Deus é glorificado quando o homem produz muito fruto, mas esse fruto é obra exclusiva da regeneração pela Palavra de Deus, a semente incorruptível. Os nascidos da semente incorruptível são plantados pelo Senhor para a sua glória.
Deus é glorificado através das árvores que plantou
Conteúdo do artigo
“… a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do SENHOR, para que ele seja glorificado.” (Isaías 61:3).
A Filosofia e as Doutrinas Teológicas
Este artigo propõe um contraponto ao célebre sermão de Jonathan Edwards, intitulado “Deus glorificado na dependência do homem”, pregado em Boston, em 8 de julho de 1731. Edwards, renomado pregador congregacional, teólogo calvinista, é frequentemente citado como um dos maiores filósofos dos Estados Unidos, notável tanto por sua erudição teológica quanto por sua contribuição ao pensamento filosófico.
No entanto, o presente argumento não busca questionar a figura de Edwards, mas antes confrontar a doutrina que ele professava, profundamente moldada pela teologia reformada. Edwards foi um expoente da metafísica do determinismo teológico, uma abordagem influenciada pela tradição greco-romana do fatalismo, que considera a existência rigidamente predestinada por um propósito divino imutável. Essa visão, engendrada sob alegação de que emerge das Escrituras, levanta implicações que merecem um exame mais detido (1 João 4:1-2).
A discordância que persiste entre as doutrinas calvinistas e arminianas revela uma questão maior, que ecoa os debates antigos da filosofia estoica[1]: como harmonizar a liberdade essencial do homem — pilar da ética estoica — com a ideia de um destino inexoravelmente fixado desde os primórdios da existência? Esse dilema lança luz sobre a tensão inerente à tentativa de conciliar a liberdade do homem com o conceito de que tudo está determinado desde sempre por um Deus soberano.
O estoicismo, com sua insistência na autodeterminação do sábio e na aceitação do destino como inevitável, já indicava uma dialética intrincada que se reflete, de maneira peculiar, na teologia reformada. Edwards, em sua busca por glorificar a soberania divina na dependência humana, posiciona-se como herdeiro intelectual de uma tradição que parece, paradoxalmente, afirmar a liberdade enquanto nega a agência. É precisamente nesse ponto que este artigo busca oferecer uma visão crítica — não apensas para se opor ao pensamento de Edwards, mas para questionar se essa tradição pode, de fato, explicar a plenitude da relação entre o Criador e sua criação.
O que está em jogo aqui não é meramente um debate teológico, mas uma reflexão sobre o caráter de Deus e o lugar do homem no drama da redenção. Será a liberdade humana uma mera ilusão, um adorno para encobrir as engrenagens do destino divino, ou um elemento intrínseco ao propósito de Deus? A resposta a essa questão não apenas molda nossa visão do evangelho, mas também revela o coração daquele que o proclamou.
Deus Destruiu a Sabedoria de Quais Sábios?
Ao instruir os cristãos de Corinto, o apóstolo Paulo demonstrou notável prudência ao aplicar a si mesmo e a Apolo, figuradamente, a questão das divisões que permeavam a igreja. Em 1 Coríntios 4:6, ele adverte categoricamente: “para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito”. Essa exortação não é meramente retórica, mas um princípio central para a interpretação das Escrituras, um convite à submissão àquilo que Deus revelou, rejeitando qualquer acréscimo que extrapole o texto inspirado.
Ao considerar a exposição de Jonathan Edwards em seu sermão, nota-se que ele frequentemente se apoia em inferências históricas e conjecturas filosóficas para embasar sua argumentação. Embora tais reflexões sejam eloquentes e aparentemente intelectualmente bem articuladas, elas não encontram ressonância direta no texto bíblico e, em alguns casos, desviam-se do rigor exegético demandado pelas Escrituras. Por exemplo, Edwards faz uma conexão entre a crítica paulina à “sabedoria dos sábios” e a proximidade geográfica de Corinto com Atenas, o que, segundo ele, teria sido um fator significativo na contextualização da mensagem paulina. No entanto, essa leitura vai além do que está escrito e não reflete a verdadeira intenção do apóstolo.
Observe:
“Corinto não ficava distante de Atenas, que havia sido, por muitos séculos, o mais famoso centro de filosofia e erudição no mundo. E, por esse motivo, o apóstolo lhes observa como Deus, pelo evangelho, destruiu e reduziu a nada a sabedoria deles.” Edwards, Jonathan. Deus glorificado na dependência do homem. Disponível em: https://www.academia.edu/93654392/Sermoes_de_Jonathan_Edwards_In_Jonathan_Edwards Acessado em 8 dez 24.
A conexão feita por Edwards entre a destruição e a redução “a nada a sabedoria dos gregos”, baseada na proximidade geográfica de Corinto com Atenas — reconhecida historicamente como o centro da filosofia grega — extrapola os limites do que está registrado nas Escrituras. O objetivo de Paulo em suas epístolas não era destacar a localização geográfica de Corinto ou exaltar a influência da erudição filosófica grega. Ao contrário, o foco de Paulo era expor a insuficiência de qualquer tipo de sabedoria humana, especialmente a “pseudo sabedoria” dos judeus, para alcançar a verdadeira compreensão de Deus.
Essa ênfase fica clara quando Paulo faz referência a Isaías 29:13-14:
“Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído; Portanto eis que continuarei a fazer uma obra maravilhosa no meio deste povo, uma obra maravilhosa e um assombro; porque a sabedoria dos seus sábios perecerá, e o entendimento dos seus prudentes se esconderá.”
Paulo, ao citar Isaías, aplica essa advertência ao contexto de sua argumentação em 1 Coríntios 1:19, reafirmando que Deus frustra tanto a sabedoria humana quanto os esforços religiosos para compreender ou alcançar a salvação. Essa frustração se aplica particularmente aos judeus, que detinham a Lei e os Profetas, mas falharam em reconhecer que essas Escrituras apontavam para Cristo.
As perguntas retóricas de Paulo em 1 Coríntios 1:20 — “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século?” — são respondidas em Isaías 44:25, reforçando que o alvo da crítica paulina era a presunção judaica. A inclusão dos gregos como “sábios” de Isaías, feita por Edwards, não encontra suporte nas Escrituras e se afasta do contexto exegético da carta.
“Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?” (1 Coríntios 1:20);
“Que desfaço os sinais dos inventores de mentiras, e enlouqueço os adivinhos; que faço tornar atrás os sábios, e converto em loucura o conhecimento deles;” (Isaias 44:25).
Além disso, Paulo enfatiza que o evangelho, considerado loucura pelos que perecem, é o poder de Deus para aqueles que creem (1 Coríntios 1:18). Esse argumento é consistente com o que ele declara em Romanos 1:16, onde afirma que o evangelho é o poder de Deus para salvação de judeus e gregos.
