Imprecações como: Glorifiquem a Deus, adorem, louvem, etc., são inócuas. O correto é conscientizar que os cristãos que, como plantação do Senhor, Deus é glorificado, isto pelo ‘fruto’ que os ramos produz.
Como glorificar a Deus?
Conteúdo do artigo
“Porque o meu povo é inclinado a desviar-se de mim; ainda que chamam ao Altíssimo, nenhum deles o exalta” ( Os 11:7 )
Glória de homem
– “Eu não recebo glória dos homens” ( Jo 5:41)
Estas foram as palavras de Jesus para os judeus que queriam mata-Lo. Se como servo o Filho de Deus não recebia gloria de homens, como glorificar a Deus sendo homem? Qual glória o Pai recebe? O que habilita o homem a glorificar a Deus?
“Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos” (João 15:8);
“Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus“ ( Fl 1:11 )..
Não basta reconhecer a grandeza de Deus; agradecê-lo pelas benesses pertinentes a esta vida; realizar, em nome de Deus, ações louváveis do ponto de vista humano, ou dizer palavras que, segundo a concepção humana, demonstram devoção extrema e incondicional, antes é necessário crer no testemunho proveniente de Deus, o que torna possível ao homem glorificá-Lo.
Embora Jesus tenha enfatizado que não aceitava testemunho de homem ( Jo 5:34 ), deixou claro que estava fazendo referência ao testemunho que João Batista deu da verdade com o intuito de que seus ouvintes cressem que as Escrituras continham o testemunho que Deus deu a respeito do seu Filho ( Jo 5:37 -39; Jo 8:18 ).
O testemunho de homem é uma gama de afirmações acerca de Cristo que não decorrem da verdade das Escrituras, tais como: Jesus é um dos profetas, Jesus é o Elias, Jesus é o maior psicólogo, ou Jesus é o maior líder, ou o mais notável dos homens, etc.
O testemunho que Deus aceita é o contido nas Escrituras, como: Jesus é o Filho de Davi, ou Jesus é o Filho do Deus vivo, Jesus é o príncipe da paz, Jesus é o Emanuel, Jesus é Deus forte, Jesus é o Cordeiro de Deus, etc. Não basta dizer: Bom mestre ( Lc 18:19 ), pensando em Cristo como um homem de excelência acadêmica, antes se faz necessário considerar o testemunho de Deus nas Escrituras. Jesus, o Bom Pastor, é o testemunho que Deus deu do seu Filho ( Sl 23:1 ; Jo 1:34 e 36 ).
Qual o testemunho de João acerca da verdade? Um testemunho segundo as Escrituras:
“Este era aquele de quem eu dizia: O que vem depois de mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu” ( Jo 1:15 , 27 e 30 ; Jo 8:58 ; Is 43:13 ).
Crer em milagres, crer em Deus, acreditar no sobrenatural, acreditar em anjos, acreditar no bispo, no apóstolo ou no papa, etc., não é o que glorifica a Deus, pois tais posicionamentos não são o mesmo que crer que Jesus é o ‘Eu Sou’ ( Jo 1:29 ; Jo 8:24 ; Tg 2:19 ).
Em decorrência do testemunho que as Escrituras dão de Cristo é que o Filho de Deus glorificou o Pai “Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer” ( Jo 17:4 ; Mt 28:19 ).
E como o Filho consumou a obra que o Pai lhe deu? Sendo obediente ao Pai, o que resultou em morte e morte de cruz, ao que foi necessário ao Pai glorifica-lo, ressuscitando-o dentre os mortos de modo a reaver a sua glória que possuía antes que houvesse mundo “JESUS falou assim e, levantando seus olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti” ( Jo 17:1 ).
A declaração de Cristo dá base para afirmar que só é possível glorificar a Deus quando na condição de ‘glorificado’ por Deus, pois só a obra de Deus O glorifica. É por isso que o apóstolo Paulo afirmou que, segundo o conselho e beneplácito de sua vontade, Deus faz todas as coisas para louvor e glória da sua graça ( Ef 1:5 -6 e 11-12).
Como resultado da obra de Deus de criar o novo homem em verdadeira justiça e santidade, o cristão constitui-se louvor à sua glória e graça. Do mesmo modo que os céus declaram a glória de Deus, o novo homem ressurreto em Cristo constitui-se louvor à glória e à graça de Deus “A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do SENHOR, para que ele seja glorificado” ( Is 61:3 ; Sl 19:1 ).
