Justificação

O que é estar ‘vivo’ e ‘morto’?

A condição de mortos perante Deus decorre da pena instituída no alerta divina (certamente morrerás), como resultado do juízo e condenação. A condenação trouxe inimizada e separação, visto que Deus é vida e todos que existem separados d’Ele estão mortos. Em Deus não há trevas nenhuma, pois todos que são trevas estão separados d’Ele. Como não há comunhão entre a Luz e as trevas, claro está que não há comunhão entre Deus (vida) e os homens sob condenação (mortos).


O que é estar ‘vivo’ e ‘morto’?

Como o apóstolo Paulo declarou que aqueles que estão mortos estão justificados, a resposta para as quatro premissas em pauta só pode estar na frase: “Porque aquele que está morto está justificado do pecado”.

Antes de esclarecemos o mistério acima, devemos verificar no que consiste ‘estar morto’, e no que consiste ‘estar vivo’.

A Bíblia estabelece uma relação entre ‘morte’ e ‘vida’. Da relação verifica-se que é impossível estar vivo para o pecado e vivo para Deus simultaneamente. Não há como o homem assumir as duas condições (posições) simultaneamente diante de Deus. Ou seja, quando o homem está vivo para o pecado, ele está morto para Deus, ou, quando ele está vivo para Deus, está morto para o pecado.

Talvez o leitor pergunte: porque não é possível estar vivo para o pecado e vivo para Deus simultaneamente?

Não é possível por causa das seguintes razões:

“Pois é Cristo quem morreu, ou antes, quem ressuscitou dentre os mortos…” ( Rm 8:34 )

Paulo em seu cântico de vitória fez referência à morte de Cristo. Porém, o Cristo que morreu, também ressuscitou dentre os mortos. Da mesma forma que os que creem se conformam com Cristo na morte (morre com ele), com Ele também ressurgem dentre os mortos (ou antes).

É instantâneo! Ou seja, aquele que crê em Cristo morre para o pecado e passa a viver para Deus. Da mesma forma que ao desobedecer à determinação divina, Adão passou de imediato à condição de morto para Deus, assim também, aqueles que creem em Cristo são ressuscitados de imediato com Cristo, e passam a viver para Deus.

Devemos ter em mente que Deus é Senhor de todos e de todas as coisas. Deus é Senhor de Vivos e de Mortos, pois para ele, todos vivem “Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele vivem todos ( Lc 20:38 ; 2Tm 4:1 ; Rm 14:9 ).

Estes versículos referem-se a vivos e mortos, ou seja, ele aborda tanto a morte do corpo quanto a imortalidade da alma. Ex: Lázaro, o mendigo, viveu neste mundo e quando morreu, somente deixou de habitar este tabernáculo terrestre e passou a viver na eternidade ( Lc 16:20 -25). O homem rico, que também morreu, estava morto para Deus enquanto existia neste mundo, e quando morreu (deixou o tabernáculo terrestre) passou a eternidade na condição de morto (separado).

Estas são algumas referências à palavra morte e possíveis usos que a Bíblia contém dos termos ‘morte’ e ‘vida’.

Porém, quando a Bíblia diz: “Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo…” ( Ef 2:5 ), demonstra que há outro emprego para os termos ‘morte’ e ‘vida’.

Quando o homem está sem Deus no mundo (sem Cristo) ( Ef 2:12 ), está morto para Deus. A condição ‘morte’ do homem é resultado da condenação estabelecida lá no jardim do Éden, em Adão.

Quando Deus disse ao casal que no dia em que comessem da árvore do conhecimento do bem e do mal, certamente morreriam, foi dada uma determinação ou alerta (não comerás), um tempo (no dia), a certeza de punição (certamente), e o tipo de punição (morrerá): a morte.

Do juízo lá no Éden resultou a condenação da humanidade! Ou seja, “O Juízo veio de uma só ofensa na verdade, para condenação…” ( Rm 5:16 ). Adão e Eva foram criados vivos para Deus, e após a condenação, passaram a condição de mortos perante Deus.

