Deus é severo e benigno em razão de ser nobre, superior, ou seja, bom, o que exclui qualquer tipo de paradoxo entre o fato de Deus ser bom e haver sofrimento no mundo.
Deus criou o mal? Qual a origem do mal, segundo a Bíblia?
Conteúdo do artigo
Introdução
Embora alguns filósofos tenham a intenção de contrapor os atributos de Deus ao problema do mal por meio de inferências lógicas, não existe paradoxo entre o ‘problema do mal’ e os atributos de Deus.
Veja o que diz o seguinte versículo:
“Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente.” (Gênesis 3:22).
O entrave lógico que o idealizador do ‘problema do mal’ criou não subsiste à luz das Escrituras que revelam o Deus Eterno.
O maior entrave criado pelo ‘problema do mal’ não decorre das inferências lógicas e, sim, de alguns pensadores ditos cristãos que se propõem dar uma resposta ao problema fazendo uso das mesmas ferramentas de quem propôs o problema, ou seja, quando tais pensadores lançam mão dos pressupostos da filosofia para responderem à questão.
O obstáculo lógico que o idealizador do ‘problema do mal’ criou não resiste à luz das Escrituras, que revelam o Deus Eterno. O maior obstáculo criado pelo ‘problema do mal’ não decorre das inferências lógicas, mas sim de alguns pensadores ditos cristãos que se propõem a responder ao problema usando as mesmas ferramentas de quem propôs o problema. Ou seja, o problema surge quando tais pensadores recorrem aos pressupostos da filosofia para responder à questão.
Por um lado, um certo segmento do cristianismo afirma que o mal só existe porque Deus trouxe o mal à existência. Por outro lado, outro segmento argumenta que o mal decorre do livre-arbítrio concedido ao homem por Deus, de modo que Deus não poderia ser responsabilizado pela existência do mal.
Contrariando essas duas correntes majoritárias, o leitor terá contato com uma outra perspectiva. Evidenciaremos que o mal, como conhecimento, sempre existiu e que esse conhecimento não é consequência do pecado.
Considerando que Deus é eterno, imutável e conhecedor do bem e do mal, é um contrassenso debater se Deus criou o mal, pois seria igualmente necessário debater se Deus criou o bem.
Nesse sentido, é igualmente um contrassenso entender que o mal, enquanto conhecimento, é consequência do pecado. Na verdade, Adão, ao comer do fruto do conhecimento do bem e do mal, além de pecar, alcançou a condição de ser como Deus no quesito ‘conhecedor do bem e do mal’. Isso evidencia que o pecado não gerou o ‘mal’, da mesma forma que o pecado não teria como gerar o ‘bem’.
O debate sobre se Deus criou o mal muitas vezes ignora completamente que a árvore do conhecimento produzia frutos cuja essência era tanto o bem quanto o mal. Isso é semelhante à laranja, que é ao mesmo tempo cítrica e doce. Portanto, a existência do bem e do mal, enquanto conhecimento, pode ser visto como uma parte intrínseca da criação, assim como a doçura e a acidez coexistem na mesma fruta.
À parte do pecado, o bem e o mal, enquanto conhecimento, sempre existiram em Deus, pois Ele é conhecedor do bem e do mal. Além disso, a árvore que Deus colocou no meio do jardim também possuía esse conhecimento. Antes mesmo de o pecado entrar no mundo por Adão, a árvore do conhecimento do bem e do mal já estava plantada no meio do jardim. Isso reforça a ideia de que o bem e o mal não são criações resultantes do pecado, mas aspectos intrínsecos aos atributos divino e da natureza do homem após a queda.
O problema do mal
Desde o Éden, a estratégia de Satanás sempre foi questionar a verdade que vem de Deus, dando-lhe uma ênfase proibitiva e um de negatividade. Quando Deus colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal no meio do Jardim, Ele orientou o homem, concedendo-lhe plena liberdade.
“E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente…” (Gênesis 2:16).
Por meio das árvores plantadas no Jardim do Éden, incluindo as árvores da vida e do conhecimento do bem e do mal, Deus concedeu ao primeiro homem, Adão, plena liberdade para comer livremente dos frutos de todas as árvores. Além disso, Deus garantiu a liberdade de Adão ao conceder-lhe livre acesso aos frutos das árvores da vida e do conhecimento do bem e do mal.
Quando abordou Eva, Satanás agiu de forma ardilosa. Ele fez uma pergunta como se desconhecesse completamente o que Deus havia dito, dando a impressão de que estava apenas investigando o que Deus havia proposto. Essa estratégia visava distorcer a verdade divina e enganar Eva:
“ORA, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?” (Gênesis 3:1).
Satanás iniciou o diálogo destacando uma proibição total, colocando em foco uma questão circunstancial: a liberdade concedida. Ao questionar se Deus havia proibido que se comesse de todas as árvores, a questão essencial, que era a vida, ficou em segundo plano. As consequências decorrentes da decisão do homem afetariam de modo irremediável a natureza humana, ou seja, a comunhão com Deus (morte).
A comunhão com o Criador era a base da liberdade do homem. Ao decidir comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, o homem tornou-se independente e se prendeu ao pecado, de modo que a comunhão com Deus foi cortada.
Muitas vezes, as pessoas interpretam os termos “independência” e “liberdade” como se fossem sinônimos, pois entendem que ser independente é o mesmo que ser livre. No entanto, quando esses termos são usados para descrever as relações entre duas partes, eles evidenciam o quanto são distintos. Quando as relações são cortadas, a pessoa se torna independente, o que é diferente da liberdade, que é uma relação firmada na comunhão.
Interpretar o alerta: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gênesis 2:17), como proibição é desconsiderar o cuidado de Deus para com o homem, quem tinha que lidar com a responsabilidade de ser livre.
Deus é livre, mas para se relacionar com suas criaturas, Ele impõe limites a si mesmo, de modo a não tolher a liberdade ou a independência de suas criaturas. Isso é uma demonstração da grandeza e retidão Deus, que preserva a autonomia de suas criaturas. Ele permite que elas tenham a liberdade de fazer escolhas, mesmo que essas escolhas possam levá-las a se afastar Dele.
“Porque não contenderei para sempre, nem continuamente me indignarei; porque o espírito perante a minha face se desfaleceria, e as almas que eu fiz.” (Isaías 57:16).
Se o próprio Criador, que é livre, se sujeita à Sua palavra, ou seja, não usa Sua soberania como pretexto para cometer injustiça, isso significa que Suas criaturas são de fato livres, apesar de estarem sujeitas a limites.
O fato de o homem ser livre para fazer o que quiser ao seu alcance não significa que não haverá consequências caso decida se lançar de um precipício. Existem limites impostos a todas as criaturas que, se ultrapassados, não têm mais volta. A liberdade não exclui a responsabilidade pelas escolhas feitas.
Antes de prosseguir, retrocedamos ao período helenístico e examinemos o suposto trilema de Epicuro de Samos (341 a.C. – 271 ou 270 a.C.), a quem é creditada a autoria do dilema lógico conhecido como o paradoxo de Epicuro, centrado na problemática do mal.
O trilema apresentado por Epicuro argumenta que é impossível a coexistência de um deus benevolente, onipotente e onisciente diante da existência do mal. As inferências lógicas de Epicuro, ao considerar a existência do mal, indicam que se dois dos atributos divinos forem verdadeiros, automaticamente, excluem o terceiro. Isso se expressa da seguinte forma:
- Se Deus é onisciente e onipotente, ele possui o conhecimento da existência do mal (graças à onisciência) e o poder para eliminá-lo (devido à onipotência). Portanto, se ele opta por não fazê-lo, não pode ser considerado absoluta e ilimitadamente benevolente, pois permitiria a existência do mal. Infere-se que, diante da coexistência do mal, um Deus onisciente e onipotente não pode ser onibenevolente;
- Se Deus é onipotente e onibenevolente, ele tem o poder de erradicar o mal (por meio da onipotência) e o desejo de fazê-lo (graças à onibenevolência). Logo, se ele não o faz, é porque não tem conhecimento do mal, ou seja, não possui conhecimento absoluto. Assim, não pode ser onisciente. Infere-se que, na presença do mal, um Deus onipotente e onibenevolente não pode ser onisciente;
- Se Deus é onisciente e onibenevolente, ele tem ciência da existência do mal (pela onisciência) e a vontade de eliminar o mal (pela onibenevolência). Entretanto, se não o faz, é porque não possui o poder necessário, ou seja, não é onipotente. Infere-se que, perante a existência do mal, um Deus onisciente e onibenevolente não pode ser onipotente.