É a obra de arte que louva o artista que a criou, à plateia cabe apenas reconhecer a perícia do artista. É a obra do artista que lhe confere louvor, e não as pessoas que se aglomeram para admirar a arte. Assim também, o louvor e a glória de Deus decorrem da sua obra, e não do reconhecimento dos homens “E todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado” ( Is 60:21 ).
O apóstolo Paulo bendizia, louvava e rendia graças a Deus ( Ef 1:3 e 1:16 ), porém, tal reconhecimento é algo aquém do louvor e graça proveniente da nova condição do apóstolo dos gentios, visto que em Cristo ele era uma nova criatura, criada para louvor e glória de Deus ( 2Co 5:17 ). De per si o apóstolo constituía louvor e glória a Deus. O reconhecimento dos homens não acrescenta e nem diminui a glória de Deus, que é imutável. Bendizer a Deus é uma confissão, admitir que Ele é o que É, ato de reconhecimento do que Deus é: grande, eterno, imutável, misericordioso, salvador, redentor, etc ( Sl 103 e 104 ).
É por isso que para o homem entrar no reino dos céus é necessário nascer da água e do Espírito, pois para adorar a Deus é necessário estar em espírito e em verdade. Nascer da água diz da lavagem da regeneração, da purificação com a lavagem da água, que é a palavra ( Ef 5:26 e Tt 3:5 ). Nascer do Espírito é nascer de Deus, pois Deus é o Espírito ( Tt 3:5 confere com Ez 36:25 -27).
Nascer da água e do Espírito é nascer da palavra de Deus, e todos que são gerados de novo através da palavra da verdade, tornam-se participantes da natureza divina: são espirituais e verdadeiros, portanto, adoram a Deus em espírito e em verdade ( 2Pe 1:4 ; 1Jo 5:20 ; Jo 3:6 ).
Por mais que o povo de Israel oferecessem sacrifícios e clamassem a Deus, nenhum deles o exaltava, pois diante de Deus só é aceito as obras de suas próprias mãos “… ainda que chamam ao Altíssimo, nenhum deles o exalta” ( Os 11:7 ); “Abençoa o seu poder, ó SENHOR, e aceita a obra das suas mãos” ( Dt 33:11 ); “Então respondeu Ageu, dizendo: Assim é este povo, e assim é esta nação diante de mim, diz o SENHOR; e assim é toda a obra das suas mãos; e tudo o que ali oferecem imundo é” ( Ag 2:14 ).
Ao ordenar que os homens deviam circuncidar o coração, o que é impossível ao homem fazê-lo, Deus queria dar a entender que precisavam confiar em Deus para serem aceitos por Deus, pois é Ele que circuncida o coração sem o auxílio de mão humanas “E o SENHOR teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao SENHOR teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas” ( Dt 30:6 ; Cl 2:11 ; Rm 4:11 ; Dt 10:16 ; Jr 4:4 ).
A circuncisão do prepúcio da carne era figura do que Deus, como Pai, faria com os homens que fossem recebidos por filho, sendo que a circuncisão do prepúcio da carne era obra de homem, portanto, imunda.
Por que a circuncisão do coração? Porque circuncisão do coração significa morte. É o despojar de toda a carne, e não só o prepúcio e, homem e mulher podem ser circuncidados por Deus no coração. Após o homem ser circuncidado por Deus, Deus dá um novo coração e um novo espírito e passa a habitar este novo homem ( Ez 36:25 -27).
É no momento de dar o novo coração e o novo espírito que Deus usa o mesmo poder que operou em Cristo ressuscitando-o dentre os mortos opera nos que creem ( Ef 1:19 -20 ; Jo 1:12 ). Quando glorificado, ressurreto, revestido de Cristo que o homem passa a glorificar a Deus com todo o seu ser “JESUS falou assim e, levantando seus olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti” ( Jo 17:1 ; Cl 2:12 e 3:1 ; Gl 3:27 ).
É Deus quem dá glória ao seu nome “Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei” ( Jo 12:28 ; 2Ts 1:12 ), e todos os que creram foram glorificados com Cristo, pois são herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo “E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e nisso sou glorificado“ ( Jo 17:10 ); “E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados“ ( Rm 8:17 ).