A crítica de Edwards, ao deslocar o foco para a filosofia grega, ignora essa dimensão essencial da mensagem paulina, que está profundamente enraizada na insuficiência do orgulho religioso judaico. A verdadeira sabedoria e poder de Deus são manifestados na cruz de Cristo, que desafia tanto os sinais esperados pelos judeus quanto a sabedoria buscada pelos gregos.
O exemplo de Paulo nos convida a resistir à tentação de adornar as Escrituras com conjecturas bem-intencionadas, mas desnecessárias. A glória da mensagem bíblica reside precisamente em sua simplicidade e suficiência. Em vez de buscar iluminar a Palavra com nossos próprios lampejos, devemos permitir que ela ilumine nossos corações e mentes, permanecendo fiel ao que foi revelado.
A sabedoria deste mundo, que Deus considera loucura e na qual os sábios são apanhados em sua própria astúcia, refere-se principalmente aos sábios judeus que, embora tivessem na Lei a forma de ciência e de verdade, falharam em reconhecer que as Escrituras apontavam para Cristo como seu cumprimento (João 5:39). Paulo aborda esse tema de forma consistente em suas cartas, como em 1 Coríntios 3:19, onde cita Jó 5:13: “Ele apanha os sábios na própria astúcia deles”, e em Romanos 1:22 e 2:20, onde expõe a futilidade de uma sabedoria humana que ignora a revelação divina. O salmista também ecoa esse pensamento ao dizer que “os pensamentos do homem são vãos” (Salmo 94:11).
Nas Escrituras, os termos “sábios” e “inteligentes” frequentemente são usados pelos profetas para se referirem aos eruditos e religiosos de Israel, aqueles que se consideravam possuidores de grande entendimento e discernimento espiritual. Esses mesmos indivíduos, por sua posição de destaque e influência, também são chamados de “ricos” e “fortes”, representando tanto sua confiança em sua sabedoria quanto em suas supostas realizações.
Essa linguagem simbólica aparece em várias passagens. Em Isaías 5:21, por exemplo, o profeta declara: “Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos!”, denunciando aqueles que confiavam em sua própria sabedoria e não buscavam o verdadeiro entendimento em Deus. Esses “sábios” e “inteligentes” representam uma elite religiosa e intelectual que, em vez de guiar o povo na justiça e no temor de Deus, muitas vezes distorcia a verdade e fortalecia suas próprias posições.
Além disso, a associação com os termos “ricos” e “fortes” reflete sua posição de privilégio e autossuficiência. Jeremias, em Jeremias 9:23-24, faz um paralelo claro: “Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força, nem o rico nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor”. Aqui, o profeta denuncia a autossuficiência que permeava os líderes e eruditos de Israel, alertando que verdadeira glória está em conhecer a Deus e viver em humildade diante dele.
“Os sábios são envergonhados, espantados e presos; eis que rejeitaram a palavra do SENHOR; que sabedoria, pois, têm eles?” (Jeremias 8:9).
Essas figuras — sábios, inteligentes, ricos e fortes — simbolizam a rejeição humana em se submeter a palavra de Deus, preferindo obedecer a mandamentos de homens. Os profetas repetidamente confrontam essa confiança no fato de descenderem de Abraão, apontando que ela leva à cegueira espiritual e à rejeição da sabedoria divina (Jeremias 17:5). No Novo Testamento, Paulo ecoa essa crítica em 1 Coríntios 1:26-29, afirmando que Deus escolheu as coisas fracas, desprezadas e insignificantes para envergonhar os fortes e sábios, a fim de que ninguém se glorie diante de Deus.
Ao focar nas especulações sobre a proximidade geográfica entre Corinto e Atenas, Jonathan Edwards negligencia um aspecto central da hermenêutica paulina: o uso do termo “grego” como uma designação abrangente para gentios, isto é, todos os povos não judeus. Nas epístolas de Paulo, “grego” transcende o contexto específico da cultura helênica e assume um significado mais amplo, representando a totalidade dos gentios em contraste com os judeus (cf. Gálatas 3:28; Colossenses 3:11; Romanos 10:12). Essa abrangência elimina a necessidade de associar “grego” exclusivamente à erudição filosófica ou aos grandes pensadores de Atenas.
A inferência de Edwards, de que os filósofos gregos se esforçaram para conhecer a Deus, mas falharam, também não se sustenta à luz do contexto bíblico. Em nenhum momento Paulo sugere que a busca filosófica dos gregos era direcionada ao Deus de Israel ou à verdade das Escrituras. Além disso, a preservação da filosofia grega até os dias atuais e sua influência contínua no pensamento ocidental contrasta com a descrição paulina de uma sabedoria “reduzida a nada” diante da cruz de Cristo.
“… os gregos eruditos e seus grandes filósofos, com toda a sua sabedoria, não conheceram a Deus, nem foram capazes de descobrir a verdade nas coisas divinas. Mas, após se esforçarem ao máximo, em vão, aprouve a Deus, por fim, revelar-se pelo evangelho, o qual reputavam como tolice.” Idem.
O verdadeiro alvo de Paulo ao contrastar judeus e gregos não é criticar especificamente a filosofia grega, mas mostrar que ambos os grupos, representando dois extremos — os judeus com sua busca por sinais e os gregos, como representantes dos gentios, com sua busca por sabedoria —, falham em encontrar a Deus pelos próprios meios. A mensagem da cruz, que é loucura para os que perecem, demonstra que tanto a “sabedoria dos sábios” quanto os “sinais” dos religiosos não são a tônica do evangelho que propicia salvação (1 Coríntios 1:18-25).
Portanto, a interpretação de Edwards, ao priorizar um contexto cultural específico, acaba desviando-se do propósito mais amplo do argumento de Paulo. A “sabedoria deste mundo” que é condenada não se limita a uma cultura ou filosofia particular, mas abrange toda forma de sabedoria humana que se eleva contra o conhecimento de Deus e ignora a centralidade de Cristo. Nesse sentido, a crítica de Paulo é universal e atemporal, aplicando-se tanto aos sábios judeus que se apoiavam na Lei quanto aos gentios que confiavam em sua própria razão. Assim, permanecemos com o convite de Paulo: não ir além do que está escrito.
Deus Encerrou Todos Debaixo do Pecado para Usar de Misericórdia com Todos
As inferências equivocadas que identificam a sabedoria dos sábios destruída por Deus como sendo a filosofia dos gregos levam a uma compreensão distorcida de 1 Coríntios 1:29, onde Paulo afirma que “ninguém se glorie diante de Deus”. Essa interpretação negligencia o contexto bíblico mais amplo, especialmente a relação entre a Lei, os Salmos e os Profetas com os judeus, que eram os destinatários diretos dessas Escrituras.
