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Inúmeros religiosos dedicaram-se as causas sociais, mas não são participantes da bem-aventurança. Inúmeras freiras, padres, monges, rabinos, pastores levantaram o estandarte dos fracos e oprimidos e são indignos de receberem o reino dos céus. Qual ‘justiça’ foi alvo do discurso de Jesus quando anunciou a bem-aventurança ao povo de Israel e aos seus discípulos? A bem-aventurança é proveniente das virtudes humanas ou é dom de Deus? O homem precisa ser ‘digno’ da bem-aventurança ou é Deus quem os justifica?


Segmentar – v.t. – Reduzir a segmentos: segmentou o tronco da árvore. Tirar o segmento de algo. / V. pr. Partir-se em segmentos, dividir-se, parcelar-se.

Qual ‘justiça’ foi alvo do discurso de Jesus quando anunciou a bem-aventurança ao povo de Israel e aos seus discípulos? A bem-aventurança é proveniente das virtudes humanas ou é dom de Deus? O homem precisa ser ‘digno’ da bem-aventurança ou é Deus quem os justifica?

Ao ler um artigo intitulado “Bem-aventuranças não alcançadas”, não consegui esquivar-me desta análise. Assim diz o artigo:

“Percebo que não alcancei algumas virtudes; não me encaixo na bem-aventurança de Mateus 5.10 (…) Não posso me incluir nessa promessa porque nunca fiz vigília solitária nas calçadas dos hospitais públicos que desprezam o direito do pobre, nunca marchei pelos idosos ou me arrisquei por crianças abandonadas; não me amarrei a uma árvore para não permitir que ela fosse cortada pela gula da especulação imobiliária; não fiz greve de fome por nenhuma causa (…) Confesso. Ainda não me vejo digno da felicidade de receber o mesmo galardão dos profetas. Enquanto eles defenderam os órfãos e as viúvas, eu me contentei em pregar uma mensagem desencarnada. Por anos, falei do Céu para fugir das injustiças que me rodeavam; prometi salvação como forma de mitigar o sofrimento dos pobres…” Bem-aventuranças não alcançadas, Ricardo Gondim, Revista Enfoque Gospel, Edição 55, Maturidade Cristã.

Lemos nas escrituras que Deus é um Deus de justiça e que os que nele esperam são bem-aventurados “Pois o Senhor é um Deus de justiça. Bem-aventurados todos os que nele esperam” ( Is 30:18 b).

Confiar em Deus (esperar) é o único meio de o homem alcançar a bem-aventurança prometida. Assim sendo, Deus alerta o povo a esperar na justiça e salvação providenciada por ele.

Deus aponta o seu próprio braço (destra), Jesus Cristo-homem (o braço do Senhor desnudado perante a humanidade), como justiça e salvação manifesta ao alcance de todos os homens “Perto está a minha justiça, vem saindo a minha salvação, e os meus braços julgarão os povos; as ilhas me aguardarão, e no meu braço esperarão” ( Is 51:5 ).

Cristo foi manifesto aos homens na condição de servo do Senhor, oferta de bem-aventurança a todos os povos (judeus e gentios) “Eu, o SENHOR, te chamei em justiça, e te tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por aliança do povo, e para luz dos gentios” ( Is 42:6 ).

A justiça de Deus manifesta em Cristo estabeleceu paz entre Deus e os homens. Deus preparou salvação poderosa a todos “E o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança para sempre” ( Is 32:17 ).

Deus chama todos os homens à sua justiça, pois todos andavam longe de Deus trilhando o caminho de perdição, longe da justiça “Ouvi-me, ó duros de coração, os que estais longe da justiça” ( Is 46:12 ).

Os apóstolos compreenderam que Cristo é a justiça de Deus manifesta aos homens. Entenderam que a lei e os profetas anunciaram a Cristo, o sol nascente das alturas “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas” ( Rm 3:21 ).

Ora, sabemos que a missão de Jesus não foi a de promover a justiça dos homens, antes tornou patente aos homens à justiça de Deus “Assim diz o SENHOR: Guardai o juízo, e fazei justiça, porque a minha salvação está prestes a vir, e a minha justiça, para se manifestar” ( Is 56:1 ).

Quando interpelado por alguém na multidão acerca da partilha de uma herdade, Jesus respondeu: “E disse-lhe um da multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança. Mas ele lhe disse: Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?” ( Lc 12:13 -14). A missão de Jesus não se vincula as questões judiciais.

Jesus veio conceder vida e vida em abundância ( Jo 10:10 ). Ora, ele veio dar vida em abundancia para ricos e pobres, servos e livres, judeus e gregos, pois a vida não consiste na abundância de bens ( Lc 12:15 ).

