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A predestinação está relacionada ao corpo glorioso que os salvos irão receber, de modo que, “assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial”, e os calvinistas e arminianos acham que se trata de predestinação para salvação.


Eleição incondicional em Atos 13:48?

“E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna.” (Atos13:48).

O apóstolo Paulo e Barnabé em Antioquia

O médico amado narra que o apóstolo Paulo e Barnabé deixaram a cidade de Perge e chegaram em Antioquia, da Pisídia. Na cidade, em um dia de sábado, ambos foram a uma sinagoga e se assentaram (Atos 13:14-15).

Após ouvirem a lição da lei e dos profetas, os principais da sinagoga interpelaram Paulo e Barnabé para ver se tinham algo a dizer à multidão. O apóstolo Paulo se pós em pé e, sinalizando com as mãos, pediu silêncio.

O sermão de Paulo começou narrando a saída do povo de Israel do Egito, falou de Cristo, citou os profetas e os salmos, e terminou com uma exortação, citando o profeta Habacuque (Atos 13:16-41).

Os judeus foram os primeiros a deixarem a sinagoga, mas os gentios pediram para Paulo e Barnabé retornarem no próximo sábado para anunciar as mesmas palavras (Atos 13:42).

No sábado seguinte, quase toda a cidade se reuniu para ouvir a palavra de Deus através do apóstolo Paulo. Ao verem a multidão, os judeus ficaram com inveja e, durante a exposição do apóstolo, passaram a contradizê-lo (Atos 13:44-45).

Diante da oposição dos judeus, Paulo e Barnabé foram ousados e disseram:

“Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios;” (Atos 13:46).

O posicionamento do apóstolo Paulo remonta ao posicionamento e a ordem de Cristo:

“E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” (Mateus 15:24);

“Mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel;” (Mateus 10:6).

E esse era o posicionamento dos primeiros cristãos:

“E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus.” (Atos 11:19).

O apóstolo Paulo esclarece aos judeus da cidade de Antioquia, da Pisídia, que cumpriu sua incumbência de anunciar o evangelho primeiramente a eles. E, diante da rejeição da palavra anunciada, o apóstolo concluiu que esses judeus não se considerava dignos da vida eterna.

A partir desse momento, o foco da mensagem anunciada por Paulo e Barnabé passou a ser os gentios.

 

Jesus Cristo – Luz para os gentios 

O apóstolo destaca aos judeus que o ato de direcionar a mensagem do evangelho aos gentios estava amparado nas palavras anunciadas pelos profetas:

“Porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da terra.” (Atos 13:47);

“Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os preservados de Israel; também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra.” (Isaías 49:6).

Os judeus pareciam indiferentes, mas os gentios, ao ouvirem o que o apóstolo Paulo destacou, se alegraram e glorificaram a palavra do Senhor. Até este ponto do versículo, a interpretação é clara. No entanto, a próxima frase parece apresentar um desafio interpretativo.

“… e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna.” (Atos13:48).

À primeira vista, ignorando completamente o contexto e o texto grego, e baseando-se apenas na tradução, a frase acima parece sugerir que Deus escolheu e predestinou algumas pessoas para a salvação.

Como ler e compreender esse versículo, que é tão controverso para alguns segmentos da teologia reformada? Ao longo deste texto, será destacada uma ferramenta de leitura e interpretação que resolverá a controvérsia.

 

Os destinados a tropeçarem na pedra de tropeço e na rocha de escândalo

“E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados.” (1 Pedro 2:8).

Jesus veio para o seu povo, mas o seu próprio povo o rejeitou, cumprindo-se as Escrituras conforme registrado pelo evangelista João.

“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.” (João 1:11);

“A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a cabeça da esquina.” (Salmos 118:22).

Nesse sentido, não creram todos quantos estavam destinados à perdição, ou seja, toda nação:

“Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; E quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina, e uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados.” (1 Pedro 2:8).

Cristo é o eleito de Deus, a pedra eleita e preciosa que Deus assentou em Jerusalém. Para todos que creem em Cristo como o enviado de Deus, Ele é a pedra preciosa. No entanto, para os rebeldes, Cristo se tornou uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo.