A condição de mortos perante Deus decorre da pena instituída no alerta divina (certamente morrerás), como resultado do juízo e condenação. A condenação trouxe inimizada e separação, visto que Deus é vida e todos que existem separados d’Ele estão mortos. Em Deus não há trevas nenhuma, pois todos que são trevas estão separados d’Ele.

Como não há comunhão entre a Luz e as trevas, claro está que não há comunhão entre Deus (vida) e os homens sob condenação (mortos).

Por ‘estar’ morto perante Deus, todas as obras que o homem realiza nesta condição está maculada pelo pecado. Se fizer boas ou más ações perante os homens, elas não mudam a condição do homem culpado perante Deus, pois as ‘boas obras’ só são realizáveis em Deus, que às preparou de antemão, para aqueles que creem em Cristo.

Ao pecar, Adão foi condenado à morte, e todos os homens foram condenados com ele. Como todos morrem, e certo que todos pecaram “…assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” ( Rm 5:12 ).

A vida só é possível em Jesus, pois por meio de Cristo o homem alcança o dom gratuito de Deus, que é a vida eterna. Cristo é o único acesso dos homens a Deus. Se aceitar a Cristo, o homem passa a ser filho da luz, e viverá na luz de Deus (comunhão).

Assim que: morte é resultado da condenação que ocorreu no jardim do Éden, onde todos os homens tornaram pecadores. Vida é resultado da reconciliação dos homens com Deus. O homem é novamente criado em verdadeira justiça e santidade e passa a viver para Deus ( Ef 4:24 ).

Precisaremos deste conceito posteriormente: O velho homem morre, é sepultado, e após, surge um novo homem, criado segundo Deus em verdadeira justiça e santidade ( Ef 4:24 ).

Com base no que acabamos de ver, percebe-se que, quando o apóstolo Paulo diz que “… estou crucificado com Cristo…”, ele faz referência à morte com Cristo e não a sua morte física.

Quando ele diz que vive (… e vivo …), expressa uma nova condição perante Deus. Ele não fez referência a sua vida física.

Já na segunda parte do versículo, quando ele diz: “… e a vida que agora vivo na carne…”, esta ‘vida’ refere-se à vida física.

Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” ( Gl 2:20 )

Quando o apóstolo Paulo afirma que já está crucificado com Cristo, ele deixa claro que morreu para o pecado, e que, agora, a sua vida está escondida com Cristo em Deus (Cristo vive em mim). Paulo deixou de viver uma vida de ‘sujeição’ à lei (farisaísmo), e passou a viver o seu dia-a-dia (na carne) por meio da fé em Jesus.

Só é possível ao homem estar na condição de “vivo em Cristo” após ter sido crucificado e sepultado com Cristo.

“Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” ( Rm 8:2 )

A nova vida que o homem vive em Cristo (vida) não pode ser compartilhada quando se está no pecado (morte), pois o pecado é causa da condenação do homem sem Cristo. A vida que Deus concede ao homem por intermédio da fé em Cristo livra-o da condição anterior: do pecado (causa do juízo e condenação) e da morte (pena).

De sorte que, ao crer em Cristo, o homem torna-se participantes da sua morte, por meio do corpo de Cristo que foi entregue em prol dos pecadores. O velho homem é morto quando crucificado com Cristo (ou, o homem é circuncidado com a circuncisão de Cristo, que é o despojar do corpo da carne) ( Cl 2:11 ), e passa a viver (nova criatura) por meio do Espírito Eterno, por causa da justiça.

Desta maneira, quando o apóstolo demonstra que o cristão esta morto com Cristo para o pecado, é o mesmo que dizer que os cristãos estavam vivos por meio do Espírito Eterno.

“E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça” ( Rm 8:10 );

“Pois morrestes, e a vossa vida está oculta com Cristo em Deus” ( Cl 3:3 )

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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