Ao recomendar que Filemom recebesse de volta o seu escravo Onésimo, Paulo não levantou uma bandeira contra o regime de escravidão. Ele também não incita os cristãos que eram escravos a lutarem contra o sistema vigente à época “Foste chamado sendo servo? não te dê cuidado; e, se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião” ( 1Co 7:21 ).

Por que Deus providenciou justiça aos homens? Porque a justiça dos homens é aquém da justiça de Deus. Porque a Bíblia classifica a justiça dos homens como sendo trapos de imundície “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam” ( Is 64:6 ).

Isto por si só demonstra que, apesar dos homens instituírem tribunais e juízes sobre si, fazerem leis que norteiam os seus comportamentos, seguirem a moral e os bons costumes, serem redarguidos pela própria consciência e sabendo dar boas dádivas aos seus filhos, são maus diante de Deus ( Mt 7:11 ; Mt 12:34 ).

Os profetas protestavam contra o povo de que não havia sequer um homem que clamasse por justiça ( Is 59:4 ). Como? Nunca houve um injustiçado na história da humanidade que não tenha clamado por justiça? Ora, quando as calamidades sociais subverteram as sociedades do passado, nunca houve quem saísse às ruas para clamar pelo que é justo? Nunca houve dentre os homens alguém que tenha protestado veementemente em defesa da causa alheia?

Nunca houve na história da humanidade quem buscasse compreender e teorizar a respeito da justiça? Nunca houve quem buscasse organizar a sociedade através dos ideais de justiça em busca da felicidade coletiva?

Que se dirá das considerações gregas acerca da ‘polis’, que surgiu da ‘teia social’ estruturada na política e na organização sistemática do poder, como sendo o ‘locus’ da racionalidade e da felicidade humana?

A justiça da bem-aventurança deriva da concepção aristotélica: ‘virtude ética’, e nada mais? Jesus alguma vez demonstrou que o exercício da razão estabelece o que é justo e injusto? Quem praticar ‘atos justos’ é um homem bom diante de Deus? Basta alguém resignar-se a sofrer a injustiça do que praticá-la contra outrem que será um bem-aventurado?

Se não há homem justo sobre a terra, quem dentre os homens herdará o reino dos céus por ter sido perseguido por causa da justiça? ( Ec 7:20 ; Mt 5:10 ).

Quais as virtudes humanas devem ser cultivadas para se alcançar a bem-aventurança? Para aqueles que querem alcançar a Deus através de suas obras, boas ações, esmolas, etc., Deus avisa: “Eu publicarei a tua justiça, e as tuas obras, que não te aproveitarão” ( Is 57:12 ).

Mas, como Deus é Deus de justiça e aqueles que nele esperam são bem-aventurados, temos que a bem-aventurança prometida por Cristo não tem como ser segmentada. Ou o homem é bem-aventurado ou não é.

Os pobres de espírito e os que choram são as mesmas pessoas. Quando Jesus disse que o reino dos céus pertence aos pobres de espírito, os que choram também são os pobres de espírito. Quem recebe como herança o reino dos céus é porque foi consolado por Deus ( Mt 5:3 -4).

Não há como ser ‘manso’ sem ter ‘sede e fome de justiça’. Não há como ‘herdar a terra’ sem antes estar ‘saciado de justiça’, pois os mansos herdarão uma terra onde habita a justiça “Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça” ( 2Pe 3:13 ; Mt 5:5 -6;).

Quem são os misericordiosos, senão aqueles que verão a Deus? Quem são chamados de ‘filhos de Deus’ senão aqueles que são perseguidos? ( 2Tm 3:12 ).

Ora, somente os pobres de espírito reconhecem as suas misérias e aceitam o convite para o banquete divino: “Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei! Vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” ( Is 55:1 ).

Quem se considera abastado por ter trabalhado (obra), e que tem recursos para a salvação, rejeita o pão da vida, rejeita o que é bom e que traz deleite para alma sedenta. Só o que é oferecido gratuitamente por Deus pode satisfazer o que Ele exige ( Is 55:2 ).

Os pobres de espírito choram as suas misérias, mas são consolados mediante a justiça de Deus, que é Cristo. O resultado é descanso, repouso, paz e segurança! ( Is 32:17 ).

Os mansos são aqueles que aceitaram o convite de Cristo “Vinde a mim…” ( Mt 11:28 ), Aquele que é humilde e manso de coração ( Mt 11:29 ). Ora, não basta ser humilde e manso na conduta, pois Moisés foi o homem mais manso da terra, porém, não entrou na terra prometida. Mas, os que vieram a Cristo, o Mestre por excelência, deles é a terra onde habita a justiça.