Paulo esclarece que “tudo o que a Lei diz, aos que estão debaixo da Lei o diz” (Romanos 3:19), deixando evidente que os judeus, como depositários da revelação divina, eram o alvo primário das advertências e promessas contidas nas Escrituras do Antigo Testamento. Os gentios, por outro lado, estavam “sem Deus no mundo” (Efésios 2:12), alheios às alianças e promessas feitas por Deus a Israel.
Quando Paulo menciona a “sabedoria dos sábios”, como registrada em Isaías e outros profetas, ele se refere diretamente à presunção judaica em sua relação com Deus. Os judeus confiavam na Lei, acreditando que, por meio dela, tinham ciência e verdade, mas falharam em reconhecer que as Escrituras testemunhavam sobre Cristo. Esse foi o grande equívoco da “sabedoria” judaica: uma confiança equivocada na Lei como meio de justificação, ignorando que a justiça de Deus se revelou independente dela, através da fé em Cristo (Romanos 3:21-22).
É por isso que eles crucificaram a Cristo:
“A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.” (1 Coríntios 2:8).
Ao ignorar esse pano de fundo, as inferências que vinculam a destruição da sabedoria dos sábios à filosofia grega desviam-se do propósito de Paulo. A filosofia grega, embora limitada em alcançar o verdadeiro conhecimento de Deus, não é o foco das palavras do apóstolo em 1 Coríntios 1:17-31. Paulo enfatiza que foi enviado a evangelizar não com palavras de sabedoria humana, mas com o evangelho. Para aqueles que perecem, o evangelho é loucura; contudo, é Deus quem torna louca a sabedoria deste mundo, como predito pelos profetas (1 Coríntios 1:17-20). Assim, o mundo, em sua sabedoria, não reconheceu a Deus por meio das Escrituras, a essência da verdadeira sabedoria divina. Em contraste, Deus escolheu salvar os que creem através do evangelho, que não satisfaz nem os sinais exigidos pelos judeus nem a sabedoria buscada pelos gentios.
Paulo apresenta o evangelho como o poder e a sabedoria de Deus, que os homens consideram loucura e fraqueza, mas que é mais sábio e mais forte que eles. Esse fundamento também moldou o ministério de Paulo: ele não utilizou sublimidade de palavras ou retórica persuasiva, mas anunciou Jesus Cristo, e este crucificado (1 Coríntios 2:1-4).
Quando Paulo afirma que não são muitos os sábios “segundo a carne”, ele se refere diretamente aos seguidores do judaísmo, em especial entre os poderosos e nobres. Ele exorta os cristãos a considerarem sua vocação em Cristo, que é resultado do chamado divino no evangelho, mostrando que Deus escolheu o que é sem valor, desprezado e considerado nada aos olhos do mundo — incluindo os judeus presunçosos de sua sabedoria — para que “ninguém se glorie diante dele”.
Paulo reforça esse argumento em Gálatas 2:2 e 6, ao utilizar o termo δοκέω (“aparência”) e a frase κατ’ ἰδίαν δὲ τοῖς δοκοῦσιν (“em particular aos que eram de reputação”) para se referir aos seguidores do judaísmo convertidos que estavam entre os cristãos em Jerusalém. Essa ênfase destaca a pretensão judaica de se gloriarem na Lei, que é continuamente confrontada pela revelação da cruz.
Por fim, Paulo demonstra que a escolha de Deus é intencional: encerrar todos debaixo do pecado, tanto judeus quanto gentios, para que use de misericórdia para com todos (Romanos 11:32; Gálatas 3:22). Os gentios, antes “sem esperança e sem Deus no mundo”, não possuíam as Escrituras para se gloriarem diante de Deus. Essa característica era distintiva dos judeus, que confiavam em sua posição como povo escolhido. Contudo, as Escrituras deixam claro que “nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da Lei, porque pela Lei vem o conhecimento do pecado” (Romanos 3:20).
“Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” (Romanos 3:20).
Portanto, ao interpretar a “sabedoria dos sábios” destruída por Deus, é imprescindível reconhecer seu foco principal: a presunção judaica de gloriar-se na Lei, confrontada pela cruz de Cristo como o único meio de justificação. Esse princípio aplica-se universalmente, mostrando que tanto judeus quanto gentios são incluídos no plano de salvação, mas somente pela fé em Cristo, o verdadeiro poder e sabedoria de Deus.
O Posicionamento Doutrinário de Jonathan Edwards
A introdução do sermão de Jonathan Edwards contém vários erros decorrentes de uma leitura equivocada do texto bíblico, incluindo o uso de textos do Antigo Testamento fora de contexto, resultando na interpretação de que a sabedoria que Deus “destruiu” foi a dos gregos. Essas falhas comprometem a integridade doutrinária da exposição que segue e, por isso, precisam ser analisadas à luz das Escrituras.
O Contexto dos Judeus e Gentios em Paulo
Os judeus se consideravam salvos por serem descendentes de Abraão e por possuírem na Lei a forma da ciência e da verdade (Romanos 2:17-20). Contudo, ao abordar judeus e gentios, Paulo constrói uma narrativa inclusiva, mostrando que os judeus, como parte da humanidade, não têm motivos para se vangloriar diante de Deus.
Paulo reforça isso em Romanos 3:9, onde cita os Salmos para demonstrar que os judeus não eram melhores que os gentios, pois ambos estavam igualmente debaixo do pecado. Ele escreve: “Que se conclui? Temos nós, judeus, qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já demonstramos que tanto judeus como gregos estão debaixo do pecado”. Para justificar essa conclusão, ele cita textos do Antigo Testamento que afirmam: “Não há justo, nem sequer um; não há quem entenda, não há quem busque a Deus” (Romanos 3:10-11, referindo-se aos Salmos). Essa evidência desmonta a falsa crença judaica de que essas Escrituras se aplicavam exclusivamente aos gentios. Paulo, ao citar tais textos, demonstra que Deus não faz acepção: se não há justo, isso inclui judeus e gentios.
A Boca Fechada pela Lei
Paulo explica em Romanos 3:19 que “tudo o que a Lei diz, aos que estão debaixo da Lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus”. A “boca fechada” aqui refere-se à humilhação diante de Deus, especialmente dos judeus, que tinham sua “boca aberta” em autoglorificação por serem descendentes de Abraão e por possuírem a Lei. A função da Lei, entretanto, era justamente revelar o pecado, não justificar o homem.
O Paralelo entre Romanos 3 e 1 Coríntios 1
Há um paralelo evidente entre Romanos 3:9-20 e 1 Coríntios 1:19-31. Assim como os judeus não deviam se gloriar na carne ou em sua posição privilegiada, mas em conhecer e saber que Deus é o Senhor (Jeremias 9:23-24), Paulo aplica a mesma lógica aos cristãos de Corinto. Ele começa abordando o partidarismo que os levava a gloriar-se uns contra os outros (1 Coríntios 3:21) e, ao final, conclui que aplicou figurativamente essas divisões a si mesmo e a Apolo para ensinar os coríntios a não se ensoberbecerem (1 Coríntios 4:6).
