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Era costume dos israelitas rasgarem as suas vestes, porém, Deus queria que eles rasgassem o coração (circuncisão do coração). Somente quando o homem ‘rasga’ o coração é que ocorre a verdadeira conversão. A ‘circuncisão’ do prepúcio, o ‘rasgar’ vestes, os ‘jejuns’ de alimento e os ‘sacrifícios’ de animais não tornava o povo de Israel agradável a Deus, pois a verdadeira circuncisão é Deus que faz. Somente Ele tem o poder de rasgar o velho coração e dar um novo coração ( Sl 51:10 : Dt 30:6 ).


Joel 2 – A invasão dos caldeus

Introdução

Neste capítulo o profeta Joel continua alertando o povo de Jerusalém acerca da iminente invasão dos inimigos. Ele proclama a necessidade de um arrependimento nacional para que o mal predito não sobreviesse sobre o povo e a cidade de Sião ( Jl 2:1 -27).

Após o alerta, o profeta anuncia que Deus dará, sem medida, do seu Espírito aos homens (derramar), e faz referência a vários períodos históricos que ainda estavam por vir ( Jl 2:28 -32).

 

1 TOCAI a trombeta em Sião, e clamai em alta voz no meu santo monte; tremam todos os moradores da terra, porque o dia do SENHOR vem, já está perto;

Tudo que foi apresentado no capítulo 1 é novamente apresentado no capítulo 2, porém, o tempo verbal muda. Neste capítulo a visão demonstra que a invasão inimiga está para ocorrer, ou seja, apresenta um alerta, enquanto no primeiro capítulo a visão apresenta uma calamidade instalada, demonstrando que a atitude do povo (embriagados) condizia com uma realidade caótica.

O capítulo 1 começa com o clamor do profeta “Ouvi isto, vós anciões, escutai, todos os moradores da terra” ( Jl 1:2 ), o capítulo 2 também: “Tocai a trombeta em Sião, e daí o alarma no meu santo monte Sião…” ( Jl 2:1 ).

Lembre-se que a divisão em capítulos e versículo simplesmente foram adotas para fins didáticos e de referência, visto que os livros da Bíblia devem ser considerados no todo, sem divisões de qualquer espécie.

O profeta Joel conclama os moradores de Sião a apresentar-se para a batalha. – ‘Tocai a trombeta, daí o alarma em Jerusalém’, pois o dia que pertence ao Senhor estava próximo.

O dia do Senhor faria com que todos os moradores do mundo tremessem ( Jl 1:15 ). Enquanto no capítulo 1 a visão do profeta apresenta a nação de Israel aviltada em decorrência de uma invasão estrangeira, no capítulo 2 a visão descreve a mesma invasão como sendo iminente.

 

2 Dia de trevas e de escuridão; dia de nuvens e densas trevas, como a alva espalhada sobre os montes; povo grande e poderoso, qual nunca houve desde o tempo antigo, nem depois dele haverá pelos anos adiante, de geração em geração.

O profeta descreve o dia do Senhor como sendo de ‘trevas’ e de ‘escuridão’; dia de nuvens e densas trevas. A intensidade das trevas é comparada a alva que se espalha pelos montes ‘…como a alva espalhada pelos montes’ (v. 2).

Por que o dia do Senhor seria de escuridade? A resposta vem a seguir: “… povo grande e poderoso, qual nunca houve desde o tempo antigo, nem depois dele haverá pelos anos adiante, de geração em geração” ( v. 2), haveria de invadir Jerusalém.

O profeta dá a entender que a escuridade se dará como por nuvens que encobrem o sol (alva), ou seja, é uma clara referencia a invasão da nação inimiga, que no capítulo 1 foi descrita e comparada a uma invasão de gafanhotos.

No capítulo 1 o profeta viu o que restou da invasão de gafanhotos ( Jl 1:4 ), já no capítulo 2 ele descreve a chegada dos invasores como ‘nuvens’, pois a invasão dos ‘gafanhotos’ se assemelha as ‘nuvens’ quando encobrem a luz solar.