Considerando os atributos do Deus de Abraão, Isaque e Jacó – asseidade, onipotência, onisciência, onipresença e imutabilidade – e levando em conta que o conhecimento do bem e do mal é intrínseco à natureza divina, conforme apresentado pela Bíblia, podemos observar que o paradoxo de Epicuro não se aplica ao Deus da Bíblia.
É importante ressaltar que a impossibilidade de Deus eliminar o mal como conhecimento decorre da própria natureza divina. Tal ação iria de encontro aos próprios atributos essenciais de Deus, equivalendo a uma contradição com Sua natureza. Seria equivalente a Deus negar a Si mesmo ou, de forma mais clara, mentir.
Assim, ao considerar a visão apresentada na Bíblia sobre a natureza de Deus, o paradoxo de Epicuro não se configura como uma contradição, pois a existência do mal como conhecimento é intrínseca à divindade, assim como o bem, e qualquer tentativa de eliminá-lo seria incompatível com a perfeição e imutabilidade divinas.
“Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta;” (Hebreus 6:18).
Se Deus decidisse erradicar o mal, isso implicaria, por sua vez, na eliminação do bem, já que o conhecimento do bem e do mal é intrínseco à Sua natureza. Essa ação alteraria fundamentalmente a própria essência de Deus, comprometendo a Sua imutabilidade.
A imutabilidade divina, um dos atributos destacados na descrição do Deus de Abraão, Isaque e Jacó, implica que Deus é eternamente constante e não sujeito a mudanças. Se Ele deixasse de conhecer uma questão dentre todas as coisas, incluindo o bem e o mal, isso representaria uma variação em Sua natureza, contradizendo a Sua imutabilidade e, por conseguinte, afetando Sua divindade.
Portanto, a preservação do conhecimento do bem e do mal, vez que coexistem como faces de uma mesma moeda, é vital para manter a coerência dos atributos divinos, conforme entendidos na perspectiva teológica cristã.
“Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.” (2 Timóteo 2:13).
Ao apresentar o dilema lógico sobre o problema do mal, Epicuro não estava ciente da revelação das Escrituras. Desconhecia o relato de que, segundo as Escrituras, ao comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, o ser humano tornou-se como Deus no que diz respeito ao conhecimento do bem e do mal.
Como filósofo, Epicuro levantou questões pertinentes, considerando os deuses que ele conhecia, que diferem do Deus revelado nas Escrituras. Para os ateus, questionar a possibilidade de um Deus todo-poderoso criar uma pedra que não pudesse erguer é uma questão relevante, embora essa indagação não se aplique ao Deus das Escrituras.
É importante reconhecer que, como cristão, responder a essas questões puramente com base em premissas lógicas, segundo o conhecimento humano, é desafiador, uma vez que a compreensão da fé cristã se pauta tão somente na revelação as Escrituras.
Para tranquilizar suas consciências sobre a existência de Deus, os ateus muitas vezes recorrem a um dilema lógico baseado na concepção que têm sobre Deus, ignorando outras evidências em contrário. O falso paradoxo criado, fundamentado no ilimitado poder criativo de Deus, questionando até que ponto Ele seria capaz de criar uma pedra que nem mesmo Ele poderia erguer, parece justificar a descrença na existência de Deus, como se fosse escandaloso que um Deus todo-poderoso não pudesse realizar algumas coisas.
Quando a Bíblia declara que “para Deus tudo é possível”, essa afirmação está relacionada essencialmente às questões de salvação. No entanto, é importante notar que existem várias coisas que são consideradas impossíveis para Deus, conforme evidenciado nas Escrituras.
“Os seus discípulos, ouvindo isto, admiraram-se muito, dizendo: Quem poderá, pois salvar-se? E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.” (Mateus 19:25-26).
Antes mesmo de os ateus questionarem se Deus pode realizar todas as coisas, a Bíblia já apresentava uma lista de coisas que Deus não pode fazer, incluindo a impossibilidade de mentir. Portanto, o propósito do dilema da pedra torna-se inócuo para o que propõe.
O dilema da pedra parece desconsiderar o Criador como ser e foca apenas em seus atributos na tentativa de estabelecer uma contradição lógica. Essa abordagem ignora o fato de que todos os seres, sejam eles Criador ou criatura, limitam suas ações considerando as consequências. Ter a capacidade ou o poder para realizar algo não implica necessariamente que se deva fazê-lo.
Um exemplo elucidativo é encontrado na tentação de Cristo, que, na condição de Filho de Deus, possuía o poder de transformar pedra em pão, água em vinho, entre outras ações sobrenaturais. No entanto, Cristo optou por não realizar essas ações como uma prova de sua filiação divina. Ele compreendeu que evidenciar sua filiação através de ações milagrosas seria uma prova de que não tinha certeza plena da sua filiação.
O testemunho das Escrituras, mais do que as capacidades de realizar eventos miraculosos, era o que verdadeiramente evidenciava a filiação divina de Cristo.
De maneira similar, Deus é quem Ele é, não simplesmente porque pode fazer tudo o que deseja. Como exemplo, embora Deus deseja a salvação de todos os homens, Ele só pode salvar aqueles que buscam o conhecimento da verdade. Caso Deus salvasse aqueles que não se tornaram um com Cristo, iria contra Sua própria palavra e cometeria uma injustiça.
“Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.” (1 Timóteo 2:4).
Aqui estão algumas ações que Deus Todo-Poderoso não pode realizar, de acordo com as Escrituras:
- Justificar o ímpio: “De palavras de falsidade te afastarás, e não matarás o inocente e o justo; porque não justificarei o ímpio.” (Êxodo 23:7);
- Punir o justo com o ímpio: “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gênesis 18:25);
- Mentir, arrepender-se ou deixar de cumprir a Sua palavra: “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?” (Números 23:19);
- Ser tentado pelo mal: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta.” (Tiago 1:13);
- Ser infiel ou negar a Si mesmo: “Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.” (2 Timóteo 2:13).
Esses princípios destacam a natureza divina de Deus e delineiam as ações que são inconsistentes com Sua santidade, fidelidade e justiça, conforme revelado nas Escrituras.
Considerando as Escrituras, não há problema algum em afirmar que Deus Todo-Poderoso não pode realizar certas ações, especialmente se ao fazê-las, Ele atentasse contra Sua própria natureza. Deus é Deus não apenas por ser onipotente, onipresente e onisciente, mas também por ser justo, reto e verdadeiro. Portanto, Ele não pode realizar nada que vá contra Sua própria natureza, pois isso o afastaria de ser Deus.
Da mesma forma que a eternidade depende de Deus, o conceito do bem e do mal como conhecimento também depende Dele. Assim, o dilema lógico atribuído a Epicuro foi construído sobre premissas falsas. O dilema parte do pressuposto de que o mal existe, no entanto, não oferece provas concretas sobre a existência do mal e sua verdadeira natureza. Escapa ao dilema o fato de que Deus é o conhecedor do bem e do mal, e, portanto, Ele não pode extinguir tal conhecimento sem sofrer variação em Sua própria natureza.
O entendimento de Epicuro sobre os atributos divinos também resta equivocado, pois, para que as premissas do dilema lógico do ‘problema do mal’ sejam efetivas em sua proposição, é necessário considerar que Deus não se limita a si mesmo pelo fato de ser todo-poderoso.
Os argumentos do dilema foram concebidos com base na perspectiva de certos conceitos pagãos sobre onipotência (todo-poderoso). O dilema lógico não leva em consideração que a condição de ser todo-poderoso (onipotente) refere-se à posição de Deus como criador de todas as coisas e não à ideia de que o Criador pode realizar qualquer coisa.
Deus detém o poder de trazer todas as coisas a existência e de aniquila-las em um instante, e repetir essa ação infindável vezes sem ao menos perder se quer um milionésimo do seu poder criativo. Isso define a onipotência como o poder criativo de trazer à existência o que não existe. No entanto, esse mesmo Deus todo-poderoso demonstra grandiosidade ao se submeter à Sua própria palavra, permanecendo fiel e sem oprimir ninguém.