A Sabedoria dos Sábios que Deus Destruiu
A explicação de Paulo sobre a “sabedoria dos sábios” destruída por Deus tem como propósito ensinar os cristãos a não se considerarem “sábios neste mundo” (1 Coríntios 3:18). A mesma presunção que levou os judeus a se ensoberbecerem em relação aos gentios agora era um risco entre os cristãos, que começavam a gloriar-se uns contra os outros. Como poderiam se vangloriar, se tudo o que tinham lhes fora dado por Deus? Paulo pergunta: “Quem é que te faz diferente? E o que tens que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias como se não o tivesses recebido?” (1 Coríntios 4:7).
O erro de Jonathan Edwards em sua introdução, ao descontextualizar os textos bíblicos e interpretá-los como referência à sabedoria dos gregos, desvia-se do verdadeiro ensino paulino. Ao afirmar que é desejo de Deus, no contexto da redenção, que o homem não se glorie em ninguém senão nele, Edwards apresenta uma exposição que contraria o desenvolvimento da epístola. 1 Coríntios 1:29-31 expõe, de forma clara, o erro dos judeus em se vangloriarem, mesmo estando na mesma condição de condenação que os gentios. Paulo utiliza essa exposição para denunciar um erro semelhante que surgia entre os cristãos, conforme aborda em 1 Coríntios 3:21, ao condenar o partidarismo na igreja que levava a se gloriarem nas pessoas.
O verdadeiro desejo de Deus, como revelado nas Escrituras, é que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (1 Timóteo 2:4). Esse conhecimento da verdade é expresso de forma direta em Jeremias 9:24: “Aquele que se glorie, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor”. Esse conhecimento só é possível por intermédio da revelação divina no evangelho, que é o verdadeiro caminho para compreender a sabedoria de Deus.
Deus, em sua soberania, escolheu as coisas que não fazem sentido para os homens para que “nenhuma carne se glorie diante dele” (1 Coríntios 1:29). Isso inclui os judeus, que confiavam em sua linhagem e na posse da Lei como motivos para se vangloriarem. No entanto, Paulo mostra que essa glória humana é completamente anulada pela cruz de Cristo. Para os cristãos, que pertencem a Cristo, Deus fez de Jesus “sabedoria, justiça, santificação e redenção” (1 Coríntios 1:30). Cristo é a sabedoria que se manifesta no evangelho, e por ele Deus estabelece sua justiça.
Essa justiça é aplicada quando o homem é batizado na morte de Cristo, sendo incluído em sua morte e ressurreição. Como Paulo explica, ao ressurgir com Cristo, o homem torna-se uma nova criatura, pertencente exclusivamente a Deus, separado para seu uso e propósito. Essa nova identidade em Cristo resulta na verdadeira salvação, uma transformação que elimina qualquer base para a vanglória humana.
A sabedoria admirada pelos gregos, por mais elevada que fosse, não se compara à sabedoria revelada no evangelho. No plano de Deus, a justiça é plenamente manifesta na transformação radical do pecador. Para que Deus seja justo, o pecador deve morrer para o pecado, pois a justiça divina não consiste em uma aceitação fictícia ou simbólica. O pecador não é recebido “como justo” em um faz de conta; antes, Deus cria uma nova criatura justa ao manifestar sua maravilhosa graça. Assim, a nova criatura que ressurge com Cristo não apenas é declarada justa, mas é efetivamente justa diante de Deus.
A santificação, nesse contexto, não está ligada à moralidade ou ao comportamento humano, como se fosse algo produzido pelo coração ou entendimento humano. A santificação, conforme a Escritura, refere-se à separação do cristão para o uso exclusivo de Deus, como servo da justiça. É um estado concedido por Deus, em que o cristão é apartado para cumprir o propósito divino.
A redenção, por sua vez, decorre da glorificação, que ocorre quando o cristão é ressuscitado com Cristo. Como Paulo ensina em Colossenses 3:1, aqueles que ressurgem com Cristo vivem em uma nova realidade, onde a redenção é evidenciada pela filiação divina e pelo status de herdeiros e co-herdeiros com Cristo (Romanos 8:17). Essa redenção não deve ser confundida com a bênção da predestinação, que se concretizará na manifestação plena da glória na segunda vinda de Cristo (Colossenses 3:4).
Embora o cristão já tenha ressurgido com Cristo, participando da glorificação espiritual, a manifestação completa da glória se dará somente quando o que é mortal se revestir da imortalidade (1 Coríntios 15:53-54). Nesse momento, os salvos serão plenamente semelhantes a Cristo ressurreto, conforme descrito por João: “Quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é” (1 João 3:1-2).
O sermão de Jonathan Edwards, ao tratar da frase “a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus” (1 Coríntios 1:29), incorre em inferências que extrapolam o texto. Embora seja correto afirmar que é por Deus que os cristãos estão em Cristo — pois Cristo é a graça de Deus manifesta que trouxe salvação a todas as famílias da terra —, as explicações adicionais de Edwards introduzem ideias que não são sustentadas pelo versículo. Por exemplo, a noção de que o Espírito de Deus concede a fé e nos aproxima de Deus não está explicitamente expressa no texto, sendo uma inferência.
Além disso, ao afirmar que o versículo demonstra a dependência de cada pessoa da Trindade para todo o bem do cristão, Edwards rompe a barreira do que está escrito. Embora a doutrina da Trindade seja fundamental e verdadeira, não pode ser inferida do texto: “… e viemos a ter interesse nele…”, ou “é o Espírito de Deus que nos dá a fé nele, pelo qual o recebemos e nos aproximamos dele”. Essa abordagem, ao adicionar camadas interpretativas ao texto, ultrapassa os limites estabelecidos por Paulo em 1 Coríntios 4:6: “para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito”.
Portanto, embora a exposição de Edwards contenha verdades teológicas em outros contextos, a introdução dessas inferências específicas nesse versículo demonstra uma leitura que se afasta do rigor textual e do contexto bíblico. A sabedoria revelada no evangelho exige uma abordagem que respeite os limites do texto inspirado, permitindo que a mensagem de Deus brilhe em sua simplicidade e poder transformador.
O sermão de Jonathan Edwards apresenta conceitos que, embora impregnados de uma intenção de exaltar a soberania de Deus, incorrem em imprecisões doutrinárias e inferências que carecem de base bíblica sólida. Esses pontos levantam questões significativas quando confrontados com as Escrituras, que exigem uma análise cuidadosa.