De mim vem o teu fruto
Jesus deixou claro que glorificar a Deus é algo específico: produzir muito fruto! Portanto, só há uma maneira possível de o homem glorificar a Deus: através do fruto “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto” ( Jo 15:8 ).
Para glorificar a Deus é necessário que o homem esteja ligado à Videira verdadeira, que é Cristo. Cristo identificou-se como a Videira e deixou claro que seus seguidores são as varas e, por estarem ligados a Ele produzem muito fruto “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” ( Jo 15:5).
Se não estiver ligado à Videira é impossível o homem produzir fruto, consequentemente, é impossível glorificar a Deus. Mas, qualquer que estiver em Cristo, ou Cristo nele, dá muito fruto. Basta estar em Cristo para produzir fruto, por isso Jesus recomendou: “Estai em mim, e eu em vós” ( Jo 15:4 ).
A exposição de Cristo demonstra que glorificar a Deus não é decorrente da preocupação do homem em glorificá-lo, pois a partir do momento que o homem está ligado a Cristo, produzirá fruto, consequentemente, Deus é glorificado “… quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto” ( Jo 15:5 ).
Ocupar-se em glorificar a Deus sem o conhecimento das Escrituras faz com que o homem procure apoio no argumento errôneo de que é necessário dar o ‘melhor’ de si, e esquece que Deus exige somente que a vara esteja ligado n’Ele, pois pelo fruto Deus é glorificado. Basta estar ligado à videira para produzir o fruto. Basta estar em Cristo que todo o ser do cristão glorifica a Deus. Glorificar a Deus não possui vínculo com a concepção humana do que é melhor ou pior.
A preocupação do cristão deve estar em conhecer as Escrituras, pois será cauteloso quanto às falsas doutrinas. Quem se preocupa em permanecer na verdade, em Cristo, acertadamente passou a glorificar a Deus, diferente daquele que toma a atitude de oferecer o seu melhor pela preocupação de querer glorificar a Deus.
O cristão não deve se preocupar em como glorificar a Deus, antes deve se ocupar em permanecer glorificando-O, da mesma forma que há a necessidade de permanecer em Cristo.
Exemplos de desvios
Saul apresentou-se diante de Samuel com o argumento de que havia preservado o melhor do gado para apresentar a Deus em sacrifício. Foi rejeitado, pois Deus não se compraz em sacrifício, antes se compraz em que se obedeça à sua palavra.
Quando inquirido pelo profeta sobre o motivo que o levou a desobedecer a palavra do Senhor, Saul respondeu que deu ouvidos à voz de Deus e que havia caminhado pelo caminho do Senhor. Saul poupou a vida de Agague, rei dos amalequitas como se o rei não fosse amalequita e, por fim, justificou a atitude do povo com o argumento de que o melhor do interdito foi poupado para oferecer sacrifício ao Senhor “E enviou-te o SENHOR a este caminho, e disse: Vai, e destrói totalmente a estes pecadores, os amalequitas, e peleja contra eles, até que os aniquiles. Por que, pois, não deste ouvidos à voz do SENHOR, antes te lançaste ao despojo, e fizeste o que parecia mau aos olhos do SENHOR? Então disse Saul a Samuel: Antes dei ouvidos à voz do SENHOR, e caminhei no caminho pelo qual o SENHOR me enviou; e trouxe a Agague, rei de Amaleque, e os amalequitas destruí totalmente; Mas o povo tomou do despojo ovelhas e vacas, o melhor do interdito, para oferecer ao SENHOR teu Deus em Gilgal” ( 1Sm 15:18 -21).
A preocupação do homem em glorificar a Deus fez com que Caim trouxesse ao Senhor do fruto da terra uma oferta, mas como as suas obras eram más, não foi aceito por Deus e tão pouco a sua oferta.
Por que Caim foi rejeitado? Porque ele se aproximou de Deus acreditando que seria aceito por ter trazido o melhor do fruto da terra, porém, Deus não está a busca de oferendas provenientes da natureza que Lhe pertence, mas daqueles que se aproximam crentes que Deus os aceita porque Ele é misericordioso. Tomado de ira, matou ao seu irmão ( Gn 4:3 e 5).
Não são as oferendas que Deus procura, mas o ofertante. Deus não busca adoração, mas o adorador. O maior problema dos homens que querem glorificar a Deus com suas praticas, ofertas e sacrifícios é que serão rejeitados pelo Senhor, o que o levará a ter ira contra aqueles que realmente glorificam ao Senhor “Não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas” ( 1Jo 3:12 ).