“Ao Todo-Poderoso não podemos alcançar; grande é em poder; porém a ninguém oprime em juízo e grandeza de justiça.” (Jó 37:23).
É inerente a todos os seres, com algumas variações, evitar atentar contra sua própria existência e, nas interações com os outros, serem justos e verdadeiros. Essas características são igualmente pertinentes ao Criador, sendo Ele a expressão máxima dessas virtudes.
Embora Deus seja soberano, é evidente que Ele não oprime ninguém, respeitando o livre-arbítrio concedido às Suas criaturas. Deus opta por não usar Seu poder de maneira a violar essa liberdade. Enquanto há grandeza em Deus ao limitar a Si mesmo para não interferir no livre-arbítrio humano, algumas pessoas podem interpretar essa abstenção como uma fraqueza, considerando que Ele tem todas as condições necessárias para agir de outra forma.
Quando Epicuro considerou o amor como um atributo da divindade, ele não dispunha do que é essencial para compreender a verdadeira natureza do amor de Deus: as Escrituras. O amor de Deus se manifesta como cuidado, expresso em Sua palavra, estando em perfeito equilíbrio com Sua justiça, santidade, retidão, fidelidade e imutabilidade. Deus não renuncia à Sua retidão e justiça ao demonstrar Seu amor; assim, o amor de Deus não se trata apenas de um sentimento, mas de um cuidado efetivo para aqueles que se submetem a Ele.
No Éden, o amor de Deus foi expresso nas seguintes palavras:
“E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gênesis 2:16-17).
A vida e a liberdade do homem eram dádivas igualmente importantes, e Deus expressou Seu amor ao orientar Sua criatura sobre o exercício pleno da liberdade que possuía, bem como as consequências de geri-la de forma inadequada.
O amor de Deus se manifesta por meio de mandamentos, e ao oferecer Seu Filho Unigênito, Deus implicitamente deu um mandamento à humanidade: crer em Cristo para ser salvo. Apenas aqueles que creem estarão protegidos pelo amor de Deus. Esse ato demonstra o cuidado divino para com a humanidade, proporcionando uma rota clara para a salvação através da fé em Cristo.
“E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me.” (Marcos 10:21).
Jesus expressou Seu amor ao jovem rico ao dar-lhe um mandamento direto, possibilitando que o jovem, ao obedecê-lo, se tornasse servo de Cristo, assim como o crente Abraão obedeceu a Deus e se fez servo (amigo) de Deus.
Da mesma forma, Deus demonstrou amor pelo povo de Israel ao cumprir a boa palavra anunciada a Abraão, escolhendo a descendência de Abraão para trazer Cristo ao mundo.
É relevante destacar que nos mandamentos contidos no evangelho há liberdade, assim como nos mandamentos dados no Éden, a Abraão ou ao jovem rico. Nesse contexto, Tiago denomina o evangelho como a “lei perfeita da liberdade”.
“Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito.” (Tiago 1:25).
Com relação ao mandamento expresso na lei de Moisés, não se evoca a liberdade, mas sim a maldição.
“Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.” (Gálatas 3:10).
O conhecimento do bem e do mal
A questão “Deus criou o mal” pressupõe, como premissa principal, a existência do mal, já que sem essa premissa a pergunta não teria razão de ser.
Podemos questionar se os infortúnios, vicissitudes, adversidades e desditas da existência humana, como dores, doenças, decepções, angústias, luto ou morte, podem ser considerados como mal. Da mesma forma, eventos naturais como seca, poluição, inundações, deslizamentos, desabamentos, que causam infortúnios e desventuras, seriam categorizados como mal?
As inferências lógicas do paradoxo de Epicuro consideram o mal como sendo os infortúnios (males) ou se referem a um mal personificado (diabo)? A questão contempla o mal como consequência do pecado original, ou o mal refere-se aos tropeços (erros que envolvem dolo e culpa) do dia a dia?
O mal considerado por Epicuro seriam crimes, delitos, infrações das regras morais, falta de caráter, etc.? Ou seja, o mal seria resultado da crueldade das ações humanas?
Observe o quão equivocado e complexo é fazer inferências partindo do pressuposto que o mal existe, ou seja, que o mal é real e influencia a existência humana. Simplesmente considerar a questão a partir de uma cosmovisão teísta pode ser pernicioso, pois diferentes interpretações sobre a natureza do mal e suas origens existem, e estas variam conforme as crenças e perspectivas filosóficas.
A análise do Livro de Jó destaca que os três amigos compartilhavam de uma cosmovisão teísta, mas diante da revelação divina, ficou evidente que estavam equivocados. Isso ressalta que ter uma cosmovisão teísta não garante a compreensão plena da verdade. Muitos segmentos do judaísmo e do cristianismo, ao se autodenominarem teístas, não necessariamente refletem concepções verdadeiras.
Admitir a existência do mal exige, no mínimo, delinear sua natureza, algo que muitos teístas não fazem enquanto tentam oferecer respostas ao dilema de Epicuro. Aceitar o problema do mal como um desafio ao teísmo não implica automaticamente que seja uma evidência em favor do ateísmo.
Considerando que Deus, pela eternidade, é conhecedor do bem e do mal, é certo que o mal existe como conhecimento, assim como o bem. Ambos estão intrinsecamente ligados e são inseparáveis, pois se o mal for removido, o conhecimento do bem também desapareceria, e vice-versa.
Isso significa que o mal não possui uma existência como entidade, mas como um saber de natureza cognoscível. O mal não existe ontologicamente, assim como o bem, diferentemente do que se deve inferir do que é ‘bom’ ou ‘mau’.
“Aquele que argui as nações, não castigará? E o que dá ao homem o conhecimento, não saberá?” (Salmo 94:10).
Tomando como base a perspectiva de Plotino, que considera o mal não como um ser, mas como deficiência e privação de ser, Santo Agostinho desenvolveu sua visão sobre a origem do mal. Ele argumentou que o mal é, na verdade, a ausência do bem. Essa compreensão estende-se a três áreas principais:
- metafísico-ontológico – Agostinho explorou a ideia de que o mal não tem uma existência própria, mas surge como uma ausência ou privação do bem. Deus, sendo a fonte do bem supremo, não poderia ser a origem do mal. O mal, portanto, seria a falta de conformidade com a natureza divina;
- moral – Agostinho aplicou sua visão à esfera moral, argumentando que o mal moral, ou o pecado, ocorre quando as criaturas desviam-se da vontade divina. Ele destacou a importância da liberdade humana na escolha entre o bem e o mal. O mal moral, nesse sentido, resulta da má utilização da livre vontade dada por Deus;
- físico – Além disso, Agostinho considerou a dimensão psicológica do mal. Ele explorou como os desejos desordenados, resultantes da queda humana, podem levar a ações moralmente negativas. Novamente, o mal é visto como uma privação do bem, um desvio do caminho prescrito por Deus.
Os arminianistas atribuem a origem do mal ao livre arbítrio do homem, buscando isentar Deus da responsabilidade pelo mal. Já os calvinistas, afirmam que Deus é a causa soberana primária do pecado, mas não seu autor; assim como do mal. No entanto, argumentam que o mal acaba servindo aos propósitos de Deus.
Percebe-se que tanto os pensadores da patrística quanto os pensadores da reforma não consideraram o mal como conhecimento. O mal não pode ser ausência ou privação do bem, visto que o bem e o mal são faces opostas de uma mesma moeda, ou seja, o conhecimento como fruto atrela o bem ao mal, de modo que não há fruto se um dos elementos estiver ausente.
Antes mesmo da criação, o conhecimento do bem e do mal já estava presente em Deus, antecedendo a queda dos anjos e da humanidade. Quando Satanás pecou, ele possuía o conhecimento do bem e do mal, mas não foi esse conhecimento que levou o outrora anjo de luz a pecar.
A queda não ocorreu devido ao conhecimento do bem e do mal, mas sim porque Satanás aspirou ser semelhante ao Altíssimo, buscando uma posição hierárquica superior na ordem celestial, acima dos demais anjos (estrelas de Deus).
“Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.” (Isaías 14:12-14).
