhas. Mas, como sabia que estava em falta, quando interpelado se amava (ágape), o apóstolo Pedro se resignou a responder que tinha afeto (fhileo).
Ter afeto (fhileo) por Jesus não é o mesmo que sujeitar-se (ágape). Somente dizer que tem afeto (fhileo) por Jesus é servir a si mesmo, diferente de humilhar-se a si mesmo, servindo (ágape) a Cristo.
Quando é dito que ninguém pode servir a dois senhores, o alerta de Cristo se aplicava ao apóstolo Pedro recalcitrante que estava pescando. É impossível servir a si mesmo (permanecer pescando) e ao mesmo tempo servir ao Senhor!
Parem de pecar
Uma verdade, por mais cristalina que seja, não valida os erros que se seguem na mensagem do Pr. Mocellin. Fica um alerta: o formato essencial a toda mensagem de engano é se pautar em uma verdade. Não acuso o Pr. Mocellin de más intenções, antes até acho que ele seja bem intencionado, mas falar daquilo que não compreende é promover escândalo!
“Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens.” (Mateus 16:23).
Repito! Não cabe a mim julgar a pessoa do Pr. Mocellin, mas o que ele apregoa (espirito) não posso deixar de julgar.
“Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.” (João 7:24);
“AMADOS, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.” (1 João 4:1).
Uma paráfrase é permitida desde que preserve a ideia inicial. Se a ideia não é preservada, o interprete que parafraseia uma mensagem deixa de ser um mensageiro e passa para o campo da conjectura, lança mão de uma liberdade poética, e a mensagem anunciada deixa de ser fidedigna ao emissor original.
O preletor afirma que Jesus disse ‘Parem de pecar porque o dia do juízo se aproxima’, e em seguida afirma que estava traduzindo o que foi dito.
Jesus em momento algum disse ‘parem de pecar’ e nem apresentou a proximidade do dia do juízo como motivo para os seus ouvintes pararem de pecar.
“Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.” (Mateus 4:17).
Inicialmente Jesus dá uma ordem: ‘Arrependei-vos’, e a ordem para arrepender-se não é ‘parem de pecar’.
Arrepender não é parar de pecar? Não! Arrepender é mudar a concepção, o entendimento acerca das coisas. Arrepender é tradução do termo grego metanoia que indica mudança de compreensão, entendimento, uma mudança de mente.
Como os ouvintes de Jesus entendiam que para serem salvos era necessário serem descendentes do pai Abraão, ou seja, judeus, Jesus veio apregoando mudança de entendimento.
No passado, por questões de tradução e tendência doutrinária da Igreja Católica, o entendimento acerca da mensagem de Cristo era: ‘fazei penitência’. Só recentemente as traduções bíblicas adotaram o termo ‘arrependimento’ ao traduzirem o termo metanoia, e que muitos ainda entendem como mudança de comportamento.
“Fazer penitência é doer-se de algo cometido anteriormente. [Ora…,] a dor ou a tristeza pode ser considerada de duas maneiras. Primeira, enquanto é uma paixão do apetite sensitivo. E sob este aspecto, a penitência não é uma virtude, mas uma paixão. Segunda, enquanto é um ato da vontade. Nesse caso, ela implica certa escolha. E se esta é feita de maneira reta, pressupõe que seja um ato de virtude. Diz Aristóteles que a virtude é “um hábito de escolher conforme a reta razão”. Pertence, porém, à reta razão que alguém se doa daquilo de que se deve doer. E isso acontece na penitência […]. Pois o penitente assume uma dor moderada dos pecados passados, com a intenção de afastá-los. Daí se segue que é claro ser a penitência […] uma virtude ou ato de virtude.” Santo Tomás de Aquino (STh III 85, 1).
Jesus evangelizou o seu povo, essencialmente, religiosos que possuíam um comportamento diferenciado se comparado com os gentios. Mas, Jesus não estava requisitando mudança de comportamento em vista de comportamento anterior, e sim, mudança de entendimento, pois os judeus tinham zelo de Deus segundo mandamento de homens, ou seja, faltava o conhecimento.
“Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento.” (Romanos 10:2);
“O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende.” (Isaías 1:3);
“Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si.” (Isaías 53:11).
O entendimento do homem depende da revelação de Deus, e o conhecimento que Cristo trouxe só alcança quem abandona os seus antigos conceitos e obedece a Deus conforme a verdade anunciada por Cristo.
É relativamente fácil um judeu mudar o seu comportamento reprovável em sociedade, porém, é mais fácil passar um camelo no fundo de uma agulha do que um rico mudar a sua concepção acerca do Cristo. Como abandonar a concepção de que não matar, não adulterar, não furtar, não dar falso testemunho, honrar pai e mãe, amarar o teu próximo como a ti mesmo, etc., não é suficiente para entrar no reino dos céus, e passar a acreditar que basta seguir a Cristo? Essa metanoia (arrependimento) é a essência da mensagem de Cristo, e não a mensagem ‘parem de pecar’.
“Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda? Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me. E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades. Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus. E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. Os seus discípulos, ouvindo isto, admiraram-se muito, dizendo: Quem poderá pois salvar-se? E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.” (Mateus 19:20-26).
O dia do juízo se aproxima
Partindo do pressuposto que a ordem de Cristo é para mudar de entendimento, pois os seus ouvintes presumiam que eram salvos por causa de Abraão, parar de pecar sob ameaça não é próprio do evangelho de Cristo.
“E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.” (Mateus 3:9);
“Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres?” (João 8:33).
