Jeremias

Jeremias 33 – Clama a mim, e responder-te-ei

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Deus estava anunciando ao profeta Jeremias coisas insondáveis (grandes) e imutáveis (firmes), que ele desconhecia, ou seja, um dia Deus cumpriria a boa palavra que anunciara por intermédio dos seus profetas acerca das duas nações: Israel e Judá.


Jeremias 33 – Clama a mim, e responder-te-ei

“Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes.” (Jeremias 33:3).

Introdução

Para compreender o capítulo 33 do Livro de Jeremias, se faz necessário compreender o contexto histórico no qual a nação de Israel estava passando e a condição do profeta Jeremias.

Essa foi a segunda vez que a palavra do Senhor veio a Jeremias, quando ele estava encarcerado no pátio da guarda, que ficava junto à casa do rei de Judá (Jeremias 32:2).

Jeremias havia profetizado que o rei de Babilônia, Nabucodonosor, haveria de conquistar Jerusalém, e como o rei Zedequias não gostou da mensagem, mandou prendê-lo no pátio da guarda.

“Porque Zedequias, rei de Judá, o tinha encerrado, dizendo: Por que profetizas tu, dizendo: Assim diz o SENHOR: Eis que entrego esta cidade na mão do rei de Babilônia, e ele a tomará;” (Jeremias 32:3).

Zedequias tinhas vinte e um anos quando começou a reinar em Judá, e reinou por onze anos. No décimo ano de reinado de Zedequias, quando o exército do rei de Babilônia havia sitiado Jerusalém, veio a palavra do Senhor a Jeremias, e o profeta estava encarcerado (Jeremias 1:1-2).

É precisamente em um momento de guerra, quando a cidade de Jerusalém estava sitiada e os judeus prestes a serem conquistados e levados para o cativeiro, que veio a palavra de Deus a Jeremias, pela segunda vez.

É nesse contexto que Deus dá a Jeremias uma palavra de alento, contrariando novamente tudo aquilo que os filhos de Jacó pensavam. É desse contexto que analisaremos e compreenderemos quais são as coisas grandes e firmes que o profeta desconhecia!

 

Clama a mim, e responder-te-ei

“E VEIO a palavra do SENHOR a Jeremias, segunda vez, estando ele ainda encarcerado no pátio da guarda, dizendo: Assim diz o SENHOR que faz isto, o SENHOR que forma isto, para o estabelecer; o SENHOR é o seu nome. Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes.” (Jeremias 33:1-3).

A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, tinha por alvo o próprio profeta, diferentemente, das outras mensagens proféticas, que tinha por alvo o povo e o rei. A palavra que foi direcionada ao profeta Jeremias é de alento, pois, o profeta estava preso no pátio da guarda por cumprir expressamente o determinado por seu Senhor.

Deus se identifica como Aquele que estava realizando tudo o que o profeta estava presenciando: a invasão dos caldeus e a queda de Jerusalém. O nome daquele que realizava os eventos que estava se desenrolando era o próprio Senhor.

Apesar da calamidade que se avizinhava do seu povo, o profeta Jeremias podia clamar a Deus, pois, Deus havia de responde-lhe, colocando-o a par de eventos relevantes e permanentes, que o profeta desconhecia.

Como Jeremias era um servo fiel, Deus evidencia que agora estava exaltando o profeta à condição de amigo de Deus, ou seja, ele estava tomando conhecimento dos eventos que o seu Senhor iria realizar.

“Você, ó Israel, é meu servo; você, ó Jacó, descendente do meu amigo Abraão, é você quem eu escolhi.” (Isaias 41:8);

“E disse o SENHOR: Ocultarei eu a Abraão o que faço,” (Gênesis 18:17);

“Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.” (João 15:14-15).

Ao tomar conhecimento do que Deus estava fazendo com o povo de Israel, Jeremias foi elevado a posição de amigo de Deus. Mas, o que Deus haveria de revela-lo que seria grandioso e firme, e que o profeta desconhecia?