Lúcifer foi comissionado por Deus como guarda (ungido para cobrir), no Jardim do Éden, e recebeu uma indumentária que o distinguia dos demais seres angelicais. Ele era repleto de sabedoria e formosura, no entanto, cedeu à tentação de lucrar ou comercializar com a função que exercia, alcançar a semelhança do Altíssimo. Foi esse desejo de ganho pessoal que deu origem à iniquidade, levando, consequentemente, à sua queda.
“Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti. Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti. Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que te veem.” (Ezequiel 28:12-18).
A iniquidade de Lúcifer ocorreu porque ele tentou alcançar algo que estava sendo providenciado para o próprio Criador na pessoa de Cristo, a expressa imagem (semelhança) do Altíssimo. Deus não compartilha Sua glória com ninguém, e ninguém pode arrogar-se ao direito de tomar para si algo que não foi concedido por Deus. Portanto, ao tentar usurpar a posição e glória que pertenciam exclusivamente a Deus na pessoa de Cristo, Lúcifer cometeu uma violência contra o Criador, resultando em seu pecado e subsequente queda.
“Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura.” (Isaías 42:8).
Diferentemente dos anjos, o homem foi criado sem possuir o conhecimento do bem e do mal, mas foi instruído sobre o cuidado que deveria ter com a sua condição diante de Deus (vivo e livre). Isto significa que Adão não era inocente.
Antes mesmo do evento da queda, o conhecimento do bem e do mal foi colocado no meio do jardim, juntamente com a árvore da vida. Isso implica que o bem e o mal, como conhecimento, existiam antes do pecado, indicando que o mal não é uma consequência do pecado.
Quando Adão comeu do fruto do conhecimento do bem e do mal, não ingeriu apenas o mal, e não seria possível consumir apenas o bem, pois o bem e o mal eram a essência do fruto. Isso é semelhante à natureza agridoce de certos frutos cítricos. No momento em que comeu, dois eventos ocorreram:
- Adão morreu por força da lei, que dizia: certamente morrerás;
- E tornou-se como Deus, conhecedor do bem e do mal.
O maior problema de Adão não residia em tornar-se como Deus, conhecedor do bem e do mal; pelo contrário, estava na ofensa, pois por meio de algo que era bom, a lei, o pecado operou a morte.
“Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, operou em mim toda a concupiscência; porquanto sem a lei estava morto o pecado. (…) Logo tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno.” (Romanos 7:8 e 13).
O pecado em si não possuía poder sobre o homem, mas foi a lei que declarava: “certamente morrerás”, que proporcionou a força necessária para que o pecado tivesse domínio sobre o homem, tornando a morte o aguilhão do pecado.
“Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.” (I Coríntios 15:56).
Quando Jesus veio, Seu objetivo não era suprimir o conhecimento do bem e do mal que tornou o homem semelhante a Deus; em vez disso, Ele veio para resolver as consequências decorrentes da ofensa: a morte.
Foi por meio de um homem que o pecado entrou no mundo, e, como resultado, a morte também se manifestou. A Bíblia não afirma que o mal entrou no mundo por meio de um homem, pois o bem e o mal já estavam presentes no fruto da árvore que estava no meio do jardim.
“Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” (Romanos 5:12);
“Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.” (1 Coríntios 15:22).
Jesus não veio para remover o conhecimento do bem e do mal que o homem adquiriu como resultado de seu ato, pois se essa fosse a Sua missão, o homem deixaria de ser semelhante a Deus.
Dado que o conhecimento obtido no Éden jamais será retirado do homem, o que resta para aqueles que nasceram de novo é a transformação através da renovação do entendimento. Todas as ações realizadas por meio do corpo, seja para o bem ou para o mal, estarão sujeitas ao Tribunal de Cristo.
“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:2);
“Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.” (2 Coríntios 5:10).
Adão, quando foi criado, estava no mundo sem pecado e sem o conhecimento do bem e do mal. Cristo, o último Adão, por sua vez, foi gerado de Deus, isento de pecado, pois não foi “gerado do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem” (João 1:12-13). No entanto, ao compartilhar do sangue de Sua mãe, Maria, Ele tinha conhecimento do bem e do mal.
“Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel. Manteiga e mel comerá, quando ele souber rejeitar o mal e escolher o bem. Na verdade, antes que este menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, a terra, de que te enfadas, será desamparada dos seus dois reis.” (Isaías 7:14-16).
Observa-se que Jesus nunca pecou e não houve engano em Sua boca, mas Ele tinha conhecimento do bem e do mal. O profeta deixou claro que o Emanuel comeria manteiga e mel ao aprender a rejeitar o mal e escolher o bem. No entanto, antes que Ele se tornasse exercitado nisso, os dois reinos já não existiriam.
Os salvos em Cristo são isentos de pecado, mas ainda estão sujeitos a praticar o bem e o mal por meio do corpo. Isso não se torna um obstáculo para a salvação, mas apenas em relação ao galardão.
Epicuro comete um equívoco ao partir do pressuposto de que o mal existe e, portanto, seria impossível coexistir com um Deus todo-poderoso, onisciente e bondoso, pois ele não leva em conta as Escrituras, que afirmam que Deus é conhecedor do bem e do mal. Epicuro também não define se o mal existe como ser, ou se é nome dad0 a eventos indesejáveis por causar sofrimento.
Agostinho, por sua vez, equivoca-se ao presumir que, como Deus é o bem supremo, nada que proceda d’Ele poderia ser ruim. Ele não considerou que Deus é conhecedor do bem e do mal, conforme revelado nas Escrituras.
Embora seja digno de reconhecimento o confronto que Agostinho travou com o maniqueísmo, que propunha uma luta eterna entre o bem (espírito) e o mal (matéria), bem como a dualidade entre o bem e o mal, luz e trevas, entre outros, e com o pelagianismo, que negava o pecado original, sua defesa de Deus carecia de respaldo nas Escrituras.
O pecado original é caracterizado como nocivo, maligno, mas não é o próprio mal, e a oposição entre bem e mal não deveria ser vista como uma dualidade entre forças inconciliáveis. O bem e o mal coexistem como formas de conhecimento que se completam, sem um conflito intrínseco entre eles.
O verdadeiro desafio para a humanidade não reside no conhecimento adquirido ao comer do fruto do conhecimento do bem e do mal, mas sim na penalidade imposta pela lei. No entanto, devido à falta de compreensão dessa verdade, a humanidade tem buscado alcançar o divino através de um constante exercício de prática de boas ações segundo a moral humana ao tomar decisões baseadas no conhecimento do bem e do mal.
A natureza do mal
Além de criar todas as coisas, poderia Deus ter criado o mal? Como Ele poderia ter feito isso e, ao mesmo tempo, ter visto que tudo era bom?
“E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.” (Gênesis 1:31).
Para responder a essa questão, teremos que percorrer um longo caminho!
Quando Deus viu que tudo o que havia criado era muito bom, a questão analisada no texto não se refere ao “bom” do ponto de vista ético ou moral, nem sugere que tudo que foi criado evidenciava a bondade e magnanimidade de Deus.
Quando é dito que tudo o que Deus criou era bom, o termo traduzido por “bom”, no contexto, deve ser entendido como tudo o que foi criado estava de acordo com o que deveria ser ou conforme o que era conveniente que fosse, pois tudo o que foi criado era equivalente ao que Deus havia ordenado que fosse.
Pelo contexto, percebe-se que o termo “bom” tem a conotação de funcionalidade, algo divorciado de moral. Similarmente, a palavra “perfeito” no grego não contempla a ideia de perfeição moral, mas aponta para uma questão funcional. Os gregos definiam as coisas pela função que desempenhavam, sem levar em conta questões emocionais ou morais.
Isto posto, não há contradição alguma em Deus ter criado todas as coisas e visto que tudo foi realizado era bom, mesmo tendo colocado a árvore do conhecimento do bem e do mal no meio do jardim.
No entanto, como pode Deus ser bom e ter colocado a árvore do conhecimento do bem e do mal no meio do jardim? Como Deus, sendo bom, pode ser conhecedor do bem e do mal? E como é possível haver tanto sofrimento na humanidade enquanto Deus permanece bom? Será possível conciliar a natureza ‘onipotente’ e ‘boa’ de Deus com o problema apresentado pela filosofia acerca da existência do mal?
Novamente, vale destacar o significado do termo ‘bom’ quando aplicado a Deus nas Escrituras.
