Qual mérito há em aceitar e beber um copo de água oferecido a quem tem sede? Que virtude existe em receber gratuitamente o vinho e o leite? Ou que mérito se encontra em apenas olhar para a direção indicada e, assim, alcançar a salvação? (João 4:14; 7:37; Isaías 45:22; 55:1).
A salvação é condicionada ou incondicionada?
Conteúdo do artigo
Introdução
A discussão sobre se a salvação é ou não condicionada envolve uma questão de posicionamento doutrinário: haveria algum mérito no homem que crê em Cristo?
Um segmento da teologia sustenta que a salvação não é concedida àqueles que simplesmente ouvem a mensagem do evangelho e decidem, por livre vontade, crer em Cristo. Segundo essa linha de pensamento, sem uma graça ‘especial’ oferecida apenas a alguns eleitos e predestinados, seria impossível que o homem acreditasse no evangelho. Esse argumento enfatiza que, se o homem decidisse crer em Cristo apenas ao ouvir a mensagem, isso implicaria mérito pessoal, fazendo dele um participante na obra da salvação.
Vamos analisar essa posição à luz das Escrituras.
Convite à salvação
No Antigo Testamento, a salvação é apresentada ao povo de Israel de diversas maneiras. Dentre elas, destacam-se:
- Como ordem – “Olhai para mim, e sereis salvos…” (Isaías 45:22);
- Como convite – “Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” (Isaías 55:1);
- Como orientação – “E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal” (Joel 2:13);
- Como promessa – “E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o SENHOR, e entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar.” (Joel 2:32).
No Novo Testamento, Jesus explica e convida seus ouvintes:
“Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.” (João 4:14).
“No último dia, o grande dia da festa, Jesus se levantou e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (João 7:37).
Esses versículos apresentam tanto uma condição a ser satisfeita pelo homem quanto uma necessidade intrínseca do ser humano.
Considerando os versículos citados, são os homens chamados a salvarem a si mesmos, ou a olharem para Deus, que é quem salva? São eles convidados a ‘vir’ às águas ou a prover água para si?
A promessa é incondicional
No Antigo Testamento, a ideia de ‘promessa’ não era concebida como a entendemos hoje. Bastava que alguém declarasse uma palavra referente ao futuro para que fosse aceita como verdadeira e digna de confiança.
“…onde nossas versões portuguesas dizem que alguém prometeu alguma coisa, o hebraico simplesmente afirma que alguém disse ou proferiu (‘amar, dabhar) alguma palavra com referência ao futuro…” (Promessa. In: DOUGLAS, J.D. O novo dicionário da Bíblia, t.II, p.1330).
A declaração ‘… será salvo…’ implica que se invoque ao Senhor, mas a palavra da promessa de Deus — aquele que não pode mentir — a providência da salvação em Cristo que se revela incondicional, conforme se lê:
“… porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento…” (Joel 2:32).
“Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos eternos” (Tito 1:2).
A palavra de Deus sobre a salvação tem seu fundamento em Cristo e foi estabelecida ‘antes dos tempos eternos’. Deus falou sobre a salvação e o Cordeiro de Deus foi oferecido em sacrifício antes da existência da humanidade. No tempo oportuno, o evangelho tem sido proclamado, oferecendo salvação a todos os homens (Tito 1:3).
Ao prometer (epangelia) a salvação, Deus não impôs nenhuma condição, visto que aqueles que seriam salvos ainda não existiam. O que era necessário para a salvação, conforme a palavra anunciada antes dos tempos eternos, Deus providenciou: o Cordeiro, que foi sacrificado antes da fundação do mundo (Apocalipse 13:8).
Nesse sentido, não há como associar a promessa de salvação a algum mérito humano, pois o que era necessário para o homem ser salvo foi providenciado por Deus antes mesmo da criação da humanidade: o Cordeiro.