Eram coisas acerca da vida do profeta? Ele iria ser solto? Iria casar? Teria filhos? Teria herdades? Ainda compraria uma carruagem e teria um pajem? Ou Deus iria dar-lhe ‘vitória’, mostrar uma chave, revelar que iria fazer muitas viagens, etc.?

 

A destruição de Jerusalém

“Porque assim diz o SENHOR, o Deus de Israel, acerca das casas desta cidade, e das casas dos reis de Judá, que foram derrubadas com os aríetes e à espada. Eles entraram a pelejar contra os caldeus, mas isso é para os encher de cadáveres de homens, que feri na minha ira e no meu furor; porquanto escondi o meu rosto desta cidade, por causa de toda a sua maldade.” (Jeremias 33:4-5).

A palavra do Senhor veio para esclarecer o profeta Jeremias acerca do que ele estava presenciando com relação as casas de Jerusalém e das casas dos reis de Judá que foram derrubadas, pelo rei de Babilônia, com aríetes e conquistada à espada (Jeremias 32:2).

Ora, o rei de Jerusalém, Zedequias, ficou irado com o profeta Jeremias, pois intentava lutar contra a Babilônia e as palavras do profeta não eram animadoras, o que poderia influenciar o moral dos soldados que se pusessem em batalha.

“Porque Zedequias, rei de Judá, o tinha encerrado, dizendo: Por que profetizas tu, dizendo: Assim diz o SENHOR: Eis que entrego esta cidade na mão do rei de Babilônia, e ele a tomará;” (Jeremias 32:3).

Jeremias já havia profetizado diversas vezes aos filhos de Israel que se sujeitassem ao rei da Babilônia, porém, não quiseram ouvir.

“E falei com Zedequias, rei de Judá, conforme todas estas palavras, dizendo: Colocai os vossos pescoços no jugo do rei de Babilônia, e servi-o, a ele e ao seu povo, e vivereis.” (Jeremias 27:12).

Alguns do povo queriam matar Jeremias, mas, algumas pessoas lembraram do que disse o profeta Miquéias, e não fora morto, o que tomaram por exemplo.

“Miquéias, o morastita, profetizou nos dias de Ezequias, rei de Judá, e falou a todo o povo de Judá, dizendo: Assim disse o SENHOR dos Exércitos: Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o monte desta casa como os altos de um bosque. Mataram-no, porventura, Ezequias, rei de Judá, e todo o Judá? Antes não temeu ao SENHOR, e não implorou o favor do SENHOR? E o SENHOR não se arrependeu do mal que falara contra eles? Nós, fazemos um grande mal contra as nossas almas.” (Jeremias 26:18-19).

Já havia ocorrido a primeira deportação de grande parte do povo, de Jerusalém para a Babilônia, e somente  uns poucos utensílios no templo haviam sobrado, e vários falsos profetas surgiram, dizendo ao rei que ficou em Jerusalém por concessão do rei da Babilônia, para se insurgirem, mas, tal intento era somente para que a terra fosse cheia de cadáveres, pois, Jerusalém havia sido ferida por Deus.

“Assim, pois, diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel, acerca dos utensílios que ficaram na casa do SENHOR, e na casa do rei de Judá, e em Jerusalém: À Babilônia serão levados, e ali ficarão até o dia em que eu os visitarei, diz o SENHOR; então os farei subir, e os tornarei a trazer a este lugar.” (Jeremias 27:21-22).

Por causa de falsos profetas, como Hananias, o povo que restou em Jerusalém se animou em pelejar contra a Babilônia, mas, Deus permitiu a atuação dos falsos profetas, uma das consequências de tê-los feridos nos seu furor e na sua ira. Eles já não achariam o favor do Senhor (escondi deles o meu rosto).