Deus escolheu Cristo e o estabeleceu como pedra de esquina do Seu santo templo. Contudo, os líderes e religiosos de Israel, em lugar de edificarem sobre a rocha, a palavra de Deus, rejeitaram Cristo, a pedra principal de esquina.

Na antiguidade, sem a pedra angular de esquina, não era possível construir uma casa ou templo. Como poderia ser construído um templo para Deus de pedras vivas sem a principal pedra de esquina, que é Cristo? Sem a palavra de Deus, é impossível construir o templo que Deus escolheu para a Sua habitação.

“Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo, às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de Jerusalém.” (Isaías 8:14);

Os profetas já haviam predito que Cristo seria santuário, casa de Deus, habitação de Deus, mas para Israel, o Messias seria uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, servindo de armadilha e laço às duas casas de Israel

“Por quê? Porque não foi pela fé, mas como que pelas obras da lei; tropeçaram na pedra de tropeço; Como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo; E todo aquele que crer nela não será confundido. “ (Romanos 9:32-33);

“E Davi diz: Torne-se-lhes a sua mesa em laço, e em armadilha, e em tropeço, por sua retribuição;” (Romanos 11:9).

“Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto. Onde vossos pais me tentaram, me provaram, e viram por quarenta anos as minhas obras. Por isso me indignei contra esta geração, e disse: Estes sempre erram em seu coração, e não conheceram os meus caminhos. Assim jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso.” (Hebreus 3:7-11).

Os pais, hebreus que foram resgatados do Egito, tentaram e provaram a Deus, por isso, todos pereceram no deserto, exceto Josué e Calebe. Os pais rejeitaram a Deus! Cedo se desviaram e, além de serem rebeldes, ensinaram aos seus filhos somente mandamento de homens (Deuteronômios 9:12).

“Porque o SENHOR dissera deles que certamente morreriam no deserto; e nenhum deles ficou senão Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num.” (Números 26:65);

“Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído;” (Isaías 29:13).

Os pais sempre eram no coração, pois se negaram a ouvir Deus falar com eles, e nunca conheceram os caminhos de Deus. Deste modo, Deus se indignou com os pais, e o repouso prometido lhes foi negado.

“E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos.” (Êxodo 20:19).

Mas, muito tempo depois, por boca do Salmista, Deus novamente anuncia ao povo: “Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto.”. Jesus veio na plenitude dos tempos e fez ecoar a palavra de Deus, mas como o povo estava acostumado a ouvir e seguir mandamentos de homens, desprezaram o temor (mandamento de Deus).

“Depois perguntaram-lhe os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos por lavar? E ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim; Em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição.” (Marcos 7:5-9);

“Como, pois, dizeis: Nós somos sábios, e a lei do SENHOR está conosco? Eis que em vão tem trabalhado a falsa pena dos escribas. Os sábios são envergonhados, espantados e presos; eis que rejeitaram a palavra do SENHOR; que sabedoria, pois, têm eles?” (Jeremias 8:8-9).

Por causa da rejeição a Cristo, assim pregou Estevam com toda intrepidez:

“Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas; Vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes.” (Atos 7:51-53).

A nação de Israel estava destinada a rejeitar o Cristo! Isso significa que cada membro em particular da nação não teria direito de escolher entre obedecer a Deus e crer em Cristo? Evidente que não! Tanto que, em Israel, além dos discípulos, que antes do evento do pentecostes eram aproximadamente 120 pessoas, e pelo fato de Cristo ter sido visto por aproximadamente 500 irmãos, muitos judeus creram em Cristo (1 Coríntios 15:6; Atos 1:15).

“Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, E, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, E fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos, E ouçam com os ouvidos, E compreendam com o coração, E se convertam, E eu os cure.” (Mateus 13:13-15).

A nação de Israel ouviu de mau grado a palavra de Deus anunciada pelo Seu Filho, sendo rejeitado pelo povo. Quando O aclamaram na entrada triunfal de Jerusalém, os judeus assim o receberam como profeta, e não como o Filho do Deus bendito, o salvador da humanidade.

“E muitíssima gente estendia as suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo caminho. E a multidão que ia adiante, e a que seguia, clamava, dizendo: Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas! E, entrando ele em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou, dizendo: Quem é este? E a multidão dizia: Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia.” (Mateus 21:8-11).