Deus fez uma promessa a Abraão de que sua descendência seria tão numerosa quanto as estrelas do céu e, gratuitamente, concedeu-lhe uma herança (Gênesis 15:5-7). Essa promessa foi incondicional, e, embora tenha sido baseada no descendente de Abraão, sua fé na promessa foi imputada como justiça. Assim, apesar de a promessa ser incondicional, a Abraão foi concedida gratuitamente uma herança.
“Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo.” (Gálatas 3:16);
“Porque, se a herança provém da lei, já não provém da promessa; mas Deus pela promessa a deu gratuitamente a Abraão.” (Gálatas 3:18).
A palavra da promessa é incondicional quando tem em vista o Cristo:
“Porque a palavra da promessa é esta: Por este tempo virei, e Sara terá um filho.” (Romanos 9:9).
Tudo o que envolve a providência de Deus para a salvação é incondicional. Exemplos disso incluem a misericórdia de Deus para com a nação de Israel (Lamentações 3:22-23) e o propósito eterno que Deus estabeleceu em Cristo (2 Timóteo 1:9). Por outro lado, tudo o que envolve o indivíduo, tanto na Antiga quanto na Nova Aliança, está condicionado à sujeição do homem a Deus.
A condição a ser satisfeita
Quando Deus diz: “Olhai para mim, e sereis salvos…” (Isaías 45:22), sua palavra revela duas verdades:
- Se o homem precisa ser salvo é porque está perdido;
- Para alcançar o que foi proposto precisa olhar.
É por isso que Jesus disse a Nicodemos: “Necessário vos é nascer de novo” (João 3:7b). A necessidade de salvação é urgente para todos, pois estão perdidos, e somente Deus pode suprir essa necessidade (João 3:18).
Deus destacou aos homens a necessidade do novo nascimento, mas o novo nascimento é algo que eles não podem realizar por si mesmos.
Pode o homem promover seu próprio novo nascimento? Não! Assim como é impossível ao homem nascer de novo por suas próprias forças, também é impossível trazer um novo ser ao mundo sem a intervenção de algo maior. Mas por que, então, Jesus alerta Nicodemos sobre a necessidade de nascer de novo? Porque, da mesma forma que a vontade do homem é essencial para trazer um ser à vida segundo a carne, a vontade do homem também é necessária para que um novo homem nasça da água e do espírito.
Assim, o homem nasce de novo pela água (a palavra) e pelo espírito (de Deus). O homem não pode prover a água ou o espírito, mas deve atender ao chamado de Deus, que é quem lhe concede um novo coração e um novo espírito, algo que só Deus pode criar (Salmo 51:10).
Portanto, quando lemos: ‘Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado’ (Marcos 16:16), devemos entender essa mensagem como um convite à salvação, onde crer no evangelho é fundamental para a salvação. No que diz respeito à salvação, o homem nada pode fazer além de descansar na promessa, que é crer.
A expressão ‘Quem crer…’ refere-se a uma oferta de salvação feita a todos os homens, preservando o livre-arbítrio. Como oferecer salvação gratuita sem influenciar o homem? A influência está na mensagem, que revela que o homem está perdido e necessita de salvação.
Quando lemos: ‘Quem crer em mim, como diz a Escritura…’ (João 7:38), alguns entendem o ‘crer’ no evangelho como uma obra meritória do homem. No entanto, o evangelho não estabelece exigências que o homem deva realizar para satisfazer a Deus, pois se assim fosse, deixaria de ser uma oferta graciosa e se tornaria um acordo entre as partes.
Para compreender melhor a oferta redentora, é essencial considerar os elementos que envolveram a queda da humanidade em Adão. Quando lemos: ‘De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás, pois no dia em que comeres, certamente morrerás’ (Gênesis 2:17), percebemos que Deus enfatizou a plena liberdade que o homem possuía para comer de todas as árvores do jardim.
Em seguida, Deus alertou sobre as consequências de se escolher o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal: certamente morrerás.