A invasão prenunciada foi representada por gafanhotos, porém, ela se daria por um povo, uma nação (Heb ‘am, uma coletividade, um povo, uma nação).

A quantidade de homens e o poder bélico do povo invasor seria algo jamais visto, informação que nos permite entender a pergunta feita no capítulo 1: “Aconteceu isto em vossos dias, ou também nos dias e vossos pais?” ( Jl 1:2 ). A resposta para a pergunta é: “… povo grande e poderoso, qual nunca houve desde o tempo antigo, nem depois dele haverá pelos anos adiante, de geração em geração” ( Jl 2:2 ).

 

3 Diante dele um fogo consome, e atrás dele uma chama abrasa; a terra diante dele é como o jardim do Éden, mas atrás dele um desolado deserto; sim, nada lhe escapará.

O profeta descreve a frente de batalha do exército invasor como ‘fogo que consome’, e a retaguarda como ‘chama que abrasa’. Ele compara a terra a ser conquistada pelos invasores com o ‘Jardim do Éden’, mas após passar o invasor, haverá somente um deserto desolador.

Nada escapa ao inimigo invasor (devorador)!

 

4 A sua aparência é como a de cavalos; e como cavaleiros assim correm.

A aparência não diz da aparência física, antes aponta para a força e a agilidade dos invasores. São velozes e fortes como cavalos, porém, organizados como cavaleiros.

 

5 Como o estrondo de carros, irão saltando sobre os cumes dos montes, como o ruído da chama de fogo que consome a pragana, como um povo poderoso, posto em ordem para o combate.

Os obstáculos são vencidos facilmente, como o som que ultrapassa qualquer barreira. Observe o comparativo: eles não saltarão os obstáculos com os seus carros, antes como o ‘estrondo’ de carros (som), irão saltando por sobre os montes.

Os ‘montes’ neste verso refere-se às nações. Por exemplo: Israel é o monte santo do Senhor, ou seja, a nação santa. Observe a pergunta que o salmista Davi faz aos montes e outeiros: “Montes, que saltastes como carneiros, e outeiros, como cordeiros?” ( Sl 114:6 ), ou seja, a pergunta dele foi feita as nações, que figuram como montes e outeiros.

O povo invasor haveria de sobrepujar os obstáculos erguidos pelas nações, submetendo-as ao seu domínio (v. 6 e 7).

Observe as comparações estabelecidas pelo profeta:

  • Aparência como de cavalos – Força;
  • Como Cavaleiros correm – Agilidade;
  • Como estrondo de carros – Não há barreiras;
  • Como o ruído da chama do fogo – Destruição.

Em resumo: Como um povo poderoso e em ordem para a guerra! As características do povo invasor se assemelham a dos gafanhotos: fortes, ágeis, sem empecilhos que os detenham e destruidores vorazes.

 

6 Diante dele temerão os povos; todos os rostos se tornarão enegrecidos.

As nações temem diante do povo invasor. O temor tomará Jerusalém e as nações em redor. Todos ficarão pálidos, congelados pelo terror.

 

7 Como valentes correrão, como homens de guerra subirão os muros; e marchará cada um no seu caminho e não se desviará da sua fileira.

Este verso ilustra o verso 5.

O exército invasor é descrito como ‘valente’ e ‘velozes’ (como valentes correrão). Como homens de guerra subirão os muros, ou seja, não há obstáculo para eles, pois são ‘adestrados’ na arte da guerra.

A descrição seguinte é própria aos gafanhotos: marchará cada um no seu caminho e não se desviará da sua fileira.

 

8 Ninguém apertará a seu irmão; marchará cada um pelo seu caminho; sobre a mesma espada se arremessarão, e não serão feridos.

Apesar de numerosos, não se atrapalham na batalha. Cada um tem função específica, e mesmo que se arremessem sobre a espada do inimigo, contudo ‘não serão feridos’. O que isto quer dizer? Que o comportamento deles se assemelha a dos gafanhotos, que ‘doam’ as suas vidas para que os outros obtenham êxito na empreitada beligerante.

 

9 Irão pela cidade, correrão pelos muros, subirão às casas, entrarão pelas janelas como o ladrão.

Os inimigos invadirão as cidades, correrão pelos muros (na antiguidade os muros eram largos Ne 12:31 -38), subirão casa por casa e agirão como o ladrão.

