Deus não converteu a sabedoria de Nietzsche em estultícia, pois a loucura da qual fala as Escrituras, é figura utilizada pelos profetas, para fazer referência, única e exclusivamente, ao povo de Israel. Portanto, só resta considerar má leitura de Nietzsche, considerar ‘a sabedoria deste mundo’, como sendo a ciência ou, o conhecimento lecionado nas faculdades seculares, fruto tão somente da soberba de Nietzsche, sem qualquer intervenção divina.
Crítica ateísta ao amor de Jesus
Conteúdo do artigo
Em um site ateísta está estampada a seguinte charge:
“amor cristão — Chega a ser comovente”
Introdução
Em primeiro lugar, vale enfatizar que a sátira ácida do portal é de mau gosto, pois brinca com um ícone da crença de muitas pessoas religiosas do ocidente. Analisando o conteúdo do site, percebe-se que os editores não arriscam fazer o mesmo com personagens históricos de outras religiões, principalmente as orientais, a exemplo do islã, porque são covardes, ante a perspectiva de reprimendas.
Em segundo lugar, fica patente que é impossível satisfazer a gana dos que se declaram ateus, à vista da crítica ácida de um dos seus maiores ícones, o filólogo Friedrich Wilhelm Nietzsche (Röcken, 15 de outubro de 1844 — Weimar, 25 de agosto de 1900).
A despeito das divergências, quanto à crença na existência de Deus, antes de qualquer coisa, tenho que louvar a brilhante leitura que Nietzsche fez da sociedade e do homem grego[2], fruto do vislumbre que lhe era peculiar. Em suas obras, se vê leituras da sociedade e questionamentos firmes e objetivos, como esse trecho incrustado na obra, O Anticristo, que aqui destaco:
“O que me importa é o tipo psicológico do Salvador. Esse tipo talvez seja descrito nos evangelhos, apesar de que em uma forma mutilada e saturada de caracteres estrangeiros — isto é, a despeito dos Evangelhos; assim como a figura de Francisco de Assis se apresenta em suas lendas a despeito de suas lendas. A questão não é a veracidade das evidências sobre seus feitos, seus ditos ou sobre como foi sua morte; a questão é se seu tipo, ainda, pode ser compreendido, se foi conservado. Todas as tentativas de que tenho conhecimento, de se ler a história da “alma” nos Evangelhos, revelam para mim, apenas uma lamentável leviandade psicológica” Nietzsche, Friedrich W., O Anticristo.
Guerra contra a ciência?
Para alguém que empunhava a flâmula do niilismo[3], Nietzsche não poderia abrir mão de considerar as evidências dos evangelhos acerca dos feitos, ditos e morte de Jesus, lançando-se somente em considerar o que entendia ser importante. Analisar os Evangelhos somente questionando se o tipo ‘psicológico’ do Cristo foi de fato compreendido e a sua essência conservada é atuar num campo restrito de volumosas evidencias. Acostumado que era a atuar no campo da linguagem, Nietzsche esqueceu que a escrita constitui um campo ‘arqueológico’ vasto de evidencias que pode indicar se o tipo do Salvador foi preservado, e se é possível compreende-Lo. Nietzsche confessa, abertamente, que, das obras que se aventuraram explicar os Evangelhos, de que ele teve conhecimento, todos os trabalhos se revelaram infrutíferos ou, em suas palavras: ‘lamentável leviandade psicológica’.
Aquele que sentia arrepios ante uma má leitura do mundo, tornou-se transgressor, pela má leitura que fez dos Evangelhos, bem como das cartas paulinas. Senão, vejamos:
“Uma religião como o cristianismo, que não possui um único ponto de contato com a realidade, que se esfacela no momento em que a realidade impõe seus direitos, inevitavelmente será a inimiga mortal da “sabedoria deste mundo”, ou seja, da ciência – nomeará bom tudo que serve para envenenar, caluniar e depreciar toda disciplina intelectual, toda lucidez e retidão em matéria de consciência intelectual, toda frieza nobre e liberdade de espírito. A “fé”, como um imperativo, veta a ciência – in praxi(2), mentir a todo custo… Paulo compreendeu muito bem que a mentira – que a “fé” – era necessária; e posteriormente a Igreja compreendeu Paulo. – O Deus que Paulo inventou, um Deus que “reduz ao absurdo” a “sabedoria deste mundo” (especialmente as duas grandes inimigas da superstição, a filologia e a medicina), é em verdade uma indicação da firme determinação de Paulo para realizar isto: dar o nome de Deus à sua própria vontade, thora(3) – isso é essencialmente judaico. Paulo quer desvalorizar a “sabedoria deste mundo”: seus inimigos são os bons filólogos e médicos da escola alexandrina – a guerra é feita contra eles. De fato, nenhum homem pode ser filólogo e médico sem, ao mesmo tempo, ser anticristo. O filólogo vê por detrás dos “livros sagrados”, o médico vê por detrás da degeneração fisiológica do cristão típico. O médico diz “incurável”; o filólogo diz “fraude”…” Idem. (grifo nosso)
Nietzsche acreditava que o apóstolo dos gentios tinha os filólogos e médicos da escola alexandrina como inimigos e que guerreou contra eles tendo como objetivo desvalorizar a ciência!