Quem come da carne e bebe do sangue de Cristo mata a fome e a sede de justiça ( Jo 6:55 ). Aqueles que estão de posse da salvação são designados misericordiosos, puros de coração, pois através da palavra de Deus, a semente incorruptível, foi criado neles um novo coração puro e um espírito reto ( Sl 51:10 ; Ef 4:24 ).

Os pacificadores também são chamados de filhos de Deus, uma vez que foi lhes confiado o evangelho da reconciliação que estabelece a paz entre Deus e os homens ( 2Co 5:19 ).

Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça. Embora sejam felizes por lhes pertencer o reino dos céus, sofrem perseguições, pois a Justiça de Deus revelada aos homens vaticinou: “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” ( Jo 16:33 ).

Cristo predisse as aflições para que os seus seguidores permanecerem descansados, pois bem-aventurados seriam quando fossem injuriados e perseguidos por causa do evangelho “Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos?” ( Mt 10:25 ).

Ora, basta confiar no Senhor que o crente torna-se participante da bem-aventurança prometida. O que Jesus prometeu e concede aos seus não é conforme as coisas deste mundo. Primeiro porque não somos deste mundo e o mundo nos odeia ( Jo 15:18 ). Segundo, a paz de Deus não é conforme a paz do mundo, e Cristo mesmo disse que não a concede do mesmo modo que o mundo a dá ( Jo 14:27 ).

A promessa de bem-aventurança foi feita antes dos tempos dos séculos, e todas as promessas de Deus cumprem-se em Cristo “Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o Amém, para glória de Deus por nós” ( 2Co 1:20 ).

Jesus alertou: “Porque os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes” ( Jo 12:8 ). Este alerta demonstra que Jesus não veio apregoar um evangelho de cunho social. Ele não veio trazer uma revolução sócio-econômica. Ele não veio falar contra as injustiças sociais e nem contra o modelo social adotado pelos homens.

Ora, seria um contra-senso Cristo lutar contra o governo constituído à época, se todo poder dado aos homens foi concedido por Deus “Respondeu Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem” ( Jo 19:11 ).

Jesus é claro: “Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará” ( Mc 8:35 ), ele não deu esperança com relação a este mundo, pois o seu reino não é deste mundo “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” ( Jo 18:36 ).

Enquanto os gregos tinham na sabedoria o meio de estabelecer alegria na ‘polis’, Cristo promete a bem-aventurança no seu reino através da loucura da pregação. Enquanto os judeus criam que teriam pão e um reino aqui, Jesus apresentou o escândalo da cruz, dando a sua carne a comer e o seu sangue a beber.

Ora, Jesus não trouxe paz, mas espada! Ou seja, ele trouxe justiça através da sua morte. Para o velho homem gerado em Adão resta a morte (espada) para que na nova criatura seja estabelecida a justiça de Deus ( Mt 10:34 ).

A espada representa morte e justiça. Como o salário do pecado é a morte, e somente a morte livra o escravo do pecado de seu senhor, aquele que toma a sua própria cruz e segue após Cristo, é morto sepultado e ressurge uma nova criatura, onde se estabelece a justiça de Deus.

Que bem o homem fará para alcançar a bem-aventurança? Agarrar-se às suas virtudes? Ser religioso? Virar um mártir? Levantar uma bandeira ideológica? Doar todos os bens? Dar o seu próprio corpo a ser queimado?

Eliú disse bem: “Se és justo, que dás, ou que recebe Ele das suas mãos? A tua impiedade fará mal apenas a outro homem como tu, e a tua justiça só aproveitará aos filhos dos homens” ( Jó 35:7 -8; Jó 41:11 ).

É possível a quem espera no Senhor não ter a graça da bem-aventurança prometida? Quem espera no Senhor precisa de suas virtudes para alcançar a alegria da salvação? Como pode um soldado alistado para a guerra se embaraçar com negócios desta vida? ( 2Tm 2:4 ).

Ora, é válido a um cristão ser um cidadão ativo em sua comunidade, porém, não pode excluir-se da graça de Deus por causa de questões humanas e sociais. Não somos nós que nos incluímos nas promessas de Deus, antes, Ele as prometeu antes dos tempos dos séculos “Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos” ( Tt 1:2 ).

A bem-aventurança não é por obra para que ninguém se glorie, portanto não é fazendo boas ações aos pobres, crianças e velhos que se alcança a alegria prometida. A bem-aventurança prometida é concedida aos homens através da virtude daquele que chama, e não daquele que é chamado ( 2Pe 1:3 ).

A bem-aventurança não é alcançada através de reivindicação, mas por fé, a fé que foi concedida aos santos ( Jd 1:3 ). Como reivindicar o que Deus nos oferece gratuitamente? Quem tiver fome e sede que venha comprar sem dinheiro e sem preço vinho e leite. Quem trabalha (obra) gastando os seus recursos (dinheiro) com o que não pode satisfazer, não verá a Deus.