O homem recebeu liberdade plena, com garantias (acesso a todas as árvores), meios (a árvore da vida, a árvore do conhecimento do bem e do mal, e uma variedade de árvores frutíferas) e o conhecimento necessário para exercer essa liberdade (restrição com consequências).
Quando tentou a mulher, Satanás enfatizou apenas a proibição: ‘É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?’ (Gênesis 3:1). Onde Deus havia estabelecido plena liberdade, Satanás apresentou uma restrição. Da mesma forma, ao anunciar: ‘Quem crer em mim…’, a ênfase é a salvação oferecida a todos os homens. Todos os que crerem, sem exceção, serão salvos: ‘Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar’ (Atos 2:39).
Assim, ao dizer ‘Quem crer…’, entende-se o mesmo que: ‘A promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos (judeus), e a todos os que estão longe (gentios), a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar’. Deus não restringe sua graça; ao contrário, manifesta-a a todos que recebem o anúncio da promessa, pois seu desejo é que ninguém se perca, mas que todos cheguem ao conhecimento da vida eterna (1 Timóteo 2:4).
Por isso, o apóstolo Paulo afirmou que a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens (Tito 2:11). ‘Todos’ não se refere a uma salvação oferecida indistintamente a todos, incluindo os que não creem; em vez disso, indica que não há distinção entre os homens, sejam judeus ou gentios.
A bondade manifesta de Deus não veio por obras de justiça realizadas pelo homem, mas por meio de sua misericórdia (Tito 3:4-5). Essa graça foi concedida aos homens antes dos tempos eternos e manifestada através da vinda de Jesus, o Salvador, que destruiu a morte, trazendo à luz a vida e a imortalidade pelo evangelho (2 Timóteo 1:9-10).
A graça foi dada aos homens num tempo imemorial, com a oferta do Cordeiro, e tornou-se conhecida pela manifestação de Cristo. Aqui temos dois eventos distintos.
Concedida antes da existência da humanidade, a graça é, nesse sentido, incondicional e graciosa, pois é oferecida a todos os homens. A graça de Deus é incondicional, não dependendo de obras segundo a lei para ser alcançada, demonstrando que Deus não faz acepção de pessoas.
“Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.” (Atos 2:39).
Sempre que o evangelho apresenta a salvação como incondicional, ele enfatiza que Deus não faz acepção de pessoas, pois a graça de Deus é salvadora tanto para judeus quanto para gregos.
Mas, e quanto a crer? A salvação não requer crer em Cristo?
O ‘evangelho’ versus uma ‘crença’
“A ‘fé’ em Cristo não se compara à ideia de ‘fé’ presente em outras crenças.
A ‘fé’ ou ‘crença’ dos homens em seus ídolos resulta de um esforço próprio para acreditar neles. Embora os ídolos nada sejam, seus seguidores alimentam uma crença que se origina neles mesmos.
“Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo e que não há outro Deus, senão um só.” (1 Coríntios 8:4).
Os ídolos dependem da devoção (crença) de seus seguidores, pois, sem essa ‘devida’ devoção, deixariam de ser ídolos.
Em relação a Deus, quer o homem creia ou não, Ele sempre será Deus. Deus não depende da crença humana para existir ou para cumprir seus propósitos, diferentemente dos ídolos, que só existem no imaginário de seus fiéis.
Um exemplo do esforço humano para acreditar em seus deuses é visto nos seguidores de Baal, quando desafiados por Elias. Eles invocaram Baal desde a manhã até o meio-dia, oferecendo sacrifícios e retalhando seus corpos, mas não abandonaram sua crença (1 Reis 18:28).
Os livros de autoajuda promovem uma fé em si mesmo. A confiança e a persistência em realizar o que se propõe tornam-se a força motriz das realizações humanas, o que também chamam de ‘fé’. Dessa ‘fé’ derivam os desígnios e as conquistas dos homens neste mundo, sendo uma fé natural, proveniente das leis que regem o mundo natural.