Que tremendo desserviço esse comentário do filólogo e teólogo Nietzsche, em que coloca o apóstolo Paulo como contrário à filologia e à medicina dos acadêmicos alexandrinos, por entender que, a ‘sabedoria deste mundo’, a qual o apóstolo faz alusão, se refere ao conhecimento secular que é ensinado nos bancos acadêmicos.
Através de um bom exame do contexto da abordagem paulina, verifica-se que a ‘sabedoria deste mundo’, a qual o apóstolo fez alusão, refere-se à doutrina religiosa judaica e aos seus diversos seguimentos, pois os religiosos judeus consideram a lei mosaica e as suas tradições como ciência.
Eis o que o apóstolo Paulo disse da relação dos religiosos judeus com a lei:
“Instrutor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei” (Rm 2:20).
A rejeição do apóstolo Paulo à ‘sabedoria deste mundo’, nem chega a tangenciar o conhecimento que é produzido nos campos acadêmicos, antes, a ‘sabedoria deste mundo’ condenável, refere-se às bases doutrinárias da religião judaica, conforme se lê:
“Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes, pela loucura da pregação” (1 Co 1:20-21);
“Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios, na sua própria astúcia” (1 Co 3:19).
A concepção de que Deus transtornou a sabedoria deste mundo em loucura nem mesmo é do apóstolo Paulo, antes, ele cita, implicitamente, as Escrituras, mais especificamente o profeta Isaías, que denunciou os filhos de Israel, dizendo:
“Que desfaço os sinais dos inventores de mentiras e enlouqueço os adivinhos; que faço tornar atrás os sábios e converto em loucura o conhecimento deles” (Is 44:25);
“Portanto, eis que continuarei a fazer uma obra maravilhosa no meio deste povo, uma obra maravilhosa e um assombro; porque a sabedoria dos seus sábios perecerá e o entendimento dos seus prudentes se esconderá” (Is 29:14).
O apóstolo Paulo faz referência à doutrina do evangelho como ‘sabedoria’, contrapondo o evangelho com a ‘sabedoria deste mundo’, ou seja, com o conhecimento que os líderes judaicos tinham acerca da lei.
“Todavia, falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam” (1 Co 2:6).
Basta ler um pequeno trecho da obra O Anticristo, para constatar que, a despeito da crítica que fez, classificando como ‘lamentável leviandade psicológica’ a abordagem que muitos outros fizeram do evangelho, Nietzsche não soube ler o Novo Testamento, apesar de ter sido bom filólogo em outras áreas do conhecimento humano.
“Não se pode ler o Novo Testamento, sem adquirir uma predileção por tudo que nele é maltratado – para não falar da ‘sabedoria deste mundo’, que um insolente fanfarrão, tenta reduzir a nada, com a ‘loucura da pregação…’” Idem.
A sabedoria deste mundo
Para compreender o malogro da interpretação que Nietzsche fez sobre a sabedoria deste mundo que consta no Novo Testamento, vale destacar que, desde Moisés, a nação do apóstolo dos gentios foi constituída guardiã das Escrituras, que vaticinava a vinda do Messias. É em função da promessa do Messias que foi feita ao patriarca Abraão que os seus descendentes foram povo e nação. Mas quando o Cristo (Messias) chegou, rejeitaram-No, por causa do conhecimento equivocado que possuíam das Escrituras. Os ‘sábios’ de Israel foram enlaçados e presos em um conhecimento próprio, o que se denomina ‘loucura’. Os líderes do povo de Israel se intitulava-se sábios, mas rejeitaram o Cristo, a sabedoria de Deus. Conforme foi vaticinado pelos profetas, os filhos de Israel tropeçaram na pedra de tropeço (1 Co 1:18-19). Por causa deste contexto histórico e conforme o predito pelos profetas é que o apóstolo disserta sobre a sabedoria deste mundo.
“Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Rm 1:22).
Isto não quer dizer que Deus converteu a sabedoria de Nietzsche ou de qualquer homem da ciência em estultícia, pois a loucura da qual fala as Escrituras, é figura utilizada pelos profetas para fazer referência à falta de conhecimento do povo de Israel acerca das coisas de Deus (Jr 5:4). Portanto, Nietzsche fez má leitura ao considerar ‘a sabedoria deste mundo’ como sendo a ciência ou, o conhecimento lecionado nas faculdades seculares. Tal interpretação malograda é fruto tão somente da soberba do filólogo, sem qualquer intervenção divina.
“Aqui, pela primeira vez, toco o problema da psicologia do Salvador. Para começar, confesso que muitos poucos livros, para mim, são mais difíceis de ler do que os Evangelhos”. Idem.
Nietzsche, de outra banda, tropeçou na sua própria soberba, ao achar os Evangelhos uma leitura ruim (entediante, difícil), desclassificando-os.
Assim como a crítica de Nietzsche ao Cristo brotou de uma má leitura dos Evangelhos, a charge no início deste artigo, também, tem origem em uma má leitura dos ensinamentos de Jesus.
Antes de analisarmos a charge, faremos uma pequena digressão, com enfoque no que Nietzsche postulou, acerca do Antigo e do Novo Testamento, em face da má leitura que ele fez da Bíblia. Observe:
“52 – No Antigo Testamento dos judeus, que é o livro da justiça divina, há homens, coisas e discursos de um tão grande estilo, que as literaturas grega e indiana nada têm que se lhe compare. Com receio e veneração, é que nos extasiamos, perante estes vestígios grandiosos do que o homem era no passado e far-se-á uma triste ideia da velha Ásia e da sua península, a Europa, que a todo custo queira representar o ‘progresso do homem’ em relação à Ásia. Positivamente, aquele que não é mais do que um animal doméstico (semelhante aos nossos homens cultos de hoje, incluindo os cristãos do cristianismo ‘culto’), esse não tem de que se espantar e, ainda, menos de que afligir entre essas ruínas – o gosto pelo Antigo Testamento faz-se uma pedra de toque, no que diz respeito ao ‘grande’ e ao ‘pequeno’-; talvez encontre no Novo Testamento, que é o livro da graça, maior conformidade com o seu coração (há nele muito do autêntico cheiro adocicado e sufocante dos beatos e das almas pequenas). Este Novo Testamento, espécie de rococó do gosto, sob todos os aspectos, ter sido reunido com o Antigo Testamento, num só livro, a que se chamou Bíblia, ‘o livro por excelência’, terá sido, talvez, o maior atrevimento, o maior ‘pecado contra o espírito’ que pesa na consciência da Europa literária.” Nietzsche, Friedrich, Para além do bem e do mal, Prelúdio a uma filosofia do futuro, 3ª Ed., Martin Claret, p. 79.
Nietzsche conseguiu ver no Antigo Testamento, pelo fascínio que nutria pelas sociedades aristocratas, a ‘grandiosidade’ das relações retratadas entre os senhores e servos da antiguidade. A análise de Nietzsche tem por base as inúmeras relações entre senhores e servos, reis e súditos, nobres e plebeus, etc., relações que sublinhavam as sociedades retratadas no Antigo Testamento e, por isso, o elogio de que não há nada que se compare em estilo ao Antigo Testamento, nem mesmo as literaturas grega e indiana. No entanto, Nietzsche despreza o Novo Testamento, o que nos causa estranheza, pois quando fez a sua defesa diante do rei Agripa, o apóstolo Paulo enfatizou que não falou nada além do que está registrado no Antigo Testamento. Escapou ao entendimento do filólogo que o Deus do apóstolo Paulo não foi invenção dele, antes, é herança decorrente do Antigo Testamento. O apóstolo Paulo menciona que era hebreu, da tribo de Benjamim e fariseu (estudioso dos Escritos de seus ancestrais), portanto, o Deus do apóstolo dos gentios é o Deus dos hebreus e não uma invencionice tardia.
Escapou ao filólogo a grandeza da linguagem aristocrática que permeia o Novo Testamento que é próprio às sociedades de dois mil anos atrás, isto em função dele ‘calçar luvas’ antes da leitura e, por fim, emitiu a opinião de que os Evangelhos são ‘rococó’.
“Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará” (Jo 12:26).
