O arrependimento bíblico não se constitui em uma simples mudança de atitude promovida pela consciência humana ou pela moral. Uma vida íntegra diante dos homens diz respeito a outro aspecto da vida cristã, e não ao arrependimento promovido pelo evangelho. O verdadeiro arrependimento diz respeito a uma mudança na concepção (metanóia), ou seja, uma alteração na maneira de pensar sobre como o homem alcança a salvação de Deus à vista do reino dos céus – Cristo.
O Arrependimento
“E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão…” (Mateus 3:9).
Para alcançar a salvação em Cristo foi necessário uma grande mudança (radical) na sua maneira de pensar e, essa mudança se deu quando você ouviu a mensagem do evangelho e creu em Cristo. O evangelho é boas novas que produz uma transformação radical na maneira de compreender a salvação. Essa mudança radical na maneira de pensar que o evangelho estabelece no homem que estava sem Deus é nomeada na Bíblia de ARREPENDIMENTO. Arrependimento é mudança de concepção, de conceito, acerca de como o homem alcança a salvação de Deus.
Muitos escribas e fariseus vinham ao batismo de João Batista, porém, mesmo após serem batizados, continuavam declarando que eram filhos de Deus por serem descendentes de Abraão. João Batista observou por meio daquilo que professavam que eles não tiveram um arrependimento genuíno “E não penseis que basta dizer: temos por pai a Abraão” ( Mt 3:9 ). Era preciso aos escribas e fariseus arrependerem-se de seus conceitos errôneos acerca de como ser salvo, ou seja, de como ser filho de Deus. João Batista é enfático, pois até mesmo das pedras Deus tem poder para fazer filhos a Abraão, ou seja, de fazer (criar) filhos para Si.
Qual é a sua concepção acerca da salvação? Você já se arrependeu de fato? Você está produzindo frutos dignos de Arrependimento?
Para você responder e verificar se já alcançou o arrependimento genuíno, note o seguinte:
a) Todos os homens já se arrependeram de algo errado que fizeram no decurso de sua vida. Arrependem-se de seus erros, atitudes, decisões, etc. Porém, é este tipo de arrependimento que concede Salvação?
b) Uma pessoa que vivia uma vida dissoluta, de crimes, promiscuidades e mentiras, mas que, ao arrepender-se dos erros cometidos (atitudes) e passa a morar em um mosteiro, alcançou o arrependimento genuíno?
c) Um cidadão que se dedica a viver uma vida regrada na sociedade, religioso, e que ao cometer um ato ilícito ou errôneo, e sente profunda tristeza pelo seu ato, alcançou o verdadeiro arrependimento?
Não! Não são estes tipos de arrependimentos que descrevemos acima que João Batista recomendou! Este arrependimento promovido pela consciência humana é o que a Bíblia denomina de arrependimentos de obras mortas.
O arrependimento bíblico não se constitui em uma mudança de atitude promovida pela consciência humana. A vida de integridade diante dos homens diz de outro aspecto da vida cristã.
O verdadeiro arrependimento diz de uma mudança na concepção, ou seja, na maneira de pensar sobre como alcançar a salvação de Deus.
Para os fariseus e escribas não bastava presumir que eram filhos de Deus por serem descendentes de Abraão “E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão” Mt 3: 9. Para o Jovem Rico não bastava cumprir a lei ou fazer algo pela salvação “Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?” (Mateus 19: 16). Para Nicodemos não bastava ser juiz, mestre, fariseus, judeu, etc. “Havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus ” ( Jo 3:1 ).
O apóstolo Pedro, ao falar do arrependimento, exortou os judeus a mudarem de pensamento, mudarem de ponto de vista a respeito do Cristo que crucificaram. Somente após os judeus crerem em Cristo como Senhor estariam de fato arrependidos ( At 2:38 ).
Observe que João Batista não repreendeu aos fariseus e escribas sobre erros que eles houvessem cometido. Antes, deveriam se arrepender porque, ou seja, por causa da proximidade do Reino de Deus, que é Cristo entre os homens “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” ( Mt 3:1 -2).
