Deus nunca vinculou a perdição ou a salvação como destino dos homens, antes vinculou a salvação e o destino ao caminho no qual estão, por isso ninguém está predestinado à salvação ou à perdição.
A essência da doutrina da predestinação
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“E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial” (1 Co 15:49)
A imagem do terreno e do celestial
Ao abrir a madre todos os homens estão predestinados a serem conforme a expressa imagem de seus pais, daí a base da premissa do apóstolo Paulo: ‘… trouxemos a imagem do terreno…’ (1 Co 15:49).
Antes de todos os homens nascerem, já estava determinado qual imagem teriam: a imagem dos seus pais! Ninguém escapa ao que está preordenado, acerca da imagem que os pais transmitem aos seus filhos.
Semelhantemente, assim como todos estão predestinados a herdarem a expressa imagem dos seus pais terrenos, quando em Cristo, também estão predestinados a serem conforme a expressa imagem de Cristo.
Sobre esta verdade, declara o apóstolo Paulo, que Deus predestinou ‘para serem conforme a imagem de seu Filho’, todos os que creem em Cristo, através da mensagem do evangelho (Rm 8:29), de modo que todos os que são de novo nascidos, passam a ter a imagem do homem celestial, que é Cristo.
O primeiro Adão e o último Adão
A afirmação de que todos quantos abrem a madre estão predestinados a serem conforme a imagem dos seus pais, remete a Adão, o primeiro homem. Quando Deus criou Adão, ele foi feito alma vivente e, por serem descendentes dele, todos os homens foram feitos almas viventes, de posse da imagem que Adão foi criado.
De Jesus Cristo, o Senhor, é dito que Ele é o último Adão, espírito vivificante e homem celestial. Por intermédio do evangelho, a semente incorruptível, todos os que são de novo gerados, são celestiais e conforme a imagem de Cristo.
A essência da predestinação bíblica está expressa nestes versos:
“Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o SENHOR, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais, também, os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial” (1 Co 15:45-49).
Da mesma forma que é impossível os filhos não compartilharem da mesma imagem dos seus pais, essa impossibilidade se estende aos homens ‘celestiais’. Por causa desta impossibilidade, de ‘terrenos’ e ‘celestiais’ não se desvincularem da imagem que herdam ao nascer, é dito que estão ‘predestinados’. Os celestiais estão predestinados a serem conforme a imagem de Cristo, para que Ele seja primogênito entre muitos irmãos. Há uma grande diferença em ser predestinado para salvação e ser predestinado a ser conforme a imagem.
Predestinar
O verbo grego traduzido por ‘predestinar’ é προορίζω (proorizó), que significa predeterminar, decidir de antemão e foi utilizado nas seguintes passagens bíblicas: Atos 4:28, 1 Corintios 2:7, Romanos 8:29 e Efésios 1:5 e 11.
Ao criar o homem, Deus estabeleceu que os descendentes de Adão seriam conforme a imagem de Adão. Neste quesito, diz-se que Deus ‘προορίζω’, ou seja, deixou estabelecido, preordenou, traçou limites, antes de os descendentes de Adão virem à existência, acerca de qual imagem teriam: a imagem do homem terreno.
Por que Deus estabeleceu, de antemão, que a imagem dos celestiais seria conforme a imagem de Cristo, o homem celestial? O motivo pelo qual os celestiais são conforme a imagem dos celestiais é claro e especifico: para que Jesus Cristo seja o primogênito de Deus entre muitos irmãos!
“Porque os que dantes conheceu, também, os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8:29).
Jesus foi introduzido no mundo na condição de unigênito de Deus, mas, ao ressurgir dentre os mortos, tornou-se o primogênito de Deus. Por quê? Porque todo aquele que crê na verdade do evangelho ressurge uma nova criatura com Cristo. Ao crer em Cristo, o homem morre, é sepultado e ressurge uma nova criatura, criada segundo Deus, em verdadeira justiça e santidade, conforme a imagem de Cristo, para que Ele seja primogênito entre muitos irmãos.
Por intermédio de Cristo, o homem alcança a imagem e semelhança de Deus (Gn 1:26), pois, Cristo é a expressa imagem do Deus invisível, o primogênito de toda Criação e os que creem são feitos à sua expressa imagem e semelhança: “O qual é a imagem do Deus invisível, o primogênitos de toda a criação” (Cl 1:15).
“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que haveremos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos” (1 Jo 3:2).
A predestinação dos que creem, para serem semelhantes a Cristo, visa satisfazer o propósito eterno que Deus estabeleceu em Cristo: a preeminência de Cristo em tudo, e não a salvação do homem, que de dá pela loucura da pregação.
O mistério da vontade Deus, diz do beneplácito proposto em Si mesmo, que é tornar a reunir em Cristo todas as coisas!
“E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência” (Cl 1:18);
“Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus, como as que estão na terra” (Ef 1:9-10).
A predestinação bíblica é funcional, pois visa o propósito eterno de Deus estabelecido em Cristo: exaltá-lo soberanamente!
“Por isso, também, Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome” (Fl 2:9).
Equívocos do calvinismo e arminianismo
Na cultura greco-romana encontramos a concepção fatalista e na cultura grega antiga, temos os mitos, como as Moiras e o estoicismo entre os gregos e romanos.
Essa concepção fatalista acabou por influenciar pensadores cristãos, de modo a pensar que todos os eventos são arquitetados por Deus, ao que nomeiam predestinação, diferenciando do fatalismo, pelo fato de não recorrer a nenhuma ordem natural.