Os seguidores de Nietzsche, por sua vez, ao desenvolverem uma crítica ao Evangelho de Cristo, através da charge estampada no início deste artigo, quase conseguiram abstrair a essência do Evangelho, o que nos permitiu apresentar uma resposta, ao seguinte questionamento de Nietzsche:
“… a questão é se seu tipo, ainda, pode ser compreendido, se foi conservado.” Idem.
O ‘amor’ que é exigido por Jesus
Se o tal ‘ser subterrâneo’[4], como se autodenominou Nietzsche, tivesse cavado, perfurado e corroído o Evangelho como fez com a moral, certamente descobriria que o termo grego ‘ágape’ (amor), não foi utilizado nos Evangelhos segundo uma concepção sentimentalista, que é própria ao homem do nosso tempo. Talvez ele perceberia que o termo ‘ágape’ no Novo Testamento reflete a essência das sociedades aristocráticas, como se observa na seguinte parábola:
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro ou, se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mt 6:24).
Os termos ἀγαπάω (agapaó) e μισέω (miseó), traduzidos, respectivamente, por ‘amar’ e ‘odiar’, estão para ‘obediência’ e ‘desobediência’, assim como ‘dedicar’ e ‘desprezar’. Os termos ἀγαπάω e μισέω, quando empregados na fala de Jesus, não trazem no seu bojo a ideia de sentimento ou de afeição, mas, respectivamente, a ideia de obediência e desobediência.
Jesus, no Novo Testamento, se apresenta como Mestre e Senhor (Jo 13:13) e, questiona aqueles que não O obedecem, mas que chamavam-no ‘Senhor, Senhor’ (Lc 6:46).
“E por que me chamais, SENHOR, Senhor, se não fazeis o que eu vos digo?” (Lc 6:46).
Jesus se apresenta como manso e humilde de coração, no entanto, concita seus ouvintes a se sujeitarem a Ele como servos, tomando o seu jugo e levando o seu fardo.
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11:28-30).
Jesus declarou que, aquele que O obedece é o que O ama:
“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai e eu o amarei e me manifestarei a ele” (Jo 14:21; Jo 14:15; Jo 14:23-24).
Na fala de Jesus, inexiste a temida ‘democracia’, tão criticada pela visão nitiniana, antes, afloram, abundantemente, expressões que evidenciam o ‘pathos da distância’[5], pela qual o senhor se sobressai sujeitando o servo, o que era comum às relações sociais à época (Jo 13:13).
Desde o Antigo Testamento, a ideia que o termo hebraico, traduzido por amor, refere-se à relação senhor e servo, como se lê:
“Eu amo aos que me amam e os que cedo me buscarem, me acharão” (Pv 8:17).
Deus cuida daqueles que O obedecem, ou seja, Ele demonstra misericórdia (cuidado) aos seus servos, àqueles que lhe obedecem:
“E faço misericórdia a milhares dos que me amam e que guardam os meus mandamentos” (Dt 5:10).
A crítica que Nietzsche faz ao cristianismo (entenda-se o bíblico), de que é a religião da compaixão[6], como fruto de um sentimento humano (paixão), é furto de uma má leitura colossal, pois compadecer ou ter misericórdia, em função do contexto bíblico, o termo trás a ideia de ‘obediência’:
“Porém Samuel disse: Tem porventura o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender, melhor é do que a gordura de carneiros” (1 Sm 15:22);
“Porque eu quero a misericórdia e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos” (Os 6:6).
Deus ordenou a Saul que exterminasse da face da terra os amalequitas (1 Sm 15:3). Enquanto Saul matava o povo amalequita, diante de Deus o rei de Israel exercia ‘misericórdia’. Mas, quando poupou Amaleque e o melhor do gado, Saul tornou-se rebelde e iníquo (1 Sm 15:23). Na desobediência de Saul, não houve exercício da ‘misericórdia’, o mesmo que amor (obediência)[7] a Deus.
Como os escribas e fariseus não obedeciam a Deus, Jesus ordenou que fossem e aprendessem o significado de ‘misericórdia quero e não sacrifício’.
“Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não vim chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento” (Mt 9:13).
Um religioso do nosso tempo, ao ler essa ordem que Jesus deu aos escribas e fariseus, equivocadamente, considerará que Jesus ordenou aos fariseus que executassem ações com base em um sentimento de dó e de solidariedade ou, que exercessem o perdão de alguma dívida ou, ofensa, com base na indulgência, graça, clemência, compaixão ou, piedade.