“Pois tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para todos os que te invocam.” (Salmo 86:5).
Não importam os eventos do dia a dia, se considerarmos o que significa ser bom segundo as Escrituras. Algumas pessoas veem problema em conciliar as desventuras que acometem a humanidade com o fato de Deus ser bom, mas esse dilema surge apenas quando a teologia tenta responder questões filosóficas sem levar em consideração as Escrituras.
Apesar da mutabilidade e inconstância dos homens, Deus permanece o mesmo, e esse é um atributo que vincula todos os outros.
“Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca.” (Lamentações 3:25).
Considerando o Salmista e as Lamentações de Jeremias, Deus é bom para todos os que O invocam (buscam), tanto que Ele está pronto a perdoar e é abundante em benignidade.
Mas o perdão e a bondade se aplicam apenas aos que invocam a Deus? Sim! E quanto àqueles que não O invocam? Mesmo quando dispensa Sua ira, Deus continua sendo bom.
A Bíblia demonstra que, mesmo se o homem for infiel, Deus permanece fiel, pois não pode negar a Si mesmo.
Não importa os eventos do dia a dia, se considerarmos o que é ser bom segundo as Escrituras. Há quem veja problema em conciliar as desventuras que acometem a humanidade com o fato de Deus ser bom, mas tal dilema só surge quando a teologia se propõe responder questões filosóficas sem considerar as Escrituras.
Apesar da mutabilidade e inconstância dos homens, Deus permanece o mesmo, e esse é um atributo que vincula todos os outros.
“Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca.” (Lamentações 3:25).
Considerando o Salmista e as Lamentações de Jeremias, Deus é bom para com todos os que O invocam (buscam), tanto que Ele é pronto a perdoas e abundante em benignidade.
Mas, o perdão e a bondade dizem respeito somente aos que invocam a Deus? Sim! E aqueles que não invocam a Deus? Deus também é bom, mesmo quando dispensa a sua ira.
“Com o benigno te mostrarás benigno; e com o homem sincero te mostrarás sincero; Com o puro te mostrarás puro; e com o perverso te mostrarás indomável.” (Salmos 18:25-26).
A Bíblia demonstra que se o homem for infiel, Deus permanece fiel, pois não pode negar a si mesmo.
“Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.” (2 Timóteo 2:13).
Essa mesma regra de ouro para a fidelidade de Deus também se aplica ao fato de Ele ser bom. Se o homem for infiel, Deus permanece fiel. Se o homem não invocar a Deus, não será perdoado, no entanto, Deus permanece bom. Como isso é possível? Deus permanece ‘bom’ mesmo quando castiga os transgressores? Sim! A Bíblia é categórica:
“Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” (Tiago 1:17);
“Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.” (Malaquias 3:6).
Quando lemos ‘Deus é bom’, as pessoas geralmente interpretam o termo ‘bom’ como bondoso, benevolente, caridoso, favorável, etc., do ponto de vista sentimental. Contudo, um sentido funcional do termo escapa à visão contemporânea do homem, que é: nobre, verdadeiro, superior, justo, etc.
Para compreender essa nuance do termo, é necessário voltar o olhar para a aristocracia grega (αριστοκρατία), que significa ‘poder dos melhores’ (άριστος/aristos/melhores) e (κράτος/kratos/poder), uma forma de governo em que um grupo elitista controla o poder político.
A designação “poder dos melhores” nos faz lembrar que os aristocratas eram considerados ‘melhores’, ‘bons’, ‘senhores’, ‘distintos’, ‘escolhidos’, ‘verdadeiros’, ‘reais’. O termo grego traduzido por ‘bom’ é ἀγαθούς (agathos), com origem em outra raiz correspondente ao substantivo Arete.
“… continha em si a conjugação de nobreza e bravura militar (…) quase nunca tem o sentido posterior de ‘bom’, como arete não tem o de virtude moral.” Jaeger, Werner, Paideia, A Formação do homem Grego, tradução Artur M. Parreira, São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2003. Pág. 27;
“Senhorio e arete estavam inseparavelmente unidos. A raiz da palavra é a mesma: άριστος, superlativo de distinto e escolhido…” Idem, Pág. 26.
O filólogo Friedrich Nietzsche, no livro ‘A genealogia da moral’, fez a seguinte observação:
“… que significam exatamente, do ponto de vista etimológico, as designações para ‘bom’ cunhadas pelas diversas línguas? Descobri então que todas elas remetem à mesma transformação conceitual – que, em toda parte, ‘nobre’, ‘aristocrático’, no sentido social, é o conceito básico a partir do qual necessariamente se desenvolveu ‘bom’, no sentido de ‘espiritualmente nobre’, ‘aristocrático’, de ‘espiritualmente bem-nascido’, ‘espiritualmente privilegiado’: um desenvolvimento que sempre corre paralelo àquele outro que faz ‘plebeu’, ‘comum’, ‘baixo’ transmutar-se finalmente em ‘ruim’.” Nietzsche, Friedrich, Genealogia da moral – Uma polêmica, Tradução Paulo César de Souza, São Paulo: Companhia das Letras, 2009. Pág. 18.
Quando a Bíblia diz que Deus é bom, o sentido do termo ‘bom’ refere-se a ‘alguém que é, que tem realidade, que é real, verdadeiro’.
Quando o apóstolo Paulo disse: “De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado.” (Romanos 3:4), qual o significado dos termos ‘verdadeiro’ e ‘mentiroso’?
Percebe-se que ao citar os Salmos, o apóstolo Paulo destaca que Deus é real, rei, da realeza, nobre, distinto, e, portanto, verdadeiro. Isso é diferente do homem, que é vil, baixo, ralé, e, portanto, mentiroso.
Como interpretar os termos ‘maus’ e ‘bons’ na parábola das bodas? Tem alguma nuance de cunho moral? Não! No texto, ‘maus’ e ‘bons’ têm o sentido de ‘vis’ e ‘nobres’, ‘pequenos’ e ‘grandes’, pois o Senhor da parábola não faz acepção de pessoas.
“E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados.” (Mateus 22:10);
“Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.” (Mateus 5:45).
No sermão da montanha, qual o sentido de maus e bons? Ora, sabemos que Deus não faz acepção de pessoas, e que o sol nasce sobre nobres e comuns, justos e injustos, portanto, o sentido das palavras ‘maus’ e ‘bons’ não podem ser interpretadas como sendo de ordem moral.
Observe a parábola da candeia:
“A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso.” (Mateus 6:22-23).
O comentarista Barclay recomenda traduzir ‘bom’ por generoso, porém, essa não é a tradução correta, pois a ideia de generoso refere-se à liberalidade dos nobres em fazerem o que quisessem com o que lhes pertencia.
“Para obter um texto mais fiel ao original devemos traduzir aqui generoso em lugar de bom ou simples. Jesus elogia o olho generoso.” Barclay, Willian, Comentário do Novo Testamento. Pág. 264.
Interpretar a parábola da candeia conforme Barclay é temerário, pois dá azo para um entrave na interpretação do seguinte verso:
“Ou não me é lícito fazer o que quiser do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom?” (Mateus 20:15).
Conforme a liberalidade dos nobres, algo que era próprio aos ‘bons’, eles podiam fazer o que bem entendessem com o que lhes pertencia. Assim, não é coerente entender que os olhos dos trabalhadores não eram ‘generosos’.
O Senhor em questão, de elevada estirpe, repreende os trabalhadores convidados a laborarem em sua vinha por censurarem o que estava fazendo com o que era dele. Na concepção atual, seria um absurdo o patrão pagar a quem fez menos horas o mesmo salário que a quem fez mais, mas na concepção da época, seria considerado despautério simplesmente censurar a liberalidade do nobre.
“Por três coisas se alvoroça a terra; e por quatro que não pode suportar: Pelo servo, quando reina; e pelo tolo, quando vive na fartura; Pela mulher odiosa, quando é casada; e pela serva, quando fica herdeira da sua senhora.” (Provérbios 30:21 -23).
A análise dos textos bíblicos não deve se limitar ao significado que os termos possuem em nossos dias, uma vez que esse significado é moldado pelas definições que a sociedade atual atribui a esses termos. A análise deve considerar o sentido dos termos quando empregados na época em que foram escritos.