A fé para a salvação não é um salto no improvável; ao contrário, é o fundamento das coisas que se esperam. A fé é a própria palavra de Deus, e crer é confiar na esperança proposta, não se lançar no incerto ou no impossível, como um ‘salto de fé’.
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se veem.” (Hebreus 11:1).
Deus havia instruído o povo de Israel a não levar a arca da aliança para a guerra, mas, em batalha contra os filisteus, desobedeceram e confiaram que a arca os livraria.
“Voltando o povo ao acampamento, os anciãos de Israel disseram: Por que nos feriu o SENHOR hoje diante dos filisteus? Vamos trazer de Siló a arca da aliança do SENHOR, para que ela venha conosco e nos livre de nossos inimigos.” (1 Samuel 4:3).
Eles confiavam firmemente e estavam motivados para a batalha, cantando em alta voz a ponto de a terra tremer. No entanto, sua confiança foi em vão, pois ignoraram a palavra de Deus e seguiram os próprios corações.
“Quando a arca da aliança do SENHOR chegou ao acampamento, todo Israel gritou com grande júbilo, até que a terra estremeceu.” (1 Samuel 4:5).
A ‘fé’ deles não os salvou, pois Deus não tinha compromisso com os desobedientes. Lançaram-se onde não havia promessa. Embora demonstrassem acreditar em algo, sua base não era o firme fundamento — a palavra de Deus.
A definição de fé, dada pelo autor de Hebreus, mostra que apenas na palavra de Deus o homem pode ter certeza do que espera. A crer em Deus é prova das coisas que não se veem, pois é segurar firmemente na esperança proposta (Hebreus 6:18).
Assim, quando Jesus disse: ‘Quem crê em mim, conforme dizem as Escrituras…’, ele oferece salvação a todos, mas é necessário que aqueles que ouvem a palavra da verdade se firmem na esperança proposta.
Existem muitos tipos de fé e crenças. Alguns veem Cristo como um ser elevado, outros como um anjo de Deus. Alguns acreditam que ele é um espírito iluminado; outros, que ele não veio em carne ou não ressuscitou. Tal fé não lhes será útil, pois, para a salvação, é preciso crer conforme a palavra de Deus — segundo a esperança proposta.
Hoje em dia, muitos ‘evangelhos’ prometem aos que creem bens materiais, relacionamentos, sucesso profissional, prestígio social, etc. Entretanto, Cristo não fez promessas específicas para o dia a dia de seus seguidores; sua promessa é a de vida eterna.
“E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna.” (1 João 2:25).
Como prova de fé, alguns líderes pedem contribuições, votos, desafios, etc., e muitos se lançam no improvável. No entanto, essa fé não lhes trará proveito, pois não é segundo a esperança proposta.
Com relação à vida dos servos de Cristo, existem promessas específicas:
- que Ele estará com eles todos os dias;
- que todas as coisas cooperarão para o bem deles;
- que terão toda a suficiência em tudo;
- que terão aflições neste mundo, mas que devem ter bom ânimo.
Essas promessas de Cristo diferem completamente do que é amplamente anunciado em nossos dias.
A fé para a salvação não é um sentimento, um amuleto ou um talismã que o homem possa usar para manter-se unido a Deus. Não é ‘fé na fé’ — ou seja, a fé em si não é o que moverá montanhas ou garantirá salvação. A fé verdadeira repousa naquele que tem o poder de mover montanhas. A fé para a salvação é confiar em Deus que fez a promessa (a esperança proposta) e tem o poder para realizar o que é impossível aos homens. Confiar em Deus é descansar e aquietar-se.
Somente descansa e aquieta-se aquele que reconhece que Deus é verdadeiro (Salmo 46:10). A crença na própria fé não realiza o impossível; é Deus quem faz o impossível, conforme sua palavra (a esperança proposta):
“E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.” (Mateus 19:26).
Confiar em Deus é sinônimo de obedecer, cumprir seus mandamentos, descansar, aquietar-se, arrepender-se e se entregar.