As obras de Caim eram más porque eram obras de violência, obras realizadas com o intuito de aproximar-se de Deus, derrubando a barreira de inimizade, com o seu melhor. Estava enganado em sua mente carnal, pois o melhor do homem imundo não passa de imundície, pois Deus aceita aquele que se aproxima d’Ele crendo que Deus é galardoador dos que O buscam.
Quando Saul viu que Davi era aceito pelo Senhor, intentou tirar-lhe a vida por diversas vezes, ou seja, comportamento próprio a quem é do maligno e que odeia o seu irmão ( 1Sm 18:11 ). No Antigo Testamento os filhos do maligno queriam tirar o fôlego de vida dos filhos de Deus, já na nova aliança, os filhos do maligno, apesar do mesmo caminho de Caim ( Jd 1:11 ), buscam tirar a vida do seu irmão com palavras persuasivas de engano ( Jd 1:12 ).
Este mau também se apegou ao rei Uzias, que apesar de ter sido um rei que honrava a Deus, quando se achou fortificado, seu coração se corrompeu e transgrediu, pois se achou digno de oferecer incenso no altar de incenso, e se indignou contra os sacerdotes que o contrariaram. O melhor que fazia fez com que considerasse que possuía o privilégio de aproximar-se de Deus sem a figura do mediador estabelecido por Deus “Então Uzias se indignou; e tinha o incensário na sua mão para queimar incenso. Indignando-se ele, pois, contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu à testa perante os sacerdotes, na casa do SENHOR, junto ao altar do incenso” ( 2Cr 26:19 ).
A preocupação do cristão deve se fixar em permanecer em Cristo, pois se estiver em Cristo, dará muito fruto e o Senhor é glorificado. Após fazer a vontade de Deus, que é crer em Cristo, basta permanecer firme, permanecer no que é verdadeiro que glorifica a Deus “Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa” ( Hb 10:36 ).
A preocupação do cristão não deve ser em edificar a melhor casa, antes deve centrar-se em edificar a casa sobre a rocha, pois somente sobre a rocha é que a casa permanece para sempre. O mais importante é o fundamento, e não a disposição do construtor em fazer a melhor casa, pois quem edifica todas as coisas é Deus ( Hb 3:4 ).
Não é através da disposição do homem em oferecer o seu melhor a Deus que haverá de glorificá-Lo, antes só é possível glorificar a Deus quando o homem crê em Cristo, fazendo a sua vontade.
Cadê a minha honra (louvor)?
O argumento: ‘eu quero dar o meu melhor’ é maligno, pois quando o homem se propõe em apresentar o seu melhor, esquece que Deus é Senhor, e como Senhor ele exige especificamente obediência, e não aquilo que o servo, na sua concepção, ‘entende’ por melhor.
A vontade do Senhor é absoluta e por si só é a melhor. Não cabe ao servo contestá-la ou sobrepujá-la com uma ideia melhor. ‘Eu quero dar o meu melhor para o Senhor’ não é a fala de um servo, pois o servo somente acata a vontade do seu senhor que é objetiva: “Estai em mim, e eu em vós” ( Jo 15:4 ).
Em segundo lugar, é impossível ao servo dar o melhor, pois tudo o que é e produz pertence ao seu senhor. Quem pressupõe que é possível dar o melhor de si para Deus é que desconhece que quem se oferece por servo pertence por completo ao seu Senhor, ou seja, tudo o que é e produz pertence ao seu Senhor ( Rm 6:18 ).
Jesus aceita somente servos que se oferecem voluntariamente para que a sua orelha seja furada por uma sovela ( Ex 21:6 ; Dt 15:17 ). Quando o servo se submete ao seu senhor, declara tacitamente que a vontade do seu senhor é o melhor para si. Tal resignação glorifica o seu senhor. Mas, o pretenso servo, aquele que substitui a ordem do seu senhor pela sua própria vontade, implicitamente revela que a vontade do seu senhor não é suficientemente boa para si, desonrando o seu senhor.
Em terceiro lugar, o servo não leva em conta a sua vontade, antes ele faz a vontade do seu Senhor. Aquele que se diz servo e que faz o que bem entende sob o pretexto que fará o melhor, não é servo “O filho honra o pai, e o servo o seu senhor; se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o meu temor?” ( Ml 1:6 ).