A profecia dizia hosana ao Filho de Davi, mas o povo o reconhecia como profeta de Nazaré. Tinham o mandamento de Deus chegado à boca, mas longe do coração! O povo de Israel rejeitou a Cristo porque sempre rejeitaram a palavra de Deus, e Cristo, é a palavra de Deus que se cumpriu, o Verbo que se fez carne.

Esse foi o veredicto pela rejeição:

“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste? Eis que a vossa casa se vos deixará deserta. E em verdade vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.” (Lucas 13 :34-35).

Os filhos de Israel não produziam o fruto que Deus exige: o fruto dos lábios que confessam o nome de Cristo como o Bendito que veio em nome do Senhor, Cristo, o filho de Davi, portanto, filho de Deus.

“Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.” (Hebreus 13:15).

Israel é a figueira cortada por não produzir o fruto exigido por Deus:

“E dizia esta parábola: Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando; E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; E, se der fruto, ficará e, se não, depois a mandarás cortar.” (Lucas 13:6-9).

Isso significa que Deus destinou alguns indivíduos dentre os judeus à perdição e outros à salvação? Não! Significa que se cumpriu as Escrituras, que Jesus viria para os seus, o povo de Israel, mas que os seus concidadãos iriam rejeitá-Lo.

Após essa breve releitura, analise:

“E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados.” (1 Pedro 2:8).

A nação de Israel estava destinada a tropeçarem na palavra, pois era desobediente. Encontraram a pedra preciosa, que é Cristo, e Ele se tornou para a nação pedra de tropeço e rocha de escândalo.

O verbo grego τίθημι (tithémi) é traduzido por ‘destinado’, ‘nomeado’, e no verso 6, do mesmo capítulo, o mesmo verbo é traduzido por ‘colocar’, ‘por’, evidenciando que, assim como Cristo foi estabelecido pelo Pai como uma pedra em Sião, o povo foi posto para tropeçar, cair, escorregar.

“Portanto o seu caminho lhes será como lugares escorregadios na escuridão; serão empurrados, e cairão nele; porque trarei sobre eles mal, no ano da sua visitação, diz o SENHOR.” (Jeremias 23:12);

“Certamente tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição.” (Salmos 73:18).

Compreendendo essa verdade, compreende-se o Salmo 35:

“Seja o seu caminho tenebroso e escorregadio, e o anjo do SENHOR os persiga. Porque sem causa encobriram de mim a rede na cova, a qual sem razão cavaram para a minha alma. Sobrevenha-lhe destruição sem o saber, e prenda-o a rede que ocultou; caia ele nessa mesma destruição.” (Salmos 35:6-8).

Daí a máxima:

“O que cava uma cova cairá nela; e o que revolve a pedra, esta voltará sobre ele.” (Provérbios 26:27);

A mesa que se tornou laço para os filhos de Israel foi o calvário, pois enquanto Jesus fazia a vontade do Pai, que era o seu prazer (banquete), os filhos de Israel estavam sendo enlaçados e presos. Deus preparou uma mesa para o seu Filho plena da sua vontade, na presença dos opositores de Cristo, com um cálice transbordante de sofrimento, pois para isso mesmo Ele foi eleito (Salmo 23:5).

“Assim, pois, a palavra do SENHOR lhes será mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, e se quebrantem e se enlacem, e sejam presos.” (Isaías 28:13).

Tudo que Deus fez anunciou aos filhos de Israel por intermédio dos profetas:

“Como está escrito: Deus lhes deu espírito de profundo sono, olhos para não verem, e ouvidos para não ouvirem, até ao dia de hoje. E Davi diz: Torne-se-lhes a sua mesa em laço, e em armadilha, E em tropeço, por sua retribuição; Escureçam-se-lhes os olhos para não verem, E encurvem-se-lhes continuamente as costas. Digo, pois: Porventura tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação. E se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!” (Romanos 10:7-12).

Observe que a queda prevista foi da nação, e não de indivíduos em particular. A única queda prevista de indivíduo em particular repousou sobre Judas, Iscariotes, mas isso não significa que Judas foi posto para trair. O que foi anunciado de antemão (presciência) por Deus aos seus profetas, não é causa determinante das escolhas do indivíduo.