No entanto, a ordem: ‘ide e aprendei’, sublinhou o que, de fato, importa: obedecer ao mandamento de Deus, e não seguir preceitos tendo por base sentimentos humanos de afeição!
Jesus nunca se apresentou aos homens como coitado, antes como Senhor:
“Se alguém me serve, siga-me e onde eu estiver, ali estará, também, o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará” (Jo 12:26).
Jesus não se intimidou ante um jovem rico, antes o amou, quando deu uma ordem para que o jovem vendesse tudo o que possuía:
“E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz e segue-me“ (Mc 10:21).
O amor de Jesus não tem por base o sentimento ou, as afeições humanas. O amor é mandamento que expressa o cuidado de Deus. Só estarão ao abrigo da sua proteção aqueles que põem o mandamento de Jesus por obra (Jo 15:10).
Cristo é Senhor
Em certa parábola, Jesus se apresenta como Senhor, onde fica nítido que os seus valores não se igualam aos valores dos homens comuns:
“E, recebendo-o, murmuravam contra o pai de família, dizendo: Estes derradeiros trabalharam só uma hora e tu os igualaste conosco, que suportamos a fadiga e a calma do dia. Mas ele, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço agravo; não ajustaste, tu comigo, um dinheiro? Toma o que é teu e retira-te; eu quero dar a este derradeiro, tanto como a ti. Ou, não me é lícito fazer o que quiser do que é meu? Ou, é mau o teu olho, porque eu sou bom? Assim, os derradeiros serão os primeiros e os primeiros, os derradeiros; porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (Mt 20:11-16)
É plenamente lícito a um Senhor, fazer o que bem entende com o que é seu! Percebe-se, no questionamento dos trabalhadores, um mau julgamento, ao exigirem que fossem distinguidos pelo maior tempo de trabalho. De outra banda, os que trabalharam menos e receberam igual salário, poderiam alegar que é imprescindível ao trabalhador tratamento igualitário.
Entretanto, o Senhor se apresenta como o bom, ou seja, o nobre, o bem nascido e não se deixou levar pelo julgamento dos vis, ou seja, dos maus, pelos comuns, pela plebe.
A pessoa que compôs a charge acima desconhece que a essência do amor que Jesus exige não provém do sentimentalismo, e nem é, ao gosto de Nietzsche, dogmatismo ‘religioso’. A fala de Cristo é de aristocrata, pois Ele se apresenta como Senhor e questiona a visão dos trabalhadores, de modo a realizar a sua vontade, ao que os trabalhadores tiveram que se submeter.
Em outra feita, Jesus evidencia que nenhum dos seus ouvintes agradeceria o seu servo por ter feito o que lhe foi ordenado ou, permitiriam que avançassem à mesa para comer antes de prepará-la para o seu senhor. Jesus destaca que deveriam se considerar servos inúteis, quaisquer que se resignarem a fazer somente o que foi mandando pelo seu senhor:
“Porventura, dá graças ao tal servo, porque fez, apenas, o que lhe foi mandado? Creio que não” (Lc 17:9).
Essa é a tônica da mensagem de Jesus:
“Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará, também, o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará” (Jo 12:26).
O filólogo Nietzsche fez uma leitura acertada das sociedades antigas e conseguiu abstrair a essência dos termos ‘bom’ e ‘ruim’[8]. Pela sua perspicácia, se Nietzsche não tivesse calçado luvas, poderia ter percebido que a essência do amor[9] bíblico no Novo Testamento deriva, originalmente, de um termo que, raramente, era utilizado pelos gregos e que o seu significado original era “honrar”, “dar boas-vindas”, “cumprimentar”, muito diferente da concepção que o homem do nosso tempo atribui ao termo ‘ágape’.
Considerando a composição da charge, o amor de Cristo não é comovente, antes um mandamento: honre-me!
“Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou” (Jo 5:23).
Quando Jesus utilizou o termo ‘amigo’, não o fez no sentido de amizade entre iguais, antes se refere ao amigo que é o servo ladino, que serve dentro da casa de seu senhor. Para alcançar a posição de amigo, necessário era fazer o que Jesus ordena.
“Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando“ (Jo 15:14).
Ao lavar os pés aos seus discípulos, muitos entendem que Jesus estava dando uma lição de humildade, porém, o que se depreende do texto é que Jesus estava se apresentando como Senhor e Mestre (Jo 13:13). Quem está na posição de Senhor e Mestre exerce cuidado para com aqueles que lhe é sujeito.