 

A futura restauração de Israel

“Eis que eu trarei a ela saúde e cura, e os sararei, e lhes manifestarei abundância de paz e de verdade. E removerei o cativeiro de Judá e o cativeiro de Israel, e os edificarei como ao princípio. E os purificarei de toda a sua maldade com que pecaram contra mim; e perdoarei todas as suas maldades, com que pecaram e transgrediram contra mim; E este lugar me servirá de nome, de gozo, de louvor, e de glória, entre todas as nações da terra, que ouvirem todo o bem que eu lhe faço; e espantar-se-ão e perturbar-se-ão por causa de todo o bem, e por causa de toda a paz que eu lhe dou.” (Jeremias 33:6-9).

O profeta Jeremias observava, com desesperança, a maravilhosa Jerusalém destruída e o que restou da nação após a deportação, mas, Deus garante ao profeta que haveria de sarar a cidade, trazendo cura e proporcionando paz e verdade, em abundância.

Na verdade, o reino futuro do Cristo será de paz e verdade, pois Ele é a fonte inesgotável de ambas.

A promessa é de remoção do cativeiro das duas nações: Judá e Israel, tornando as duas nações uma, assim como foram no princípio. O povo de Jacó saiu do Egito sob uma só bandeira, mas, à época do profeta a nação estava dividida.

“E deles farei uma nação na terra, nos montes de Israel, e um rei será rei de todos eles, e nunca mais serão duas nações; nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos.” (Ezequiel 37:22).

Somente no dia aprazado por Deus é que a nação será purificada da sua maldade. As transgressões dos filhos de Israel serão perdoadas somente quando o Cristo reinar em Israel.

“E meu servo Davi será rei sobre eles, e todos eles terão um só pastor; e andarão nos meus juízos e guardarão os meus estatutos, e os observarão.” (Ezequiel 37:24);

“O remanescente de Israel não cometerá iniquidade, nem proferirá mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa; mas serão apascentados, e deitar-se-ão, e não haverá quem os espante.” (Sofonias 3:13).

Nos dias do profeta Jeremias, por causa da rebeldia dos filhos de Israel, o nome de Deus estava sendo blasfemado, mas, no dia em que o Cristo se assentar sobre o trono de Davi para reinar, Jerusalém servirá de nome, gozo, louvor e glória perante as nações da face da terra.

“E agora, que tenho eu que fazer aqui, diz o SENHOR, pois o meu povo foi tomado sem nenhuma razão? Os que dominam sobre ele dão uivos, diz o SENHOR; e o meu nome é blasfemado incessantemente o dia todo.” (Isaías 52:5; Romanos 2:24);

Os gentios não sabiam que o povo de Israel havia sido entregue ao cativeiro por causa dos seus pecados, e por isso, reputavam que Deus não havia cumprido a sua boa palavra, anunciada pelos profetas aos pais. Mas, quando ouvirem tudo o que Deus futuramente fizer pela nação de Israel, os povos se espantarão e se perturbarão diante do que Deus irá realizar: bençãos e paz!

“Assim diz o SENHOR: Neste lugar de que vós dizeis que está desolado, e sem homem, sem animal nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém, que estão assoladas, sem homem, sem morador, sem animal, ainda se ouvirá: A voz de gozo, e a voz de alegria, a voz do esposo e a voz da esposa, e a voz dos que dizem: Louvai ao SENHOR dos Exércitos, porque bom é o SENHOR, porque a sua benignidade dura para sempre; dos que trazem ofertas de ação de graças à casa do SENHOR; pois farei voltar os cativos da terra como ao princípio, diz o SENHOR. Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Ainda neste lugar, que está deserto, sem homem nem animal, e em todas as suas cidades, haverá uma morada de pastores, que façam repousar aos seus rebanhos. Nas cidades das montanhas, nas cidades das planícies, e nas cidades do sul, e na terra de Benjamim, e nos contornos de Jerusalém, e nas cidades de Judá, ainda passarão os rebanhos pelas mãos dos contadores, diz o SENHOR.” (Jeremias 33:10-13).

Embora fosse noticiado que Jerusalém estava deserta, sem moradores e sem animais, um dia ainda haveria de se ouvir vozes de gozo e alegria. Novamente se ouvirá falar em festas de núpcias e se ouvirá os levitas dizendo: louvemos ao Senhor!