Quer honrar a Deus? Quer glorificá-lo? Quer adorá-lo? Basta obedecê-lo! Como? Como a vontade de Deus é objetiva: crer em Cristo ( 1Jo 3:23 ; Jo 6:29 ), o homem que crê honra a Deus como Pai e Senhor. Basta crer em Cristo que produzirá fruto. Basta a fé em Jesus que será um adorador que o Pai encontrou! Um adorador em espírito e em verdade.
A rejeição de Israel
Por que é necessário estar em Cristo? Porque a vara não produz fruto de si mesma, antes ela depende da videira “… como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim” ( Jo 15:4 ).
É da natureza da árvore produzir fruto e, como Cristo é a Videira é natural que Ele produza fruto, portanto, produzir fruto não depende dos ramos e, sim da árvore.
Não é a vontade do homem, segundo a concepção do que é melhor, que glorifica a Deus, pois é a Videira que os produz “Eu sou como a faia verde; de mim é achado o teu fruto” ( Os 14:8 ). Para produzir o fruto que glorifica a Deus basta estar ligado a Cristo, ou seja, permanecer nele, que o homem dará muito fruto e o Agricultor há de podá-lo, para que produza mais fruto ainda, para Sua própria glória ( Jo 15:1 ).
Jesus demonstrou que há só um modo de o homem glorificar a Deus, ou seja, permanecendo n’Ele, produzindo muito fruto “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça” ( Jo 15:16 ).
É impossível ao homem, por si só, produzir o fruto que glorifica a Deus. Israel queria glorificar a Deus sem o essencial, ou seja, sem obedecê-lo, e esqueceram que o fruto provém de Deus “Efraim dirá: Que mais tenho eu com os ídolos? Eu o tenho ouvido, e cuidarei dele; eu sou como a faia verde; de mim é achado o teu fruto” ( Os 14:8 ). Israel foi comparado a uma vide estéril, pois não dava fruto para o Agricultor, mas para si mesmo. Tudo que produzia era para sua própria glória, o que não rendia o fruto exigido por Deus “Israel é uma vide estéril que dá fruto para si mesmo; conforme a abundância do seu fruto, multiplicou também os altares; conforme a bondade da sua terra, assim, fizeram boas as estátuas” ( Os 10:1 ).
O povo de Israel, apesar de ter uma cultura teocêntrica, pois se deleitavam em cantar e recitar os salmos, ler a Lei e os Profetas, ir ao templo, fazer orações, oferecer sacrifícios, guardar os sábados, etc., foram cortados, pois não produziram fruto para o Vinhateiro ( Lc 13:6 ).
Quando Jesus disse: “Eu sou a videira verdadeira” ( Jo 15:1 ), estava se revelando aos discípulos ( Jo 16:29 ), pois o povo de Israel havia rejeitado o único modo pelo qual produziriam o louvor devido a Deus “Porque o meu povo é inclinado a desviar-se de mim; ainda que chamam ao Altíssimo, nenhum deles o exalta” ( Os 11:7 ).
O povo de Israel havia investido em sacrifícios e somado regras sobre regras, por entender que este era o modo de glorificar a Deus. Por mais que Deus os repreendesse quanto à rebelião de seus intentos ( 1Sm 15:23 ), mais eles se empenhavam em oferecer sacrifícios ( Sl 51:17 ; Sl 50:8 -13 ; Is 1:11 ). Deus requeria obediência, e eles se lançam aos sacrifícios “Porém Samuel disse: Tem porventura o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” ( 1Sm 15:22 ).
A união com Deus não existia em Israel, pois lhes faltava obediência “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos” ( Os 6:6 ), portanto, não podiam produzir o fruto que glorifica a Deus.
O fruto que glorifica a Deus
O que as pessoas entendem por glorificar a Deus em nossos dias?
Basta fazer uma consulta na internet sobre como glorificar a Deus que as respostas que oferecem levará o leitor à vários métodos e passos para glorificar a Deus. Embora Jesus tenha dito que é em estar ligado à videira (nisto), ou seja, em dar fruto que se glorifica a Deus, métodos e métodos são estabelecidos todos os dias para glorificar a Deus.
Qual o fruto que as varas produzem quando ligadas à Videira.
Jesus falou de um fruto único que produzem em abundância os que estão n’Ele, porém, ao longo dos tempos surgiram muitos conceitos de ‘fruto’ e várias concepções acerca de como glorificar a Deus.