Judas teve as mesmas oportunidades que os demais discípulos, porém, ele escolheu trair, e esse evento foi antecipado aos profetas. Isso significa que Deus não preordenou todos os eventos na vida de Judas para que ele traísse, e nem mesmo significa que Deus determinou todas as escolhas de Judas.

Observe que Deus é onisciente, e por conhecer todas as coisas, passada, presente e futura, e o conhecimento que Deus antecipa aos seus profetas dá-se o nome de presciência, ou seja, o que foi anunciado de antemão.

Ninguém está destinado a tropeçar na palavra, pois, na verdade, Cristo é a pedra eleita e preciosa, mas os que são desobedientes, nesse caso em particular, o povo judeu, a pedra se tornou em tropeço. Mas, cada indivíduo em Israel que teve a oportunidade de ouvir, pode exercer o livre-arbítrio e crer.

“E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados.” (1 Pedro 2:8).

 

Os destinados para a vida eterna 

Temos todos os elementos reunidos para ler e compreender essa frase:

“… e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna.” (Atos13:48).

Tudo que foi demonstrado no subtítulo acima, tem o condão de evidenciar a essência do que o apóstolo Paulo estava falando quando disse:

“Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios;” (Atos 13:46).

Era necessário que os apóstolos e os discípulos pregassem o evangelho primeiramente aos judeus, mas como rejeitavam a palavra, daquele momento em diante, o apóstolo Paulo iria pregar aos gentios.

Observe que, mesmo os judeus tendo rejeitado a palavra, o apóstolo evidencia que eles é que julgavam que não eram dignos da vida eterna. Por que eles julgavam que não eram dignos? Porque a palavra da cruz lhes parecia escândalo, e por não aceitarem o escândalo da cruz, não eram dignos da vida eterna.

“Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos.” (1 Coríntios 1:23).

Diferentemente dos judeus, ao ouvirem a palavra de Deus anunciada pelo profeta Isaias, de que Jesus foi posto para luz dos gentios e que seria salvação em todo o mundo, os gentios se alegraram e glorificaram a palavra anunciada.

“Porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da terra. E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor (Atos 13:47-48).

O médico amado estava narrando a transição do anuncio do evangelho, que era restrito aos judeus, mas que, a partir daquele evento de oposição dos judeus ao evangelho, teria os gentios por alvo.

O evangelho anunciado a Abraão estava chegando aos gentios, e eles glorificaram a palavra de Deus.

“Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações (judeus e gentios) serão benditas em ti.” (Gálatas 3:8).

Diante da grandeza do que foi anunciado de antemão (presciência) aos profetas, todos os gentios que estavam ouvindo o apóstolo Paulo e Barnabé creram. Observe algumas profecias relacionadas aos gentios:

“O SENHOR fez notória a sua salvação, manifestou a sua justiça perante os olhos dos gentios.” (Salmos 98:2);

“E acontecerá naquele dia que a raiz de Jessé, a qual estará posta por estandarte dos povos, será buscada pelos gentios; e o lugar do seu repouso será glorioso.” (Isaías 11:10);

“Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os preservados de Israel; também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra.” (Isaías 49:6);

“Livraste-me das contendas do povo, e me fizeste cabeça dos gentios; um povo que não conheci me servirá. Em ouvindo a minha voz, me obedecerão; os estranhos se submeterão a mim. “ (Salmos 18:43-44);

“Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra.” (Salmos 46:10).

Observe que os gentios ao ouvirem as Escrituras que diz: Eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da terra,” creram.

“E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna.” (Atos13:48).

Quem foram os que creram? Os gentios (ὅσος/todos quanto, muitos). E qual a condição dos gentios em relação ao evangelho segundo o previsto nas Escrituras? Seriam salvos!

Cristo foi posto (τίθημι/definido/estabelecido) para luz dos gentios, objetivando que a salvação de Deus (Cristo) alcançasse os confins da terra. Daí o ide de Jesus: ide por todo mundo, ou seja, ide por todos os povos.

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;” (Mateus 28:9).