Diante de tanta destruição nas ruas de Jerusalém, por que ainda haveriam de dizer que o Senhor é bom, e que a benignidade do Senhor é para sempre? Como Deus pode ser bom trazendo o mal, sobre Israel? Como pode a benignidade de Deus durar para sempre e a nação de Israel estar sujeita a nações estrangeiras?

Quando é dito que Deus é bom, não significa que Ele é bonzinho, ou condescendente com o erro. Deus é descrito como bom por ser distinto, nobre, magnificentíssimo. Semelhantemente, quando se diz que Deus é benigno, ou que a sua benignidade dura para sempre, o profeta está destacando a fidelidade de Deus e a imutabilidade da sua palavra.

O fato de os filhos de Israel serem levados cativos não significava que a palavra de Deus havia falhado, antes, justamente, Deus estava dando a paga por se desviarem da sua palavra. Entretanto, mesmo com o desvio e a punição dada à nação, a promessa que Deus fez a Abraão não foi revogada, e aí está a benignidade de Deus.

“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade.” (Lamentações 3:22-23).

A misericórdia de Deus está atrelada à sua palavra, e é por isso que o profeta Habacuque, ao saber que Deus haveria de punir a maldade dos filhos de Israel, disse:

“Ouvi, SENHOR, a tua palavra, e temi; aviva, ó SENHOR, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos faze-a conhecida; na tua ira lembra-te da misericórdia.” (Habacuque 3:2).

A misericórdia não está ligada e nem decorre de orações, jejuns, imprecações, sacrifícios, etc., mas, sim do estabelecido por Deus na Sua palavra. Acerca da nação de Israel a misericórdia de Deus está atrelada a promessa que Ele fez a Abraão. Já com relação aos indivíduos da nação a misericórdia de Deus é concedida aqueles que O amam.

“E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.” (Êxodo 20:6);

“Jubilai, ó nações, o seu povo, porque ele vingará o sangue dos seus servos, e sobre os seus adversários retribuirá a vingança, e terá misericórdia da sua terra e do seu povo.” (Deuteronômio 32:43).

Com relação a versículo 6, de Êxodo 20, se alguém deseja a misericórdia divina precisa guardar os mandamentos. Com relação a nação de Israel, o remanescente sempre será salvo, pois a boa palavra anunciada a Abraão jamais voltará vazia.

“Porque ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, só um remanescente dele se converterá; uma destruição está determinada, transbordando em justiça.” (Isaías 10:22);

“Porém deixarei um remanescente, para que tenhais entre as nações alguns que escaparem da espada, quando fordes espalhados pelas terras.” (Ezequiel 6:8).

A cidade deserta, ainda, haveria de abrigar pastores e seus rebanhos e nos arredores de Jerusalém os contadores de rebanhos voltaria a praticar o seu ofício.

 

A promessa do Messias

“Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que cumprirei a boa palavra que falei à casa de Israel e à casa de Judá; Naqueles dias e naquele tempo farei brotar a Davi um Renovo de justiça, e ele fará juízo e justiça na terra. Naqueles dias Judá será salvo e Jerusalém habitará seguramente; e este é o nome com o qual Deus a chamará: O SENHOR é a nossa justiça. Porque assim diz o SENHOR: Nunca faltará a Davi homem que se assente sobre o trono da casa de Israel; Nem aos sacerdotes levíticos faltará homem diante de mim, que ofereça holocausto, queime oferta de alimentos e faça sacrifício todos os dias.” (Jeremias 33:14-20).

Deus estava anunciando ao profeta Jeremias coisas insondáveis (grandes) e imutáveis (firmes) e que ele desconhecia, ou seja, um dia Deus cumpriria a boa palavra que anunciou por intermédio dos seus profetas acerca das duas nações: Israel e Judá.

Que boa palavra seria? A palavra acerca do Descendente prometido a Abraão e a Davi: a vinda do Messias, o Renovo de justiça.

A restauração da nação depende da vinda do Messias, o Renovo de justiça que Deus fará brotar da linhagem de Davi.