A missão de João Batista era essa: a de preparar o caminho do Senhor, ou seja, apregoar aos homens que eles precisavam abandonar a concepção deles de como ser salvo, e receber a Cristo.
Certa feita Jesus repreendeu alguns discípulos que não tiveram o arrependimento genuíno. Observe que estes discípulos criam em Cristo, porém, estavam confiados que eram salvos por serem descendentes de Abraão. Eles ainda não haviam tido um arrependimento genuíno, uma vez que continuavam presos à antiga concepção de como alcançar a salvação de Deus.
Aqueles judeus não haviam se arrependido. Eles eram simples seguidores de Cristo, por causa de pão, milagres, de um rei, etc. Mas, ao serem arguidos que, para serem verdadeiros discípulos era preciso conhecer a verdade, ou seja, abandonar a ignorância do pecado (arrependimento), evidenciaram qual era a concepção deles acerca da salvação: estavam confiados em uma presunção própria, a de que eram descendentes de Abraão.
Os seguidores de Cristo (os judeus que criam n’Ele) estavam na mesma condição dos escribas e fariseus que foram ao batismo de João Batista: estavam confiados que a salvação era proveniente da geração (descendência) de Abraão ( Mt 3:9 ) compare com ( Jo 8:33 ).
Portanto, se você creu em Cristo como o seu único e suficiente salvador, e abandonou a concepção antiga de que era preciso sacrifícios, orações, castigos, origens, esmolas, religião, etc., para ser salvo, você alcançou o arrependimento genuíno. Você se arrependeu de fato, houve uma mudança de pensamento decorrente do conhecimento do evangelho que o libertou da ignorância do pecado.
Por você ter se arrependido genuinamente, agora, ao professar o nome de Cristo como único salvador, estais produzindo o fruto digno do arrependimento, ou seja, o fruto dos lábios que professam a Cristo como Senhor ( At 4:12 ; Hb 13:15 ).
Um erro sobre o arrependimento surge da má interpretação do versículo: “Produzi frutos dignos de Arrependimento” ( Jo 3:8 ), quando inferem que ‘frutos dignos de arrependimento’ refere-se ao comportamento humano. Perceba que o fruto a que João Batista referiu diz daquilo que o homem professa acerca de como se alcança a salvação, uma vez que, em seguida ele trata da presunção dos fariseus e escribas.
Por que aquilo que uma pessoa professa (fruto) evidência se ela se arrependeu ou não? Porque o comportamento é algo externo, que não evidência o que está no coração do homem. Observe que os falsos profetas vêm disfarçados de ovelhas (comportamento), mas interiormente são lobos devoradores, e somente pelos seus frutos (o que professam) é possível conhecê-los ( Mt 7:15 -16).
Perguntas e Respostas:
1) Qual o pensamento dos escribas e fariseus sobre como alcançar a salvação? ( Mt 3:9 )
R. Pensavam que bastava ser descendente de Abraão (filho na carne) para alcançar a filiação divina.
2) Cite quatro exemplos de ‘arrependimento’ que não promove salvação:
R. Arrepender-se de uma briga com o esposo; arrepender-se de comportar-se mal na escola; arrepender-se de não tomar uma decisão importante na vida; arrepender-se por ter omitido ajuda a alguém.
3) O que é arrependimento para salvação?
R. Abandonar os conceitos antigos sobre como alcançar a salvação e aceitar a doutrina de Cristo.
4) O que o jovem rico pensava ser necessário para ser salvo?
R. Fazer algum ‘bem’ para Deus.
5) Qual o conselho de Pedro para os judeus que crucificaram o Senhor Jesus?
R. Arrependei-vos, ou seja, abandonem os conceitos concernentes a filiação segundo a carne de Abraão e a lei de Moisés, e sejam batizados em nome de Jesus ( At 2:38 ).
6) Qual o conselho que João Batista deu aos escribas e fariseus para serem salvos?
R. Não penseis que basta dizer: temos por Pai Abraão. Arrependei-vos, ou seja, abandonem este conceito!
7) Como o crente genuíno produz fruto digno de arrependimento?
Professando Jesus como Senhor de sua vida conforme a verdade contida na Bíblia.