Da mesma forma que Cristo foi posto (τίθημι/definido/estabelecido) para luz dos gentios, os gentios foram postos (τίθημι/definido/estabelecido) para a vida eterna, diferentemente dos judeus, que foram destinados τίθημι (tithémi) a tropeçar.

Observe que a questão não trata de indivíduos, e sim, de povos, pois o evangelho anunciado a Abraão estava se cumprindo: em ti serão benditas todas as famílias da terra!

“Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.” (Atos 4:11);

“E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida.” (Atos 11:18).

Observe que os gentios estavam definidos para a vida eterna:

“Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Eis aqui o meu servo, que escolhi, O meu amado, em quem a minha alma se compraz; Porei sobre ele o meu espírito, E anunciará aos gentios o juízo. Não contenderá, nem clamará, nem alguém ouvirá pelas ruas a sua voz; não esmagará a cana quebrada, E não apagará o morrão que fumega, até que faça triunfar o juízo; E no seu nome os gentios esperarão.” (Mateus 12:17-21);

“Mas digo: Porventura Israel não o soube? Primeiramente diz Moisés: Eu vos porei em ciúmes com aqueles que não são povo, com gente insensata vos provocarei à ira. E Isaías ousadamente diz: Fui achado pelos que não me buscavam, fui manifestado aos que por mim não perguntavam. Mas para Israel diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente.” (Romanos 10:19-21);

“Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais. Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento. Porque assim como vós também antigamente fostes desobedientes a Deus, mas agora alcançastes misericórdia pela desobediência deles, assim também estes agora foram desobedientes, para também alcançarem misericórdia pela misericórdia a vós demonstrada. Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia.” (Romanos 11:28-32).

Como são as Escrituras que diziam que os gentios estavam designados para a vida eterna, e justamente os gentios se alegram e louvaram a previsão das Escrituras, portanto, o sujeito oculto do verbo (τίθημι/definido/estabelecido) na frase não é o homem ou Deus, é as Escrituras.

“E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados (pela palavra de Deus) para a vida eterna.” (Atos13:48).

Possivelmente ocorre aqui uma figura de sintaxe caracterizada pela omissão de um termo, que fica subentendido, por se tratar de uma repetição, chamado Zeugma. Ex: “Eu adoro filmes de terror. Meu namorado, (odora) os de comédia.”.

Outros exemplos de Zeugma encontram-se nos seguintes versos:

“Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus (Cristo veio em carne – suprimido) não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo” ( 1Jo 4:2 -3);

“A besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo, e irá à perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida (do cordeiro que foi morto – suprimido), desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, mas que virá.” (Apocalipse 17:8)

 

Eleição incondicional e predestinação fatalista?

Embora pareçam inconciliáveis, o calvinismo e o arminianismo, são faces de uma mesma moeda, e ambas descartáveis à luz das Escrituras.

Ambas doutrinas disputam muitas passagens bíblicas, mas ignoram a seguinte passagem:

“Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão?” (1 Coríntios 15:35).

Nos versos seguintes, o apóstolo Paulo explica como os mortos ressurgem e como será os seus corpos. Observe que os versos a seguir, não tratam especificamente de como se dá a salvação, mas como será os salvos após a ressurreição.

Após explicar que, somente é vivificado o que se semeia, após o que foi semeado morrer, e ele faz um paralelo entre os diversos tipos de corpos existentes, até declarar:

“Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção.” (1 Coríntios 15:42).

E aqui está o mistério da eleição e predestinação:

“Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o SENHOR, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial.” (1 Coríntios 15:45-49).

O apóstolo Paulo explica que tivemos dois homens cabeça de raças: Adão e o Cristo ressurreto. O primeiro, Adão, era terreno, natural e criado alma vivente. Cristo, o último Adão, foi constituído por Deus espírito (palavra) que dá vida, sendo do céu e espiritual.

Aqui temos um paralelo que responde com que corpo os mortos salvos ressurgirão: da mesma forma que era Adão, são os seus descendentes e, da mesma forma que é Cristo, agora ressurreto e com um corpo glorioso, serão os salvos por meio do evangelho.

O que isso significa? Da mesma forma que era o corpo de Adão, assim é os corpos dos terrenos, e da mesma forma que é o celestial, o Cristo glorificado, assim será os corpos dos cristãos quando forem revestidos de imortalidade.