Observe uma análise correta feita por Jaeger acerca dos poemas de Teógnis:
“O poeta aconselha a que se evite o trato com os maus (kakoi), em que o poeta engloba todos os que não pertencem a uma estirpe nobre; por outro lado, também, nobres (agathos) só se acham entre seus iguais.” (Jaeger, Paideia, 244).
Além disso, se a proposta é ler bem as Escrituras, faz-se necessário considerar o uso dos termos nas questões do dia a dia, deixando de lado o uso que os acadêmicos da filosofia à época fizeram de determinados termos, pois a matéria e o pensamento acadêmico eram muito distantes das questões cotidianas da sociedade.
Enquanto a sociedade definia as coisas levando em conta a função, os filósofos, desde Sócrates, levantavam questões e investigavam a natureza do ser, a própria realidade, a existência dos entes e as questões metafísicas. O conhecimento produzido pelos filósofos na época nos centros acadêmicos carregava uma certa impressão moral e ética, conhecimento que ainda não era vivenciado pela sociedade.
Termos que eram empregados para perpetuar o lema da nobreza, como ‘agathos’, que distinguia o homem nobre do homem comum, mentiroso, vil (Jaeger, Paideia, Pág. 19), ao longo do tempo passaram a ser utilizados para designar sentimentos e práticas envoltas em viés ético e moral.
A questão de os olhos serem maus ou bons tem em foco a funcionalidade do sentido, e não uma questão moral ou ética. O senhor, por ser bom, pode fazer o que bem quiser com o que lhe pertence, mas o homem vil, que não compreende as nuances da liberalidade daquele que tem a realeza, censura a liberalidade do nobre. Em outras palavras, os olhos do vil são maus, pois não cumprem a sua função: o vil está preso à sua ignorância.
Analisando vários versículos que utilizam os termos ‘bom’ e ‘mau’, percebe-se que os tradutores, muitas vezes influenciados por uma concepção equivocada derivada de impressões modernas, traduzem o termo ‘bom’ com viés moral, em vez de registrar como ‘nobre’. Não considerar a raiz etimológica do termo ‘agathos’, que significa ‘alguém que é, que tem realidade, que é real, verdadeiro’, compromete a interpretação e compreensão dos textos bíblicos.
Quando a Bíblia afirma que Deus é bom, a definição não fica no campo da ética ou da moral; antes, o que se evidencia é a nobreza, o senhorio e a realeza de quem é soberano. É por isso que Deus se apresenta como o ‘Eu sou’, pois Ele é verdadeiro, soberano, ou seja, aquele que é Real. Através do conceito extraído do termo ‘agathos’, a concepção proveniente da frase ‘Deus é bom’ transmuta-se e transmite um significado peculiar às sociedades aristocratas.
Quando consideramos que Deus é bom, nobre, distinto, Senhor, Pai, etc., não há contradição alguma entre severidade e bondade em Deus.
“Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado.” (Romanos 11:22).
Deus é severo e benigno em razão de ser nobre, superior, ou seja, bom, o que exclui qualquer tipo de paradoxo entre o fato de Deus ser bom e haver sofrimento no mundo.
Após conhecer as várias aplicabilidades para os termos ‘bom’ e ‘mau’, como entender a declaração de Jesus “Ninguém há bom, senão um, que é Deus”?
“Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus.” (Lucas 18:19).
Jesus estava destacando que Deus é bom por figurar em polo oposto ao mal, algo que é próprio à concepção filosófica ou teológica dualista? Não! A questão aponta para a soberania de Deus, que é descrita como Aquele que é o único verdadeiro, real, veraz.
Quando é dito: ‘seja Deus verdadeiro’, o apóstolo Paulo está se referindo à soberania de Deus que é real, um contraponto à condição do homem caído, que é descrito como mentiroso, vil. Mentiroso refere-se à natureza do homem, que remete a uma condição, e não a hábitos, caráter ou moral desregrada.
“De maneira nenhuma! Sempre seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso, como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras e venças quando fores julgado.” (Romanos 3:4).
Neste ponto, faz-se necessário uma observação. Quando Adão foi criado, ele era santo, justo e bom, pois participava da natureza divina. No entanto, ao pecar, a condição de Adão mudou, e ele passou a um estado de impureza, ímpio e mau, no sentido de ser vil.
Quando se designa o homem como mau, nesse contexto, não se refere a alguém maldoso, insensível ou cruel do ponto de vista do caráter, da moral ou da ética. É por isso que é dito dos fariseus:
“Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?” (Mateus 7:11).
Apesar de os escribas e fariseus serem maus diante de Deus, ou seja, vis, baixos, ralé, mentirosos, eles estavam aptos a praticar boas ações aos seus semelhantes. A prática de boas ou más ações não define se alguém é bom ou mau diante de Deus, pois a condição ‘bom’ ou ‘mau’ é decorrente do nascimento.
Todos os descendentes de Adão são considerados maus diante de Deus, e todos os nascidos de novo em Cristo são considerados bons.
Respostas equivocadas de alguns cristãos
Um equívoco primário surge da interpretação equivocada que muitos fazem de um versículo do profeta Isaías:
“Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas.” (Isaías 45:7).
Quando retirado do contexto, esse versículo parece sugerir que Deus é o criador do mal. No entanto, é crucial observar que o verbo está no presente (“eu crio”), indicando uma ação em andamento no momento da profecia, e não uma referência à criação em geral.
Observando o contexto, Deus está noticiando os filhos de Israel o que estava realizando ao eleger Ciro como o seu servo para executar a obra de repatriar os judeus após a diáspora.
Ao examinar o contexto mais amplo, percebemos que Deus está comunicando aos filhos de Israel o que está acontecendo no momento em que escolhe Ciro como seu servo para realizar a obra de repatriar os judeus após a diáspora. Isso implica que a deportação de Israel ocorreu porque Deus assim o quis, devido à desobediência de Israel, conforme profetizado por Moisés. No entanto, a repatriação também é um ato exclusivo de Deus.
A distinção entre o verso 7 e o verso 12 do capítulo 45 de Isaías é notável. Enquanto o verso 12 aborda a criação, conforme descrito no Gênesis, o verso 7 está relacionado à formação da nação e à deportação. A analogia entre a saída dos filhos de Israel do Egito e a criação de luz e paz, contrastando com a deportação que representa trevas e mal, destaca a ação divina como o agente por trás desses eventos.
Por exemplo, a libertação dos filhos de Israel do Egito, simbolizada como a criação de luz e paz, evidencia o papel de Deus como o promotor do bem. Em contraste, a deportação é caracterizada como trevas e mal, indicando que, mesmo nesses momentos desafiadores, Deus conduz os eventos históricos da nação de Israel objetivando cumprir a boa palavra anunciada a Abraão.
“E será que, sobrevindo-te todas estas coisas, a bênção ou a maldição, que tenho posto diante de ti, e te recordares delas entre todas as nações, para onde te lançar o SENHOR teu Deus, e te converteres ao Senhor teu Deus, e deres ouvidos à sua voz, conforme a tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o teu coração, e com toda a tua alma, então o Senhor teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se compadecerá de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações entre as quais te espalhou o Senhor teu Deus.“ (Deuteronômio 30:1-3).
O que está em relevo no texto é a função do rei Ciro, que tinha a incumbência de repatriar os filhos de Israel.
“Eu o despertei em justiça, e todos os seus caminhos endireitarei; ele edificará a minha cidade, e soltará os meus cativos, não por preço nem por presente, diz o Senhor dos Exércitos.” (Isaías 45:13).
Uma falácia comum é argumentar que Deus, sendo bom, concedeu livre-arbítrio às suas criaturas, resultando na rebelião e na origem do mal no universo. De acordo com essa concepção, o mal não é considerado algo separado de Deus, mas sim uma consequência indireta do uso inadequado da liberdade concedida. O mal é muitas vezes descrito como a ausência do bem, uma corrupção presente em entidades reais. O desvio humano do que é bom é percebido como a corrupção que transforma a possibilidade do mal em realidade. Nesse contexto, alguns argumentam que Deus não elimina o mal porque isso exigiria a abolição do livre-arbítrio. No entanto, há a perspectiva de que Deus eventualmente derrotará o mal de maneira definitiva.