Redimidos por Deus em Cristo
A abordagem de Edwards, que lembra os discursos dos amigos de Jó, sofre de um problema central: a tentativa de justificar a soberania divina em termos que ignoram o contexto bíblico e distorcem o propósito de Deus em Cristo. Assim como os amigos de Jó teceram elogios a Deus para acusar injustamente o patriarca, Edwards parece adotar uma retórica que, ao louvar a soberania divina, obscurece os fundamentos bíblicos do evangelho.
Quando Jó confronta seus amigos dizendo: “Falareis perversidade em favor de Deus e em favor dele falareis mentiras?” (Jó 13:7-8), ele denuncia a tentativa de justificar Deus à custa da verdade. Da mesma forma, Edwards, ao exaltar a soberania de Deus, parece contornar a falta de suporte bíblico para suas afirmações sobre a graça e a fé, desviando-se do que realmente está escrito.
O Dom de Deus
Jonathan Edwards, ao afirmar obviedades sobre Cristo como: “Ele é o dom de Deus para nós: Deus O escolheu e ungiu, apontou-Lhe Sua obra, e O enviou ao mundo”, desvia a atenção do leitor ou ouvinte para uma má interpretação subsequente de Efésios 2:8. Essa má leitura gera confusão sobre o que realmente é o “dom de Deus” mencionado no texto, especialmente ao sugerir que a fé seria uma capacidade infundida de forma irresistível pela graça divina.
Quando Edwards diz: “É de Deus que recebemos a fé para nos aproximarmos dEle” e cita Efésios 2:8 — “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” —, há uma inclinação a interpretar que Deus concede uma “capacidade para crer” por meio de uma graça irresistível. Contudo, essa compreensão apresenta um entrave lógico e exegético. A questão que surge é: o “dom de Deus” mencionado refere-se à capacidade de crer ou a Cristo, o próprio objeto da fé?
Aqui enfrentamos uma questão intrigante: a capacidade de crer (fé), que ele entende como sendo infundida no pecador por uma graça irresistível, é, de fato, o dom de Deus? Ou seria, como ele afirmou anteriormente, que Cristo é o verdadeiro “dom de Deus para nós”? A resposta encontra-se na própria Escritura: Cristo é o verdadeiro dom de Deus, a personificação da graça e da fé manifesta. Paulo explica em Gálatas 3:23 que a fé foi revelada e que ela é intrínseca à obra de Cristo. Em Filipenses 1:27 e Judas 1:3, essa mesma fé é apresentada como um sistema de crenças e verdades centrado na pessoa de Jesus. Assim, Cristo é o dom que Deus deu ao mundo, a revelação da justiça e da graça divina.
A doutrina de Edwards, ao mencionar conceitos como “os meios de graça” e a dependência de sua eficácia à “influência imediata do Espírito”, não reflete plenamente o ensino bíblico. A Escritura é clara ao afirmar que a Palavra de Deus é “viva e eficaz” por si só (Hebreus 4:12). Ela é o meio pelo qual Deus comunica sua graça e salvação. O autor de Hebreus exorta os cristãos a se aproximarem do trono da graça mediante a Palavra e pela obediência àquele que é a causa da salvação eterna (Hebreus 4:16; 5:9).
O exemplo de Israel, como citado em Hebreus 3:12-19 e 4:1-11, serve de advertência para que os cristãos não endureçam seus corações pelo engano do pecado. O descanso prometido por Deus ainda está disponível, mas cabe ao homem verificar seu coração e responder à Palavra com fé e obediência. A responsabilidade humana em reter firmemente a confiança até o fim é um tema central nesse contexto.
Israel serve como um exemplo de desobediência, mas, considerando que ainda permanece a promessa de um repouso, o autor de Hebreus exorta os cristãos a empenharem-se para entrar nesse repouso prometido. Cabe ao homem examinar o próprio coração para verificar se ele é mau e infiel, de modo que não se endureça pelo engano do pecado. Pelo contrário, se alguém já é participante de Cristo, deve apegar-se com firmeza ao princípio da confiança até o fim. Essa advertência é fundamentada nos trechos de Hebreus 3:12-19 e 4:1-11, que destacam a necessidade de perseverança e fé para entrar no descanso de Deus.
Cristo é o dom de Deus, o firme fundamento daquilo que se espera, ou seja, a salvação, e a prova do que não se vê, que é a redenção. Ele é descrito como o autor e consumador da fé, por meio de quem o justo viverá (Hebreus 12:2; Romanos 1:17). A fé, então, não é meramente uma capacidade humana concedida irresistivelmente, mas uma resposta ao dom de Deus em Cristo, conforme revelado no evangelho.
A salvação é pela graça, mediante o evangelho, e aquele que crê se baseia na revelação de Cristo e na obediência à Palavra. Como ensinam as Escrituras, a salvação não ocorre por uma imposição irresistível, mas por meio da proclamação eficaz da Palavra de Deus, que chama o homem a obedecer. Cristo é a personificação dessa graça, a causa de toda salvação e a consumação de nossa esperança.
O propósito Eterno
Jonathan Edwards, ao afirmar que “Deus não tinha obrigação de o conceder. Ele poderia ter rejeitado os homens caídos, como fizera com os anjos que pecaram”, mistura verdades com imprecisões que não refletem plenamente o propósito eterno de Deus em Cristo. Embora seja correto dizer que Deus não tinha obrigação de conceder Cristo, sua argumentação falha ao não reconhecer que a redenção humana está intrinsecamente ligada ao propósito eterno de Deus, algo que difere completamente da situação dos anjos caídos.
O propósito eterno de Deus foi estabelecido “antes dos tempos dos séculos” (2 Timóteo 1:9), quando Ele determinou que Cristo teria a preeminência em todas as coisas (Colossenses 1:18). Isso incluía a criação de um corpo, formado por homens redimidos, que exaltariam Cristo como primogênito entre muitos irmãos (Romanos 8:29). Para esse fim, o Verbo eterno se fez carne e sangue, participando plenamente da humanidade, para que pudesse, em sua morte e ressurreição, reconciliar consigo todas as coisas, tanto as do céu quanto as da terra (Colossenses 1:20).
Os anjos caídos não foram incluídos nesse plano redentivo porque não pertencem ao propósito de reunir todas as coisas em Cristo por meio da redenção. Enquanto apenas uma parte dos anjos caiu, todos os homens caíram em Adão, tornando indispensável o plano de redenção para que Cristo fosse cabeça de um corpo composto por muitos irmãos. Assim, o propósito de Deus em Cristo não contempla a redenção dos anjos, mas sim dos homens, que foram criados à imagem daquele que havia de vir – Jesus Cristo-homem – e sujeitos à morte física.