O fruto é uma figura, assim como a vara, a videira e o agricultor. O agricultor é figura de Deus, a Videira é figura de Cristo e as varas figura dos cristãos. E o fruto? Como a Videira é Cristo e Cristo é o Verbo, a palavra de Deus encarnada, o ‘fruto’ que as varas produzem é a palavra do evangelho, pois no fruto está contido a semente incorruptível que dá vida a todos quanto ouvem e provam o que é bom.
Quando Jó indagou: “Porventura o ouvido não provará as palavras, como o paladar prova as comidas?” ( Jó 12:11 ), temos um parâmetro para estabelecer que o fruto que o crente produz serve para alimentar o faminto, o pobre, e que o alimento que Deus dá está relacionado à palavra e ao ouvido ( Is 55:3 ).
O livro de Provérbios deixa claro que a palavra está relacionada a fruto: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo” ( Pr 25:11 ). Quando Jesus disse que a boca fala do que o coração está cheio, fez referência a ideia contida no provérbio: “Do fruto da boca de cada um se fartará o seu ventre; dos renovos dos seus lábios ficará satisfeito” ( Pr 18:20 ; 12:14 ; Lc 6:45).
O escritor aos hebreus deixa claro que o fruto é algo proveniente dos lábios ( Hb 13:15 ). É por isso que Jesus chama os escribas e fariseus de raça de víboras, pois eram maus por natureza, consequentemente não podiam dizer boas coisas, ou seja, dar bons fruto, pois o coração era mau “Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca” ( Mt 12:34 ); “Cada um se fartará do fruto da sua boca, e da obra das suas mãos o homem receberá a recompensa” ( Pr 12:14 ).
Embora praticassem boas ações, os fariseus continuavam maus diante de Deus, pois não estavam ligados a Cristo, a Videira verdadeira, consequentemente eram maus e os seus frutos maus “Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” ( Lc 11:13 ).
Em toda a Bíblia o fruto é apresentado atrelado aos lábios. A mensagem de paz contida no evangelho é fruto de vida, pois ao estabelecer a paz entre Deus e os homens, quem crê é inundado de vida “Eu crio os frutos dos lábios: paz, paz, para o que está longe; e para o que está perto, diz o SENHOR, e eu o sararei” ( Is 57:19 ).
Qualquer pessoa que crer em Cristo como diz as Escrituras tornou participante da semente incorruptível, que é Cristo, portanto, é plantação do Senhor, árvores de justiça, para que Deus seja glorificado “A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do Senhor, para que ele seja glorificado” ( Is 61:3 ).
O conselho dos ímpios é caminho de perdição, pois só o conselho dos justos é vida. O fruto do caminho largo é morte, diferente do fruto do caminho estreito, que é vida. Quem entra pela porta estreita tornou-se participante da doutrina de Cristo, mas quem O rejeita, continua fartando o seu ventre do fruto do seu caminho: morte “Portanto comerão do fruto do seu caminho, e fartar-se-ão dos seus próprios conselhos” ( Pr 1:31 ); “O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas é sábio” ( Pr 11:30 ); “Do fruto da boca de cada um se fartará o seu ventre; dos renovos dos seus lábios ficará satisfeito” ( Pr 18:20 ).
Quem recebe Deus por Pai ouve a sua instrução, portanto, do fruto da boca de seu pai, cada homem comerá o bem ( Pr 13:1 ). Porém, há os prevaricadores, os que não ouvem ao Pai e desprezam o seu fruto. O povo de Israel se dizia filho, porém, prevaricaram na sua atribuição. Como a boca fala do que o coração está cheio, um coração maligno só produz violência, pois em vez de esperar no Espírito de Deus, querem tomar o reino d’Ele a força “Do fruto da boca cada um comerá o bem, mas a alma dos prevaricadores comerá a violência” ( Pr 13:2 ).
O fruto está vinculado à boca, e não às ações, como se lê: “A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto” ( Pr 18:21 ). Apesar de o povo de Israel falarem acerca de Deus, o fruto que produziam era segundo o coração enganoso, portanto, honravam com a boca, mas o coração (rins) estava longe de Deus “Plantaste-os, e eles se arraigaram; crescem, dão também fruto; chegado estás à sua boca, porém longe dos seus rins” ( Jr 12:2 ).