Outra abordagem destaca que Deus tem um propósito determinado para tudo, incluindo o mal, que pode servir como um meio de alerta moral. A dor é apresentada como um “megafone de Deus”, sugerindo que o mal pode ser usado para transmitir mensagens morais importantes. Este argumento ressalta que parte do mal pode ser derivada do bem, e Deus é capaz de extrair coisas boas mesmo de situações adversas. Não é necessário que cada evento específico tenha um propósito bom, apenas o propósito geral precisa ser positivo.
Por outro lado, alguns calvinistas adotam uma visão mais radical, afirmando que Deus é o autor do pecado, e aceitam que não há uma resposta clara sobre por que Deus causou o pecado. Nesse contexto, argumentam que o mal não representa um problema para o Cristianismo, nem contradiz a visão de que Deus é o “autor do pecado”. A falta de informação é considerada o único aspecto em questão.
Dentro desse contexto, alguns seguidores dessa linha de pensamento afirmam que o homem não possui livre-arbítrio e que todas as ações humanas são uma expressão da vontade divina. Essa perspectiva teológica, muitas vezes associada ao calvinismo e à doutrina da predestinação, argumenta que Deus é o autor de todas as ações, incluindo aquelas que são consideradas más.
De acordo com essa visão mais determinista, a ideia do livre-arbítrio humano é negada, e a ênfase recai sobre a soberania absoluta de Deus sobre todos os aspectos da vida humana. As ações dos indivíduos são percebidas como parte do plano divino, e cada evento, incluindo escolhas morais, é considerado como resultado da vontade de Deus.
Essa abordagem levanta questões complexas sobre responsabilidade moral e o papel da agência humana. Ao negar o livre-arbítrio, essa perspectiva sugere que as escolhas individuais não são completamente autônomas, mas sim guiadas pela vontade divina preestabelecida.
Outros defendem a soberania e onipotência de Deus, destacando que nada ocorre fora do seu absoluto controle, inclusive o mal. No entanto, reconhecem a complexidade desse conceito, ressaltando a impossibilidade de compreender totalmente como isso se desenrola, e enfatizando que nunca se deve afirmar que Deus é o criador do mal.
Apesar das diversas teorias que cercam a questão do mal, seja através de abordagens psicológicas, metafísicas ou sobre a sua natureza intrínseca, como parte da realidade, expressão de uma pobreza ontológica, elemento dinâmico que contribui para o desenvolvimento lógico-metafísico do existente, ausência de realidade, afastamento de Deus, ou ainda como um sacrifício que opera em benefício do todo, é evidente que, através do que foi listado, os pensadores parecem concordar que a origem do mal está relacionada à finitude e fragilidade da natureza humana.
A finitude e fragilidade são características inerentes à condição humana. Diante dos infortúnios que sublinham a impotência do ser humano, este rotula tais eventos como mal.
A filosofia, por sua vez, questiona a teologia sobre a natureza do mal. A resposta teológica, por sua vez, abrange diversas perspectivas, argumentando que o mal procede de Deus, originou-se no ser humano, decorre do acaso, ou tem suas raízes na natureza, na matéria ou em outras fontes. Essa complexidade reflete a busca contínua por compreender a natureza do mal, e não consideram que denominam mal tudo que decorre ou afeta o homem devido as suas limitações e vulnerabilidades.
A teologia, por sua vez, estabeleceu um ponto de inflexão em relação à filosofia ao afirmar que o pecado é a causa de todos os males, tanto físicos, manifestados como dor e sofrimento, quanto morais, relacionados ao orgulho, desobediência, entre outros. O equívoco reside em rotular o mal como uma consequência da transgressão da lei divina, o que, por sua vez, resulta em sofrimento, dor e morte.
No entanto, esse posicionamento não capta integralmente a perspectiva da Bíblia, que identifica o mal o fato de todos os homens igualmente estarem sujeitos a eventos favoráveis e adversos na vida.
“Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento. Este é o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol; a todos sucede o mesmo; e que também o coração dos filhos dos homens está cheio de maldade, e que há desvarios no seu coração enquanto vivem, e depois se vão aos mortos.” (Eclesiastes 9:2-3).
O Pregador categoriza de maneira genérica os infortúnios da vida como um mal, sem fazer menção a pecado, moral, psicologia ou metafísica. A constatação de que esses eventos afetam igualmente a todos, independentemente de quem são ou do que fazem, é considerada o grande mal — algo inerente à própria existência humana.
Embora a equidade da vida deva ser elogiada, no contexto dos infortúnios, acaba sendo interpretada como o mal que se abate sobre todos.
“Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha, nem tampouco dos sábios o pão, nem tampouco dos prudentes as riquezas, nem tampouco dos entendidos o favor, mas que o tempo e a oportunidade ocorrem a todos.” (Eclesiastes 9:11).
O pecado e o mau
Muitos teólogos afirmam ser defensores de Deus, no entanto, demonstram um desconhecimento da Sua palavra. O que é ainda mais preocupante é que, enquanto as armas do cristão deveriam se restringir à palavra de Deus, considerada poderosa para destruir fortalezas, esses estudiosos frequentemente recorrem a instrumentos oferecidos pelo mundo.
“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas” (2 Coríntios 10:4; 6:7; Romanos 13:12);
“Porventura por Deus falareis perversidade e por ele falareis mentiras?” (Jó 13:7).
O apóstolo Paulo advertiu os cristãos a não se deixarem aprisionar por questões filosóficas, no entanto, é notável que na teologia, seja contemporânea ou clássica, frequentemente nos deparamos com abordagens que seguem os rudimentos do mundo.
“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” (Colossenses 2:8).
Ao se envolverem com a filosofia, muitos cristãos afirmam que a questão do mal está intrinsecamente ligada à crença em um Deus onipotente e amoroso.
“A rigor, a desgraça humana, ou o mal em todas as suas formas, é um problema somente para a pessoa que crê num Deus único, onipotente e todo amoroso.” Anderson, Francis I. apud Luiz Sayão em ‘Se Deus é bom, por que existe o mal?’, artigo disponível na web.
No Gênesis, a primeira menção ao termo “bom” ocorre ao destacar a funcionalidade de todas as criações divinas, indicando que Deus viu que tudo era bom (Gênesis 1:25). Por contraste, a primeira referência ao termo “mau” associa-se aos habitantes de Sodoma, caracterizados como pessoas de índole negativa (Gênesis 13:13).
No livro de Jó, o termo “bom” é utilizado para expressar o que é apropriado (Jó 13:9), enquanto o termo “mau” é empregado para descrever o homem criminoso e perverso (Jó 3:17). Além disso, no Gênesis, o termo traduzido por “mal” surge entrelaçado com o bem, representando conhecimento e evidenciando a indissociabilidade desses conceitos (Gênesis 2:19). No livro de Jó, o termo “mal” destaca a integridade moral de Jó (Jó 1:8), sendo posteriormente utilizado para referir-se às vicissitudes da vida, contrastando com a auspiciosidade (Jó 2:10).
Observa-se que os termos “bom” e “mau”, assim como “bem” e “mal”, adquirem significados específicos conforme o contexto em que são empregados. Nota-se também que o problema do mal não especifica a natureza desse mal.
Embora seja comum na teologia relacionar o pecado ao termo “mal”, do ponto de vista bíblico, o pecado está mais próximo do termo “mau” do que de “mal”. O pecado impactou a natureza originalmente boa do homem, transformando-a em uma condição má.
Assim como Deus é vida, justo e bom, o homem, ao compartilhar dessa natureza, é vivo, justo e bom. Contudo, com a queda, a natureza humana degradou-se, tornando-se morta, culpável e má.
O homem passou a condição de mau no sentido de vil, mentiroso, plebe, inferior, entre outros, em contraste com o que é bom, real, verdadeiro, nobre. Essa condição má não possui correlação com a psique ou a moral do homem, ou como anunciam várias correntes teológicas que derivam do conceito do pecado original agostiniano, como a depravação total.
Afirmações arminianas e calvinistas que destacam a incapacidade do homem, em seu estado pecaminoso e caído, de pensar, querer ou fazer o que é genuinamente bom[1], são questionadas à luz das Escrituras.
“Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?” (Mateus 7:11).