O propósito eterno de Deus em Cristo, estabelecido em si mesmo, é fazer com que o Verbo encarnado tenha a preeminência em todas as coisas. Nesse plano divino, os homens foram incluídos como parte essencial desse propósito eterno. Por isso, o Verbo eterno se fez participante de carne e sangue, tornando-se em tudo semelhante aos homens. Como somente os homens estão sujeitos à morte física, Cristo tomou sobre si essa condição, morrendo e ressuscitando para que aqueles que creem e são batizados em Sua morte ressuscitem como novas criaturas.
Quando Cristo se manifestar em glória, os seus muitos irmãos também se manifestarão em glória, sendo em tudo semelhantes a Ele, revestidos de um corpo glorioso. O papel do homem nesse propósito é fundamental, pois é somente por meio da existência de muitos irmãos que Cristo pode ser feito o primogênito de Deus entre eles. Sem os homens, o plano de fazer de Cristo a cabeça de um corpo não seria realizado, pois é através da união com a humanidade redimida que a preeminência de Cristo se manifesta plenamente.
A graça de Deus, manifesta em Cristo, não foi destinada a indivíduos específicos, mas à humanidade como um todo. “A graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tito 2:11). Cristo, como o Cordeiro de Deus morto desde a fundação do mundo, manifesta essa graça universalmente, chamando todos os homens ao arrependimento por meio do evangelho (João 1:29). No entanto, apenas aqueles que creem e obedecem ao evangelho são integrados ao propósito eterno, pois somente os salvos em Cristo reúnem os elementos necessários para que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos.
A salvação ocorre pela “lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo” (Tito 3:5), que é mediada pelo evangelho. O homem é purificado pela obediência à verdade do evangelho e gerado de novo pela palavra de Deus, a semente incorruptível que traz vida eterna (1 Pedro 1:22-25). Essa regeneração é o ponto de partida para a inclusão no corpo de Cristo, a igreja, que é o meio pelo qual Deus revela sua multiforme sabedoria e cumpre seu propósito eterno (Efésios 3:10-11).
Paulo destaca de forma clara, incluindo-se na narrativa, que por meio do evangelho, Deus “nos salvou” (2 Timóteo 1:9). Essa salvação envolve morrer com Cristo e ressurgir com Ele, sendo realizada pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, ou seja, pelo próprio evangelho. O homem é purificado pela obediência à verdade contida no evangelho e gerado de novo pela palavra de Deus, que é a semente incorruptível (Tito 3:5; 1 Pedro 1:3, 22-25; Efésios 1:13; Romanos 1:16).
Paulo também complementa dizendo que Deus “nos chamou com santa vocação”. Ele ressalta a bênção de os salvos pelo evangelho serem chamados a participar do propósito eterno de Deus. Essa graça, concedida em Cristo desde a eternidade, torna os salvos eleitos para serem santos e irrepreensíveis diante de Deus (Efésios 1:4). Além disso, eles são predestinados a serem conformados à imagem expressa de Cristo (Efésios 1:5), refletindo, assim, a glória e o caráter de Deus em suas vidas.
A predestinação não se refere a indivíduos escolhidos arbitrariamente, mas àqueles que, estando em Cristo, são conformados à sua imagem. Em Efésios 1:4-5, Paulo destaca que os salvos são predestinados a serem santos e irrepreensíveis diante de Deus, sendo adotados como filhos em Cristo. Essa predestinação aponta para o plano eterno de Deus de fazer de Cristo o cabeça de todas as coisas e de reunir nele tudo o que há no céu e na terra.
A salvação não é o fim do propósito de Deus, mas o início de uma vocação santa que culmina na glorificação. O cristão não deve se envergonhar do evangelho, que é o poder de Deus para salvar (Romanos 1:16). Aqueles que são salvos são chamados a compor o propósito eterno, sendo conformados à semelhança de Cristo e manifestados em glória com Ele na consumação dos tempos (Colossenses 3:4).
O propósito eterno de Deus foi estabelecido na eternidade, quando determinou que Cristo teria a preeminência em todas as coisas. Todas as coisas, tanto as que estão nos céus quanto as que estão na terra, seriam reunidas em Cristo, conforme o plano divino. É na igreja, o corpo de Cristo formado pelos salvos, que a multiforme sabedoria de Deus se torna visível, revelando o Seu propósito eterno.
Diante disso, surgem duas questões fundamentais. Primeiramente, o cristão não pode se envergonhar do evangelho, pois ele é o poder de Deus para a salvação (Romanos 1:16). Em segundo lugar, ao ser salvo, o cristão, como nova criatura, é chamado a fazer parte do propósito eterno em Cristo. Nesse plano, ele será conformado à imagem de Cristo, tornando-se corporalmente semelhante a Ele em tudo, para que Cristo seja exaltado como o primogênito entre muitos irmãos (Romanos 8:29). Assim, o propósito de Deus é plenamente realizado, com Cristo ocupando a posição de preeminência na família divina.
Edwards não compreendeu plenamente o propósito eterno de Deus em Cristo, o que resulta em uma visão limitada da redenção. A graça de Deus em Cristo é universal, manifesta a todos os homens, mas eficaz apenas para aqueles que respondem ao chamado do evangelho. O propósito eterno de Deus é reunir todas as coisas em Cristo, exaltando-o como primogênito entre muitos irmãos. Esse plano não se baseia em uma obrigação divina, mas em um decreto eterno, no qual Cristo é central e preeminente. O cristão, como nova criatura, é chamado a participar desse propósito, sendo transformado à imagem de Cristo para a glória de Deus.
“Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso SENHOR, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus, que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos;” (2 Timóteo 1:8- 9).
Como se Dá a Misericórdia
Jonathan Edwards, ao afirmar que “Deus é soberano, e por isso se compadece de quem quer”, incorre em uma inferência que carece de suporte bíblico e desconsidera a base da misericórdia divina conforme revelada nas Escrituras. A soberania de Deus, embora verdadeira e fundamental, não é apresentada na Bíblia como o princípio que informa sua misericórdia. Pelo contrário, Deus age de acordo com sua palavra, justiça e fidelidade, como evidenciado em vários textos bíblicos.
Quando Deus diz a Moisés: “Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer” (Êxodo 33:19), o contexto é a intercessão fervorosamente por Israel, pedindo a Deus que perdoasse os filhos de Israel e, em um ato de extrema abnegação, chegou a dizer: “Se não, risca o meu nome do teu livro” (Êxodo 32:32). No entanto, Deus respondeu evidenciando que tal pedido era impossível, pois, apesar de Sua soberania, Ele nunca cometeria a injustiça de perdoar os culpados sem arrependimento ou de punir os justos. A justiça de Deus é imutável e perfeita: “Aquele que pecar contra mim, a este riscarei do meu livro” (Êxodo 32:33).
Na sequência, Deus declara que sua bondade passará diante de Moisés, proclamando seu nome e reiterando um princípio já estabelecido em Êxodo 20:6: “Faço misericórdia a milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos.” Essa declaração sublinha que a misericórdia divina não é arbitrária, mas está alinhada com o amor e a obediência à sua palavra.
“Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Provérbios 3:34; Tiago 4:6).
A repetição dessa verdade em Êxodo 33:19 é uma anáfora — um recurso estilístico usado para enfatizar que Deus age em coerência com sua palavra e não com base em uma soberania desconectada de sua justiça. O povo de Israel, ao rejeitar os mandamentos de Deus, colocou-se fora do alcance da misericórdia, enquanto Moisés, que guardou os mandamentos, foi alvo da compaixão divina.
Quando Deus disse: “E terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer” (Êxodo 33:19), Ele estava reafirmando um princípio fundamental já revelado:
“Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.” (Êxodo 20:6).
O critério para a misericórdia de Deus é o amor e a obediência, não a soberania arbitrária. Jesus reforça esse princípio ao declarar: “Quero misericórdia, e não sacrifício” (Mateus 9:13), apontando para a prioridade da obediência e do coração contrito sobre rituais externos. O profeta Samuel ecoa essa verdade ao dizer: “Obedecer é melhor do que sacrificar, e o atender melhor do que a gordura de carneiros” (1 Samuel 15:22).
Além disso, o salmista afirma: “Com o puro te mostrarás puro; e com o perverso te mostrarás indomável” (Salmos 18:26). Isso reflete a justiça de Deus em recompensar os que o honram e rejeitar os que o desprezam, como declarado em 1 Samuel 2:30: “Aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão desprezados.”
Deus estava deixando claro para Moisés que o povo de Israel, ao rejeitar os mandamentos divinos, afastou-se de Sua misericórdia. O povo demonstrou ódio ao desobedecer e desprezar a palavra de Deus, enquanto Moisés, ao contrário, mostrou amor e fidelidade ao guardar os mandamentos. Assim, Deus evidencia que a misericórdia não é concedida arbitrariamente, mas está relacionada ao amor, que é a obediência a Ele.
O critério para a manifestação da misericórdia é, portanto, o amor, enquanto o critério para o juízo é o ódio ou a rejeição. Essa verdade é refletida no ensinamento de Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mateus 6:24). A escolha de servir a Deus demonstra amor por Ele, enquanto a escolha de servir a si mesmo ou às riquezas equivale a rejeitá-Lo, o que é interpretado como ódio.
Nesse contexto, Deus não está agindo apenas com base em Sua soberania, mas demonstrando que Suas ações refletem a resposta do coração humano à sua palavra: amor por amor, obediência por misericórdia. Moisés, ao amar e obedecer, se torna digno de misericórdia, enquanto Israel, ao rejeitar, se coloca sob juízo. Isso destaca o princípio de que a relação entre Deus e o homem é fundamentada na palavra e na fidelidade de Deus.
A leitura equivocada de Edwards o levou a concluir que “somos agora dependentes da boa vontade arbitrária e soberana de Deus”. Essa perspectiva, no entanto, contrasta com o ensino claro das Escrituras, que afirmam a fidelidade de Deus à Sua palavra. Deus não age de maneira arbitrária, mas em conformidade com os princípios que Ele mesmo estabeleceu, de modo que “engrandeceste acima de tudo o teu nome e a tua palavra” (Salmos 138:2).
O agir de Deus está vinculado à resposta que o homem dá à Sua palavra. Isso é exemplificado em textos como “Com o puro te mostrarás puro; e com o perverso te mostrarás indomável” (Salmos 18:26), indicando que Deus responde à atitude do coração humano. A soberania divina não é despótica, mas profundamente relacional, levando em consideração o amor ou desprezo que o homem demonstra por Ele.
Um exemplo claro dessa dinâmica é encontrado em 1 Samuel 2:30, onde Deus diz: “Na verdade tinha falado eu que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de mim perpetuamente; porém agora diz o SENHOR: Longe de mim tal coisa, porque aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão desprezados.” Isso demonstra que as promessas de Deus são condicionadas à honra e obediência do homem, e que Ele não compactua com o desprezo ou a desobediência.
Assim, a ideia de que Deus age exclusivamente com base em uma soberania absolutista é refutada pelas Escrituras. Ele é fiel à Sua palavra e age de acordo com Sua justiça, respondendo ao homem conforme a sua atitude em relação à Sua verdade.
Edwards afirma que “Deus pode negar para sempre a santidade às criaturas caídas, se isto lhe agradar”, mas essa declaração contraria a justiça e a fidelidade de Deus. As Escrituras ensinam que Deus é fiel à sua palavra, tanto que “a engrandeceu acima de todo o seu nome” (Salmos 138:2). A santificação é uma promessa de Deus àqueles que se sujeitam à sua palavra. Como o autor de Hebreus afirma, Cristo é o autor da salvação “para todos os que lhe obedecem” (Hebreus 5:9).
Se alguém se submeter a Deus em obediência à Sua palavra, jamais Deus deixará de santificá-lo. A fidelidade de Deus às Suas promessas é inabalável, e Ele honra aqueles que O buscam com sinceridade.
Se Deus agisse arbitrariamente, ele poderia ter atendido o pedido de Moisés de perdoar os pecados de Israel independentemente da Sua justiça, mas isso seria inconsistente com a sua palavra. Deus rejeitou a proposta porque é impossível que ele negue sua própria justiça.
Se Deus agisse com uma soberania absolutista, sem estar vinculado à Sua própria justiça e santidade, Ele poderia atender prontamente ao pedido de Moisés: “Agora, pois, perdoa o seu pecado; se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito” (Êxodo 32:32). No entanto, a resposta divina evidencia que Deus não age de maneira arbitrária, mas segundo Sua justiça perfeita e imutável. Ele diz: “Aquele que pecar contra mim, a este riscarei do meu livro” (Êxodo 32:33).
Essa passagem demonstra que a soberania divina não é despótica ou desvinculada da Sua palavra. Pelo contrário, Deus está comprometido com Sua verdade e jamais age de forma contraditória ao que Ele revelou sobre Si mesmo. Assim, a intercessão de Moisés é importante, mas não pode alterar os fundamentos da justiça divina, que requerem submissão ao seu mandamento para que a misericórdia seja concedida.
Como revelado em toda a Escritura, Deus se compadece dos que o amam e obedecem aos seus mandamentos, enquanto rejeita os que o desprezam. Edwards, ao sugerir que a misericórdia divina é fruto de uma vontade arbitrária, desconecta a soberania de Deus de sua justiça e fidelidade, comprometendo a compreensão bíblica dos atributos de Deus.
Deus não age por capricho, mas de acordo com os princípios que ele mesmo estabeleceu. Ele honra aqueles que o honram e mostra-se misericordioso aos que se sujeitam à sua palavra, revelando assim o perfeito equilíbrio entre sua soberania e sua justiça.