 

10 Diante dele tremerá a terra, abalar-se-ão os céus; o sol e a lua se enegrecerão, e as estrelas retirarão o seu resplendor.

Diante do exercito invasor os homens (terra) tremeriam, pois perderiam a confiança (abalar os firmamentos). Assim como o enxame de gafanhotos enegrecem o sol e a lua, a ação dos invasores dissiparia a luz da esperança que sustem os povos.

 

11 E o SENHOR levantará a sua voz diante do seu exército; porque muitíssimo grande é o seu arraial; porque poderoso é, executando a sua palavra; porque o dia do SENHOR é grande e mui terrível, e quem o poderá suportar?

O terrível exército pertence ao Senhor, pois Ele é que dá a ordem (executando a sua palavra) para a invasão. O arraial (acampamento) do exército a serviço do Senhor é muitíssimo grande.

O exercito inimigo executará a palavra do Senhor, e, portanto, é poderoso. A força e o poder do exército decorrem da palavra do Senhor.

Diferente de Judá e Israel, que se diziam povo do Senhor, mas que não obedeciam a sua voz, o Senhor tem o exercito invasor como sua propriedade.

Novamente o profeta faz referência ao dia do Senhor, descrevendo-o como grande e terrível ( Jl 1:15 ; Jl 2:1 ).

 

12 Ainda assim, agora mesmo diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto.

Apesar da palavra do Senhor anunciar calamidades sobre Jerusalém, o Senhor apresenta a sua misericórdia “Ainda assim, agora mesmo…” ( v. 12).

Por intermédio do profeta, Deus conclama o povo a conversão: “Convertei-vos a mim de todo o vosso coração…” (v. 12). Como se converte ao Senhor de todo o coração?

O profeta Moisés é claro: “E o SENHOR teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao SENHOR teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas” ( Dt 30:6 ).

Somente quando Deus circuncida o coração do homem é possível amá-lo de todo o coração e de toda a alma, pois somente após a circuncisão de Deus o homem morre e passa a viver para Deus.

Ora, o povo procurava cumprir a lei, pois circuncidavam o prepúcio da carne dos seus filhos, porém, sujeitarem-se Aquele que faz a circuncisão que dá vida crendo na sua palavra, não se sujeitavam. Portanto, não havia como eles amarem a Deus através de seus sentimentos, ações e esforços.

A conversão do homem deve ocorrer no tempo presente, deve ser agora, pois hoje é o dia sobre modo aceitável, o dia de salvação.

 

13 E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal.

Era costume dos israelitas rasgarem as suas vestes, porém, Deus queria que eles rasgassem o coração (circuncisão do coração).

Somente quando o homem ‘rasga’ o coração é que ocorre a verdadeira conversão. A ‘circuncisão’ do prepúcio, o ‘rasgar’ vestes, os ‘jejuns’ de alimento e os ‘sacrifícios’ de animais não tornava o povo de Israel agradável a Deus, pois a verdadeira circuncisão é Deus que faz.

Somente Ele tem o poder de rasgar o velho coração e dar um novo coração ( Sl 51:10 : Dt 30:6 ).

Quais os sacrifícios que Deus se agrada? “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” ( Sl 51:17 ).

Porém, o povo de Israel, apesar de:

  • Procurarem dia a dia a Deus;
  • Ter prazer em querer saber os seus caminhos;
  • Ser um povo que buscam praticar justiça, e que;
  • Não deixava o mandamento de Deus.

Contudo, não serviam a Deus com entendimento ( Is 58:2 ; Rm 10:2 ). Eles estavam confiados que as suas ações como ir ao templo, estudar a lei, praticar justiça aos companheiros, etc., os tornariam agradáveis a Deus. Apoiavam-se numa justiça própria, mas não confiavam em Deus, que é misericordioso, compassivo, tardio em irar-se, benigno e que se arrepende do mal, independentemente das ações dos homens.

 

14 Quem sabe se não se voltará e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, em oferta de alimentos e libação para o SENHOR vosso Deus?