Considerando que o pecador peca porque é servo do pecado, e que para deixar de pecar só é possível se morrer para o pecado, seria um contra senso Jesus pedir algo impossível a um escravo do pecado. É da natureza dos servos do pecado pecarem, e por isso Jesus disse aqueles judeus que achavam que eram livres por serem descendentes de Abraão que eles eram servos do pecado:
“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.” (João 8:34).
Só é possível ao homem deixar de pecar se obedecer de coração a doutrina de Cristo, quando o homem será liberto e feito servo da justiça.
“Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça? Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.” (Romanos 6:16-18).
A ordem: deixem de pecar é absurda. O correto é: obedeçam de coração ao evangelho de Cristo, pois só assim o homem deixa de ser servo do pecado e passa a ser servo da justiça. ‘Parem de pecar’ é uma mensagem simplória igual a ‘Jesus te ama’, pois o correto é:
“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como nos pode dar este a sua carne a comer? Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. “ (João 6:51-56).
A mensagem de Cristo visava a mudança de entendimento (metanoia), e por isso o questionamento dos judeus: ‘Como nos pode dar este a sua carne a comer?’. Ora, bastava crer que Jesus era o Cristo, o Filho de Deus, para ser participante da carne e do sangue de Cristo, mas os ouvintes de Jesus permaneciam fixos na ideia de que foi Moisés que deu pão dos céus!
Dar ordem para parar de pecar é o mesmo que determinar ao homem que purifique a si mesmo. Quem tem esperança em Cristo purifica-se a si mesmo, ou seja, é limpo pela palavra que foi anunciada. A má leitura do versículo seguinte é entender que se faz necessário ao homem purificar a si mesmo para ter esperança em Cristo, e não que ao ter esperança em Cristo se purifica a si mesmo.
“E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.” (1 João 3:3);
“Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.” (João 15:3).
A ordem para se purificar é a mesma ordem para circuncidar o coração, algo que só Deus pode fazer pelo homem, diferentemente da circuncisão do prepúcio.
“E o SENHOR teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao SENHOR teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas.” (Deuteronômio 30:6);
“Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.” (Ezequiel 36:26);
“No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de Cristo;” (Colossenses 2:11).
Como é possível Jesus exigir que os seus ouvintes parassem de pecar porque o dia do juízo se aproxima, se Ele não veio julgar os homens (João 12:47), e se os homens já estavam condenados? (João 3:18)
Que significado teria o dia do juízo próximo, se a humanidade foi julgada e condenada no Éden? O julgamento da humanidade no Éden produziu condenação, ou o homem só será condenado no dia do juízo que se aproxima?
“Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos.” (Romanos 5:18-19).
A Bíblia é clara: por uma ofensa já veio o juízo sobre todos os homens para condenação, e pela desobediência de um só muitos foram feitos pecadores. Considerando todas essas nuances acerca do evangelho, certo é que a colocação do preletor não é conforme o evangelho de Cristo.
O que Jesus disse sobre arrependimento
A tradução do Pr. Mocellin: ‘Parem de pecar porque o dia do juízo se aproxima’, segundo o que ele entendeu acerca do que realmente Jesus falou, que é: ‘Arrependei-vos porque o reino dos céus é chegado’, é completamente equivocada.
Jesus disse para os seus ouvintes mudarem de concepção, de entendimento, de compreensão, deixando de considerar que eram salvos por serem descendentes de Abraão, e passassem a considerar que a salvação é decorrente da chegada do reino dos céus: Cristo entre os homens.
O motivo do arrependimento é Cristo, e não o juízo que se aproxima. A ordem é: arrependei-vos por causa de Cristo, e não por causa de erros, pecados, faltas, etc. Arrependei-vos por causa da chegada do Cristo, e não por causa de consciência pesada. Cristo de trouxe boas novas de alegria, e não avisos solenes acerca da possibilidade de punição eterna.
Perceba que o pecado que o preletor Mocellin considera ‘pecado’ não diz da condição do homem decorrente da condenação estabelecida pela ofensa de Adão, e sim, de condutas reprováveis do ponto de vista do comportamento e da moral humana.
Jesus não veio trazer uma doutrina moralizante, como deixem de roubar, furtar, brigar, etc., pois se assim fosse o jovem rico não precisava da doutrina de Jesus, pois é isso que sugere o preletor Mocellin com a sua pregação. Na verdade Jesus veio concitar os homens que se humilhem a si mesmos fazendo se servos. Para se humilhar a si mesmo é necessário ao homem abrir mão de seus próprios conceitos de como agradar a Deus, e obedecer estritamente o que Deus estabeleceu: crer no enviado de Deus.
“Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou.” (João 6 :29).
A posição de Cristo é inequívoca: Mestre e Senhor!
“Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou.” (João 13:13);
“E por que me chamais: ‘Senhor, Senhor’, e não praticais o que Eu vos ensino?” (Lucas 6:46).
Como Mestre e Senhor, Cristo deve ser obedecido, porém, muitos não mudam de concepção e fazem conforme os ouvintes do profeta Ezequiel: gostam de ouvir, mas não praticam.
“E eles vêm a ti, como o povo costumava vir, e se assentam diante de ti, como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois lisonjeiam com a sua boca, mas o seu coração segue a sua avareza. E eis que tu és para eles como uma canção de amores, de quem tem voz suave, e que bem tange; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.” (Ezequiel 33:31-32).
Outros não tem o cuidado que Cristo como Senhor e mestre teve, que só anunciava o que o Pai determinou sem expor conjecturas.
“E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito.” (João 12:50).