A intenção dos homens, ao matarem o Senhor Jesus, era destruir a Videira e, consequentemente seus ‘fruto’, a sua doutrina, pois Cristo não foi crucificado por causa de suas ações, mas por causa da sua palavra. O que fizeram aos profetas, também fizeram ao Filho “E eu era como um cordeiro, como um boi que levam à matança; porque não sabia que maquinavam propósitos contra mim, dizendo: Destruamos a árvore com o seu fruto, e cortemo-lo da terra dos viventes, e não haja mais memória do seu nome” ( Jr 11:19 ; Mt 21:38 ; Hb 1:2 ; Jo 10:33 ).
Os falsos profetas são identificados por aquilo que falam acerca de Cristo, pois dizem que Jesus não veio em carne ou que Jesus não é o Cristo, e este é o fruto que os identifica. João Batista identificou que os escribas e fariseus não produziam o fruto digno de mudança de concepção (arrependimento), porque saíam do batismo e continuavam dizendo que eram filhos de Deus por serem descendentes de Abraão “Portanto, pelos seus frutos os conhecereis” ( Mt 7:20 ); “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” ( Mt 3:8 ).
Os fariseus não eram plantas plantadas por Deus, pois não nasceram da semente incorruptível, portanto não podiam produzir o fruto digno de arrependimento ( Mt 15:13 ). Eram condutores cegos guiando cegos, ou seja, tudo o que diziam procediam do coração deles, portanto, diante de Deus as suas palavras não passavam de pensamentos maus (veneno de áspides), eram homicidas por causa das palavras de morte que professavam. Adulteravam a palavra de Deus e foram nomeados povo de Sodoma e Gomorra, davam falso testemunho de Deus o que redundava em blasfêmias ( Mt 15:17- 20); “Lavrastes a impiedade, segastes a iniquidade, e comestes o fruto da mentira; porque confiaste no teu caminho, na multidão dos teus poderosos” ( Os 10:13 ).
Um fariseu era facilmente conhecido pelo que professava, pois se dizia salvo por ser descendente da carne de Abraão e por guardar a lei de Moisés “Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom, ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore” ( Mt 12:33 ).
Qualquer que fala segundo o seu coração enganoso é homicida, fala mentira, blasfema, adultera, pratica violência diante de Deus “Como o prevaricar, e mentir contra o SENHOR, e o desviarmo-nos do nosso Deus, o falar de opressão e rebelião, o conceber e proferir do coração palavras de falsidade” ( Is 59:13 ); “E nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu próximo, nem ameis o juramento falso; porque todas estas são coisas que eu odeio, diz o Senhor” ( Zc 8:17 ).
Todas as condutas descritas no verso 19 do capítulo 13 de Mateus são figuras do que procede do coração daqueles que falam segundo o seu coração enganoso “E vós fizestes pior do que vossos pais; porque, eis que cada um de vós anda segundo o propósito do seu mau coração, para não me dar ouvidos a mim” ( Jr 16:12 ); “Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, E fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos, E ouçam com os ouvidos, E compreendam com o coração, E se convertam, E eu os cure” ( Mt 13:15 ).
Somente produz o fruto que redunda em gloria a Deus os homens de novo plantados, o que demonstra que Deus faz todas as coisas para louvor da sua glória. É o que Deus faz que redunda em sua gloria, e não o que o homem oferece como seu melhor. Deus planta os seus renovos, pois esta é uma glória que a Ele pertence “E todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado” ( Is 60:21 ).
“Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre. Amém” ( 1Pe 4:11 )
Ordens diretas lançadas da tribuna tais como: – Glorifiquem a Deus, adorem, louvem, etc., são inócuas. O correto é conscientizar que os cristãos são plantação do Senhor de modo que Ele seja glorificado através dos muitos ‘frutos’ que através dos ramos a Videira produz.
Para os descrentes, se desejar que eles glorifiquem a Deus, basta anuncia-lhes a palavra da verdade, a semente incorruptível, pois quando a semente germinar no coração daquele que ouvir e compreender, automaticamente ele glorificará a Deus, pois produzirá fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta ( Mt 13 ).
Quando nos expressamos dizendo: – Glória a Deus!, ou – Aleluia!, saiba que tais expressões não é o mesmo que glorificar a Deus, antes são expressões vinculadas à alegria e reconhecimento por tudo que Deus é e tem feito ( Sl 103 e 104 ).
“Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus“ ( Fl 1:11 ).