O profeta anuncia que, caso o seu povo se arrependesse, Deus seria favorável. Além de não mandar o mal descrito nos versos anteriores, abençoaria o povo.

Dos versos 12 ao 14 houve uma pausa na profecia, e foi introduzido um convite à conversão. Mesmo sendo descrito algo iminente, caso se arrependessem dos seus conceitos, Deus haveria de socorrê-los.

 

15 Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembléia solene.

O povo foi alertado do perigo iminente ( Jl 1:2 e Jl 2:1 a Jl 2:11 ), e após, é ofertado livramento (v. 12 à 14). Agora, novamente são concitados a reunirem-se ao som da trombeta, mas desta vez, que deixassem as suas atividades regulares e atendessem o chamado do Senhor (assembléia solene).

 

16 Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai as crianças, e os que mamam; saia o noivo da sua recamara, e a noiva do seu aposento.

Que o povo viesse ao encontro do Senhor! Tanto anciões, quanto crianças, recém nascidos, noivo e noivas, todos deveriam deixar o que entendiam por importante, e que se voltasse para Deus.

 

17 Chorem os sacerdotes, ministros do SENHOR, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a teu povo, ó SENHOR, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que os gentios o dominem; porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?

Após o povo reunirem-se, que os sacerdotes se posicionassem no templo e rogassem ao Senhor por misericórdia. Qual deveria ser a oração do sacerdote?

  • Para o Senhor poupar o seu povo;
  • Que não fossem entregues ao opróbrio;
  • Que os gentios não dominassem sobre eles;
  • Que Deus evitasse a zombaria dos povos, que diriam: Onde está o seu Deus?

A mudança no tempo verbal, do verso 17 para o verso 18, dá a entender que Israel não se arrependeu e que Deus os entregou ao inimigo.

As calamidades descritas no capítulo 1 e 2 acabaram por vir sobre Jerusalém, e posteriormente Deus se mostrará compassivo com Israel.

As bençãos descritas a seguir, verso 18 a 27, serão concedidas a Israel como nação no milênio, quando Cristo se assentar no trono de sua glória. Elas foram anunciadas logo após a mensagem de arrependimento do profeta, uma vez que, caso arrependessem, desfrutariam destas beatitudes.

Geralmente quando os profetas apregoavam a necessidade de arrependimento (mudança de entendimento acerca de alguma matéria), o povo se aplicavam as mesmas coisas do passado: ritos, lei, sacrifícios, orações, etc.

O verdadeiro arrependimento, que é o rasgar do coração, não buscavam, continuavam em suas praticas antigas, que consistia em rasgar a suas vestes pelos vários jejuns que promoviam ( Jl 2:13 ).

O que era exigido deles, somente Deus pode realizar, que é a circuncisão do coração, o mesmo que rasgá-lo ( Dt 10:16 ; Jr 4:4 ). Se eles abandonassem as suas práticas legalistas, ritualistas e formalistas e fizessem como o salmista Davi, confiassem no Senhor, Deus haveria de realizar o necessário: criaria um novo coração e lhes daria um novo espírito ( Sl 51:10 ).

Somente Deus pode dar um novo coração e um novo espírito aos homens, desde que se arrependam, ou seja, deixem de recorrer as práticas que eram próprias aos seus pais ( Sl 51:16 ).

 

18 Então o SENHOR se mostrou zeloso da sua terra, e compadeceu-se do seu povo.

O profeta anuncia um tempo em que o Senhor se mostraria zeloso da terra e se compadeceria do seu povo.

Observe que o tempo verbal da profecia muda deste verso em diante, e apresenta o socorro do Senhor de modo atual, do mesmo modo que foi apresentada a invasão de gafanhotos no capítulo 1.

Do mesmo modo que o profeta Joel viu e descreveu profeticamente a invasão inimiga e a escassez de alimento, agora ele descreve profeticamente a condição do povo sob o favor de Deus.

 

19 E o SENHOR, respondendo, disse ao seu povo: Eis que vos envio o trigo, e o mosto, e o azeite, e deles sereis fartos, e vos não entregarei mais ao opróbrio entre os gentios.