Hoje, sabemos que Deus já fez o Renovo de justiça brotar na descendência (casa) de Davi, há aproximadamente dois mil anos, porém, conforme a profecia anunciada a Davi por intermédio do profeta Natã, o Descendente prometido teria uma missão antes de lhe ser dado o reino: construir um templo para Deus.

“E há de ser que, quando forem cumpridos os teus dias, para ires a teus pais, suscitarei a tua descendência depois de ti, um dos teus filhos, e estabelecerei o seu reino. Este me edificará casa; e eu confirmarei o seu trono para sempre. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e a minha benignidade não retirarei dele, como a tirei daquele, que foi antes de ti. Mas o confirmarei na minha casa e no meu reino para sempre, e o seu trono será firme para sempre.” (1 Crônicas 17:11-14).

O Renovo justo veio e Ele é a pedra angular do templo santo edificado a Deus e os cristãos, por sua vez, são pedras vivas utilizadas na edificação dessa casa a Deus, edificada, não com mão humanas, mas, segundo a palavra de Deus.

“Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” (1 Pedro 2:5).

Após ascender aos céus, Cristo aguarda, assentado a destra do Altíssimo, o tempo estabelecido pelo Pai, quando lhe será dado o reino. Da mesma forma que Davi foi ungido rei e teve que aguardar o tempo determinado por Deus para reinar, assim, também, será com o Cristo.

“DISSE o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés. O SENHOR enviará o cetro da tua fortaleza desde Sião, dizendo: Domina no meio dos teus inimigos.” (Salmo 110:1-2).

Enquanto a igreja estiver sendo edificada não chegará os dias anunciados pelo Senhor, ou seja, os dias de restauração da nação de Israel.

“Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este será o seu nome, com o qual Deus o chamará: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA. Portanto, eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que nunca mais dirão: Vive o SENHOR, que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito; Mas: Vive o SENHOR, que fez subir, e que trouxe a geração da casa de Israel da terra do norte, e de todas as terras para onde os tinha arrojado; e habitarão na sua terra.”  (Jeremias 23:5-8).

Até o rei Davi, as mulheres sábias, como Sara, Rebeca, Tamar, Bate-Seba, etc., edificavam casa (linhagem), porém, Deus anunciou que haveria de edificar casa (linhagem) a Davi (Provérbio 14:1).

“E desde o dia em que mandei que houvesse juízes sobre o meu povo Israel; a ti, porém, te dei descanso de todos os teus inimigos; também o SENHOR te faz saber que te fará casa.” (2 Samuel 7:11).

Deus prometeu a Jeremias que nunca faltaria a Davi um homem que se assentasse sobre o trono da casa de Israel, e Deus velou sobre a sua palavra para cumprir. Quando Deus disse a Ezequias para colocar sua ‘casa’ em ordem, Deus estava dando um ultimato a Ezequias, por não ter filhos, um problema para a evolução da linhagem do Cristo (Isaías 38:1).

Deus prometeu firmar a linhagem do trono e do sacerdócio levítico, demonstrando que Deus preservaria o reino e o culto.

 

A fidelidade de Deus e imutabilidade do seu conselho

 “E veio a palavra do SENHOR a Jeremias, dizendo: Assim diz o SENHOR: Se puderdes invalidar a minha aliança com o dia, e a minha aliança com a noite, de tal modo que não haja dia e noite a seu tempo, Também se poderá invalidar a minha aliança com Davi, meu servo, para que não tenha filho que reine no seu trono; como também com os levitas, sacerdotes, meus ministros. Como não se pode contar o exército dos céus, nem medir-se a areia do mar, assim multiplicarei a descendência de Davi, meu servo, e os levitas que ministram diante de mim. E veio ainda a palavra do SENHOR a Jeremias, dizendo: Porventura não tens visto o que este povo está dizendo: As duas gerações, que o SENHOR escolheu, agora as rejeitou? Assim desprezam o meu povo, como se não fora mais uma nação diante deles. Assim diz o SENHOR: Se a minha aliança com o dia e com a noite não permanecer, e eu não puser as ordenanças dos céus e da terra, também rejeitarei a descendência de Jacó, e de Davi, meu servo, para que não tome da sua descendência os que dominem sobre a descendência de Abraão, Isaque, e Jacó; porque removerei o seu cativeiro, e apiedar-me-ei deles.” (Jeremias 23:21-26).