Vale destacar que as correntes filosóficas como o ‘fatalismo’ e a ‘predestinação’ diferem do determinismo, ‘teoria filosófica de que todo acontecimento (inclusive o mental) é explicado pela determinação, ou seja, por relações de causalidade’ Wikipédia.
Enquanto a Bíblia apresenta a predestinação, relacionada com o propósito eterno que Deus estabeleceu na pessoa de Cristo, alguns teólogos, como Agostinho de Hipona e João Calvino, influenciados pelo pensamento greco-romano, entenderam que a predestinação é doutrina que trata da salvação de alguns e da condenação eterna de outros.
Em nenhuma passagem bíblica encontramos expresso que Deus predestinou alguém à salvação, antes encontramos que Deus predestinou aqueles que foram de novo gerados pela palavra da verdade, uma geração eleita, para serem conforme a imagem de Cristo (Rm 8:29). O novo homem, por ser gerado de Deus, alcança a mesma imagem de Cristo, além de ser herdeiro com Ele de todas as coisas.
Quando escreveu aos cristãos de Éfeso, o apóstolo Paulo enfatiza que Deus havia predestinado os cristãos a serem filhos por adoção, o que indica qual é a condição e natureza dos cristãos (Ef 1:5). O objetivo da predestinação, na qual os cristãos são feitos herança, visa o louvor da glória de Deus (Ef 1:11-12), não a salvação.
Uma má leitura do versículo 5, do capítulo 1, da carta de Paulo aos Efésios, dá conta que Deus predestinou os não crentes a serem salvos, porém, o apóstolo diz que Deus predestinou por adoção os santos e fiéis em Cristo, que estavam na cidade de Éfeso, a serem filhos (Ef 1:1).
Quando disse: ‘E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo…’, o apóstolo Paulo utilizou o pronome na primeira pessoa do plural: ‘nos’ (ἡμᾶς), indicando que tanto ele quanto os cristãos estavam predestinados, uma das bênçãos espirituais com que foram abençoados.
“E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça” (Ef 1:5-6)
É em Cristo que os cristãos são santos e fiéis. É em Cristo que os crentes foram abençoados, com todas as bênçãos espirituais. É em Cristo que os cristãos são eleitos e predestinados! Mas, como os cristãos passaram a estar em Cristo? Quando creram, ao ouvirem “a palavra da verdade, o evangelho da ‘vossa’ salvação” (Ef 1:13).
Os calvinistas e arminianistas erram o público alvo da predestinação, ao entenderem que esta se refere a não crentes em Cristo, sendo que o apóstolo Paulo aponta para a condição dos que creram em Cristo, em decorrência de uma das bênçãos concedidas: a predestinação.
Esperar de antemão (προελπιζω) em Cristo é o mesmo que ser conhecido (προέγνω) de Deus. O único modo de alcançar a salvação em Cristo é crendo no evangelho. Os que esperam em Cristo é porque creram no evangelho. Os que são conhecidos de Deus são aqueles que cumprem o seu mandamento, que é crer em Cristo (1 Co 8:3; 1 Jo 2:3).
Observe:
“Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido dele” (1 Co 8:3);
“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28).
O que concede salvação ao homem é crer no evangelho, que é poder de Deus para salvação (Rm 1:16) e não a predestinação, que concede a imagem de Cristo aos que são salvos pelo evangelho.
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu e também do grego” (Rm 1:16);
“Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa” (Ef 1:13).
A fórmula para a salvação em Cristo, está expressa nos seguintes termos:
“Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, a saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que, com o coração se crê para a justiça e com a boca se faz confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido” (Rm 10:8-11).
A Bíblia deixa claro que quem invocar a Cristo será salvo! A salvação em Cristo não segue o viés fatalista que é próprio ao pensamento greco-romano! Ninguém abre a madre predestinado à salvação, antes, ao nascer, entra por uma porta larga, que dá acesso a um caminho largo, cujo destino é a perdição.
O caminho que os homens trilham, quando vem ao mundo, está atrelado à perdição, pois entraram por uma porta larga quando nasceram: Adão. Já o caminho que os gerados de novo trilham está atrelado à salvação, por isso a necessidade de entrar por Cristo, a porta estreita.
Deus nunca vinculou a perdição ou a salvação como destino dos homens, antes vinculou a salvação e o destino ao caminho no qual estão, por isso ninguém está predestinado à salvação ou à perdição.
Todos os homens, quando vêm ao mundo, estão predestinados a serem conforme a imagem de Adão e essa verdade não podem mudar. Entretanto, todos os homens que entrarem no mundo estão em um caminho de perdição e essa condição só pode ser alterada, desde que os homens nasçam novamente.
Nenhum homem escolhe entrar pela porta larga, visto que todos os homens, ao virem ao mundo, entram por ela. A todos que entraram no mundo por Adão e que estão seguindo para a perdição, através do evangelho é ofertada a oportunidade de serem gerados de novo, entrando por Cristo, a porta estreita e o último Adão.
Ao nascer de novo, o homem se livra da condenação, que é próprio ao caminho largo, e atrelado à salvação em Cristo, torna-se participante da natureza divina, predestinado a ser conforme a expressa imagem de Cristo.
Embora ainda não seja manifesto o que haveremos de ser, contudo sabemos que seremos semelhantes a Cristo (1 Jo 3:2), pois o motivo da predestinação bíblica repousa no fato de que Cristo é o primogênito entre muitos irmãos semelhantes a Ele:
“O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o SENHOR, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial” (1 Co 15:45-49).
Estou gostando muito de seus estudos, muito mesmo ! Dou graças a Deus por pessoas como voce. Amo de mais tudo isso.
O que voce acha “os camelos engulidos por Calvino” ?