Daí a conclusão: assim como todos os homens gerados de Adão e Eva trouxeram a imagem de Adão, semelhantemente, todos que forem gerados de novo em Cristo também trarão a imagem do Cristo glorificado.

Isto significa dizer:

“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos.” (1 João 3:2).

Isto significa que, quando Cristo se manifestar, cada cristãos se manifestaram em glória!

“Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória.” (Colossenses 3:4).

Este será o grande evento da criação, e toda criação geme na expectativa desse grande evento: quando se manifestará dos filhos de Deus! Milhares de pessoas, salvas em Cristo, se manifestarão em glória quando Cristo se manifestar.

“Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo.” (Romanos 8:18-23).

A glória que será revelada nos cristãos diz da redenção em Cristo, quando o corpo será liberto da servidão da corrupção e terá a liberdade da glória dos filhos de Deus.

E foi para esse evento grandioso que os cristãos, os salvos em Cristo, foram predestinados: para serem conforme a imagem de Cristo, para que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos.

“Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” (Romanos 8:29).

A predestinação está relacionada ao corpo glorioso que os salvos irão receber, de modo que, “assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial”, e os calvinistas e arminianos acham que se trata de predestinação para salvação.

O objetivo da predestinação é a preeminência de Cristo em tudo, pois como primogênito entre muitos que serão semelhantes a Ele, a expressa imagem do Deus invisível será mais sublime.

Assim como a predestinação é concedida aos que primeiro esperaram em Cristo, ou seja, creram, a eleição também (Efésios 1:11-12). Os que creem são gerados de novo pela palavra da verdade, e na condição de novas criaturas, estão livres de condenação visto que são santos e irrepreensíveis, obra da última criação, na qual o Pai trabalha até hoje, e o Filho também.

“E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.” (João 5:17);

“Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação,” (Hebreus 9:11).

Enquanto calvinistas e arminianos se digladiam, esses dizendo que a salvação se dá pela presciência, e aqueles, pela soberania de Deus, a grandeza das riquezas celestiais, ou seja, a glória que será revelada nos salvos quando Cristo se manifestar escapa a compreensão deles.

A salvação não se dá porque Deus escolheu de antemão que haveria de ser salvo, pois se assim fosse, os salvos nunca se perderam de fato, e nem porque Deus anteviu quem iria crer, e por isso, os escolheu de antemão, pois se assim fosse, os atributos divinos estariam em colisão com o livre-arbítrio do homem.

Deus é soberano, mas a ninguém oprime (Jó 37:23), e conhece todas as coisas, mas como Ele não interfere nas decisões humanas, de tudo pede conta.

“Ao Todo-Poderoso não podemos alcançar; grande é em poder; porém a ninguém oprime em juízo e grandeza de justiça.” (Jó 37:23);

“O que é, já foi; e o que há de ser, também já foi; e Deus pede conta do que passou.” (Eclesiastes 3:15).

O grande exemplo dessas duas verdades é Adão, pois sendo Deus soberano e conhecedor de todas as coisas, criou Adão livre em todos os sentidos, e a única coisa que não podia fazer era atentar contra a sua própria natureza, assim como Deus, apesar de toda sua grandeza e poder, não pode fazer coisas que contrariam a sua natureza.

Nesse caso, não poder fazer algo não é questão de limitação ou proibição, mas um elemento próprio à natureza de todos os seres sapientes e sencientes. O que parece limitação, na verdade é o que define o ser.

Deus todo-poderoso e conhecedor de todas as coisas criou Adão com livre-arbítrio. Deus sabia que Adão haveria de pecar antes mesmo de cria-lo, mas ao criar Adão com livre-arbítrio, mesmo assim Deus permitiu que ele exercesse o seu arbítrio: colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal no meio do jardim com livre acesso.

Deus não só deu o livre-arbítrio, como também proveu o meio e deu garantias para que Adão pudesse exerce-lo plenamente. A grandeza de Deus está na ordem:De toda a árvore do jardim comerás livremente!”

“E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gênesis 2:16-17).