Nesta passagem, o termo “homem mau” refere-se aos fariseus, uma seita religiosa fervorosa dentro do judaísmo (Atos 26:5). Apesar de sua dedicação ao judaísmo, eles são caracterizados como maus, ou seja, vis, pecadores, mentirosos, mancha, conforme mencionado em Deuteronômio 32:5.
O escravo do pecado tem seu corpo subjugado, não necessariamente seus pensamentos e emoções. Portanto, para alcançar a libertação do pecado, é necessário morrer para o velho homem, crucificando-o, a fim de que uma nova criatura possa ressurgir.
Assim como os servos da justiça não têm seus pensamentos e sentimentos submetidos à servidão, os servos do pecado também não têm seus pensamentos e sentimentos sujeitos ao pecado.
A condição de ser um “homem mau” é algo que o pecador herda desde o nascimento, quando é gerado em pecado. A maldade, nesse contexto, não está necessariamente relacionada a desvios de conduta, crimes, depravação ou maldade, mas sim à natureza caída.
Do ponto de vista bíblico, o pecado tem sua origem em um único homem: Adão. Seu ato de desobediência ao mandamento, onde a penalidade era a morte (no sentido de separação de Deus, não de perecer fisicamente), afetou toda a humanidade. Todos os descendentes de Adão são considerados pecadores não por transgredirem, mas porque foram afetados por esse ato inicial.
Os descendentes de Adão são retratados como escravos do pecado devido à condição que foi imposta a todos, sem exceção, seja judeus ou gentios, como resultado da queda. Isso significa que, independentemente dos esforços ou desejos dos descendentes de Adão de se libertarem do pecado, enquanto estiverem vivos, permanecerão sob seu jugo.
A condição do homem sob o domínio do pecado é caracterizada como má, mentirosa, manchada, vil, sem considerar seu comportamento ou consciência. Diante de Deus, tanto Madre Teresa de Calcutá quanto Hitler são colocados na mesma condição; são considerados maus, vis, ou seja, pecadores.
O único evento capaz de libertar o homem do pecado é a morte, tornando assim impossível salvar-se a si mesmo. O pecador não tem a capacidade de se redimir a si mesmo ou a outros, pois se morrer na condição de escravo do pecado, enfrentará a perdição eterna.
Permanecer sob o domínio do pecado não é resultado da incapacidade de pensar ou realizar ações boas e corretas. Mesmo os judeus, apesar de seu zelo por Deus, não puderam se salvar, pois esse zelo não estava em conformidade com o conhecimento em Cristo (Romanos 10:2).
Observe que o pecado não submete a vontade ou as intenções do indivíduo:
“Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.” (Romanos 7:15-21).
Jesus não veio libertar a vontade do homem, e sim, destruir tanto a lei do pecado quanto a morte. O pecado continuará tendo domínio sobre os descendentes de Adão, mas Cristo veio destruir tanto a morte, o que prende o homem ao pecado, quanto a lei, que dá força ao pecado.
“Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.” (1 Coríntios 15:56).
O pensamento equivocado de que Deus tem que libertar a vontade do homem, segundo o que pensa a doutrina reformada sobre a regeneração, não encontra amparo nas Escrituras. Observe:
“E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.” (Hebreus 2:14-15).
A única coisa que mantém um escravo sob o domínio de seu senhor é o temor da morte. Ao oferecer vida aos escravos do pecado através de Sua morte, Cristo dissolve o temor da morte, proporcionando aos homens uma saída de uma existência (morte) sujeita à escravidão do pecado.
Isso implica que um homem, marcado pela condição do pecado original, pode realizar boas ações, como fornecer alimentos aos seus semelhantes. Mesmo sendo mentirosos, em contraste com o que é real, os descendentes de Adão podem gerir as suas ações através do conhecimento do bem e do mal adquirido no Éden.
Como entender essa realidade? Quando um pai educa e corrige um filho, a correção, embora possa parecer má em certo aspecto, visa o bem. Por outro lado, alguém que dá esmolas pode parecer estar fazendo o bem, mas tal ato pode perpetuar a dependência de quem vive de esmolas, o que, na realidade, é prejudicial. Esses exemplos ilustram a inseparabilidade do bem e do mal.
Essa verdade bíblica, de que o conhecimento do bem e do mal é inseparável, embora consideremos esses conceitos antagônicos devido às distorções inerentes ao pensamento e observação humanos, deu origem a diversas religiões e sistemas filosóficos cujas divindades ou princípios são dualistas: a coexistência de dois princípios essenciais, de duas posições ou de duas realidades opostas entre si, como espírito e matéria, luz e trevas, corpo e alma, bem e mal, etc., em constante conflito.
Agora, segundo a Bíblia, um homem mau, mesmo que realize boas ações, ainda assim jamais dirá palavras boas.
“Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?” (Mateus 7:11);
“Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.” (Mateus 12:34).
Para elucidar a impossibilidade de um homem mau proferir palavras boas, a metáfora da árvore e seus frutos serve como uma ilustração precisa dessa verdade.
Assim como uma árvore é reconhecida pelos frutos que produz, o que revela sua verdadeira natureza, da mesma forma, as palavras que emanam de um indivíduo refletem o âmago de seu ser. Um homem mau, cuja condição é derivada do pecado original, pode até realizar boas ações, como uma árvore que, por um tempo, parece saudável e frutífera. No entanto, ao se expressar verbalmente, suas palavras revelarão a verdadeira natureza do seu coração.
Essa analogia ressalta a coerência entre a fonte (o coração do homem) e suas expressões (suas palavras), destacando que, mesmo que ações benéficas possam ser realizadas, a inclinação intrínseca do coração continuará determinando a natureza das palavras proferidas.
“Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo.” (Mateus 7:17-19).
Se analisarmos a figura da árvore, a semente é o fator determinante da condição do homem ser bom ou mau. Considerando que uma árvore má produz frutos maus e, como resultado, será cortada, isso sugere que essa árvore má não foi plantada por Deus.
A figura da árvore e seus frutos, frequentemente usada na Bíblia, ilustra a relação entre a natureza de um indivíduo, decorrente da semente, e o único modo de manifestação dessa natureza se dá por palavras (os frutos), jamais por ações. Se uma árvore é má e produz frutos maus, isso indica que sua origem, simbolizada pela semente, não decorre da vontade de Deus.
“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 7:21);
“Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe.” (Marcos 3:35).
Essa analogia sugere que a semente desempenha um papel crucial em determinar se uma pessoa será reconhecida como boa ou má. Aqueles que são fundamentados na palavra de Cristo, o que é diferente de princípios religiosos e valores éticos, são “árvores” plantadas por Deus, enquanto aqueles cujas raízes estão em desacordo com a vontade de Deus são identificados como árvores que eventualmente serão cortadas.
“Ele, porém, respondendo, disse: Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou, será arrancada.” (Mateus 15:13).
A natureza “má” inerente à humanidade resulta do processo de nascimento natural, onde a geração ocorre por meio do sangue, da vontade da carne e da vontade humana. Em contraste, a condição “boa” emerge do novo nascimento espiritual, sendo gerado de novo pela palavra de Deus, representada como a semente incorruptível.
“Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre. Porque Toda a carne é como a erva, E toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; Mas a palavra do SENHOR permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada.” (1 Pedro 1:23-25).
“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” (João 1:12-13).
Considerando a perspectiva bíblica, que define a condição do homem como boa ou má diante de Deus, assemelhando-se a um status social que reflete padrões encontrados em sociedades antigas (como livre e servo), e reconhecendo que o bem e o mal estão associados ao fruto do conhecimento da árvore no Éden, torna-se evidente que o problema do mal, frequentemente discutido pela filosofia, não subsiste diante do Deus onipotente e bom descrito na Bíblia.
Além disso, as vicissitudes e infortúnios da existência humana, muitas vezes considerados como mal, podem ser compreendidos como questões decorrentes da fragilidade e finitude da natureza humana.
[1] Jacó Armínio (2013). As obras de Armínio. [S.l.: s.n.] ISBN 9788526313040 – Wikipédia.
Esta leitura foi reveladora para mim! Nunca presenciei tamanha sabedoria para elucidar uma questão tão complexa quanto a origem do mal e sua relação com a vida humana. Este estudo, além de inteligente, foi repleto de revelações que, sem dúvida, foram concedidas pelo Espírito Santo. Agradeço imensamente por ter me ajudado a compreender estas questões complexas, senhor Claudio Crispim.