O Senhor responde o clamor do seu povo e restitui o sustento (pão), a alegria (mosto) e o culto (azeite). O povo será farto de sustento, alegria e culto, e não mais seriam entregues aos gentios.

O profeta concita o povo de Israel a clamar, porém, temos aqui uma profecia para um tempo distante, visto que somente no período da grande tribulação, quando se cumprir a última semana profetizada por Daniel, o povo se reunirá para clamar ( Zc 12:10 ), e o cumprimento da promessa de que não mais serão entregues ao opróbrio dos gentios se cumprirá cabalmente com a implantação do reino do Messias (v. 15 a 19).

 

20 Mas removerei para longe de vós o exército do norte, e lançá-lo-ei em uma terra seca e deserta; a sua frente para o mar oriental, e a sua retaguarda para o mar ocidental; e subirá o seu mau cheiro, e subirá a sua podridão; porque fez grandes coisas.

Os exércitos invasores de Israel geralmente vem do norte ( Ez 38:6 -15). Deus promete lançar o exercito invasor para uma terra sem vida e deserta. A frente para o mar morto e a retaguarda para o mediterrâneo ( Jl 2:3 ).

Tal descrição encaixa-se na profecia de Zacarias ( Zc 14:12 –13).

 

21 Não temas, ó terra: regozija-te e alegra-te, porque o SENHOR fez grandes coisas.

Os homens (terra) de Israel não deveriam temer (Heb ‘a dhãmâh, refere-se a terra vermelha da qual o primeiro homem, Adão Heb ‘ãdãm, foi feito). O povo deveria trocar o medo pela confiança, pois só regozijam e alegram os que confiam no Senhor.

 

22 Não temais, animais do campo, porque os pastos do deserto reverdecerão, porque o arvoredo dará o seu fruto, a vide e a figueira darão a sua força.

Os animais do campo voltariam a pastar e as árvores a darem o seu fruto. A vide e a figueira (Israel e Judá), por sua vez, voltará ao seu vigor, apresentará a sua força.

 

23 E vós, filhos de Sião, regozijai-vos e alegrai-vos no SENHOR vosso Deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva temporã; fará descer a chuva no primeiro mês, a temporã e a serôdia.

Os filhos de Jerusalém regozijarão e alegrarão no Senhor, ou seja, a confiança não do povo em Deus será retribuída com chuvas ao seu tempo.

 

24 E as eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de mosto e de azeite.

Como as chuvas serão continuas e pontuais, não faltará trigo (pão), mosto (alegria, confiança) e azeite (unção).

 

25 E restituir-vos-ei os anos que comeu o gafanhoto, a locusta, e o pulgão e a lagarta, o meu grande exército que enviei contra vós.

Através desta promessa é possível inferir que o gafanhoto cortador, o gafanhoto migrador, o gafanhoto devorador e o gafanhoto destruidor referem-se a quatro reinos distintos, mas que, por sua vez, constituem o grande exercito que seria enviado por Deus contra o povo de Israel e que abateria as nações.

Como a promessa de restauração nacional nos versos 26 e 27 dão conta que o povo nunca mais seria envergonhado, temos que ‘os anos que a cidade de Sião’ foi assolada refere-se a quatro grandes impérios que subjugaram os povos no passado da humanidade: Império Babilônico, Império Medo-Persa, Império Macedônico e o Império Romano (Daniel 2).

No capítulo 1 o profeta demonstra a invasão dos gafanhotos em quatro levas distintas, e no capítulo 2 somos informados que tais invasores constituem-se o grande exército do Senhor ( Jl 2:11 ). Ora, os reinos que se levantaram no passado, segundo os profetas, estavam todos a serviço do Deus de Israel na condição de vara de correção do Senhor para todos os povos.

Obs.: Alguns pregadores utilizam de forma equivocada a figura dos gafanhotos, que ilustram somente a invasão de nações inimigas, como sendo a ação de demônios na vida financeira daqueles que não contribuem com a organização que representam.