Adão era livre e podia exercer as suas próprias decisões dentro do conhecimento necessário para exercê-las. A decisão de Adão era tão livre e soberana na esfera da sua atribuição, que após decidir-se, as consequências eram permanentes: “… no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”  

A decisão de Adão afetou todos os seus descendentes, por isso é dito que todos pecaram, e nada que Adão, ou seus descendentes, fizesse poderia livra-lo da condição de sujeição ao pecado.

A redenção só se tornou possível através da promessa do descendente da mulher, que veio da descendência de Abraão, em quem todas as famílias da terra seriam benditas.

Para salvação da humanidade teve que ocorre uma substituição de ato de alguém gerado de Deus em condição igual a do primeiro homem, que pecou. A substituição de ato está na obediência de Cristo, que substituiu a ofensa de Adão.

“Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.” (Romanos 5:18).

Novamente, o último Adão teve que exercer o seu livre-arbítrio, assim como o primeiro Adão, pois lhe foi dada uma ordem que deveria obedecer, e teve que ser obediente, mesmo que ao cumpri-la, atentaria contra a sua própria existência transitória, e mesmo assim sorveu o cálice que o Pai lhe deu a beber.

Sem Cristo não havia nada que a humanidade pudesse fazer que os livrasse da condenação. Com a pessoa de Cristo, todas as pessoas são convidadas a serem participantes da sua morte, e para isso, se faz necessário obedecer a palavra de Deus assim como Cristo obedeceu.

Qualquer solução que o homem invente, qualquer decisão que tome, ou qualquer escolha que faça, jamais livrá-lo-á da condenação. Mas, se acatar o mandamento de Deus estabelecido na pessoa de Cristo, obedecendo, essa pessoa morre com Cristo e ressurge uma nova criatura.

Esse mandamento de Deus na pessoa de Cristo dá-se o nome de evangelho, fé, mensagem da cruz, loucura e escândalo da cruz, pegação da fé, e outros. Nesse sentido, sem o mandamento de Deus na pessoa de Cristo, que é a fé concedida aos santos (Judas 1:3) pela qual devem batalhar (Filipenses 3:27), e que só por ela é possível agradar a Deus (Hebreus 11:6).

Essa fé é o firme fundamento, a prova das coisas que não se veem, e é por meio dela que o homem é salvo. Essa fé não é a crença do indivíduo, ou o ato de crer, antes é Cristo, a fé manifesta. Novamente uma figura de linguagem, que toma a obra pelo autor. Ao dizer que o homem é salvo pela fé, o apóstolo Paulo está afirmado que o homem é salvo por Cristo, a fé manifesta (Gálatas 3:23), que é comum a todos que creem (Tito 1:4), a qual cada cristãos em particular deve guardar até o fim (2 Timóteo 4:7).

A fé como evangelho, a palavra da verdade, precede o crer. Sem a fé anunciada é impossível o homem crer, por isso é dito: como crerão se não há quem pregue? Essa fé antecede tanto o crer quanto a regeneração, pois a regeneração ocorre após o homem crer segundo o poder que há na fé anunciada.

A fé (evangelho) é dada e dela decorre o poder para regeneração, mas apesar de ter sido concedida e promover a regeneração, a regeneração só ocorre após o homem crer na fé (pregação da fé) concedida.

“Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas.” (Tiago 1:18);

Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.” (Efésios 1:13).

Ao escrever a Tito, o apóstolo destaca o poder da palavra de Deus que gera o novo homem, e por isso, o apóstolo não se envergonhava do seu poder. Ao escrever aos cristãos em Éfeso, além de destacar o efeito de dar ouvidos à palavra de Deus (em quem também vós estais=ser uma nova criatura), o evangelho da salvação, Ele também destaca a necessidade de crer no evangelho.

Ambos sistemas doutrinários, calvinistas e arminianos, para enfatizarem a ideia estapafúrdia de que a salvação se dá pela eleição e predestinação, precisam empurrar a ideia que a regeneração precede a fé. Segundo esse pensamento, o homem no pecado precisa ser regenerado para só então conseguir crer, e para ser regenerado a pessoa tem que ter sido eleita e predestinada. Até cera ala moderada do arminianismo clássico acredita que a fé sucede uma regeneração parcial, ou seja, só é possível crer após uma regeneração “parcial”.

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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