A fé está em Cristo: ‘…sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo’ (2 Timóteo 3:15). É essa fé em Cristo que promove a salvação, e não a fé proveniente da concepção humana.
A fé para a salvação é uma rendição diante da impossibilidade do homem de promover sua própria salvação. É descansar, entregar-se, sabendo que a salvação não depende de obras humanas.
Não foi o esforço de Naamã ao descer e mergulhar no rio que o curou da lepra, mas Deus, segundo a palavra do profeta.
Hoje, alguém acometido da mesma doença de Naamã poderia ir ao rio Jordão crendo que, ao mergulhar sete vezes, ficaria curado. No entanto, essa confiança nas ações, no local, ou no número de mergulhos, de nada aproveitaria, pois nem as ações nem a pretensa confiança humana promovem a cura.
Naamã foi curado porque obedeceu e se banhou no rio segundo a palavra de Deus. A multiplicação dos peixes ocorreu porque os discípulos lançaram a rede conforme a palavra de Jesus. Pedro andou sobre as águas porque se lançou conforme a palavra de Jesus. Da mesma forma, o homem só é salvo quando se lança sobre a palavra de Deus anunciada pelo evangelho (a esperança proposta).
A salvação é incondicional no sentido de que a humanidade não possuía meios para alcançá-la, semelhante à condição de Naamã, cuja cura dependia de Deus, não dele.
A salvação é incondicional porque não depende de ações humanas. Deus anunciou a salvação providenciando o Cordeiro que foi morto antes da existência dos homens. Portanto, quando falamos de mérito, não há mérito algum em acreditar na promessa de salvação. Naamã também não teve mérito ao obedecer e mergulhar no Jordão. Ao contrário, ao obedecer, ele teve que humilhar-se.
Alguém poderia argumentar que Naamã cooperou com Deus, mas não há cooperação quando apenas uma das partes age. Que ação de Naamã causou sua cura? Se ele tivesse algum mérito, não teria mostrado isso nos rios da Síria?
A cura foi realizada por Deus, fiel à sua palavra. Bastou a obediência de Naamã. O mérito da cura pertence a Deus, que o curou!
A fidelidade de Deus
Atualmente, existem dois entendimentos principais sobre a salvação:
- Há quem considere que a salvação resulta da cooperação entre Deus e o homem, exigindo algum esforço humano, como se dependesse da crença e dos atos do homem (condicional). Embora aleguem que a salvação é pela fé, negam sua eficácia ao acreditar que depende do esforço humano;
- Outros veem a salvação como incondicional, porém interpretam-na à luz da visão calvinista ou arminiana. Acreditam que a salvação resulta de uma escolha divina (seja por sua ‘soberania’ ou pela equivocada ideia de ‘presciência’) de alguns homens para a salvação. Em última análise, para calvinistas e arminianos, isso implica que certos homens nunca estiveram realmente perdidos e que os demais nunca tiveram oportunidade de salvação.
A verdadeira salvação de Deus é incondicional, pois está em Cristo:
“Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o Amém, para glória de Deus por nós.” (2 Coríntios 1:20).
A salvação não depende da fidelidade humana, ao contrário do que defendem aqueles que acreditam que a salvação se baseia na fé ou nos esforços do homem. Exigir fidelidade a Deus sem que Ele houvesse providenciado o evangelho (a esperança proposta) seria impossível.
A Bíblia demonstra que é possível ser fiel somente estando em Cristo, em oposição à ideia de que o homem deve ser fiel a Cristo por conta própria:
“Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso e fiéis em Cristo Jesus.” (Efésios 1:1).
A fé para a salvação consiste em ‘aguardar na esperança proposta’. Que ação, obra ou cooperação é realizada por alguém que espera o cumprimento de uma promessa? Que esforço é necessário para confiar naquele que é fiel (Hebreus 10:23), que não pode mentir (Tito 1:2), e que é todo-poderoso (Judas 1:4)?