Inúmeros religiosos dedicaram-se as causas sociais, mas não são participantes da bem-aventurança. Inúmeras freiras, padres, monges, rabinos, pastores levantaram o estandarte dos fracos e oprimidos e são indignos de receberem o reino dos céus.

A teologia da libertação não é o evangelho de Cristo, pois o evangelho é poder de Deus. Não é uma ideologia, um segmento político, a bandeira dos necessitados de bens materiais, etc. A concepção de que Deus está nos pobres, nos miseráveis, nos mendigos, nos desassistidos, etc., não é conforme o evangelho de Cristo.

Ao anunciar o evangelho, Jesus ocupou-se com os pobres de espírito, e não dos pobres desprovidos de bens materiais. Há pobres de espírito que são ricos e pobres de espírito que são paupérrimos, homens e mulheres, grandes e pequenos, pois todos quantos o receberem receberão poder para serem feitos (criados) filhos de Deus, com direito a bem-aventurança prometida.

Há ricos e pobres neste mundo que rejeitam a graça de Deus por considerarem que estão abastados espiritualmente. Este foi o caso dos judeus, tanto pobres quanto ricos financeiramente, acharam que já eram bem-aventurados por serem descendestes de Abraão.

Porém, a igreja de Deus, o corpo de Cristo é constituído de judeus, gregos, servos, livres, macho, fêmea, pobres, ricos, pois todos são um em Cristo ( Gl 3:28 ).

Outros, por serem membros ou simpatizantes dos zelotes, seita e partido político judaico militar e revolucionário, pensavam estar conquistando a bem-aventurança prometida quando pegavam em armas. Eles pensavam que já estavam abastados espiritualmente, pois eram perseguidos pelos romanos por causa da pretensa causa justa.

Que dizer dos Macabeus? Judas Macabeu foi bem-aventurado por causa da sua resignação e força? É possível alcançar a bem-aventurança proposta quando se esquece da determinação divina: não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito!?

Paulo reitera a condição dos que creem em Cristo: “Todos vós sois filhos de Deus pela fé em Cristo” ( Gl 3:26 ). João alerta: “E somos mesmo seus filhos!” ( 1Jo 3:1 b). Os cristãos são casas espirituais, templo e morada de Deus “Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus; quanto a eles, é ele, sim, blasfemado, mas quanto a vós, é glorificado” ( 1Pe 4:14 ).

Ora, como cristão é dado padecer ou não por amor a justiça. Pedro alerta: “Se padecerdes…”, ou seja, padecer não é condição essencial a bem-aventurança, e sim, um de seus aspectos neste mundo “Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis” ( 1Pe 3:14 ).

É fato que tivemos grandes lideres humanitários ao longo da história da humanidade. Devemos a estes homens inúmeras conquistas nas áreas trabalhistas, sociais, direitos humanos, racial, étnico, liberdade de culto, expressão, etc. Cada um tem seus méritos e virtudes, e se tentarmos enumerar, seremos injustos com muitos, pois não é possível listar todos os grandes homens.

Contudo, quando falamos da bem-aventurança prometida por Deus antes dos tempos eternos, não é a dignidade, a humildade, a resignação, a bondade, etc., que fará do homem imbuído destes valores um dos filhos de Deus (bem-aventurados).

Devemos separar as questões acerca da perseguição por causa do evangelho, e as perseguições por causa de questões institucionais, ideológicas, religiosas e sociais. Enquanto esta surge quando nos intrometemos em questões alheias ou defendemos o que nos é de direito, aquela só ocorre quando se anuncia o evangelho que é poder para os que se salvam e escândalo e loucura para os que perecem.

Que bem-aventurança foi destinada aos profetas do passado, se o menor do reino de Deus é maior que João Batista? “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele” ( Mt 11:11 ).

Não podemos transtornar a mensagem da cruz, uma vez que é através da loucura da pregação que se alcança a bem-aventurança “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação” ( 1Co 1:21 ). Não podemos introduzir questões humanas na mensagem do evangelho, pois surgirá um outro evangelho inócuo para promover a bem-aventurança prometida. Se excluirmos o escândalo e a loucura da pregação, não haverá salvação.

Ora, se alguém ensinar outra doutrina que não se conforma com as sãs palavras de Cristo, doutrina que é segundo o amor de Deus, não guarda o mandamento de Cristo imaculado e irrepreensível ( 1Tm 6:3 e 14). Acabará corrupto de entendimento e privado da verdade! ( 1Tm 3:8 ).

A verdade do evangelho demonstra que é impossível ser um dos filhos de Deus e não ser bem-aventurado. A bem-aventurança não pode ser segmentada!

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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