“A Bíblia nos fala de quatro legião de demônios que trabalham na área de maldição, estes demônios são chefiados pelo príncipe chamado Belzebu (…) Nesta situação, o profeta insistiu com o povo que se voltasse para o Senhor, com arrependimento sincero. ‘Cada tipo de gafanhoto representa uma legiões de demônios que age na vida do homem, em seu patrimônio, em suas riquezas, bens e salários!’” Conheça o Mundo Espiritual, Anacleto Pereira da Cruz, 10° edição, Design Bureau Ltda, Editor Pr. Anacleto, Pág. 54.

 

26 E comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do SENHOR vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo nunca mais será envergonhado.

O profeta do Senhor anuncia que haveriam de comer abundantemente e que seriam fartos, e seriam constituídos em louvor ao nome do Senhor. O Senhor haveria de proceder de modo maravilhoso e nunca mais seriam envergonhados.

 

27 E vós sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o SENHOR vosso Deus, e que não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado.

Após os feitos do Senhor, o povo de Israel compreenderia que o Senhor é o Deus de Israel. Entenderiam que não há outro Deus e nunca mais seriam envergonhados.

 

28 E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões.

Há um novo salto temporal na profecia.

Após ser anunciada a invasão inimiga ( Jl 1:4 -20 ; Jl 2:1 -11), a necessidade de arrependimento ( Jl 2:12 ) e a restauração do povo após a invasão inimiga ( Jl 2:18 -27), temos um novo evento em um tempo estabelecido como sendo ‘depois’.

A expressão traduzida do hebraico para ‘depois’, refere-se à época messiânica, ou seja, é o mesmo que ‘nos últimos dias’, conforme o apóstolo Pedro interpreta em Atos 2 ( At 2:17 ).

Muito tempo depois, quando da restauração nacional de Israel, o Senhor promete derramar (concedê-lo sem medida) o seu Espírito sobre todos os homens, sem exceção, e os filhos e as filhas de Israel profetizariam, e os velhos teriam sonhos, e os jovens teriam visões da parte do Senhor.

O apóstolo Pedro cita 5 versos de Joel e os relaciona com o evento que se deu em Jerusalém no dia da festa do Pentecoste ( At 2:1 ). Do mesmo modo que na restauração de Israel o Espírito do Senhor seria derramado, semelhantemente o Espírito do Senhor foi derramado no dia da festa de Pentecoste, e muitos profetizaram e falaram em novas línguas.

Os discípulos estavam reunidos em um mesmo lugar no dia de Pentecoste (festa judaica), quando ouviram um som comparável a um vento forte (impetuoso) que tomou conta do recinto (casa).

Em seguida, os que ali estavam reunidos viram uma espécie de labaredas (línguas repartidas) comparável ao fogo, e estas pousavam sobre cada um dos que ali estavam reunidos.

Todos que ali estavam reunidos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em vários idiomas. A ideia da palavra ‘cheio’ diz de pleno, de plenitude. Refere-se ao que o apóstolo João anunciou: “Da sua plenitude recebemos, graça sobre graça” ( Jo 1:16 ; Cl 2:10 ).

Ou seja, da mesma forma que Jesus anunciou que ‘o Espírito do Senhor estava sobre Ele’ ( Lc 4:18 ), todos os cristãos passaram a estar cheios, plenos do Espírito Eterno, visto que tornaram-se templo e morada do Espírito ( 1Co 3:16 ).

Os turistas, por ocasião da festa do ‘Pentecoste’, que visitavam Jerusalém, ficaram perplexos ao ouvirem galileus falarem os seus idiomas ( At 2:6 ), e o apóstolo Pedro, diante de tamanho alvoroço, posicionou-se diante da multidão e demonstrou que, aquele evento em particular tinha relação com o que o profeta Joel havia anunciado ( At 2:16 ).

 

29 E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.

O apóstolo Pedro demonstrou que o Espírito do Senhor estava sendo derramado sobre todos os povos, até mesmo sobre os servos e as servas. Os versos 28 e 29 estão intimamente ligados.

O profeta Joel demonstra que o Espírito seria derramado sobre os filhos e as filhas do seu povo, e que também os servos e as servas seriam agraciados com o Espírito. Isto demonstra que, para Deus não há acepção de pessoas, visto que, os servos do povo do profeta eram como os estrangeiros, põem, até mesmo os gentios seriam agraciados com o Espírito ( Rm 10:12 ).