Sem a promessa de vida eterna, o homem não tem como ser fiel a Deus. Somente ao receber a esperança proposta no evangelho ele se torna uma nova criatura, fiel em Cristo.
A esperança da vida eterna (fé) surge ao ouvir sobre a esperança proposta. Essa fé que está em Cristo é um dom de Deus, concedido graciosamente a todos.
Somente pela palavra de Deus é possível ouvir (receber vida); por isso, o evangelho é chamado de ‘palavra da vida’ (1 João 1:1; Filipenses 2:16) e ‘palavra da fé’ (1 Timóteo 4:6), pois traz vida e gera fé.
Aqueles que aguardam a esperança proposta (os que creem) são chamados a batalhar pela fé (evangelho) que foi dada aos santos (Filipenses 1:27; Judas 1:3).
Como exemplo, se alguém oferece um copo de água a quem está sedento, que mérito há em beber a água? É exatamente isso que Jesus oferece:
“No último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba” (João 7:37).
Quem tem sede, que venha e beba — essa é a oferta de salvação.
A salvação é incondicional, pois foi providenciada por Deus, e o homem não tem como participar dessa providência como coparticipe.
Salvação é condicionada
Até aqui, demonstramos que, sob a perspectiva de que Deus não faz acepção de pessoas ao oferecer salvação, a salvação é incondicional, pois não depende de nacionalidade, linhagem, língua, ou tribo. Ninguém será salvo por ser judeu; caso contrário, a salvação seria condicional, e a promessa precisaria incluir essas condições.
No entanto, diversas passagens bíblicas indicam que há uma necessidade de o homem aceitar o que Deus lhe propõe por meio do evangelho: crer que Jesus é o Filho de Deus. Assim, nesse sentido, há uma condição a ser satisfeita.
Embora a salvação seja incondicional, aquele que será efetivamente contemplado com a salvação é aquele que beber da água oferecida.
“Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.” (João 4:14).
Visto que a salvação é oferecida a todos os perdidos que precisam dela, torna-se inválida a ideia de que alguns homens nasceram predestinados para a salvação enquanto outros estariam destinados à condenação.
A salvação está em Deus, disponível por meio da esperança proposta em Cristo a todos os que responderem ao chamado do evangelho. Muitos são chamados pelo evangelho, mas poucos bebem da água oferecida, o que lhes daria a condição de escolhidos (Mateus 22:14).
Da mesma forma, muitos entram pela porta larga (nascem em Adão), mas poucos pela porta estreita (nascem de novo). Nem todos entraram pela porta larga, pois Jesus é o único homem gerado de Deus que não nasceu em Adão.
Primeiro, Deus providenciou salvação para todos os homens incondicionalmente, pois todos pecaram e carecem de sua misericórdia. Neste sentido, a salvação é incondicional, pois nada que o homem faça pode resultar em salvação.
Em segundo lugar, a salvação está condicionada à resposta do homem à mensagem do evangelho, que é poder para a salvação dos que creem (Romanos 1:16). O homem deve descansar na esperança proposta, na oferta da água que se torna uma fonte para a vida eterna. Não há mérito no homem que aceita a Cristo; o mérito está em Deus, que prometeu a salvação e é fiel.
Que mérito há em confiar naquele que é fiel? A fidelidade de Deus é a causa da confiança do homem, pois a sua palavra é digna de toda aceitação, e o mérito reside n’Aquele que é fiel e é poderoso para cumprir o que prometeu; portanto, não há mérito em quem descansa em sua promessa.
É um erro considerar que a primeira obra de uma pessoa regenerada seja crer. Primeiro, porque quem entrou no repouso de Deus descansou de suas obras, como Deus das suas (Hebreus 4:10). Segundo, o cristão está assentado nas regiões celestiais em Cristo. Para quem está assentado, não há obras a realizar (Efésios 1:3; 2:6). Terceiro, se Deus não exigiu obras quando éramos pecadores, agora que fomos reconciliados, resta apenas aguardar sua vinda. ‘Perseverar’ é a obra perfeita realizada pela fé.