Para evidenciar a imutabilidade da sua palavra, Deus propõe o seguinte desafio a Jeremias: se você puder invalidar as leis que regem os corpos celestes, de modo que deixem de ocorrer a sucessão de dias e noites, então será invalidada a aliança que foi estabelecida com Davi, de modo que Davi não tenha descendência para ascender ao trono.

Deus não se propôs a responder amenidades do dia a dia do profeta, que estava no cárcere. Deus se propôs a responder questões inatingíveis e imutáveis, porém, todas elas têm correlação com o Messias. Da mesma forma que as estrelas do céu são incontáveis e incomensurável a quantidade de grão de areia do mar, semelhantemente, Deus haveria de multiplicar os descendentes de Davi e dos levitas, conforme a promessa feita a Abraão:

“E eis que veio a palavra do SENHOR a ele dizendo: Este não será o teu herdeiro; mas aquele que de tuas entranhas sair, este será o teu herdeiro. Então o levou fora, e disse: Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência.” (Gênesis 15:4-5).

Novamente veio a palavra de Deus a Jeremias, acerca do que o povo de Israel estava dizendo, por causa da deportação e da condição da nação. Inconsequentemente, os filhos de Israel diziam que Deus havia rejeitado as duas nações que havia escolhido: Israel e Judá. Eles não reconheciam que Deus havia rejeitado os moradores de Jerusalém por causa da rebeldia.

Deus jamais rejeitaria a descendência de Jacó ou a descendência de Davi, pois, a boa palavra anunciada a Abraão jamais poderia ser revogada:

“Peregrina nesta terra, e serei contigo, e te abençoarei; porque a ti e à tua descendência darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que tenho jurado a Abraão teu pai; E multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e darei à tua descendência todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra;” (Gênesis 26:3-4).

A condição da nação era decorrente dos seus pecados e não que Deus havia se esquecido da aliança com os pais:

“Ai, nação pecadora, povo carregado de iniquidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores; deixaram ao SENHOR, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás. Por que seríeis ainda castigados, se mais vos rebelaríeis? Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo. A vossa terra está assolada, as vossas cidades estão abrasadas pelo fogo; a vossa terra os estranhos a devoram em vossa presença; e está como devastada, numa subversão de estranhos. E a filha de Sião é deixada como a cabana na vinha, como a choupana no pepinal, como uma cidade sitiada.” (Isaias 1:4-8).

Além de não reconhecerem que era em decorrência da desobediência que estavam destruídos, os filhos de Israel consideravam que a nação jamais seria restaurada e, assim, desprezavam o SENHOR, mais uma vez.

Mas, diante da insensibilidade e da falta de confiança do povo de Israel, Deus reafirma a sua boa palavra anunciada a Abraão! A essência da misericórdia de Deus é evidenciada:

“Assim diz o SENHOR: Se a minha aliança com o dia e com a noite não permanecer, e eu não puser as ordenanças dos céus e da terra, também rejeitarei a descendência de Jacó, e de Davi, meu servo, para que não tome da sua descendência os que dominem sobre a descendência de Abraão, Isaque, e Jacó; porque removerei o seu cativeiro, e apiedar-me-ei deles” (Jeremias 33:26).

 Para compreender a natureza da misericórdia de Deus, se faz necessário compreender o expresso pelo escritor aos Hebreus:

“Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo, dizendo: Certamente, abençoando te abençoarei, e multiplicando te multiplicarei. E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa. Porque os homens certamente juram por alguém superior a eles, e o juramento para confirmação é, para eles, o fim de toda a contenda. Por isso, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento; Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta;” (Hebreus 6:13-18).