O Senhor promete enviar do seu Espírito sobre judeus e gentios.

 

30 E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça.

Muitos milagres e maravilhas seriam operados por Deus no dia em que o Espírito do Senhor fosse derramado. O Senhor Jesus quando esteve na terra operou sinais e prodígios em meio ao povo demonstrando a chegada do reino de Deus “Mas, se eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente a vós é chegado o reino de Deus” ( Lc 11:20 ).

 

31 O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR.

Este verso introduz um novo salto temporal na narrativa do profeta Joel. Antes que venha o ‘grande e terrível dia do Senhor’, o sol ficará escuro e a lua avermelhada ( Jl 3:15 ).

O profeta deixa de fazer referência ao período messiânico e passa para um período apocalíptico. O ‘grande e terrível dia’ só se dará após o Espírito do Senhor ser derramado sobre os homens em toda a terra, ou seja, após a vinda do Messias.

 

32 E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o SENHOR, e entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar.

O apóstolo Paulo cita este verso em Romanos 10:13, após afirmar que Deus não faz acepção de pessoas ( Rm 10:12 ).

Ao falar ‘daqueles dias’ em que Deus derramaria o Seu Espírito, que é antes do tempo descrito como o grande e terrível dia do Senhor, o profeta Joel demonstra que, todo (qualquer que) clamar o Senhor haveria de ser salvo.

Como situar no tempo a expressão ‘e há de ser…’? O ‘há de ser…’ contempla o período entre o derramamento do Espírito e o grande e terrível dia do Senhor. Neste período de tempo específico, qualquer pessoa, seja judia ou gentil, que clamar o Senhor, é salvo.

O que entendemos por ‘clamar’? Clama aquele que confia. O clamor é expressão de confiança por parte de quem clama ( Sl 55:16 ). Só se confia e clama quando se entende que Deus está perto ( Is 55:6 ).

Qualquer que confiar (crer) no Senhor será salvo ( Rm 10:13 e Jo 3:16 ; At 16:31 ).

Por que qualquer que invocar será salvo? Porque no monte Sião e em Jerusalém haverá salvação (livramento). Este trecho contém uma referência implícita ao Messias, pois ‘a salvação virá de Sião’ ( Is 59:20 ; Rm11:26 ).

‘Todo aquele que invocar o nome do Senhor’ é expressão que abrange os gentios, que serão salvos ‘assim como disse o Senhor’ ao anunciar o evangelho a Abraão “Todas as nações serão benditas em ti” ( Gl 3:11 ).

Neste período de tempo, chamado pelo apóstolo Paulo de ‘plenitude dos gentios’ , dentre os remanescentes de Israel também haverá salvação para os que atenderem o chamado do Senhor “…e entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar” (v. 32 ; Rm 11:25 ; Is 20:22 ).

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

5 thoughts on “Joel 2 – A invasão dos caldeus

  • Deus Continue Lhe Dando Sabedoria e intrepidez Da Palavra . Amei Esse Estudo. Bem Mastigado…. Explicado Com Bastante Clareza !!! Ótimo Excelente .

    Resposta
  • O Senhor Deus te honre e te abençoe sempre .
    Na sua vida conjugal , familiar, espiritual , ministerial, militar ,estudo profundo e explícito maravilhoso benção sem medida e muito obrigado por dividir conosco sua sabedoria Deus te abençoe muitíssimo em o nome do Senhor Jesus .

    Resposta
  • Gostei muito Cláudio Crispim que o. Senhor te fortaleça Você e uma bênção . Eu aprendo muito com outras pessoas

    Resposta
  • Gostei muito Cláudio Crispim que o Senhor te fortaleça Você e uma bênção. Muito bom reapreder relembrar. Creio no milagre

    Resposta
  • Gostei do estudo discordo da questão de um Reino terrestre de Cristo além de falar de tribulação numa questão a qual o profeta não se refere. A paz de Cristo. Amém.

    Resposta

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