Por meio da perseverança, o homem em Cristo se torna maduro e completo, não tendo falta de nada (Tiago 1:3-4), aguardando a bem-aventurança proposta àqueles que beberem da água oferecida.
* A ‘presciência’ de Deus refere-se ao ‘conhecimento’ ou à ‘mensagem’ previamente anunciada por seus santos profetas de que Cristo seria morto na plenitude dos tempos, conforme o beneplácito da vontade de Deus. Cristo é o Cordeiro de Deus, morto desde a fundação do mundo. A ‘presciência’ ou o ‘pré-conhecimento’ diz respeito aos eventos relacionados à vida e morte de Cristo em conformidade com as Escrituras: “E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13:8).
Você disse que depende do homem querer.Portanto é condicionada.Não tem como fugir:se é incondicional,nada do que quiser,pensar,sentir,reagir ou fizer,me fará salvo;se é condicional,o contrário.Não tem saída lógica senão a cooperação,priorizando a vontade divina.Calvino estava errado,Armínio estava certo e você não conseguiu contradizer Armínio,ao afirmar a necessidade do querer do homem.
Olá, Tito
Seja bem-vindo ao portal.. Calvino estava errado, bem como Armínio. Desculpe desapontar, mas ambos não seguiram o exposto na Bíblia.
Att.
A SALVAÇÃO É CONDICIONAL SIM:
Quem crer e for batizado será salvo (Mc 16.16).
Quem perseverá até o fim será salvo (Mt 24.13).
Quem perder a sua vida por amor a Cristo a ganhará (Mt 10.39).
Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida (Ap 2.10).
Sem santificação ninguém verá a Deus (Hb 12.14).
Quem semear no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna (Gl 6.8).
Se sofremos com Ele, com Ele reinaremos (2Tm 2.12).
“Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade” (Rm 11.22).
Há falhas no seu estudo amigo e irmão. A bíblia admite que as obras feitas no Espírito Santo são essenciais para a salvação:
Romanos 8:13 Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.
Romanos 2:6 O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber: 7 A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção; 10 Glória, porém, e honra e paz a qualquer que pratica o bem; primeiramente ao judeu e também ao grego;
Hebreus 5:9 E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem;
Olá, amado..
o texto é argumentativo, e talvez você não tenha lido até o final a exposição. Leia o que é defendido de fato:
Em primeiro lugar, Deus providenciou salvação poderosa a todos os homens incondicionalmente, pois todos pecaram e carecem da misericórdia de Deus. Neste sentido a salvação é incondicional. pois não há nada que o homem possa fazer que possa resultar em salvação.
Em segundo, lugar a salvação está condicionada a resposta do homem à mensagem do evangelho, que é poder para salvação dos que creem ( Rm 1:16 ). O homem deve descansar na esperança proposta, na oferta da água que faz saltar uma fonte para a vida eterna. Ora, não há mérito no homem quando aceita a Cristo, pois o mérito está em Deus que prometeu salvação e é fiel.
Att
A oferta da Salvação é incondicional está a disposição de todos, sem distinção nenhuma, entretanto, a salvação pessoal é condicional, pois a todos deu Deus livre arbítrio, e a condição é crer, aceitar e permanecer.
A PAZ do SENHOR JESUS. Você sabia que você não precisa fazer nada para ser salvo.Mas todo aquele que foi justificando, regenerado, santificado pelo poder do Espírito santo é salvo. Só Deus pode nos justificar só ele nos faz nascer de novo só ele nos separa de todas as imundícies deste mundo. Isso é incondicional eu só aceito.
Olá, amado..
“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Marcos 16 : 16);
“Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; E quem nela crer não será confundido.” (I Pedro 2 : 6);
É condicionada ou não a salvação em Cristo? É necessário crer, ou se a pessoa não quiser obedecer, será salva?
Att.