Para Abraão, Deus jurou por si mesmo, dizendo: ‘certamente abençoando te abençoarei, e multiplicando te multiplicarei’, e com as pessoas que alegavam que Deus havia rejeitado as duas nações, Deus repete o juramento sobre novos termos, de modo que pudessem considerar e entender: o cativeiro de Israel e Judá só não seria desfeito se fosse possível revogar as leis que Deus estabeleceu para reger os dias e as noites. Talvez, utilizando novos argumentos, o povo de Israel pudesse compreender o que significa Deus jurar por Si mesmo.

O que Deus anunciou a Jeremias, já havia anunciado ao povo de Israel, através do profeta Isaias:

“Já o tens ouvido; olha bem para tudo isto; porventura não o anunciareis? Desde agora te faço ouvir coisas novas e ocultas, e que nunca conheceste. Agora são criadas, e não de há muito, e antes deste dia não as ouviste, para que porventura não digas: Eis que eu já as sabia. Nem tu as ouviste, nem tu as conheceste, nem tampouco há muito foi aberto o teu ouvido, porque eu sabia que procederias muito perfidamente, e que eras chamado transgressor desde o ventre.” (Isaias 48:6-8).

Observe que o que Deus disse a Jeremias não era diferente do que foi dito ao povo rebelde, pois, Deus não tem uma palavra melhor para Jeremias pelo fato de ser profeta. A palavra de Deus a Jeremias é a mesma anunciada ao povo, mesmo eles sendo transgressores diante de Deus.

 

Como aplicar a lição de Jeremias a igreja?

A palavra de Deus que veio a Jeremias é personalíssima: clama a mim e te responderei e a resposta de Deus sempre será, segundo o que Ele anunciou, acerca do descendente prometido: Cristo!

O profeta Jeremias poderia clamar e seria respondido, dentro das condições estabelecidas por Deus: seria anunciado coisas grandes e firmes! Como a resposta de Deus diz respeito a coisas inacessíveis e imutáveis, se Jeremias clamasse acerca de coisas terrenas não seria atendido.

Com relação a promessa de Deus aos gentios é dito: “E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo;” (Joel 2:32; Romanos 10:13), pois, essa é a promessa d’Ele: “E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna.” (1 João 2:25).

Quem invoca ao Senhor para ser salvo é porque crê e, por isso, não será confundido:

“Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido.” (Romanos 10:11);

“Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; E quem nela crer não será confundido.” (1 Pedro 2:6).

A vontade de Deus é que todos os homens se salvem e que venham ao conhecimento da verdade. Qualquer que invocar ao Senhor como salvador, desejando ser salvo, será atendido, pois salvar-se a si mesmo é impossível, mas, para Deus é possível!

“Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.”  (I Timóteo 2 : 4);

“Os seus discípulos, ouvindo isto, admiraram-se muito, dizendo: Quem poderá pois salvar-se? E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.”  (Mateus 19:25-26).

Para Deus tudo é possível e, em Deus, está a possibilidade do homem se salvar, portanto, se crer em Cristo, conforme diz as Escrituras, verá a salvação de Deus.

“Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, a saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido. Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.” (Romanos 10:8-12).

A restauração de Israel como nação se dará após a volta de Cristo para arrebatar a sua igreja, o que Deus anunciou a Jeremias, mas, para nós, temos promessa superior e para o tempo que se chama hoje, pois, hoje é o dia aceitável e sobre modo oportuno de salvação.

“Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas.” (Hebreus 8:6);

“(Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável E socorri-te no dia da salvação; Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação).” (2 Coríntios 6:2).

Não dê importância para as circunstâncias ou, vicissitudes da vida, ao contrário, confie em Deus e ouça o que é revelado e firme segundo o que anunciou o apóstolo Pedro:

“Seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, em nome desse é que este está são diante de vós. Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” (Atos 4:10-12).

Com relação as vicissitudes da vida, tenha a seguinte certeza:

“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (João 16:33).

 

Correção ortográfica: Pr. Carlos Gasparotto

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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