À época, lavar os pés era o ‘ágape’ a ser dispensado aos viajantes, ato essencial à hospitalidade. Ao lavar os pés dos seus discípulos, Jesus impõe aos seus seguidores um mandamento: o dever de cuidarem uns dos outros.
“Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou” (Jo 13:14 -16).
Em cuidarem (ágape) uns dos outros segundo o exemplo e mandamento de Cristo, as pessoas identificariam os discípulos de Cristo, e não através de ideais ascéticos e princípios filosóficos.
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13:35).
Amor como mandamento
A charge só teria humor, se o amor que Jesus exige dos homens fosse de cunho sentimental. A segunda parte da charge, considerando, efetivamente o ensino de Cristo, não foi apresentada aos homens desta maneira: ‘me ame ou te mandarei para o inferno’.
Jesus disse que a ninguém julgava, o que foi evidenciado quando não emitiu juízo de valor em desfavor da mulher samaritana, tendo em vista o peso dos valores morais à época. Jesus não julgou porque todos os homens já estão condenados! Seria um contrassenso Jesus julgar quem já foi julgado e apenado com morte (Jo 3:18).
“Vós julgais segundo a carne; eu a ninguém julgo” (Jo 8:15).
Jesus não manda as pessoas ao inferno, antes elas já nascem condenadas e destinadas ao inferno. A doutrina de Cristo demonstra que salvação ou perdição não decorrem da moral ou do comportamento humano, mas, são condições que os homens adquirem da semente que são gerados (herdam de berço).
Os nascidos do sangue, da vontade da carne ou da vontade do homem são herdeiros da condenação de Adão. Já os nascidos de novo, segundo a semente incorruptível, que é a palavra de Deus, são herdeiros da salvação em Cristo. É a semente da qual os homens nascem que dita quem é salvo ou não.
Da mesma forma que a escravidão ou o principado são questões que se herdam de berço por vínculo de sangue, a perdição é condição de todos os homens que vem ao mundo em função do vínculo de sangue que detém com o pai da humanidade, Adão, que pecou.
A virtude que torna o homem uma nova criatura é desvinculada do moralismo, antes decorre da natureza divina que herdam aqueles que são gerados da semente incorruptível (2Pe 1:4).
A leitura que Nietzsche fez dos Evangelhos e de Cristo, como se este tivesse legado um estilo de vida aos seus seguidores, é completamente equivocada.
“O “portador da boa-nova” morreu assim, como, viveu e ensinou – não para “salvar a humanidade”, mas para demonstrar-lhe como viver. Seu legado ao homem foi um estilo de vida: sua atitude ante os juízes, ante os oficiais, ante seus acusadores – sua atitude perante a cruz. Não resiste; não defende seus direitos; não faz qualquer esforço para evitar a maior das penalidades – ainda mais, a convida… E roga, sofre e ama com aqueles, por aqueles que o maltratam. Não se defender, não se encolerizar, não culpar… Mas igualmente não resistir ao mal – amá-lo…” Idem.
Jesus não instituiu nenhum ideal ascético, nem mesmo estabeleceu um padrão de moral como essência da sua doutrina. Jesus comia e bebia como os demais homens, tanto que foi chamado de comilão e beberrão (Lc 7:34). Jesus se vestia como os demais homens, tanto que era impossível identificá-lo pela roupa (Lc 19:5; Mc 14:44). Jesus não aderiu às práticas de jejuns, lavagem de mãos, orações nas praças, etc., demonstrando que não era religioso, portanto, ele não legou aos homens um estilo de vida.
Jesus não foi metódico e nem puritano! Os seus seguidores, no primeiro Concílio em Jerusalém, resolveram que não imporiam nenhum encargo aos cristãos convertidos dentre os gentios, o que demonstra que a doutrina de Cristo não é moralizante (At 15:28 -29).
A atitude de Cristo na cruz não foi passiva, antes ativa. Ainda no jardim do Getsêmani, Jesus demonstra o motivo pelo qual não reagiu, pois rejeitou fazer a sua vontade. O fato de Jesus não se opor aos seus algozes demonstra que Ele foi resoluto em obedecer ao mando do Pai. As ações de Jesus eram todas segundo o que o Pai mandou, de modo que o mundo saberia que Cristo honrou (amou) ao Pai.
“Mas é para que o mundo saiba que eu amo o Pai e que faço como o Pai me mandou. Levantai-vos, vamo-nos daqui” (Jo 14:31).
Deus havia ordenado ao seu Filho que se portasse como ovelha conduzida ao matadouro, de modo que, pela recompensa que lhe aguardava, suportou as afrontas dos seus opositores (Is 50:6).
“Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” (Hb 12:2).
A crítica de Nietzsche parece sublinhar que ele adquiriu plena compreensão dos Evangelhos e que de sua cúpula podia emitir juízo sobre os meros mortais que, ao longo da historia não compreenderam a mensagem de Cristo.
“Nossa época orgulha-se de seu senso histórico: como, então, se permitiu acreditar que a grosseira fábula do fazedor de milagres e Salvador constitui as origens do cristianismo – e que tudo nele de espiritual e simbólico surgiu apenas, posteriormente? Muito pelo contrário, toda a história do cristianismo – da morte na cruz em diante – é a história de uma incompreensão, progressivamente, grosseira de um simbolismo original”. Nietzsche, Friedrich W., O Anticristo.
O cristianismo fundamenta-se na pessoa de Cristo. Inúmeras incompreensões surgiram posteriormente, pois não deram ouvidos ao alerta paulino, e amalgamaram a um pseudo evangelho conteúdo platonista e aristotélico (Cl 2:8). Se bem analisado, verifica-se que os ideais ascéticos[10] nunca estiveram ligados aos ensinamentos de Cristo.
A doutrina de Cristo é tão somente crer que Ele é o Messias, o enviado de Deus como salvador do mundo decorrente da condenação que se deu no Éden. Ele se apresentou como o caminho, a verdade e a vida, portanto, nenhuma ascese pode substituí-lo, ou complementar a sua obra.
Jesus não requer dos homens que se afeiçoem a Ele, antes que O obedeçam, e assim, tornam-se servos. Jesus não manda ninguém ao inferno, antes a sua missão, ao requer que os homens O sirvam, é livrá-los da condenação que os destina ao inferno (Jo 12:47).
Jesus não veio ao mundo sensibilizar, comover ou mudar o estilo de vida dos homens, antes veio como cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! Jesus ordena aos homens que O obedeçam, pois só assim não permanecem no caminho de perdição que os conduz ao inferno.
“Quem não me ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou” (Jo 14:24);
“Se me amais, guardai os meus mandamentos” (Jo 14:15).
Correção ortográfica: Pr. Carlos Gasparotto
Redação e estilo: Jussara Crispim
[1] Charge “< http://ateus.net/humor/cartoons/amor-cristao/ > Consulta em 23/03/17.
[2] A FILOSOFIA NA ERA TRÁGICA DOS GREGOS, Friedrich Nietzsche, Apresentação de Gabriel Valladão Silva, Tradução de Gabriel Valladão Silva, Coleção L&PM Pocket.
[3] Niilismo – ponto de vista que considera que as crenças e os valores tradicionais são infundados e que não há qualquer sentido ou, utilidade na existência.
[4] “Neste livro encontra-se agindo um ser ‘subterrâneo’ que cava, perfura e corrói” Nietzsche, Friedrich, Aurora, Prefácio. 2ª Edição, Editora Escala. Pág. 17.
[5] “Nietzsche analisa fisiologicamente a concepção do ressentimento, caracterizando-o como um afeto enfraquecedor ou deprimente que corrói e destrói as estruturas sociais da antiguidade. Ele formulou o conceito de ‘pathos da distância’ para designar outro afeto, fortalecedor e ascendente, que seria próprio a todo tipo nobre que se impõe pela diferença superioridade hierárquica, próprio à necessidade de separação e de organização social, como uma “força organizadora””.
[6] “Chama-se cristianismo a religião da compaixão. – A compaixão está em oposição a todas as paixões tônicas que aumentam a intensidade do sentimento vital: tem ação depressora. O homem perde poder quando se compadece” Nietzsche, Friedrich W., O Anticristo.
[7] A obediência exigida por Deus, que aceita em todas as nossas ações a vontade pelos atos, é um esforço sério de lhe obedecer e é, também, denominada com todos aqueles nomes que significam esse esforço. E, portanto, a obediência é umas vezes denominada com os nomes de caridade e amor, porque implica a vontade de obedecer e, mesmo nosso Salvador, faz de nosso amor a Deus e ao próximo, um cumprimento de toda a lei”. Hobbes de Malmesbury, Thomas, Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil, Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva.
[8] “O pathos da nobreza e da distância, como já disse o duradouro, dominante sentimento global de uma elevada estirpe senhorial, em sua relação com uma estirpe baixa, com um “sob” eis a origem da oposição “bom” e “ruim”” Nietzsche, Friedrich W., A Genealogia da moral.