Deus é glorificado quando o homem produz muito fruto
Em João 15:8, Jesus declara: “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.” Essa afirmação é central para compreender como a glória de Deus se manifesta na vida do homem regenerado. O fruto mencionado aqui não é uma manifestação de boas ações humanas independentes, mas o fruto dos lábios que confessam o nome de Cristo, conforme descrito em Hebreus 13:15. Esse fruto glorifica a Deus porque ele é o autor da mensagem de paz aos judeus (para o que está perto) e aos gentios (para o que está longe), com Ele disse: “Eu crio o fruto dos lábios” (Isaías 57:19).
Para que o homem produza esse fruto, é necessário que ele seja gerado da semente incorruptível, que é a Palavra de Deus (1 Pedro 1:23). Assim, o regenerado se torna “árvore de justiça, plantação do Senhor, para que ele seja glorificado” (Isaías 61:3). A glorificação de Deus está intrinsecamente ligada à nova criação em Cristo, pois é nessa nova condição que o homem produz o fruto que glorifica a Deus.
Os homens nascidos da semente corruptível, ou seja, da descendência de Adão, não podem glorificar a Deus, porque são “plantas que meu Pai celestial não plantou” (Mateus 15:13). Mas aqueles que são nascidos da semente incorruptível, a Palavra de Deus, são verdadeiramente plantados pelo Senhor, e é através do fruto que produzem que Deus é glorificado.
Quando o homem crê em Cristo, ele recebe poder para ser feito filho de Deus (João 1:12), o que resulta em uma nova criação. Essa nova condição, no entanto, não é apenas uma melhoria moral ou comportamental, mas uma transformação profunda. Os nascidos de Deus possuem a semente de Deus e, portanto, são participantes da natureza divina (2 Pedro 1:4). Essa nova natureza não se refere apenas a uma transformação espiritual, mas também à promessa de um corpo glorificado que será a expressa imagem da semelhança de Cristo na ressurreição.
Essa transformação já se manifesta neste mundo. Como João afirma: “Assim como ele é, somos nós também neste mundo” (1 João 4:17). Essa condição não é algo reservado para o mundo vindouro, mas uma realidade presente para aqueles que estão ligados a Cristo, a videira verdadeira.
Participar da natureza divina não se refere a uma “imagem moral” de Deus, mas sim a ser nascido da semente divina, conforme ensinam as Escrituras. A gloriosa semelhança com Deus não será apenas algo interno ou comportamental, mas se manifestará plenamente no corpo glorificado que os salvos herdarão na ressurreição ou na redenção do corpo, refletindo a expressa imagem de Cristo (1 Coríntios 15:49; Filipenses 3:21).
Ao crer em Cristo e experimentar a obra da lei da fé, o crente não deve se preocupar com a questão de mérito, pois a jactância é excluída (Romanos 3:27). A vanglória e a jactância pertencem à lei das obras, cuja premissa é: “… o homem, que fizer estas coisas, por elas viverá” (Gálatas 3:12). Porém, na nova aliança, “o justo viverá pela fé” (Romanos 1:17), e as obras da lei são eliminadas como meio de justificação.
Dessa forma, a exclusão das obras da lei anula qualquer motivo para vanglória e exalta a misericórdia e a graça divina, quando o homem se reconhece pecador. A salvação é libertação das cadeias do pecado por meio de Cristo que conduz o crente a Deus, que lhe dá uma nova vida e torna tudo novo, culminando na redenção do corpo, onde seremos semelhantes a Ele, conforme Sua promessa.
O publicano que subiu ao templo para orar exemplifica a verdadeira dependência de Deus. Ele reconheceu sua condição de pecador e clamou por misericórdia, confiando inteiramente na graça divina para sua aceitação diante de Deus. Sua oração simples e sincera, “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador” (Lucas 18:13), reflete um coração contrito e confiante na palavra de Deus, que diz: “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” (Salmos 51:17; 34:18).
Por outro lado, o fariseu, apoiando-se em sua linhagem de descendente de Abraão e nas muitas obras que realizava de acordo com os preceitos da lei, acreditava que seria aceito por Deus. Sua oração, repleta de comparações e autogratulação, evidenciava uma confiança centrada em si mesmo, fazendo da carne (descendência) o seu braço (força), em vez de recorrer à misericórdia de Deus.
“Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR!” (Jeremias 17:5).
A parábola ressalta que o publicano, e não o fariseu, foi justificado, mostrando que “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Provérbios 3:34; Tiago 4:6). Essa lição ensina que a aceitação diante de Deus não depende das práticas segundo a lei, mas de se humilhar a si mesmo se submetendo a Deus em obediência (Lucas 18:9-14).
A obediência que Deus valoriza não é baseada em rituais ou autojustificação, mas em um reconhecimento humilde da própria incapacidade e em uma disposição sincera de confiar e se sujeitar à Sua vontade. Como Jesus enfatizou, “quem se humilha será exaltado” (Lucas 18:14), indicando que a verdadeira justiça vem da submissão a Deus.
Com o advento do Novo Testamento, a misericórdia de Deus é concedida àqueles que tomam sobre si o jugo de Cristo, abandonando o jugo da servidão imposto pela lei e pelo pecado. O apóstolo Paulo exorta:
“Permanecei, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão” (Gálatas 5:1).
Tomar o jugo de Cristo significa submeter-se à Sua autoridade e ensino, que, diferentemente do jugo pesado da lei, é suave e leve:
“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mateus 11:29-30).
No novo pacto, a misericórdia é alcançada pela fé em Cristo, deixando para trás a tentativa de justificação pelas obras da lei. Em Cristo, o crente encontra liberdade, graça e descanso, demonstrando que a verdadeira justiça e misericórdia vêm exclusivamente da obra redentora de Jesus. Obedecer a Cristo não é motivo de vanglória ou jactância, pois implica se tornar servo da justiça, conforme ensinado pelo apóstolo Paulo:
“Mas agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação, e por fim a vida eterna” (Romanos 6:22).
Deus é glorificado quando o homem produz muito fruto, mas esse fruto é obra exclusiva da regeneração pela Palavra de Deus, a semente incorruptível. Os nascidos da semente incorruptível são plantados pelo Senhor para a sua glória, e ao produzirem o fruto dos lábios, que confessam a Cristo, glorificam o Pai celeste. Essa nova criação em Cristo não é apenas uma realidade espiritual, mas uma promessa de transformação plena, culminando no corpo glorificado que reflete a imagem de Cristo.
[1] Andityas Soares de Moura Costa Matos. Destino e liberdade no pensamento estoico greco-romano. Revista Filosófica de Coimbra — n. 43 (2013), pp. 7-42. Disponível em: https://www.uc.pt/fluc/dfci/public_/publicacoes/destino_e_liberdade. Acesso em: 03 dez 24.