“Descobri então que todas elas remetem à mesma transformação conceitual – que, em toda parte, “nobre”, “aristocrático”, no sentido social, é o conceito básico a partir do qual necessariamente se desenvolveu “bom”, no sentido de “espiritualmente nobre”, “aristocrático”, de “espiritualmente bem-nascido”, “espiritualmente privilegiado”: um desenvolvimento que sempre corre paralelo àquele outro que faz “plebeu”, “comum”, “baixo” transmutar-se finalmente em “ruim”” Idem.
[9] “Amor (gr. agape) (1 Pe 4.8; Rm 5.5, 8; 1 Jo 3.1; 4.7, 8,16; Jd 21) Esta palavra raramente era usada na literatura grega, antes do Novo Testamento. E quando isso acontecia, ela era usada para expressar um ato de gentileza aos estrangeiros, de oferecer hospitalidade e ser caridoso”. O novo comentário bíblico NT, com recursos adicionais — A Palavra de Deus ao Alcance de Todos, Editores Earl Radmacher, Ronald B. Allen e H. Wayne House, Rio de Janeiro, 2010, pág. 701. “agapaõ que, originalmente, significava “honrar” ou “dar boas-vindas”, é, no Gr. clássico, a palavra que tem menos definição específica; frequentemente, se emprega como sinônimo de phileõ, sem haver qualquer distinção, necessariamente nítida, quanto ao significado (…) 4. Não está clara a etimologia de agapaõ e agapè. O vb. agapaõ aparece, frequentemente, na literatura gr. de Homero em diante, mas o subs. agapè é uma construção, que só aparece no Gr. posterior. Foi achada uma só referência fora da Bíblia: ali, a deusa Isis recebe o título de agapè (P. Oxy, 1380, 109; século II d.C.), agapaõ é frequentemente uma palavra descolorida em Grego e aparece, com frequência, como alternativa para, ou sinônimo com, eraõ e phileõ, com o significado de “gostar de”, “tratar com respeito”, “estar contente com”, e “dar as boas-vindas”. Quando, em raras ocasiões, se refere a alguém que foi favorecido por um deus (cf. Dio. Cris., Orationes 33, 21), fica claro que, diferentemente, de eraõ, não se refere ao anseio humano por posses ou valores, mas, sim, uma iniciativa generosa de uma pessoa por amor à outra”. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Colin Brown, Lothar Coenen (orgs.); [tradução Gordón Chown] — 2ª ed. — São Paulo; Vida Nova, 2000, págs. 113 e 114. “Na LXX, agapaõ se emprega, de preferência, para traduzir o verbo heb. Ãhèb. O subs. agapè acha aqui a sua origem, ao representar o Heb. ’ah bâk. O vb. Ocorre, muito mais, frequentemente, do que o subs. ’ahèb e pode se referir, tanto a pessoas, como a coisas, e denota, em primeiro lugar, o relacionamento de seres humanos entre si, e, em segundo lugar, o relacionamento entre Deus e o homem (…) Na LXX (Septuaginta), surge diante de nós um quadro bem diferente’; phileõ, ocorre raras vezes, enquanto o vb. agapaõ, e o subs. agapè (doutra forma, quase, inteiramente, desconhecido no Gr.) se acham a cada passo. Não é possível discernir se se empregam conforme regras fixas, pois phileò (30 vezes), tal como agapaò (cerca de 263 vezes), geralmente traduz o Heb. ahèb (e.g. Gn 27:4 e segs.; 37:4 [cf. 37:3]; Is 56:10; Pv 8:17 [cf. 8:21]). Embora o Heb. tenha uma gama inteira de palavras para expressar o conceito contrário do ódio (enquanto a LXX só tem a palavra única miseõ – Inimigo, art. miseõ), tem, virtualmente, a única raiz .ahèb à sua disposição para a gama de sentimentos, que se associam com o amor. O Gr., de outro lado, tem várias raízes e palavras derivadas para expressar as várias matizes do amor: philia (38 vezes), que geralmente traduz ‘aheb, ’ahabâh, é comparativamente rara, embora philos (cerca de 181 vezes), que, geralmente, traduz rèa, embora, frequentemente, sem equivalente heb., seja mais comum na LXX” Idem. Págs. 114 e 121.
[10] “ascetismo – doutrina de pensamento ou de fé que considera a ascese, isto é, a disciplina e o autocontrole estritos do corpo e do espírito, um caminho imprescindível em direção a Deus, à verdade ou à virtude”.